Dilma agora tem pressa de definir o caça
Roberto Godoy
A escolha do novo caça de múltiplo emprego da Força Aérea Brasileira (FAB), o programa F-X2, entrou na etapa final. O processo está muito atrasado. A primeira versão foi apresentada há 16 anos, em 1996. Depois disso, houve vários adiamentos, o último em 2011.
A presidente Dilma Rousseff está disposta a anunciar a decisão no menor prazo possível, talvez ainda no primeiro semestre deste ano, como disse o ministro da Defesa, Celso Amorim.
Há boas razões para isso. A janela de oportunidade permanecerá aberta apenas por mais seis meses. Depois de setembro, será difícil para qualquer dos três finalistas iniciar a entrega dentro do novo prazo, entre 2015 e 2016.
A contar do momento do anúncio do vencedor, até a assinatura do contrato principal e dos compromissos acessórios, a negociação vai exigir um ano de ajustes. Nesse período o governo não fará nenhum pagamento.
Mais que isso, o negócio, estimado entre US$ 4 bilhões e US$ 6,5 bilhões, está no ponto mais favorável, segundo especialistas em financiamento de equipamentos militares ouvidos pelo Estado. A operação de crédito é um dos pontos sensíveis da escolha. Há vários meses circulam no mercado de Defesa informações de que os concorrentes francês (Dassault, com o caça Rafale) e sueco (Saab, com o Gripen) teriam alongado os prazos de carência e amortização.
A americana Boeing (com o Super Hornet F-18) enfrenta problemas: o Eximbank não pode financiar a venda de produtos militares, levando a operação para os bancos privados e juros altos.
A seleção do Rafale para a encomenda de 126 unidades para a aviação da Índia é um fator considerado na escolha brasileira – todavia, não é decisivo. A transação ainda depende dos acertos financeiros e de transferência de tecnologia. É o viés que interessa na F-X2, cujo fundamento é o acesso irrestrito ao conhecimento.
Há também uma discreta preferência pelos modelos bimotores, o F-18 e o Rafale, principalmente entre os ‘caçadores’. Os engenheiros destacam a possibilidade de desenvolver um projeto completo, oferecida apenas pela Saab.
Fora de forma. O plano da Aeronáutica para a frota de combate fixa a desativação dos 12 Mirage 2000C/B do 1.º Grupo de Defesa Aérea – comprados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em acordo direto com o governo da França, em 2005 -, a partir de 2014 ou pouco além. O limite pode ser estendido, mas o custo de manutenção dos supersônicos vai crescer. Os F-X2 não chegarão a tempo de substituir a frota de superioridade aérea.
Por algum tempo o trabalho terá de ser feito pelo F-5M, o resultado da revitalização pela Embraer Defesa no velho F-5E americano, hoje o principal caça da FAB. Entretanto, ressalta um brigadeiro do setor tecnológico da Força, esses jatos estão sob risco de entrar em fadiga de célula – o nome do esgotamento físico das máquinas. O empreendimento completo da Defesa estabelece como meta, até 2027, o contrato de 124 caças. Em configurações próprias, sobre a mesma plataforma, vão substituir toda a frota de ataque da FAB.
FONTE: estadao.com.br
COLABOROU: E. Costa
Curiosa a citação no texto que diz “A seleção do Rafale para a encomenda de 126 unidades para a aviação da Índia é um fator considerado na escolha brasileira – todavia, não é decisivo (…)”. Espero que, se isso for verdade, considerem também TODAS as encomendas e vendas do SH e também considerem a recente vitória do Gripen.
Oras, vão considerar só de um, é? Está tão marcada assim a escolha do caça (se houver)?
“A americana Boeing (com o Super Hornet F-18) enfrenta problemas: o Eximbank não pode financiar a venda de produtos militares, levando a operação para os bancos privados e juros altos.”
Mais uma mancada do Godoy. Equipamento militar que o Brasil compra dos EUA sempre foi pelo Foreign Military Sales (FMS).
A decisão parece que já foi tomada no final de 2010, mas não era oportuno divulgá-la.
Só com a arrecadação record de impostos em janeiro/2012, algo em torno de R$102.000.000.000,00 (CENTO E DOIS BILHÕES DE REAIS) divulgado pela imprensa, já seria muito mais que suficiente para liquidar essa fatura À VISTA !
Eu acredito que seria mais negócio comprar os 36 Rafales iniciais, mais outros tantos Gripens, e não ficar dependendo apenas de um fornecedor internacional, pois o amigo de hoje pode ser o inimigo de amanhã.
Um governo sem comprometimento com nada, que não está nem aí…agora isso…E ainda tem gente que defende o “enegê…”
ernaniborges Inimigo é uma palavra muito forte, assim como amigo. Como é dito, países não são amigos, apenas compartilham interesses em comum. Sendo assim a tal questão do único fornecedor depende de nossos interesses e das ações que vamos desenvolver em cima desta questão. Ser “amigo” não é ser submisso. A GUerra das Falklands/Malvinas foi um exemplo. Os “argies” resolveram estupidamente bate” de frente com a Inglaterra, país membro da OTAN. Resultado: boicote “geral”. Querem Exocet? Nana ni na não! Tiveram que recorrer ao mercado negro. Dependiam muito de equipos franceses: Mirage 3 e Super Etandard e armamentos. Só teriam… Read more »
Correção:
Só teriam tido independÊncia se usassem aviões e armas soviéticas.
Se a presidente Dilma tivesse pressa o anúncio já tinha acontecido. No mais é aguardar Maio terminar e se nada acontecer, o início do FX-2T.
[]’s
“Dilma tem pressa para novo caça…”
Do jeito que ela se preocupa com o assunto, se aparecer alguns Tampões, já se deem por satisfeitos…
Por isso cada dia que passa, vejo mais próximo uma dúzia de Mirage 2000-9 dos EAU (infelizmente)…
Pois esqueçam F-18 ou F-16 do deserto – Nada de financiar os “imperialistas” do norte… 😛
Os UAE não selecionaram nenhuma aeronave ainda, então esses lixos de M-2000-9 não estão disponívais p/ serviram de tampax na FAB.
Maurício, Chamar um excelente caça como o Mirage 2000 de lixo é uma extravagância, mas chamar sua versão mais moderna, o M-2000-9, é um tremendo engano. Quando armados com 3 (três) MICA-ER e 3 (três) MICA-IR uma esquadrilha de apenas 4 (quatro) Mirage 2000-9 pode engajar simultaneamente 1 (uma) dúzia de caças iranianos colocando um par de mísseis (ER + IR) sobre cada alvo. Quando armados com 4 (quatro) MICA-ER e 2 (dois) MICA-IR um elemento de 2 (dois) Mirage 2000-9 em patrulha aérea de combate pode engajar simultaneamente até 8 (oito) inimigos, 4 (quatro) por caça, mantendo ainda poder… Read more »
Dezesseis anos de espera e agora ela resolve que tem pressa.
Ivan,
Nosso amigo “Maurição” deve ter levado o fora de uma linda francesinha quando na adolescência e isso o marcou profundamente.
Pega leve com ele.
Hahahahahaha! Piada do dia! Chamar o M2000-9 de lixo?!?!?!? Hahahahaha…quem dera o braZil e sua FAB pudessem ter e ter condições financeiras de operar esse lixo! “Nossasenhora”…pode ter certeza de que titio huguito não gostaria nenhum pouquinho de ver a FAB com tal equipamento…e se bobear, nem a FACh…
Mas na boa, sabem porque a Dona tem pressa? Por quê já avisaram que se os aviões não chegarem, o desfile sobre o estádio do curintiã terá de ser de F(orevis)-5! hehehehe…ops! Assinando o contrato amanhã, os caças já não chegam mais a tempo, donaaaa…
Ivan,
Deixe por favor o “super trunfo” de lado, só os UAE operam essa versão exclusiva do M-2000, mais ninguém.
A turbina quebra palheta a uma velocidade, que não há logística que dê jeito.
Taiwan teve que processar judicialmente a Safran, p/ ser compensada pelos gastos excessivos c/manutenção das turbinas M-53.
O código fonte só é amigável ao armamento francês, que é:
a-) caro de adquirir
b-) e pelo preço, tem um desempenho que deixa a desejar.
Eles lá do UAE que vendam essas tralhas, p/ a Argentina, Paraguai e Bolívia!!!
Obama deve ter um pacotão de SH com todo tipo de armamento por um precinho campeão debaixo do braço pra ofertar. Tudo pra pronta entrega e em 60x sem juros no carnê.
Esse Godoy… Quanto ao Mirage 2000-9 dos EAU na FAB, não se esqueçam da manutenção deste avião fora de linha e do preço dos MICAs. Um colega afirmou que 4 desses podem enfrentar 12 inimigos, mas esse combate custaria mais de 72 milhões de dólares, se fosse ganho no improvável ratio de 12×0 entre aeronaves de terceira geração, ainda mais contra aeronaves de quarta geração com radares AESA e mísseis mais modernos e de maior alcance. Para exemplificar melhor, um único F-16 E/F Desert Falcon dos mesmos EAU com radar AESA e armado com 4 AIM-120C7 destruiria essa esquadrilha de… Read more »
Senhores,
Esqueçam o Godoy.
Em 2009 (ou seria 2010?), ele apareceu no programa “Painel” da Globonews, dizendo que o Rafale seria escolhido porque era a melhor opção, em virtude da ToT irrestrita.
Quem assistiu, chegou a conclusão de que ele é mais um torcedor do avião francês. Sua opinião não é isenta.
E de mais a mais, se a Dilma colocou prioridade nisto, só o fará até pintar o próximo escândalo, que não deve demorar.
No segundo semestre, as cabeças estarão voltadas para as eleições municipais e aí o FX gorou de vez.
Galerinha,
Vamos ficar aqui discutindo, defendendo, e sempre quando se fala do fx, bombam os comentários, e no final ( ou no começo?) o vencedor ja ta combinado. Alguém pode me dizer quanto que o Brasil vai dar de $$$ (no total de vendas em todos os negócios) para os Franceses? Êeeee Brazil colônia.
Sds
caro observador,
sua opinião é isenta? Até que ponto?
abraços
Que fechem a FAB logo, já cansei de ver essa humilhação com a Força.
Caro Marcelo: Minha opinião é isenta como a de um brasileiro amante de sua pátria deve ser. Nossas FAs não contam com um orçamento a altura de sua tarefa. Equipamentos obsoletos, nível de prontidão inadequado, treinamento insuficiente, falta de munição e sobressalentes são o reflexo da falta de dinheiro. E as FA’s não contarão com um orçamento decente tão cedo, pelo menos não nesta geração. Como sempre falei, investimento em Defesa não dá voto. Logo, eu não fico sonhando com um avião de caça caríssimo, quando não se tem dinheiro sequer para manter voando o que já se tem, contando… Read more »
Eu acho o RG simpatico, mas ou ele eh tendencioso ou nao faz o dever de casa. Mais alguns pontos alem dos jah mencionados pelos colegas acima: – A SAAB jah se pronunciou publicamente, mais de uma vez, inclusive em audiencia no Senado que banca um financiamento com 8 anos de carencia + 15 p/ pgto se o Brasil quiser, e juros de cerca de 4,25% aa. Nao que precisamos, pois o Brasil, credor liquido, pode pagar estes cacas conforme recebimento; – Os Bancos franceses estao com agua pelo nariz pois eram os maiores credores individuais da Grecia; e agora… Read more »
Clap Clap Clap mais uma vez para o Observador!
E aplausos para o DrBarata também!
Engraçado seu Barata, a Dassault depende de bancos franceses “falidos” para financiar a venda do Rafale e a SAAB banca financiamento do Gripen NG (ou será JAS 39 Gripen E/F) e ela não é nem empresa estatal sueca(governo) e nem BANCO… É super trunfo mesmo esta SAAB… Ou seria mais uma credulidade ao que afirma a eterna GARGANTA sueca que fala, fala e não comprova NADA… A “venda” do Gripen para a Suíça está fazendo mais mal que bem a imagem sueca, enquanto o CONTRÁRIO ocorre com a Dassault com a vitória no MMRCA e o retrofit dos Mirages 2000… Read more »
Gilberto, Complementando apenas que a notícia que você postou, do jornal The National dos Emirados, tem como fonte (e até cita isso) o jornal La Tribune, e dias antes de repercutir no jornal dos EAU já tinha saído aqui mesmo: http://www.aereo.jor.br/2012/02/03/jornal-frances-diz-que-depois-da-india-e-a-vez-do-rafale-nos-emirados/ Só não entendi por que haveria exatamente a pressa em anunciar uma compra do Rafale antes dos Emirados. Pra não pegar a medalha de bronze como terceiro cliente internacional do Rafale? Será que faria alguma diferença? A pergunta não é provocação direcionada a você, mas a qualquer outro comentarista que se interesse em debater o assunto. Se for o… Read more »
Nunão, boa tarde. Interessante a questão que você colocou. 1. Quem é o primeiro tem melhores condições de negociação, pode requerer redirecionamento de aeronaves já na linha de produção no país de origem, pode conseguir fabricação local prioritária, inclusive para futuros clientes, etc. 2. Quem é o primeiro tem que assumir os riscos da possível inexistência de outros contratos, outros clientes, o que poderá trazer obsolescência precoce ou dificuldades logísticas ao projeto. Eu acho que o Governo tem estado reticente em assumir riscos e, até mesmo, alguns compromissos futuros. Esse tradicional “empurrar com a barriga” acaba nos tirando grandes oportunidades… Read more »
Justin, Vale lembrar que, em todo caso, perdeu-se a “oportunidade” que houvesse de ser primeiro comprador internacional de qualquer um dos finalistas do F-X2, se é que haveria alguma vantagem nisso que não estivesse nas ofertas apresentadas. Super Hornet já tinha seu primeiro cliente de exportação (não que isso fizesse uma diferença crucial para a Boeing ou a indústria aeroespacial dos EUA…), e a Índia conquistou a primazia no Rafale e a Suíça na nova geração do Gripen. Acredito que a negociação posterior a uma assinatura poderia até trazer mais vantagens para o comprador com o vendedor sob pressão –… Read more »