Contrastes entre novas e velhas preocupações nas bases aéreas dos EUA
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Futuro do novo F-35 e a operação de versões modernas do F-16 é motivo de preocupação para bases da Carolina do Sul. Mas este último também é motivo de alívio para bases da Dakota do Sul, que opera caças com modernização programada
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Não deixe que os nomes que terminam em “sul” lhe confundam, fazendo pensar que são estados vizinhos dos EUA. A Dakota do Sul faz parte do chamado “meio-oeste”, e no mapa se localiza mais ao norte da região central dos Estados Unidos. É um dos menos populosos do país, e foi povoado mais fortemente somente com a expansão para o oeste por meio das novas ferrovias, tornando-se estado perto do final do século XIX, em meio às corridas por causa de ouro e aos massacres dos índios Sioux. Já a Carolina do Sul é uma das 13 colônias britânicas que deram origem ao país, no século XVIII, localizada no mapa mais para o sul da sua costa leste. Em comum, ambos os estados têm bases aéreas importantes das Forças Armadas dos EUA, epecialmente da Força Aérea (USAF). Mas a preocupação com o futuro é diferente para cada uma delas.
Para a Carolina do Sul, operar versões antigas do F/A-18 é um alívio mas, por outro lado, ter em suas bases versões mais novas do F-16 é um motivo de preocupação
Matéria de segunda-feira (30 de janeiro) do jornal “Charlotte Observer”, da Carolina do Sul, mostra uma preocupação do estado com suas bases, que deverão abrigar o novo caça F-35. Os cortes na defesa, aliados aos problemas de desenvolvimento e de estouro nos custos do caça são vistos como ameaça para o futuro. E o que acontece com o F-35 é importante para a Carolina do Sul porque, conforme planejamentos já realizados, o caça deverá operar nas bases aéreas localizadas em Lower Richland, Sumter e Beaufort, que ficam no estado. São bases que empregam milhares de pessoas, e o seu impacto econômico anual para a Carolina do Sul é estimado em bilhões de dólares. Por motivos diferentes, a entrada em operação do F-35 pode ser boa ou ruim para as bases no estado, conforme os tipos de aeronaves que nelas operam – teme-se que os problemas do F-35 possam levar ao fechamento das bases – um desastre econômico para um estado que já sofre uma taxa de desemprego acima de 9%.
Em Beaufort, operam hoje caças F/A-18 dos Fuzileiros Navais e, em Sumter e McEntire (de Lower Richland), operam caças F-16 da USAF e da Guarda Aérea Nacional. Os primeiros estão no topo da lista de prioridades para receber o F-35. Já os últimos, não estão. Segundo o senador Lindsey Graham, “assim que a Base Aérea dos Fuzileiros Navais de Beaufort receber o F-35, ela terá o mais moderno caça das Forças Armadas, então é provável que ela sobreviva. Isso é uma boa notícia para a população de Beaufort. As razões para que Shaw (Base Aérea da USAF)) e McEntire (Base Conjunta da Guarda Aérea Nacional) não estejam no topo da lista para o F-35 é que seus F-16 são mais novos que a maioria dos caças do mesmo tipo”. Um F/A-18 que opera numa das unidades baseadas em Beaufort, o esquadrão “Checkerboards” (VMFA-312) do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, é visto na foto logo acima operando a partir do USS Harry S. Truman (CVN 75) em 2010.
Vale aqui um adendo: pesquisando em fontes diversas, as informações disponíveis dão conta que a versão operada pelo 55º Esquadrão de Caça, baseado em Shaw, é a Block 50, entre as mais novas disponíveis. Os caças são visíveis na foto abaixo, em desdobramento recente para a Coreia do Sul, que foi notícia aqui no Poder Aéreo.
Ainda segundo o Charlotte Observer, recentemente o secretário de Defesa Leon Panetta anunciou que não iria acabar com o programa do F-35, o que foi um alívio para fornecedores de peças para o caça. Mas o compromisso teve um preço: “Nesse orçamento, nós diminuímos o ritmo das entregas para completar mais testes e permitir mudanças no desenvolvimento antes de comprar em quantidades significativas”, disse Panetta.
Fica a pergunta do Poder Aéreo: mas será que a diminuição do ritmo de entregas não seria positivo para uma unidade que opera versões recentes do F-16, o que permitiria mais tempo de operação antes de ter que aposentá-los? Os F-16 do 55º Esquadrão de Caças recentemente foram desdobrados para a Coreia do Sul, demonstrando a prontidão da unidade e o valor de operar modelos “de linha de frente” do caça (veja foto abaixo). Mas será que justamente esse fato não levaria a uma utilização maior dos caças, levando ao desgaste prematuro?
Já para a Dakota do Sul, ter recebido recentemente versões do F-16 programadas para modernização é encarado como motívio de alívio, assim como a operação de bombardeiros B-1 e a concentração de atividades burocráticas
Em 27 de janeiro, alguns dias antes da reportagem do Charlotte Observer, o jornal Argus Leader da Dakota do Sul trouxe artigo dizendo que o estado está numa boa posição em relação aos planos do secretário de Defesa, que citou a necessidade de analisar bases militares para possível fechamento em 2013 e 2015.
Em 2005, a Base Aérea de Ellsworth esteve na mira de uma comissão para realinhamento e fechamento de bases, mas os que defendem tanto essa organização da USAF quanto a da Guarda Aérea Nacional da Dakota do Sul, em Sioux Falls acreditam que, hoje, ambas estão numa posição melhor para se defenderem da desativação.
Ellsworth abriga duas das três unidades de B-1 da USAF e também boa parte do gerenciamento financeiro e de pagamentos da Força Aérea. Também está prevista a operação de aeronaves remotamente pilotadas na base, e essas duas últimas atribuições não existiam há sete anos.
Já em Sioux Falls, a 114ª Ala de Caças recebeu, em 2010, vinte e duas aeronaves F-16 Block 40 provenientes da Base de Hill, em Utah. Com a chegada desses caças, os seus F-16 Block 30 puderam ser sucateados. Segundo o tenente-coronel Reid Christopherson, da 114ª Ala, “os caças Block 40 estão recebendo ou em vias de receber modernizações contínuas. Isso trouxe mais poder para nossa unidade quando olhamos para o futuro.”
A unidade também aguarda uma resposta positiva sobre uma proposta que fez já em 2005, para que pilotos e pessoal de manutenção ativos da USAF servissem na unidade, “dando uma oportunidade para pilotos jovens e pessoal de manutenção trabalhe com a Guarda Aérea”, o que, segundo Christopherson, ajudaria a USAF em seu esforço de diminuir de tamanho, racionalizando supervisores, mentores e instrutores.
A forte relação da base aérea com a comunidade é considerada um motivo para que, em 2005, esta não fosse desativada, e os vínculos cresceram desde então, sendo uma vantagem adicional. Além disso, tanto Sioux Falls quanto Ellsworth não abrigam unidades de aviões de transporte C-5A e C-130, que estão na mira dos cortes de Panetta. Em compensação, Ellsworth abriga 28 bombardeiros B-1, dois dos quais fizeram, em 27 de março do ano passado, a primeira missão de combate do B-1 a partir dos EUA, atingindo alvos na Líbia, demonstrando sua utilidade (um bombardeiro B-1 é visto na foto abaixo sendo preparado para uma missão sobre a Líbia).
Fica aqui também a pergunta do Poder Aéreo: apesar de uma unidade que opera o F-16 Block 40 estar, aparentemente, em melhor posição para sobreviver a cortes do que um aque opera o Block 30 (para o qual não eram previstas modernizações), isso seria motivo de tranqüilidade quanto a poder aguardar o momento de receber o F-35? Vale acrescentar outro ponto: segundo a USAF, a 114ª Ala foi considerada, em 2010, a melhor unidade da Guarda Aérea Nacional, distinção que já havia atingido por diversas vezes. E, talvez por isso mesmo, e por já ter sido desdobrada para bases no Sudeste da Ásia oito vezes nas últimas duas décadas para voar missões de combate, tenha sido selecionada como uma das poucas unidades da Guarda Aérea a poder trocar seus F-16 Block 30 (que voava desde 1992) por modelos Block 40.
E no Brasil, o que se pode falar sobre esse tipo de discussão?
A “briga” para sobreviver, entre as bases dos EUA, promete esquentar e mobilizar as cidades que abrigam as bases aéreas, nesse momento de cortes. Já no Brasil, apesar dessa discussão não ser comum na mídia, há exemplos eventuais e que tendem a se tornarem mais comuns. Vale a pena aproveitar esse espaço para também discutir o cenário brasileiro de bases aéreas, em que algumas unidades estão sendo ampliadas ou criadas, enquanto outras podem ser “rebaixadas” a núcleos ou serem fechadas (tanto bases quanto organizações como Parques de Material Aeronáutico). As bases aéreas que abrigam as unidades mais importantes da FAB, por exemplo, se situam no chamado “centro-sul” do Brasil, mas há planos para transferir esquadrões para bases mais centrais ou próximas a fronteiras. O que a modernização de aeronaves mais velhas, como o F-5 e o A-1 ou a chegada de novas, como foi o caso do A-29 e poderá ser do KC-390 ou do eventual F-X2 pode trazer de novidade nesse sentido, como está ocorrendo nos EUA com o F-35, face a variações no orçamento? Aproveite a oportunidade para consultar os diversos links abaixo, que tratam de algumas questões relacionadas a esses assuntos.
FONTES: Charlotte Observer, Argus Leader e USAF (Força Aérea dos EUA)
FOTOS: USAF e USN (Marinha dos EUA)
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Faltam aviões no Brasil, não bases aéreas…
Eu acredito que muito poderia ser economizado e otimizado no Brasil neste sentido. Nossa disposição de bases aéreas e meios foram idealizados durante a Segunda Guerra Mundial tendo sua última alteração de monta na década de 70. De lá pra cá o Brasil e o Mundo mudaram muito. Minha primeira sugestão seria o fechamento de várias bases aéreas, sim. Especialmente aquelas com apenas um ou nenhum esquadrão ativo, as que dividem suas pistas com aeroportos civis e as redundantes. Quais seriam? Fecharia todos os PAMAs menos um, concentrando a manutenção de nivel 3 em apenas um local, e fazendo as… Read more »
Esqueci! Pelamordedeus devolvam os Mi-35 para os russos ou deem pro EB, equipem o Poti com mais UH-60L e trasfiram ele de volta pra casa.
Muito bem, Almeida!
A intenção dessa matéria era justamente oferecer uma oportunidade de leitura, reflexão e é claro, também de comentários, para dar uma folguinha no assunto do momento desde terça.
E, aproveitando, dar a oportunidade de rever uma boa lista de matérias anteriores – e de fato bastante gente aproveitou para clicar nelas.
Concordo com diversas das suas propostas já que acho muito interessante esse assunto de racionalização dos meios aéreos. Seria legal ver se mais gente gostaria de comentá-las também.
Valeu Nunão! Tô aqui esperando a artilharia pesada dos colegas, porque sei que algumas das minhas propostas são polêmicas!
Hum… Melhor esperar sentado, Almeida.
Como a matéria já “virou a página”, é bem provável que pouca gente ainda se anime a comentá-la, o que é uma pena.
Mas, em compensação, pode ficar tranquilo que sua opinião foi bastante lida, pois a matéria esteve entre as mais “clicadas” de ontem, com várias centenas de acessos para ler seu comentário, ganhando até de algumas do assunto do momento (a vitória do Rafale na Índia). Ainda hoje, após virar a página, continua indo bem.
Saudações!
Sem problemas, eu volto a postar minha “análise” em outro momento oportuno hehehe…
Aliás, até criei um mapa no Google Maps com as bases atuais e suas unidades e como ficariam após esta reorganização. Se quiserem publicá-la no blog é só pedir por email que eu envio.
Almeida, pode enviar seu mapa por gentileza para alexgalante@aereo.jor.br
Almeida,
Tema interessante, mas desde o dia 29 de fevereiro que estou super atarefado no trabalho e não tenho tempo de discutir nada…
… bem… só com a esposa… he he he.
Voltamos a nos falar.
Sds,
Ivan.
Desisto!!!
Que raios de base é essa BABR????