Será que entrou areia no Super Hornet?
O título é evidentemente uma brincadeira relacionada a questões recentes da disputa pelo programa F-X2 da FAB, mas para o piloto do F/-18 F Super Hornet em aproximação para o USS Carl Vinson, durante uma tempestade de areia, a situação certamente não foi engraçada. Clique aqui para ver mais imagens no Poder Naval.
Já sobre “entrar areia” nas possibilidades do Super Hornet no Brasil, o título é mais um convite à reflexão, lembrando que no próximo dia 9 de abril a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, fará uma visita aos Estados Unidos, encontrando-se com o presidente dos EUA, Barack Obama. Há uma expectativa de que a ocasião seja aproveitada para ir além das costumeiras conversas sobre relações estratégicas entre os países, mas também há ceticismo. Em reportagem sobre a visita, o site Global Spin (clique aqui para ver matéria completa, em inglês) traz a opinião de Peter Hakim, presidente emérito do “Inter-American Dialogue”, em Washington: “Poucos países falam mais sobre a necessidade de um maior relacionamento estratégico entre eles do que os Estados Unidos e o Brasil e, ao mesmo tempo, poucos fazem tão pouca coisa para que isso se torne realidade.”
A matéria do site também diz que haveria um desconforto, do lado brasileiro, pelo fato da visita de Rousseff aos Estados Unidos não ter recebido a designação de “visita de Estado”, o que não ajudaria a mostrar que os EUA querem relações melhores com a atual sexta economia do mundo. E a Casa Branca talvez tenha se arriscado a piorar a situação, quando sugeriu que não está mais conferindo esse nível às visitas por ser este um ano de eleições presidenciais. Mas a visita do primeiro ministro Britânico David Cameron, neste ano, tem nível de visita de Estado.
Para alguns analistas, o recente cancelamento de um contrato da Força Aérea dos EUA (USAF) para a compra do turboélice de ataque leve Super Tucano também não ajudaria o clima das conversas, embora a fabricante Embraer esteja confiante de que ganhará o contrato novamente e um diplomata brasileiro (nome não divulgado) diga que “não achamos que isso seja um ponto de tensão durante a visita de Dilma. Esperamos continuar desenvolvento relações mais fortes em defesa com os Estados Unidos.”
A matéria também diz que um dos motivos para que a visita não fosse cancelada, apesar de não ter sido designada visita de Estado (enquanto que Dilma fez questão de que a visita de Obama ao Brasil no ano passado fosse uma visita de Estado completa), é porque Rousseff está determinada a melhorar a indústria e a educação do país – e o parceiro comercial número 1 do Brasil, a China, não está ajudando nisso com sua obsessão em comprar “commodities” e não produtos manufaturados.
Paulo Sotero, diretor do “Woodrow Wilson Center’s Brazil Institute”em Washington, acrescenta que as visitas mais importantes nos EUA, para Dilma, serão Harvard e o Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde ela deverá promover o programa Ciência Sem Fronteiras, cujo objetivo é levar milhares de estudantes brasileiros para serem educados no exterior em matemática, ciência e engenharia: “Como qualquer líder, Dilma dá atenção ao protocolo, mas está mais preocupada com substância. Creio que o problema com a visita de Estado a preocupa menos do que os resultados.” (nota do editor: segundo informação de uma fonte familiarizada com a questão, à qual o Poder Aéreo teve acesso, os mais de mil estudantes que se pretende mandar no curto prazo a Harvard e MIT é um número considerado exagerado pelos norte-americanos. Isso porque, para os EUA, provavelmente não haveria de imediato essa quantidade de estudantes suficientemente capacitados para o mínimo exigido por essas instituições, que não aceitariam uma solução política de receber candidatos que estivessem abaixo da capacitação exigida. A questão da quantidade de vagas disponíveis também precisa ser discutida).
FOTO: Marinha dos EUA (USN)
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o editorial da AW&ST desta semana também trata deste assunto. Em um momento ele diz:
Good luck with that Boeing!
Muito interessante. A AW&ST, a publicação aeronáutica mais antiga e respeitada dos EUA (quiçá do mundo…) é totalmente contra a política de curtíssimo prazo e eleitoreira dos parlamentares do Partido Republicano.
Abraços.
Seria muito bom enviar não mil, mas 10.000 estudantes para se graduarem ou se pós-graduarem nas melhores instituições de ensino americanas e européias. Mas o foco tem de ser engenharia e ciências em geral.
E claro, com a garantia que esses estudantes deveriam voltar para o Brasil, para serem multiplicadores em Universidades e Instituições de Pesquisas brasileiras.
E claro, com a garantia que existirá verbas maiores para a área de Ciência$Tecnologia e Defesa.
[]’s
Alberto (do Facebook), eu imagino que não foi bem entendido o que está no texto acima. A questão colocada na nota do editor não é essa que você levantou: “Não há estudantes nas instituições de ensino brasileiro com ‘capacitação mínima’ para ingressar em Haward (sic) ou no MIT?” Evidentemente que há, e há tradição também. O MIT formou várias gerações de engenheiros navais militares brasileiros, só pra citar um exemplo. A questão que foi colocada não é de não encontrar ninguém com a qualificação necessária para cursar Harvard e MIT, mesmo porque essas pessoas existem. O nó das negociações a… Read more »
Duas coisas; Belíssima imagem e coitado do mecânico de motores…
Com relação aos estudantes esse programa foi lançado pela Dilma na Alemanha e tem uma matéria muito interessante sobre o tema na The Economist dessa semana. Na verdade os EUA estão correndo atrás porque França, Alemanha e Inglaterra estão se mostrando muito mais interessados nos estudantes brasileiros.
Pois eu conheço pelo menos duas pessoas que se formaram em universidades públicas de alto nível no Brasil, tiveram bolsas de estudos em conceituadas universidades européias e, depois de formados, picaram a mula e não vem mais ao Brasil nem pra passear.
E alguém tem dúvidas que logo logo vão inventar cotas para estudantes negros, índios, marcianos e PeTistas, e acabaremos mandando um monte de gente despreparada para pagar mico em Harvard e no MIT às nossas custas?
Eu não tenho nenhuma…
Quanto à foto: só posso imaginar a tensão que o piloto passou num pouso nessas condições num porta-aviões. Inacreditável. Coisa de Top-Gun.
Com relacao ao MIT, existe ate uma associacao de academicos brasileiros em cursos de pos-graduacao. Existem mais academicos cursando Mestrado e/ou Doutorado no MIT, do que em Harvard. Do ponto de vista tecnologico, o MIT e mais interessante para o Brasil do que a Harvard. Do ponto de vista da Gestao Empresarial (MBAs), Ciencias Politicas, Medicina, Humanidades, Economia e Ciencias Comportamentais a Harvard completaria o binomio Tecnologia-Intelecto. O amigo Vader poder ficar despreocupado com essa estoria de cotas raciais. Se forem mandar a escoria intelectual para o MIT ou Harvard, nao vao durar muito tempo. Falo com conhecimento de causa.… Read more »
Vader
Muitos vão e ficam por lá. Mas podemos condená-los?
Muitos outros , retornamos, seja MIT, Harvard ou Princeton para ver se faremos diferença.( e vemos que não fazemos,hahaha!)
Mas como disse nosso amigo Tadeu Iluminatti Mendes, lá “o sistema é bruto” , cotas e “SKambaw” não funcionam, não…
E não preocupa-me nossos Futuros Mestres e PHDs, fazerem feio lá fora. Nossos atuais políticos já fazem Muito Feio , mas isto é outra estória que não é bom comentar……
Sds
Vader foi JUSTAMENTE o governo que tanto desprezas que está realizando de FATO o programa que possibilita que hoje milhares de jovens brasileiros SAIBAM que tem de se aplicar e estudar para concorrer a estas vagas. Programas deste tipo em qualquer lugar do mundo são um investimento de risco pois nem todos os enviados se FORMAM e nem todos que se FORMAM retornam ao país de origem. Todo brasileiro que se aproveita de um programa deste, pago pelo CONTRIBUINTE brasileiro e não retorna para seu país para retornar o que nele foi pessoalmente investido tem o MESMO tipo de caráter… Read more »
Gilberto Rezende,
Gostaria de saber em que momento você percebeu um pré julgamento dos EUA no caso. Não se mandam 20.000 estudantes para outros país, através de um programa do governo, assim simplesmente. É necessário negociar estadia, ver se o outro país concorda, dentre outros detalhes. Até que os americanos ou europeus NEGUEM, OFICIALMENTE, receber estudantes brasileiros, não há qualquer tipo de preconceito.
Giberto Rezende, Vou te contar uma coisa que talvez voce nao saiba; a escola secundaria (segundo grau) aqui tem deficiencias. Eu passei 3 anos da minha vinda estudando muito mais Quimica, Fisica, Biologia e Matematica na escola tecnica em Juiz de Fora, do que as minhas duas filhas juntas em 4 anos de High School em Boston. Ate aonde eu saiba, os filhos de brasileiros que vem para ca, e se matriculam em escolas secundarias para completar seus estudos, estao muito mais avancados do que os estudantes americanos da mesma faixa estaria. Agora ; o governo brasileiro nao pode pretender… Read more »
Tadeu Mendes…
Desculpa mas ” não me aguentei nas calçinhas” , tive que brincar contigo pelo cachorro raivozo do outro post.OK!?
Você escreveu tudo, só deixe-me completar. Deveriamos inundar o mundo com brasileiros , e trazê-los para o Brasil ,com esta vivência e cultura mundial .Sendo assim as diferenças e os pontos de vista das outras pessoas de diversos países seriam levadas em consideração.E nós não teriamos que ler verdadeiros absurdos em alguns comentários, não?
Felicidades
Sds
Luppus,
Nao tem que descupar-se, achei divertido.
Tambem concordo com o seu comentario. Na realidade os muitos brasileiros que estao fora do pais, ja estao contribuindo de alguma forma com a diversificacao de opnioes.
Voce sabe que tem paises em bem piores condicoes; porque os mesmos criaram uma visao monolitica do mundo, sao completamente fechados ao exterior, nao acietam o intercambio de ideias e sao etnocentristas ao extremo.
O Brasil nao esta tao mal, mas pode melhorar muito.
Acho que falta informação para criarmos uma opinião. SE a presidenta quer financiar os estudantes que são capazes e que só não se desenvolvem o suficiente porque não encontram no Brasil todas as condições necessárias para isso, ótimo. Vão a Harvard já! Porém… (e tudo tem um porém) Isso deve ser encarado como uma política de curtíssimo prazo. Temos logo é de promover a revolução educacional desse país para que em 10 anos ou menos, nenhum estudante brasileiro precise ir ao exterior adquirir um conhecimento que não tenha por aqui. Quem faz isso é país africano. Preferem pagar 15, 20… Read more »
Grande Corsario 137, Estou de acordo com muito do que voce escreveu no seu post. Mas eu gostaria de dizer ao amigo, que o MIT esta (semrpe esteve) lotado de alunos japoneses. Sabemos que os estudantes japoneses passam ate mais de 8 horas em classes, diariamente; especialmente durante a educacao secundaria. Mas eles ainda mandam seus granduandos para fazer Mestrado ou Doutorado no MIT, ou seja, mesmo tendo uma educacao excelente. e muitas vezes superior a dos americanos, eles nao param de vir por aqui. Por isso penso que, mesmo que o Brasil venha a proporcionar educacao de altissimo nivel,… Read more »
Amigos, boa tarde. http://economia.terra.com.br/noticias/noticia.aspx?idNoticia=201203231933_AFP_81019626 Após anulação, EUA indicam Embraer para licitação de aviões 23 de Março de 2012 • 16h33 • atualizado 16h51 A força aérea anulou no final de fevereiro a compra de 20 aviões Super Tucano da Embraer Os Estados Unidos indicaram a fabricante brasileira de aeronaves Embraer para abertura de uma nova licitação, após a recente anulação de um contrato por 20 aviões de ataque Super Tucano, informou nesta sexta-feira o ministro de Indústria e Comércio brasileiro, Fernando Pimentel. “Os Estados Unidos disseram à Embraer que haverá outro processo, que haverá outra licitação”, afirmou Pimentel durante coletiva… Read more »
Caríssimo Tadeu Mendes,
Concordo plenamente. A diferença é que os japas vão para o MIT por escolha e não por falta de opção. Afinal o MIT é o MIT não é mesmo?
Grande abraço.
Caríssimo Justin,
E isso tudo às vésperas da chegada da Dilma. Coincidência?
E ainda tinha gente achando que LAS e FX2 não tinham nenhuma correlação. A vá!
Vai ser um toma lá da cá. O governo dos EUA já mostrou que concorrência lá pode ser direcionada ao gosto do freguês. Resta saber o que o freguês quer dar em troca.
Agora está nas maõs da Dilma escolher se os lucros da Embraer serão maiores ou não em 2012 (?). E a Dassault? Vai dar o que em troca? Véuve Clicquot?
Srs., concordo com tudo o que foi escrito sobre a questão do envio de brasileiros às universidades americanas. Tudo.
Porém, não devemos esquecer que a reforma educacional precisa de ótimos alicerces e esses são o ensino fundamental (primário) e médio (colegial) da escola pública. Nossos governantes dão as costas para isso. E não será apenas com avaliações mal feitas de docentes que a coisa vai melhorar. O problema maior está nos alunos, que se transformaram em bandidos. E a culpa disso é das famílias, certamente. A desagregação social é uma das grandes pragas de nossa sociedade.
Abraços.
Valeu Corsario 137.
Um grande abraco.