F-35 é “carta marcada” no Japão?
A Lockheed Martin está contando com a tecnologia furtiva para bater a Boeing e o consórcio Eurofighter GmbH no programa que escolherá o próximo caça japonês, estimado em mais de US$ 4 bilhões.
O F-35 Joint Strike Fighter tem características anti-radar melhores que o F-18 Super Hornet da Boeing e Eurofighter Typhoon, pois foi projetado especificamente desta forma, disse Craig Caffrey, um analista Jane’s, que aconselha os fornecedores de defesa. Isto pode dar uma vantagem ao avião da Lockheed, pois o Japão já tentou comprar caças furtivos anteriormente que podem ser usados para espionagem ou combate.
“A capacidade furtiva é claramente uma área de foco para os japoneses”, disse Caffrey. “É uma grande vantagem para o F-35 na competição.”
O Japão aceitará as ofertas este mês para comprar cerca de 40 caças, reforçando as defesas aéreas para combater os desenvolvimentos militares na China e na Coréia do Norte. A concorrência aparece num momento em que a Lockheed elimina postos de trabalho por causa de cortes projetados para os gastos com defesa dos EUA, que podem incluir uma redução na encomenda de F-35, e depois que a empresa ficou de fora do programa MMRCA da Índia este ano.
Decisão este ano
O Japão provavelmente irá escolher seu novo caça até o final do ano, disse um porta-voz do Ministério da Defesa, que não quis ser identificado, citando a política do governo. As entregas devem começar em 2016.
É muito improvável que a encomenda seja afetada pelo novo governo do Primeiro-Ministro Yoshihiko Noda, disse a porta-voz. Noda anunciou hoje que Yasuo Ichikawa será o novo Ministro da Defesa.
A nova aeronave irá substituir F-4 Phantom II, cujo último exemplar foi montado no Japão em 1981. Segundo o site do Ministério da Defesa, o Japão tem um total de 362 aviões de combate.
O Japão, que tem o sexto maior orçamento de defesa do mundo, está atualizando suas defesas aéreas assim como a Rússia e a China desenvolvem caças furtivos e a Coréia do Norte trabalha para melhorar seus mísseis balísticos e armas nucleares.
A China vai aumentar os gastos com defesa em cerca de 13 por cento, para 601,1 bilhões de yuans (US $ 93 bilhões) este ano, informou Li Zhaoxing, porta-voz do Congresso Nacional do Povo.
“A China continua a se expandir rapidamente e modernizar as suas forças militares e as atividades que exerce nas águas que circundam o Japão estão crescendo em escala maior e mais intensa“, de acordo com as últimas informações do Ministério da Defesa.
“Figurante”
As Forças de Autodefesa do Japão tem tradicionalmente adquirido equipamentos militares dos EUA e esta tradição favorece a Lockheed e a Boeing na disputa pelo caça atual, fazendo com que fornecedores rivais fiquem de fora da competição. A Dassault Aviation, fabricante francesa do caça Rafale, se recusou a participar porque não queria fazer o papel de figurante, segundo Stephane Fort, porta-voz.
O Rafale e o Typhoon foram finalistas em abril para o contrato da Índia para comprar 126 caças. O Eurofighter é uma ‘joint venture’ entre a BAE Systems, a Finmeccanica SpA e Aeronáutica Europeia, Defense & Space Co.
O Japão sinalizou seu interesse em caças furtivos tentando comprar o Lockheed F-22, informou Caffrey do Jane’s. No entanto houve uma proibição de exportação dos EUA. O Super Hornet e Typhoon têm características que reduzem a sua visibilidade ao radar em menor grau do que o F-35, que foi projetado com um foco maior em atingir alvos no solo, ele disse.
Danos do tsunami
A desvantagem para Lockheed pode ser o fato de que o desenvolvimento do F-35 foi prorrogado por quatro mais anos, até 2016. O Japão pode querer aeronaves mais cedo porque 18 de seus caças F-2 foram danificados pelo terremoto de 11 março seguido por um tsunami, disse Richard Aboulafia, vice-presidente da Teal Group, uma consultora de Fairfax, Virgínia.
“O F-35 é líder no Japão, mas com uma ressalva grande”, disse ele. O tsunami “levantou a perspectiva de uma compra antecipada”, o que pode favorecer a Boeing, disse ele.
A Lockheed está “confiante” de ser capaz de entregar o jato em 2016, disse John Balderston, diretor do projeto de vender os F-35 para o Japão.
Ontem, o Departamento de Defesa dos EUA disse que dois dos três modelos F-35 tem uma “falha de projeto”, que reduz a vida útil de um dos componentes da asa. O escritório do programa F-35 e a Lockheed fizeram uma avaliação de segurança e concluíram que o problema não comprometeria o programa, segundo informou o porta-voz Joseph DellaVedova em um e-mail.
Cortes nos EUA?
A Lockheed também pode ser prejudicada no Japão por possíveis cortes na ordem dos EUA para mais de 2.440 caças F-35, pois o país procura reduzir seu déficit. Alterações no maior programa de aquisição do Pentágono poderiam afetar o preço do F-35, disse o CEO da Lockheed CEO Bob Stevens em uma teleconferência no dia 26 de julho.
Por outro lado, a Boeing é capaz de oferecer a um preço fixo o Super Hornet, que entrou em serviço em 1999.
“Vamos dar-lhes um preço, e eles sabem que é o preço que vão pagar”, disse Phillip Mills, diretor da Boeing, que trabalhou na venda de F-18 para o Japão por seis anos. Ele se recusou a nomear esse preço.
A Boeing no ano passado disse que iria oferecer F-18 Super Hornets para os EUA para 49,9 milhões dólares cada, abaixo dos US $ 68 milhões em 2000. O F-35, que também foi encomendado pelo Reino Unido, Itália, Holanda e Turquia, custa cerca de 133 milhões dólares cada em dólares atuais, segundo o Escritório de Contabilidade do Governo dos EUA. o Typhoon custa cerca de 59 milhões de euros (84 milhões), de acordo com Eurofighter.
Produção Local
Uma vantagem do Eurofighter seria a chance do Japão em ter uma independência de fornecedores dos EUA, disse Douglas Barrie, um membro sênior do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos em Londres. Contribuições locais na fabricação do Typhoon e do caça da Boeing podem beneficiar mais as empresas japonesas do que a subcontratado o caso do F-35, disse ele.
“Você poderia tê-los, basicamente, licenciados, construídos e montados no país”, disse Barrie. “A participação da indústria é mais um desafio na F-35 porque o programa não foi desenhado com a terceirização em mente”, disse ele.
A Mitsubishi Heavy Industries construiu o F-4 e o F-15 da Boeing localmente. A Fuji Heavy Industries e a Kawasaki Heavy Industries também trabalharam com a Lockheed para produzir o F-2, segundo o site da Lockheed.
Terceirização da Boeing
A Boeing pode oferecer até 80 por cento do trabalho em seus aviões para fornecedores locais, disse Mills. A Eurofighter vai oferecer trabalho de montagem e a oportunidade de fazer peças de alta tecnologia, que muitas vezes são restritas em negócios de defesa no exterior devido a preocupações de segurança.
“Não haverá ‘caixas pretas’ no Typhoon”, disse Andy Latham, vice-presidente de Sistemas da BAE que lidera os esforços de vendas do Eurofighter no Japão. “O Japão será capaz de construir, modificar, atualizar e apoiar todos os elementos da aeronave.”
A Lockheed permitirá que empresas japonesas montem os jatos, informou Standridge em junho sem dar mais detalhes. As capacidades furtivas do F-35 podem ser suficientes para Lockheed ganhar o negócio, disse Okabe Isaku, autor japonês de sete livros sobre defesa e segurança no Japão.
“A Força de Auto-Defesa tem seus olhos sobre o F-35”, disse Okabe. “Eles vão comprá-lo se puderem suportar a espera.”
FONTE: Bloomberg
TADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Poder Aéreo
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OFF TOPIC…
…mas nem tanto:
As pretenções do Japão e seu avião invisível.
(http://www.flightglobal.com/articles/2011/09/02/361536/japan-may-invest-y7.9bn-in-atd-x-project.html)
Vender para o Japão é uma novela quase tão grande quanto vender para o Brasil. Eles compram em grande quantidade e exigem produção local. Mas podem, depois de fazer longas concorrências, desistir do negócio, argumentar que nenhum dos projetos atendem as necessidades deles e partem para o desenvolvimento de uma aeronave própria.
Nessa concorrência, por estarem mal financeiramente por causa do tsunami e por pressão do crescimento chinês, eu diria que eles vão comprar de prateleira mesmo, e depois partir para algum projeto próprio, quando forem substituir os F-15.
Creio que uma boa maneira, de esperar pela inevitável aquisição do F-35, seria adquirindo tb o Typhoon. Afinal a substituição dos antigos JF-4E/Kai parece algo desvinculado de considerações logísticas e de comunalidade de inventário. Senão as escolhas poderiam ser o F-15 “Silent Eagle” ou uma nova versão do F-2, c/ capacidades de combate aéreo expandidas. O Japão encontra-se em uma região por demais nervosa, p/ depender de uma aeronave tão sistemica qnto o F/A-18E/F, mesmo que da variante Block II. A aquisição do Typhoon, quebraria o alinhamento automático, existente entre a indústria e os militares japoneses e seus pares americanos.… Read more »
Pelo contrario. As pretensoes chinesas, principalmente no South China Sea, a recente e mais comum belicosidade, assim como a constante flexao de musculos da China na sua esfera fara com que paises como Japao, Coreia do Sul, Filipinas, Taiwan e talvez ate o Vietnam tornem-se mais dependentes militarmente ainda para com os EUA. Aqueles que se sentem ameacados pela ascencao chinesa, estao ciente que apenas os EUA podem contrabalancear as pretensoes regionais chinesas e ao contrario de certos paises em desenvolvimento estao muito satisfeitos com suas “relacoes unicas e especiais” com o Tio Sam. Nesses paises, nao se gasta saliva… Read more »
“. A Dassault Aviation, fabricante francesa do caça Rafale, se recusou a participar porque não queria fazer o papel de figurante, segundo Stephane Fort, porta-voz.”
Sendo assim já poderiam começar a pedir para sair das outras concorrências e de preferencia na posição que o Napoleão perdeu a guerra.
Esses nosso parceiros estratégicos…
Na Noruega, tanto a Eurofighter como a Dassault ficaram de fora alegadando, explicitamente, que era um jogo de cartas marcadas p/ o F-35. A SAAB participou mas no fim deve ter se arrependido, porque desclassificaram o Gripen com avacalhacao. A Noruega e a Suecia tem uma certa rivalidade historica (jah foram um unico pais que acabou dividido por guerra), mas a forma do anuncio surpreendeu e a projecao tendenciosa (literalmente) dos custos (usaram o Viggen como parametro) tb foi um exagero. No Japao, o maior inimigo do F-35 eh a propria Lockheed Martin, que estah na hora de parar com… Read more »
As loas do Cameron ao Tornado se explicam, pela chiadeira que foi a desativação da Harrier Force e dos carregadores de Harrier britânicos, no bojo da SDSR 2010.
Cameron, apesar da conta de hotel 4 estrelas, deve estar se sentindo vingado.
Em tempo, na Líbia devido a falta de pilotos homologados A2G no Typhoon, parte das missões foi voada por “hunter X killer teams” de 1 X Tornado + 1 X Typhoon.
Está sensação de um jogo de cartas marcada tem muita lógica, mas acho que o F-35 é mais máquina que o Typhoon e o F-15, não será surpresa que ganhe por causa de suas qualidades. O Lightning II é stealth, os outros não! Nenhum dos caças de 4.5 geração, por mais plus que tenham, não é são superiores ao qualquer stealth. Outro elemento importante são os custos futuros, com mais de 2000 na carteira os preços devem ter uma curva declinante. “A Dassault Aviation, fabricante francesa do caça Rafale, se recusou a participar porque não queria fazer o papel de… Read more »
Qualquer um dos três seria uma ótima pedida para o Japão, mas creio que dois fatores pesarão mais: a pressa e a conta. Se o Japão puder esperar, e puder pagar a conta, vai de F-35 sem choro nem vela. Não vai ter pra ninguém. Se não puder esperar ou não puder bancar (por hora, ao menos) pode sobrar pra um dos dois, ainda que como “gap filler”. Me parece que o Japão pode esperar. A situação na Ásia ainda não é tão quente quanto alguns a querem, e o Japão por hora tem outras prioridades. E mesmo a China… Read more »
Curioso a Dassault não apresentar “Le Jaquê” ao Japão pelo medo de perder… 😉
Oras, a jaquinha não é tão boa que “esfrega o F-22” e “humilha o Typhoon”??? 🙂
Porque a paúra de concorrer com Boeing, Eurofighter e JSF??? 🙂
O que será que apavora tanto os franceses??? 🙂
Ou em outras palavras: será que estariam os franceses com medo de deixar demonstrado que seu caça é mais caro que o F-35? 🙂
Ou será que os franceses estão com medo mesmo é de que seu “Ventinho” acabe por “tomar uma piaba”, em termos tecnológicos, do Eurofighter e do F/A-18E, pra não falar do F-35, numa Força Aérea altamente tecnologizada como a JSDAF? 😉
No Japão não tem ToT, Parceria KARÁ-KÚ, muito menos Jabá…..então prá dA$$ALT não dá…..
E lá se o cara é pego com a mão na botija….é SEPUKÔ…..Sem Chinchin Minha Nêga……
Mauricio R. disse: 5 de setembro de 2011 às 16:53 “As loas do Cameron ao Tornado se explicam, pela chiadeira que foi a desativação da Harrier Force e dos carregadores de Harrier britânicos, no bojo da SDSR 2010. Cameron, apesar da conta de hotel 4 estrelas, deve estar se sentindo vingado.” Prezado Mauricio, perfeito; apenas p/ corroborar aqui estah parte da fala dele no dia 2 radio BBC: “You have to make difficult decisions in defence reviews, but I think the decision we made to keep Tornado rather than Harrier was the right decision because Tornado is a more capable… Read more »
“será que estariam os franceses com medo de deixar demonstrado que seu caça é mais caro que o F-35?”
Vader, creio que seja exatamente esse o medo deles.
Olá,
A França vez muito bem em não perder tempo e dinheiro no Japão por lá o jogo já estava definido antes de começar, há casos em que não adianta insistir a força politica é muito grande, no Japão é EUA na cabeça, independete das qualidades e preços do oponente, seja Françes, Ingles ou Russo, Sueco não conta….
Abraços,
Dr. Barata: Resposta do combatente britânico: “Dear friend Harrier, Quando as bases aéreas na Alemanha não eram seguras, vc foi comigo para as clareiras na floresta disposto a lutar; quando precisei de apoio aéreo em Belize, vc se apresentou nos trópicos; quando precisei interceptar aviões de patrulhas na imensidão do Atlântico Norte, vc foi nos acompanhou no frio; quando precisamos recuperar as Falklands, vc lutou bravamente contra uma força numericamente superior e venceu, quando fomos para desertos do oriente, vc nos acompanhou e decolou de todos as bases possíveis e impossíveis. Velho amigo, só tenho agradecimentos por todos esses anos… Read more »
Dr. Barata, E o Fuzileiro Americano completou: “Harrier, my bud, Com os ingleses, nossos amigos comuns, aprendi a voar, usar e respeitar sua enorme capacidade de operar onde apenas os helicópteros operam, voar onde ninguém espera um avião e transformar o impossível em missão de rotina. Sempre contei com vc e sempre vencemos juntos. Amanhã estarei lutando com seu sucessor, o Lightning. Dizem que custará o dobro para manter e operar, que ócupará o dobro do espaço e que terá o dobro dos problemas… whatever. Mas vai levar o dobro da carga paga, terá o dobro do alcance e a… Read more »
Ops!
É melhor fecha o itálico do DrCockroach logo acima.
Muito bom Ivan!
[]s!
P.S.: O italico eh a “maldicao do DrCockroach”! 🙂
Pronto, o itálico está fechado.
Agora já podemos voltar a falar mal do Rafale.
Não funcionou. =/
“Não funcionou. =/ ”
MUHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!
A maldicao eh maligna, nem quem poderes sobre a escrita, nem quem tem poderes sobre a vida e morte dos avatares, nem quem eh todo poderoso aqui (Seriam os editores Deuses), consegue consertar a maldicao maligna do DrCockroach!!! 🙂
[]s!
P.S.: brincadeirinha p/ descontrair meus Deuses, digo editores, nao joguem um raio na barata ai nao!
Voltando ao assunto.
Será que o Japão não vai “pré-selecionar” o Typhoon só para pressionar os EUA quanto ao F-22 antes que a linha de montagem do mesmo seja desmanchada para sempre?
Dr Cockroack e Ivan,
Até chorei, belas palavras p/ aeronaves singulares, como os Harriers.
Pois é, a urucubaca dos itálicos foi forte.
Já gastei uns vinte minutos procurando e deletando todos os comandos de itálicos que vocês puseram nos comentários, e ainda assim deve ter sobrado algum itálico “furtivo” num desses últimos.
Nova arma?
Crianças, por favor, utilizem aspas…
Achei agora o itálico “stealth” que estava num dos últimos comentários do Dr. Barata.
Não vamos jogar um raio em você, caro Barata, pois de qualquer forma as baratas deverão herdar o mundo após as previstas catástrofes de 2012, e quero estar bem na fita com as baratas em geral.
Mas enquanto o dia fatídico não chega, por favor, manere nos comandos de itálico…
Saudações e vuuuuuuuuuuuuchhhhhh a todos!
http://www.aereo.jor.br/2010/04/12/preferencia-da-fab-sempre-foi-por-cacas-de-origem-norte-americana-2/#comment-144647