Le Monde analisa porque vendas do Rafale não decolam
A Suíça anunciou ontem a compra dos aviões de caça Gripen da sueca Saab em detrimento dos Rafale franceses. Para o jornal Le Monde, esse novo fracasso é a prova de que a estratégia comercial da aeronáutica militar francesa vive de “miragens”.
Em editorial na capa da edição do Le Monde desta quinta-feira, o jornal francês faz uma constatação dramática: o caça francês Rafale, assim como o Concorde na aviação civil, “é um avião que nunca foi exportado”. O texto culpa o governo francês e a fabricante Dassault por não conseguirem concorrer com no mercado internacional com os modelos similares F-18 (da americana Boeing), Gripen (da sueca Saab) e o Eurofighter (produzido por um consórcio da Itália, Alemanha, Espanha e Itália).
Desde o lançamento do programa Rafale, nos anos 80, a Dassault só enfrentou dissabores nas exportações. A lista de clientes que desistiram da compra do modelo francês é extensa: Holanda, Coreia do Sul, Cingapura, Marrocos, Emirados Árabes Unidos e até Líbia sob o regime de Muammar Kadafi. E, para o jornal, a maior decepção foi o Brasil.
Em entrevista ao Le Monde há dois anos, o presidente da Dassault, Charles Edelstenne, afirmou que o Rafale poderia, enfim, se livrar do rótulo de avião que “nunca havia sido exportado”, já que dava como quase certa a venda de 36 exemplares para o Brasil. A promessa de compra brasileira, porém, dissipou-se “como uma miragem”, diz o editorial. Agora, a fabricante aposta todas as fichas em uma “vaga” esperança na Índia que pretende comprar 126 caças para suas forças armadas. Essa pode ser uma das últimas chances para salvar a reputação da aeronave.
Em um texto nas páginas econômicas, o jornal continua a analisar o caso e avalia que o Rafale é “caro demais”. Para justificar sua escolha do governo suíço, por exemplo, indica que “os argumentos financeiros foram determinantes “.
Por enquanto, a Dassault terá que se consolar com o mercado interno. O exército do ar francês (Armée de l’air – Força Aérea Francesa) vai comprar 180 Rafale até 2021, podendo chegar a adquirir 286 aeronaves. A encomenda terá um custo de 40 bilhões de euros. Para o jornal, em tempos de austeridade, é questionável que o governo francês financie, sem discutir o preço, uma empresa privada.
“…O exército francês vai comprar 180 Rafale até 2021 …”
Exército ?!?!? Será uma tradução literal? Sei que é Armée de l’Air mas, pensava que seria apenas um temo mantido pela tradição, e não por definição.
Podemos dizer que a imprensa francesa começa a cair na real ou foi apenas uma opinião unilateral ?!?!?!?
Exército do Ar!!!!
Os franceses estão vivendo do passado, quanto tinham um Mirage BARATO para vender, que nunca na história foram superiores aos caças americanos.
O F-18 possui eletrônica superior, tem uma quantidade maior de aeronaves produzidas e, portanto, há garantias futuras de reposição de peças a custos menores. E é mais barato.
Acho a comparação com o Concorde injusta. Para mim o Concorde foi uma avião absolutamente incrível. Um salto no tempo que infelizmente não voa mais, por uma injustiça naquele acidente que nada teve com o desempenho da aeronave em si. Um dos fatos que prejudicaram o Concorde foi o boicote existente nos EUA com relação a sua operação sobre terra ou cidades. Isso de certa forma prejudicou a sua venda para companhia americanas. Outro fato sempre foi o custo das passagens desse avião incrível. Enfim, o que quero dizer é que ao contrário do Rafale o Concorde foi sim um… Read more »
No meu entender, apesar do Rafale ser bom, esse “bom” não é suficiente para convencer potenciais clientes, que justifica seus custos. Outro fator é a competitividade dos caças americanos:Podem oferecer desde um F-16CB50 “pé-de-boi” mas efetivo, até o F-35, em tese superior ao caça francês. Não sobra muito espaço para o Rafale. Na parte de baixo, o Gripen disputa com o F-16 o mercado. Na parte de cima, os olhos se viram para o F-35 e PAKFA. Ou seja em termos de exportação fica difícil. Como programa para manter a independência francesa na área de Defesa, ok, mas à um… Read more »
Nick, ótimo comentário. Realmente parece ser esse o cenário e a sinuca de bico em que encontra-se o Rafale, que tecnicamente é um ótimo avião.
Nick
Parabéns, resumo perfeito a respeito do rafale sem entrar em detalhes tais como: armametos, motores e uma suite deficiente.
Viva ao Le Monde! Crítica madura. Afinal, não é possível que o mundo TODO esteja louco e que suiços, árabes, brasileiros, coreanos e sei lá mais quem resolveram não escolher a aeronave francesa por birra. E mais, já se questiona se ele não é caro de mais até mesmo para a AdlA. Sabe qual é o nome desse desastre? ARROGÂNCIA! Rafale e EF2000 são aeronates tão, mas tão parecidas, que estão no short list final de todas as concorrências mundo a fora (EAU, Suíça, Índia, etc…). Porque não um único vetor para toda a Europa. Se até ingleses e alemães… Read more »
Complementando o comentário do Nick, a combinação célula de baixo RCS/radar PESA/OSF/Mica/Spectra seria vencedora não fosse a onda 5ºG e a flexibilidade dos caças americanos, que têm uma arquitetura mais aberta a novos avanços.
É uma pena.
Sem querer chutar cachorro morto:
E ai Mestre? Tira nossa duvida. Lembram do Tostines?
O Gripen vende mais do que o Rafale porque ele é mais barato OU ele é mais barato porque vende mais?
Caro Nick,
É o que eu sempre digo: o concorrente do Rafale é sempre melhor ou mais baratoo seja, o Rafale é o caça do meio do caminho.
Abraço.
Na criação do Rafale os franceses tiveram um surto de pioneirismo que infelizmente, não se mostrou consistente ao longo do tempo. Na época em que o RCS dos caças (com raras exceções) passava a casa dos 2 dígitos, o do Rafale era inferior a 1 m2. Na época em que os radares eram de varredura mecânica, o Rafale pôs em operação um de varredura eletrônica. Quando um AIM-120A, pesando 160 kg, tinha 50 km de alcance, o Mica, pesando 120 kg chegava a 60 km. Infelizmente para a Dassault, um Super Hornet, só pra citar um exemplo tem níveis de… Read more »
Nova estratégia de venda da Dassault para o Rafale. O avião passa a ser entregue com os seguintes brindes: – a fuselagem folheada a ouro pelas melhores ourives franceses das casas Christofle, Puiforcat ou Odiot; – assento do piloto com couro costurado à mão pela Maison Louis Vuitton; – cabine cheia, até o vidro, com os mais variados queijos franceses; – os quatro tanques nos cabides das asas virão cheios com os quatro melhores vinhos franceses (Château Latour, Château Margaux, Château Mouton Rothschild e Château Lafite Rothschild), um em cada tanque; – um chaveiro com uma miniatura da Torre Eifel… Read more »
Rsrsss….
Observador,
O Dassault Rafale pode ser equipado com até 5 (cinco) tanques externos, um central e dois em cada asa.
Bem, o 5ª (quinto) tanque externo pode ser de Château Dassault mesmo…
Sds,
Ivan 🙂
Observador, eu só acrescentaria à sua lista o compromisso da Dassault na manutenção por 5 anos de toda a infra-estrutura de café-da-manhã de pilotos e equipes, provendo o que há de mais avançado no mundo em Pães Franceses, Baguettes e Croissants.
Faltou também uma coleção completa do Asterix para o pessoal ler no hangar, já que vai dar dó voar com uma aeronave tão bem equipada…
(desculpem, sou editor do site e grande admirador dos produtos Dassault, mas a bola tava pingando na área e sou fã de Asterix…)
Além do que, com a lista extra do Edgar os pilotos vão ficar com excesso de peso e não vão entrar mais nas cabines, então vai sobrar tempo pra caramba pra ler…
Fica aqui a recomendação: número 9, “Asterix entre os Helvéticos”, que tem na capa o Obelix cheirando um queijo suíço dentro de um cofre cheio de dinheiro.
A equação do Rafale divulgada pelo fabricante, em que a soma do baixo RCS aliado a sensores passivos (IR e RF) de ultima geração e a um sistema de contramedidas que era tido como absolutamente mágico, era suficiente para fazer frente até a caças stealths, de geração superior. Na teoria até que pode funcionar, mas na prática é outra estória. A sobrevivência de um Rafale frente a um F-22 por exemplo fica na dependência do radar do caça americano retardar a detecção do caça francês e do OSF (IRST) do mesmo (um sensor particularmente inconsistente já que depende da propagação… Read more »
Numa condição ótima o OSF do Rafale iria detectar um F-22 a uns 50 ou 60 km (???). Também o RWR pertinente ao sistema Spectra poderia detectar as emissões LPI do APG-77 nesses mesmos 50 ou 60 km (???), portanto, bem dentro do envelope do Mica.
O problema é o Rafale conseguir avançar até esses 50 km passando impune pelo AN/APG-77.
Pode acontecer? Acho que sim, mas é meio que uma roleta russa às avessas, com 5 balas no tambor.
Desculpem-me pelo off-topic.
Se o Rafale passa impune, o Gripen também passa.
Off topic mesmo, heim Bosco? Poxa, a gente aqui falando de croissants, coleção de Asterix, Louis Vuitton e você vem falar de avião???
Abraço! 🙂
Galante disse tudo!
Isso que é lobista. Tá contratado! kkkkk…
Se o Gripen passa impune, o F-5 também passa.
(e agora? Quem dá mais, ou melhor, quem dá menos?)
Caro Nunão,
Sendo assim, estaria o Irã na vanguarda da aviação de caça no mundo?
Hum… (ampulheta girando)
Creio que está mais para o Irã bater de frente com a vanguarda da aviação do mundo, se as coisas continuarem como estão…
O F-5 até passa mas vai chegar uma hora que ele vai dar de frente com um Vulcan cuspindo chumbo na fuça dele. rsrsrs
Fernando “Nunão” De Martini disse: 1 de dezembro de 2011 às 19:24 “Off topic mesmo, heim Bosco? Poxa, a gente aqui falando de croissants, coleção de Asterix, Louis Vuitton e você vem falar de avião???” Rêrêrê. Mas a ironia do meu comnetário é que, só um Rafale luxuoso como o descrito pode convencer em certo sheik dos Emirados a comprar o avião. … Brincadeiras à parte, o fato do próprio Le Monde começar a questionar as qualidades do Rafale em face do seu preço não levanta dúvidas de novos cortes no número de Rafales projetados? O Governo francês suportaria a… Read more »
Como eu já disse algumas vezes antes: Quem mandou a França sair do projeto do Eurofighter? Agora aguentem!