DÉBORAH SALVES

Três robôs de grande porte vão aumentar em mil vezes a precisão na montagem de aviões brasileiros. O desenvolvimento dos autômatos, uma parceria entre o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), foi concluído em dezembro, após um ano de pesquisas e testes.

Os robôs fazem parte de um sistema automatizado de montagem estrutural, ou seja, trabalham no processo de unir as partes metálicas da aeronave. Ao Terra, Paulo Pires, gerente de automação industrial da Embraer, e Francisco Soares, diretor de engenharia manufatura da companhia, explicam que há duas etapas: furação e cravação de rebites. A indústria brasileira ainda não usa robôs neste processo, embora em outras partes do mundo a tecnologia já exista.

A vantagem do uso dos robôs é que eles garantem mais precisão na montagem, diminuindo a chamada taxa de “perfeitos por milhão” (PPM) de até 3.000ppm, no caso do processo manual, para cerca de 3ppm, com auxílio robótico. “Na indústria automobilística, que é similar à aeronáutica, os robôs têm precisão da ordem de milímetros, mas quando se parte para a fabricação de aviões, nossos robôs precisam ter precisão de décimos de milímetros”, explicam os executivos da Embraer. “É o equivalente a um fio de cabelo”, comparam.

Essa diferença impossibilita usar os robôs das fábricas de carros na produção de aeronaves, o que justifica a criação de autômatos específicos. Além disso, na planta automobilística cada máquina desempenha uma única função e em alta cadência, pois produz cerca de três mil veículos por dia. Por outro lado, na aeronáutica a flexibilidade é mais importante, uma vez que são fabricados 10 aviões por mês e um mesmo robô precisa ser capaz de perfurar e cravar rebites em diferentes metais e distintas posições.

Dos três robôs desenvolvidos na parceria, dois são braços antropomórficos, ou seja, têm estrutura que lembra um membro humano e se movem livremente. O terceiro, e também último a ser entregue, é do tipo cartesiano, que se move nas coordenadas X e Y do plano homônimo. “Ele é menos flexível, porque não fica livre no espaço como os outros, que têm manipuladores e torres, por outro lado é mais preciso”, resumem Pires e Soares.

Avanço para todo o setor

No acordo entre Embraer e ITA, com financiamento do Finep, a instituição de ensino ganhou o Laboratório de Automação da Montagem Estrutural de Aeronaves (LAME), espaço usado para o desenvolvimento dos robôs e ligado ao Centro de Competência em Manufatura da universidade, em São José dos Campos (SP). “O ITA já é um centro de excelência em tecnologia aeronáutica, e a parceria permite a formação de pessoas e processos para atender à indústria nacional e realmente colocar o Brasil em posição de destaque no cenário mundial”, explicam os representantes da companhia.
Além dos benefícios diretos do desenvolvimento dos robôs, os executivos da Embraer destacam que outros elos da cadeia produtiva do setor também se beneficiam da pesquisa concluída neste mês. “Os resultados são compartilhados em relatórios periódicos, apresentações em workshops e oficinas com participação de acadêmicos, e outras indústrias podem usar as mesmas tecnologias que desenvolvemos”, concluem.

FONTE: Terra / FOTO: Finep

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Antonio M

Por isso que uma decisão rápida do GF a respeito dos caças para FAB (e MB) ainda pode salvar o FX2.

E na região além da bases industriais, Embraer e ITA também está o CTA.

É a “lerdeza” de nossa classe política matando o desenvolvimento tecnológico ….

Dario

Parabéns aos engenheiros e técnicos. O índice de falhas caíra de 3.000 ppm para 3 ppm. É um belo projeto de racionalização. Medalhas ao TIME!

Daglian

Olha aí, Embraer e ITA nos dando orgulho!!!

Com um incentivo quase nulo do governo, o ITA e a Embraer desenvolveram um robô tão bom que rivaliza com os japoneses, americanos, entre outros, isso se não for melhor… Era só termos um governo competente que tudo iria funcionar, mas parte do motivo de não termos esse governo é porque nós, como povo, não soubemos (e ainda não sabemos) escolher nosso governantes… Não dá nem pra reclamar direito.

Nick

É uma pena as outras Forças não terem criado um trio como a FAB fez.

ITA: Educação, Formação
CTA: Pesquisa
Embraer: Indústria

É interessante como a interação entre essas 3 organizações produzem resultados.

[]’s

Dario

O EB criou: IME / CTEx / ( Imbel + Antiga Engesa + CBC + Avibrás …. ). Acontece que a EMBRAER tem mais visibilidade.

Grifo

É uma pena as outras Forças não terem criado um trio como a FAB fez.

Caro Nick, uma pena não tiveram os seus Casemiro Montenegro.