Coletiva da escolha do Gripen na Suíça: avaliação que vazou era da versão C/D
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Afirmação é do chefe do Departamento de Defesa da Suíça, que destacou também que os relatórios vazados eram apenas parte de uma avaliação global que prosseguiu nos anos seguintes – parlamentares da comissão que analisa a escolha ainda querem mais explicações detalhadas, na semana que vem
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O canal de TV suíço “Schweizer Fernsehen” (SF) disponibilizou os vídeos e algumas transcrições da coletiva de imprensa realizada há pouco, na qual o chefe do Departamento de Defesa, Ueli Maurer, deu explicações sobre a escolha do Gripen na concorrência suíça para substituição parcial dos caças F-5. A coletiva foi realizada após a grande repercussão de relatórios de avaliação vazados, nos quais o caça escolhido não teria atingido os requisitos de desempenho da Força Aérea Suíça, ficando atrás dos outros dois competidores (o Rafale da francesa Dassault e o Typhoon do consórcio Eurofighter) e também dos atuais F/A-18 Hornet suíços.
Maurer estava acompanhado do comandante do Exército, Andre Blattmann, da Força Aérea, Markus Gygax, e do chefe da Armasuisse, Dominique Andrey Ulrich Appenzeller, que também deram declarações à imprensa. O Poder Aéreo acompanhou toda a transmissão e providenciou ao mesmo tempo a tradução dos pontos mais destacados, junto a colaboradores fluentes em alemão, aos quais agradecemos a ajuda. Seguem os destaques da coletiva.
Maurer admitiu que tinha conhecimento do relatório e que, na sua declaração do dia anterior, enganou-se por imaginar que se tratava de algo novo. Porém, deixou claro na coletiva que o relatório vazado refere-se a uma avaliação inicial, de 2008, que é só parte da avaliação. A respeito disso, o trecho abaixo é o que mereceu mais destaque da SFTV entre as partes disponibilizadas da coletiva:
De acordo com o chefe do Departamento de Defesa Ueli Maurer, as marcas ruins do Gripen referem-se ao modelo mais antigo, o C/D. A Suíça pretende adquirir o novo modelo E/F, segundo Maurer. O relatório que foi publicado no jornal SonntagsZeitung foi originado em 2008. Nesse meio tempo, porém, o novo modelo do Gripen E/F se apresentou. Ainda será calculado o quanto o desenvolvimento do avião será impactado. A questão chave, para Maurer, “é o potencial de desenvolvimento para os próximos 30 anos.”
Maurer disse que há vários “nice-to-haves”, ou características que poderiam ser interessantes de se ter na aeronave, mas que nenhuma delas está relacionada ao cumprimento das especificações militares. Ele disse que o Gripen satisfaz os requerimentos técnicos, pois, na avaliação global, atingiu o nível de “satisfatório”, independentemente de considerações financeiras. Maurer chamou de “maliciosas” as alegações que estão saindo na imprensa sobre os números dessa avaliação vazada terem sido alterados durante o processo, e acrescentou que o relatório de avaliação publicado no domingo é apenas uma parte da avaliação global – uma investigação vai procurar responder como esses dados secretos vazaram. Ele também vê como normal toda a discussão levantada sobre o assunto, pois compras de areonaves são um jogo que envolve dinheiro e prestígio.
Também foi dito que algumas pessoas podem preferir “uma Ferrari a um Volkswagen”, e sobre isso, Maurer esclareceu: “Nós criamos as especificações militares. E a avaliação serve para encontrar uma aeronave que corresponda a elas. Não era sobre encontrar o melhor ou o mais rápido avião.”
A frase a seguir foi creditada a Gygax, comandante da Força Aérea, embora possa haver um equívoco da SFTV, pois parte de seu nome foi confundido com o do chefe da Armasuisse (Ulrich): “O Gripen, em comparação com o F/A-18, é o futuro.” Gygax esclareceu que a Força Aérea esteve por trás de toda a decisão pelo Gripen, e também que, desde 2009, já é ponto pacífico que o caça é adequado para a missão de policiamento aéreo. Isso é resultado dos dados totais que vieram de vários sub-relatórios.
O comandante Gygax também afirmou que o Gripen cumpre outros requerimentos da Força Aérea, como, por exemplo, o reconhecimento aéreo. Disse também que a aeronave já foi comprovada por vários países europeus, como a Hungria, em missões de policiamento aéreo. Disse que o caça sueco é uma aeronave na medida para o futuro, que poderá ser equipada com novas armas e novos equipamentos, para servir pelos próximos 30 anos.
A respeito escolha, o chefe do Departamento de Defesa disse que, pela primeira vez, não foram as Forças Armadas que selecionaram sozinhas um caça, mas o Conselho Federal. Este decidiu que não apenas as considerações militares mas também as políticas devem ser levadas em conta na compra de um caça, e acrescentou: “O Gripen oferece o melhor valor pelo dinheiro.”
O comandante do Exército, Andre Blattman, acrescentou que “a liderança das Forças Armadas está unida em relação ao Gripen. A decisão pelo Gripen segue a tradição suíça. Nós não gastamos mais dinheiro do que temos”. Ele também disse que o exército quer uma solução justa, e nunca diria sim se não soubesse que as exigências seriam satisfeitas. Já o chefe da Armasuisse, Dominique Andrey Ulrich Appenzeller, deixou claro que “todos os três candidatos foram considerados adequados para as Forças Armadas Suíças“. Maurer aproveitou para também destacar que as aeronaves continuariam evoluindo, e que isso foi sempre considerado na avaliação: “Toda aeronave prossegue no seu desenvolvimento, e com o Gripen não seria diferente. O Gripen não é um novo projeto, mas um caça existente que está sendo desenvolvido continuamente.”
A respeito de ofertas de outros competidores, no caso, da Dassault, Maurer disse que “até o momento não recebemos nenhuma oferta. A única coisa que temos é uma cópia de uma carta ao presidente da SIK (Sicherheitskommission – comissão de segurança).”
Sobre os próximos passos, Maurer disse que até maio o processo deverá ter passado pela atenção Federal, e em seguida pelo Parlamento. Em junho, com o Conselho Federal presente, deverá ser feita a assinatura que permitirá a compra do caça. O acordo definitivo de compra, junto à Suécia, somente será possível após todo o processo político ter sido completado, o que pode incluir um referendo popular.
Repercussão entre os parlamentares suíços e a Comissão de Segurança (segundo o jornal Basler Zeitung):
A Comissão de Segurança do parlamento (Sicherheitskommission) deverá convidar na semana que vem o chefe do Departamento de Defesa, Ueli Maurer, para falar frente à Comissão. O objetivo é esclarecer como se chegou à escolha do Gripen, saber quem fez o que em cada momento.
Os parlamentares também querem saber mais detalhes sobre a relevância dos relatórios que geraram a controvérsia, para saber em que extensão eles foram incluídos na avaliação. Isso porque, nos relatórios publicados no domingo, a versão mais nova do caça é citada, e não apenas a avaliação do modelo C/D, como disse Maurer. O parlamentar Thomas Hurter, presidente do subcomitê da Comissão de Segurança, não quis dar opinião, mas o presidente do Conselho dos Estados, Hans Hess, espera que em breve todas as dúvidas restantes sejam solucionadas.
O jornal também publicou análise sobre as declarações dadas na coletiva de imprensa e sobre os fatos recentes (destacando que foi o próprio Basler Zeitung que publicou o relatório vazado, em novembro, o que foi apenas repetido pelo jornal SonntagsZeitung no domingo. A análise, em resumo, conclui que o estardalhaço a respeito dos relatórios de avaliação do novo caça mostram uma coisa: muitas pessoas têm interesses nesse contrato. Segundo o parlamentar Christophe Darbellay, “já existem muitas pessoas interessadas em que a compra dos jatos seja cancelada. ” Isso porque outras pastas deverão ter suas verbas reduzidas para que a Defesa adquira os caças. O jornal também destaca que, três meses atrás, Maurer disse que os dados vazados não se relacionavam ao “filé” da avaliação, mas todo o impacto da nova publicação dos mesmos, hoje, mostra que essa afirmação anterior não era exatamente verdadeira.
FONTE / IMAGENS: SFTV (trechos compilados e traduzidos do alemão pelo Poder Aéreo, com a ajuda de colaboradores)
FOTO DE BAIXO: Saab
NOTA DO EDITOR: matéria atualizado às 17h30 com mais trechos da coletiva disponibilizados pelo jornal Basler Zeitung.
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