PAMA-SP 2011: oficina de trens de pouso deixa “Mike” de muletas

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É isso mesmo que você leu, mas não precisa se preocupar: é algo totalmente normal um caça em revisão estar usando “muletas” dentro do PAMA-SP (Parque de Material Aeronáutico de São Paulo). Já vamos explicar.

Uma das áreas que visitamos durante o “Domingo Aéreo 2011” do PAMA-SP foi a oficina de trens de pouso, que além de todos os itens relacionados a esse sistema (como rodas, cubos de rodas, hastes, freios etc) também faz a revisão dos ganchos de parada dos caças F-5. Nas fotos abaixo, podem ser vistas várias partes dos trens de pouso do F-5, em fase de inspeção, recuperação e mostradas já prontas para instalação. Mas… cadê as muletas?

 

Clicando nas fotos, você verá que algumas das rodas do sistema de trem de pouso estão pintadas de vermelho. A cor indica que esses itens não são próprios para uso em voo (condenados ou com itens a menos), mas ainda podem ser utilizados dentro do próprio PAMA para movimentação de aeronaves durante as revisões etc, de modo a preservar, para uso operacional, as rodas que estão dentro dos requisitos necessários. Essas rodas vermelhas, sem os cubos onde estão os sistemas de freios, recebem o apelido de “muletas”.

Clicando na imagem que abre a matéria para ampliá-la, você poderá notar que o F-5E “Mike” (código fonético para “M” de modernizado) da foto está utilizando essas rodas pintadas de vermelho. Clique aqui para ler uma história divertida sobre essas “muletas” , no site da Associação Brasileira dos Pilotos de Caça – ABRA PC.

 

Sobre a produção de peças de uso aeronáutico, tanto do sistema de trem de pouso quanto itens diversos, vale lembrar que o PAMA-SP não é a única organização da FAB em São Paulo que produz peças de reposição nacionalizadas para o F-5 e outras aeronaves da Força Aérea Brasileira. Deve-se destacar o trabalho do CELOG (Centro Logístico da Aeronáutica), localizado bem próximo ao PAMA, do outro lado da pista do Campo de Marte. O CELOG se responsabiliza pela produção de diversos itens de utilização geral que têm alto consumo, como anéis, buchas, gaxetas, juntas, contatos, relés, transistores, molas, engrenagens, parafusos, porcas, arruelas, pinos, pastilhas de freio entre outros (alguns dos quais instalados nos conjuntos visíveis nas fotos acima).

E, pra finalizar, outra curiosidade relacionada a esse sistema do F-5. Se você possui carro e, alguma vez na vida, se deu ao trabalho de ler o manual do proprietário, deve saber que a pressão dos pneus deve ser adequada à carga do veículo: quanto mais pesado, mais pressão deve ser colocada nos pneus, para um melhor desempenho e segurança – seguindo sempre as indicações do fabricante. Isso não é diferente em relação ao F-5. As duas fotos abaixo mostram um aviso colocado na porta da bequilha (trem de pouso auxiliar), vista num dos caças do tipo adquiridos na Jordânia.

Pode-se ver que, conforme a configuração de cargas externas sob as asas e a fuselagem (em diversas combinações) há uma pressão adequada tanto para a roda da bequilha (nose whell) quanto para as rodas do trem de pouso principal (main whell).

Esta série exclusiva do Poder Aéreo sobre o PAMA-SP, retratando o chuvoso mas proveitoso “Domingo Aéreo” de 2011, está chegando ao fim. Aguarde as últimas matérias nos próximos dias e aproveite para ler as que já publicamos, desta e de outras séries relacionadas, clicando nos links abaixo.

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Roberto F Santana

Muito boa série, gostaria de ver mais fotos,pricipalmente do sistema hidráulico e controle de voo.
Aqui, algumas interessantes fotos recentes dos F-5 suiços:

http://www.airliners.net/photo/Switzerland—Air/Northrop-F-5E-Tiger/2001716/L/&sid=b0680c90fb7b321e9fbf6225a7e0bb02

http://www.airliners.net/photo/Switzerland—Air/Northrop-F-5E-Tiger/2002683/L/&sid=958bc5a3efd3591c01ce30fc3bb22aa2

Clésio Luiz

Esta semana um dos meus clientes revelou ser um ex-comandante de Fokker 100 da TAM. Ele me disse que na aviação civil o trem de pouso dianteiro é chamado triquilha. Interessante que a FAB use uma nomenclatura diferente.

Roberto F Santana

Caro amigo Clésio Luiz, Creio que o termo “triquilha” seja uma infeliz corruptela de bequilha. O uso da palavra bequilha tanto por ser aplicada em aviões convencionais, como em triciclos. A etmologia da palavra remonta aos primódios da aviação militar no Brasil, quando tinha forte influência da aviação francesa. Aquela sapata sem roda nos biplanos da Primeira Grande Guerra, anos vinte e trinta, era chamada de “béquille” pelos franceses, que numa tradução livre para nossa língua, seria uma muleta ou coisa parecida. A aviação brasileira herdou outros nomes da l’aviation française, como manche, tunô, etc; todos aportuguesados e usados somente… Read more »

Roberto F Santana

Ouvi dizer, ou melhor, li, que os F-5s suiços adquiridos pela U.S.Navy para os esquadrões agressores, estão equipados com anti-skid.
Os F-5E e Fs originais não tem anti-skid, esses da FAB possivelmente talvez não tenham também.

Clésio Luiz

Eu lembro do texto de uma edição da RFA sobre os Dijon Boys, os primeiros pilotos de Mirage da FAB. Lá um deles fala desse aspecto do “afrancesar” (ou seria brasileirar?) termos, como radome e manete, para “marcar território”, em cima dos pilotos “subsônicos” 🙂 Já não dominar completamente a língua francesa (ou inglesa) causou alguns episódios cômicos, como o comando “remise des gaz”, que é aumentar potência, mas que alguns pilotos acabaram entendo como reduzir e fez alguns instrutores passarem uns apertos durante o pouso em voos de instrução. Na época do F-5, um piloto em voo duplo com… Read more »

Clésio Luiz

Achei o causo do Push the stick no site da ABRA PC: Comecei o treinamento do F-5B (9) tendo como instrutor o Capt. Kohen, não me recordo como se escreve corretamente seu nome mas pelo som me parece correto. Como expliquei ele estava recém chegado do seu “tour” no Vietnã onde havia operado o F-4. Sempre que tinha uma oportunidade nos lembrava disso, não sei se o fazia conscientemente com algum objetivo específico além de enriquecer seus argumentos. Entretanto, com ou sem ilustrações oriundas do sudeste da Ásia, suas observações eram sempre bem acolhidas como tínhamos aprendido a fazer na… Read more »

Justin Case

Roberto, Os F-5 suíços têm anti-skid. Se não estou enganado, são os únicos. O sistema é simples e de custo razoável. Tivemos muitos acidentes/incidentes aqui por estouro de pneu, vários deles resultando em saída da pista. A situação mais crítica é com pouso em pista molhada e hidroplanagem, mas muitos pneus foram estourados em “demonstrações” de pousos curtos. Na fase preparatória do processo para a modernização, cogitou-se implementar o sistema suíço. Não vingou. Se não estou enganado, não foi o custo que impediu que se instalasse o anti-skid. Afinal, se há tantos operadores no mundo, inclusive os americanos operando sem… Read more »

Mauricio R.

Biíto esse Revellzão 1:1…

Vader

Mandou bem o Roberto.

“Trequilha” não existe, sendo mesmo uma construção infeliz. E bequilha se aplica apenas a aeronaves de trem de pouso convencional. Nas aeronaves de trem de pouso triciclo, como o F-5, a roda da frente é denominada “trem de nariz”.

Sds.

PS: Clésio, excelente história.

Nick

Se perigar o PAMA poderia fazer um F-5 “zero” 🙂

O Justin não deixa de ter razão em relação ao F-X. Por outro lado, aqueles que defendem a “operacionalidade” da Força tem suas razões. No final das contas, quem tem de pagar as contas não está nem ae com DEFESA. E se houver um CRISE, é bom estarmos do lado dos “mocinhos”… 🙁

[]’s

Vader

O Justin tem razão. “Economia burra” nunca mais.

Mas US$ 2 bilhões não pode ser considerado besteira.

sergiocintra

Justin

“F-X já!”
Qto. a sua reividicação acho que ja foi atendida.
Atrás do F-5 ( da 1a. foto) – olhando-a por baixo na direção central – poderemos notar 2 dos novos elementos -monoplace- já em revisão, encostados na parede do hangar, e sem as be/triquilha/trem de nariz/anti-skid.

sergiocintra

Nunão

Essa é séria! Veja com algum contato, quem seria(m) o(s) fornecedor(es) dos freios desse bicho. Os “brake pads” por aqui.

Abraços