Que é que há, ‘velhinho’? Há encomendas de F/A-18!
–
Reportagem do jornal californiano LA Times destaca que, com atrasos no F-35, o “velho” F/A-18 continua com encomendas do Pentágono, beneficiando trabalhadores daquele estado norte-americano
–
O F/A-18, presente nos convoos dos navios aeródromo dos EUA há décadas, é beneficiado por atrasos do seu substituto, o F-35 Joint Strike Fighter. O Pentágono continua encomendando mais F/A-18, o que é uma boa notícia para trabalhadores na Northrop e de centenas de outras empresas da Califórnia.
O som de metralhadora das rebitadeiras a ar comprimido é muito bem-vindo para os trabalhadores da Northrop Grumman Corp, em sua linha de montagem em El Segundo. Ele indica que há muito trabalho na montagem de seções de fuselagem para os jatos supersônicos F/A-18, presentes desde 1983 nos CVN (navios aeródromo de propulsão nuclear) da Marinha dos EUA e ainda com demanda pelo mundo.
Antes planejado para substituição, o jato hoje está em alta no Pentágono e para governos estrangeiros que buscam modernizar suas frotas. A linha de montagem da Northrop tem um volume de trabalho que vai levar, no mínimo, até 2014 para ser finalizado.
Segundo a reportagem do jornal LA Times, o “boom” para as 1.100 pessoas que trabalham com o F/A-18 em El Segundo – e em mais de 700 fornecedores de peças na Califórnia – é o subproduto de um constrangimento para o Pentágono. Hoje, já era para se iniciar a desativação dos F/A-18 e a ativação dos furtivos F-35. Mas a produção desse jato de nova geração está atrasada em anos, e ultrapassou o orçamento em bilhões de dólares.
No mês passado, um frustrado Secretário de Defesa Robert M. Gates disse que o F-35, planejado para utilização conjunta pela Marinha, Fuzileiros Navais e Força Aérea dos EUA, ainda não está pronto. Para preencher a lacuna, ele anunciou que a Marinha pretende comprar mais 41 F/A-18.
Menos de um ano atrás, a linha de montagem tinha trabalho suficiente para até o final deste ano, e havia temores de que ela se juntaria a dúzias de outras linhas, que diminuiram a produção ou fecharam as portas. Mas as encomendas surgiram: em março do ano passado, a Marinha encomendou 124 aviões adicionais. E então veio o anúncio de Gates sobre a aquisição de outros mais.
“Até que o F-35 esteja pronto, o F/A-18 vai manter cheios os convoos dos navios-aeródromo”, disse Loren Thompson, analista do Lexington Institute, um “think tank” de Arlington (Virgínia).
O F/A-18 entrou em ação pela primeira vez nos anos 1980, mas provou sua eficiência nos anos 1990, na Operação Tempestade no Deserto. No conflito, o jato derrubou caças da Força Aérea Iraquiana em combates e destruiu pontos fortes inimigos com bombas guiadas a laser, algumas vezes fazendo as duas coisas numa mesma missão. Hoje, o caça é visto rotineiramente em patrulhas de combate no Afeganistão.
As críticas para o F/A-18 — e todas as suas versões como o Hornet, Super Hornet e Growler — é que ele não é suficientemente furtivo, na opinião de Thompson. Ainda segundo o analista, a Boeing Co., que é a principal contratante do avião, realizou diversas mudanças no projeto para melhorá-lo, aumentando sua furtividade frente aos radares inimigos. Mas ele ainda não oferece características furtivas de um caça mais moderno como o F-35.
(Nota do Blog: por falar em versões, o Poder Aéreo selecionou entre as imagens para esta matéria duas em especial, em que se pode ver diferenças – e semelhanças – significativas entre o Hornet e o Super Hornet. Nas imagens abaixo, pode-se perceber a maior área alar do Super Hornet, que na foto decola de um CVN sem usar pós-combustão, que está acionada na foto do Hornet).
De qualquer forma, a Northrop ainda tem 151 seções de fuselagem para produzir, o que não inclui a encomenda pendente de Gates. E a empresa ainda pode fazer muito mais, pois países como o Brasil, Índia e Kuwait pretendem comprar caças a jato.
A Northrop entrega um conjunto de seção de fuselagem (que compreende a seção central e a traseira) a cada 4 dias e meio. Também produz as duas superfícies verticais da cauda do caça, e instala equipamentos eletrônicos e hidráulicos. Após checagens duplas de qualidade, as seções são enviadas à linha de montagem da Boeing em St. Louis, em carretas de 18 rodas, numa viagem de mais de 2.800 km.
O prédio de El Segundo é quase inteiramente construído de madeira, e trabalhadores vem montando aeronaves no local desde a Segunda Guerra Mundial – aviões como o SBD Dauntless, da então Douglas Aircraft Co. A Northrop passou a ocupar as instalações em 1977, para montagem do F-5 e do the F/A-18. Somando os trabalhadores da linha de montagem e os dos escritórios de engenharia da empresa, que ocupam mais de 20 prédios em El Segundo, são mais de 5.000 pessoas.
Em setembro, a Northrop anunciou o corte de 500 trabalhadores na sua divisão aeroespacial, com a maior parte atingindo as instalações de El Segundo e de Redondo Beach, também na região, onde se produzem satélites e sistemas laser de alta energia. Mas o pessoal que trabalha nos F/A-18 foi poupado.
Todd Harrison, um analista de defesa do Centro de Avaliações Estratégicas e de Orçamento (Center for Strategic and Budgetary Assessments), tem a opinião de que “o avião tem sido uma boa apólice de seguros para a Marinha. O F/A-18 continuará em demanda enquanto houver problemas com o programa F-35. E se você analisar o que esse programa tem passado nos últimos anos, não dá pra dizer o quão longe isso ainda vai.”
FONTE: LA Times (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo – título original: “Aging fighter jet gets new lease on life”)
FOTOS: USN (Marinha dos EUA)
VEJA TAMBÉM:
- Cinco bilhões por mais 124 Super Hornet/Growler
- MMRCA: Northrop Grumman espera decisão em 2011
- Dinamarca pode abrir mão do F-35 em favor do F-18 Super Hornet
- Pentágono reduz drasticamente as compras de F-35 no período de 2012-2016
- Enquanto isso, na linha de montagem da Boeing…
- Novidades do Super Hornet: contrato para 118 computadores de missão…
- Boeing pode licenciar o Super Hornet para o Japão
- Super Hornet rumo aos 400
- Construindo um F-18 Super Hornet
- Do Hornet ao Super Hornet
- Evolução: tal pai, tal filho?
Há pelo menos dois modos de abordar o texto.
O primeiro é que os EUA falharam no desenvolvimento do F-35 Lightning II. O que não é novidade pois programas de aeronaves costumam conter percalços que os atrasam e até inviabilizam.
O segundo é que as novas encomendas, somadas a já grande quantidade de SH existentes voando contribui para o aumento da economia de escala do jato. Sorte da US Navy e a RAAF. E de eventuais novos compradores.
Ah, sim! E sorte dos rabalhadores envolvidos na montagem do SH.
Vida longa à Super-Vespa. E que aterrise logo no Brasil.
Olha que engraçado.
As novas encomendas do Hornet são superiores às encomendas FIRMES dos Rafale.
Belo caça. Serviu e ainda serve muito bem o seu país.
Pena que alguns desinformados ainda tentem falar que o Super Hornet é um Hornet melhorado. Como se o primeiro fosse um upgrade do segundo.
Sugiro ler as várias matérias sobre o assunto aqui mesmo no Poder Aéreo.
[ ]s
Outra coisa:
Um programa com vendas de 2.400 vetores (F-35) está muito longe de ser um fracasso.
Aliás, esse vetor será um dos maiores sucessos do século XXI.
A compra dos F-35 pelos norte-americanos por si só já fariam dele um sucesso monumental. Um vetor com altíssima ESCALA.
Adicione a esses números, mais os vetores que serão comprados pelos parceiros do programa F-35.
Fracasso não é bem a palavra para definir o F-35.
[ ]s
Boeing agradece à LM.
Mais 41 encomendas, nada mal… somados aos 124 anteriores, 165 caças na fila de produção. O que no mínimo significa uma boa fonte de peças, caso a Dilma/Fernando Pimentel escolham o Super Bug .
Demorou para assinar com os americanos.
[]’s
Achava que o compressor da turbina do F/A-18E tinha sido completamente ocultado.
Groo disse:
11 de fevereiro de 2011 às 12:48
“Achava que o compressor da turbina do F/A-18E tinha sido completamente ocultado.”
Prezado Groo, posso estar enganado, mas tenho a impressão de que se você observar a aeronave de frente não irá ver o compressor.
Mesmo deste ângulo enviesado (para o lado) dá pra ver apenas parcialmente o compressor (só a parte inferior), prova de que ele foi deslocado para o centro e para cima, fugindo de emissões radar que provenham de frente (o mais comum; o que normalmente acontece com dois caças que estão indo um contra o outro).
Saudações.
A propósito, impressiona o tamanho e a largura dos ailerons do Super Hornet (quase da mesma largura das asas) o que, aliado à dupla deriva em diagonal, deve lhe conferir uma taxa de rolagem enorme, ao contrário do que alegam alguns.
Sds.
Caro Groo,
O que se vê na foto não é o compressor, e sim o radar blocker do F-18 E SH.
[]’s
É o radar blocker? Ich, então não entendi nada… fui na do Groo e dancei, hehehe…
Bem, também não entendo necas de turbinas.
De qualquer maneira, aqui há um desenho da F-414 e o compressor aparece bem para trás, o que se mostra na frente são as pás do fan (acho que é isso):
http://www.geae.com/engines/military/images/f414_maintenance.jpg
Sds.
Olha só, outra excelente foto da tomada de ar do SH, desta vez do outro lado:
http://uploaded.fresh.co.il/2010/03/22/28860511.jpg
Sds.
Vader,
O Nick sugere que o que aparenta ser o compressor seriam as “persianas” do sistema de bloqueio do radar (radar blocker), que impede que o feixe de radar atinja as pás do compressor.
Eu não sei!
Seria bom a gente pesquisar!!!
Vader,
Pela última foto que você postou parece ser mesmo as pás do compressor.
Eu acho que o painel usado para bloquear o radar é a superfície inclinada que se vê abaixo do compressor.
Num ângulo frontal as pás do compressor não ficam expostas. Se ficassem o melhor sistema “radar blocker” seria a grade ou tela, a la F-117
Vendo a foto achei isso também Boscão, principalmente porque me pareceu uma peça móvel.
Acho que o tal radar blocker do Nick é mesmo a superfície inclinada, que além disso evidentemente serve para desviar o fluxo de ar com menor arrasto, em altas velocidades.
Grande abraço.
Se formos de Vespassa, alguém sabe dizer se poderia ser a versão Silent?
Vader,
Agora, pode ser que o Nick tenha mesmo razão e o que parece ser “pás”, pode ser “persianas furtivas”.
O Pak-Fa parece que usa esse recurso e também lembro de já ter lido algo sobre o Super Hornet que sugere algo nesse sentido.
Sérá? 🙂
Prezado Nick, esclareça.
Abs.
Vader e Nick,
Esse post é interessante.
(http://www.aviationweek.com/aw/blogs/defense/index.jsp?plckController=Blog&plckScript=blogScript&plckElementId=blogDest&plckBlogPage=BlogViewPost&plckPostId=Blog:27ec4a53-dcc8-42)
(http://www.aviationweek.com/aw/blogs/defense/index.jsp?plckController=Blog&plckScript=blogScript&plckElementId=blogDest&plckBlogPage=BlogViewPost&plckPostId=Blog:27ec4a53-dcc8-42d0-bd3a-01329aef79a7Post:c3f1c693-d1d6-4f37-b3fd-e7f16e087b2e)
Mandei errado, o certo é este.
Vadão,
Zoia esse tamém: (http://forums.bharat-rakshak.com/viewtopic.php?f=3&t=5450&start=1400)
Caro Bosco,
Solução interessante para o F-18 E e os russos gostaram …..PAKFA tem os motores quase que em linha com a entrada de ar… radar block neles!
[]’s
Caros colegas, mesmo que as pás na foto sejam as do compressor, o ângulo formado não seria o ideal para um radar situado à frente da aeronave. Seria mais um “spark”. num ângulo de uns 15-20 graus. Ainda complicado para detectar.
Caro Vader,
O link do professor Bosco mostra claramente um radar blocker 🙂 Não sou lá muito técnico, nem detalhista, mas deve funcionar a “bagaça” hehehehe
[]’s