Parceria Embraer-Amyris no desenvolvimento de biocombustíveis
Nádia Pontes
A busca por um combustível alternativo deixou de ser um item oscilante na agenda da aviação. Desenvolvimentos recentes indicam que as empresas do ramo de pesquisa e inovação, com o apoio de fabricantes, entraram na corrida por um produto eficiente, com maturidade tecnológica e preço competitivo.
Uma das iniciativas mais recentes envolve a brasileira Embraer e a Amyris: a empresa especializada em biotecnologia desenvolve biocombustível produzido a partir de cana-de-açúcar. As pesquisas já estão avançadas e a Embraer acredita que seu primeiro jato abastecido com essa fonte mais limpa cruze os céus já o ano que vem.
“A Embraer começou a olhar para o assunto por uma questão de tecnologia, com a visão estratégica para entender qual o futuro da aviação no que diz respeito à substituição da matriz energética”, comentou Guilherme Freire, diretor de Meio de Ambiente da Embraer. “E a questão ambiental está também por detrás disso.”
Da cana ao tanque
Fundada em 2003 nos Estados Unidos, a Amyris tem uma subsidiária importante no Brasil, com sede em Campinas, onde o combustível de cana-de-açúcar é desenvolvido e testado. A decisão de converter a planta em fonte de energia para aviões não foi, na verdade, o objetivo inicial da empresa, mas consequência de descobertas em pesquisas na área de medicina.
Com o aperfeiçoamento do processo de transformar o açúcar em álcool, a Amyris pretende produzir de 6 a 9 milhões de litros da molécula base do combustível em 2011. “As pessoas pensam que se trata simplesmente de uma questão de custo de produção, mas é mais do que isso. O Brasil reúne as melhores condições de clima para plantio de cana-de-açúcar, além de toda uma estrutura de comercialização”, diz Joel Velasco, vice-diretor da empresa, sobre o motivo de manter uma subsidiária no solo brasileiro.
Sob coordenação da Amyris, também a norte-americana Boeing e o Banco Interamericano de Desenvolvimento são parceiros nessa iniciativa. “Não basta saber produzir o bioquerosene e achar que ele será usado. É preciso trabalhar com a indústria aeronáutica para que haja aceitação. A gente está fazendo análises para que o biocombustivel tenha não somente uma boa performance no motor, mas também no meio ambiente, que é o que o consumidor exige”, argumenta Velasco.
Desde 2006, a fabricante brasileira mantém uma equipe dedicada ao tema dos combustíveis alternativos. “A Embraer não quer ganhar dinheiro com os biocombustíveis, mas dinamizar, fazer com que a coisa aconteça. Temos esse projeto com a Amyris, com a Azul e GE (fabricante de turbinas), além de outras parceiras que não podem ser divulgadas”, comentou Freire.
Apesar de não investir propriamente na transformação da cana-de-açúcar em combustível, a empresa recebe pequenas quantidades do produto e executa diferentes testes em suas aeronaves. A fornecedora de companhias aéreas como Lufthansa, KLM e British Airways vê em toda a indústria uma crescente tendência rumo à adoção de fontes renováveis nos tanques de aviões.
“A gente trabalha também para que o governo brasileiro comece a pensar no tema, passe a desenvolver políticas públicas para que, no futuro, assim como tivemos o Proálcool, a gente tenha um programa de bioquerosene”, revela Freire.
O despertar do mercado
A alemã Lufthansa é a primeira do mundo a usar biocombustíveis na rota comercial: de julho até o fim do ano, os voos do Airbus A321 entre Frankfurt e Hamburgo partem com 50% de bioquerosene em um dos tanques. O combustível é fornecido pela finlandesa Neste Oil, produzido à base de oleaginosas e gordura animal.
Com financiamento parcial do Ministério alemão de Economia e Tecnologia, a empresa investiu 6,6 milhões de euros no projeto, que deve reduzir as emissões de gases do efeito estufa em até 1.500 toneladas nos seis meses de teste. A aviação é responsável por aproximadamente 2% das emissões globais. Essa taxa poderia subir no futuro, já que a previsão de crescimento do setor é de 5% para as próximas décadas.
“A gente espera poder reduzir a dependência do petróleo com um produto renovável”, diz Joel Velascos sobre o uso de diferentes tipos de matéria-prima na fabricação de bioquerosene. “É claro que combustível de cana-de-açúcar não é a única resposta.”
O processo de autorização do uso do combustível é bastante demorado e extremamente técnico. Testes exaustivos são conduzidos até que produto possa abastecer uma aeronave. A fonte usada pela Lufthansa foi aprovada em julho pela American Society for Testing and Materials, ASTM.
FONTE: DW
Editores, boa noite. Saiu outra noticia sobre aviação civil sobre a liberação do A-380 para operação no Brasil pela Infraero. ta aqui o link:
http://www1.folha.uol.com.br/mercado/968509-infraero-libera-operacao-do-maior-aviao-de-passageiros-do-mundo.shtml