Brasil já tem novo recorde de acidentes aéreos
Carlos Madeiro
Antes mesmo de contabilizar as ocorrências do último bimestre, o Brasil já registra recorde em número de acidentes aéreos em 2011. Relatório do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), com os dados dos dez primeiros meses do ano, aponta para 128 acidentes notificados na aviação civil, número 12% maior que o então recorde de 114 registrado em 2009.
Um outro dado fornecido pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informa que a média de acidentes por quilômetro de combustível consumido cresceu 21% em 2011, em comparação a 2010.
Segundo o Cenipa, responsável pela investigação dos acidentes aéreos no país, dos 128 acidentes registrados entre janeiro e outubro,106 foram com aviões e 22, com helicópteros. Em ambos os casos o número de ocorrências já é recorde. Desde 2001, 961 acidentes aéreos foram registrados no país, com 1.056 mortos.
O Cenipa ainda informou que 25 acidentes resultaram em morte este ano, com um total de 84 óbitos. Se forem levados em conta os anos em que não houve acidentes com grandes aviões, como em 2008 e 2009, o número de mortes seria o maior dos últimos dez anos.
Em 2007, quando 199 pessoas morreram após um acidente envolvendo um avião da TAM, no aeroporto de Congonhas, foi o registrado o maior índice da história: 271 mortes. Em 2006, quando um avião da Gol caiu após choque com aeronave modelo Legacy, matando as 154 pessoas do voo 1907, foram registradas 210 mortes.
Em 2011, o acidente com maior número de mortes foi registrado no dia 13 de julho, quando uma aeronave modelo LET-410, da No Ar Linhas Aéreas, caiu em Boa Viagem, no Recife, três minutos após a decolagem e resultou na morte dos16 ocupantes. As causas do acidente ainda são investigadas.
Ainda segundo os dados do Cenipa, 30 aeronaves tiveram danos irrecuperáveis com os acidentes este ano –maior índice dos últimos três anos. Os números, porém, estão ainda distantes dos maiores já registrados, em 2001 e 2009, quando 46 aeronaves foram perdidas.
Os dados da Anac também apontam para um número médio de acidentes com vítimas fatais acima da média dos últimos anos. Em nota encaminhada ao UOL Notícias, a Anac informou que utiliza metodologia diferente do Cenipa, que também aponta para um crescimento da média de acidentes em comparação aos últimos dois anos.
A Anac faz uma análise de acidentes com vítimas fatais em relação ao volume de combustível de aviação consumido.A fórmula utilizada leva em conta a quantidade de acidentes para cada 100 milhões de litros consumidos pelo setor.
“O valor atual deste índice está em torno de 0,39 e no ano passado nesta época estava em torno de 0,32”, diz a Anac, evidenciando um aumento de 21%. Os dados levam em conta apenas os acidentes registrados até agosto. Em todos os primeiros oito meses do ano, a média esteve maior que em todos os meses de 2009 e 20101. Em janeiro, por exemplo, essa média chegou a 0,84, caindo nos meses subsequentes.
Apesar do índice médio 21% maior, a Anac se mostra otimista quanto à redução dele até o fim de se 2011 e diz que “no final deste ano deveremos estar em torno de 0,33, o que é próximo da nossa media dos últimos três anos.”
A Anac informou ainda que o aumento em número de ocorrências precisa ser analisado levando em conta o crescimento da frota e os percursos percorridos. “É preciso considerar a variação do volume das mesmas [voos], ou seja, a exposição ao risco.
Um aumento na quantidade de acidentes não significa, necessariamente, uma redução no nível de segurança das operações”,diz, exemplificando: “Se o volume de operações crescer 50% enquanto o número de acidentes aumentar em 10, haverá um aumento absoluto do número de acidentes, porém uma melhoria no nível de segurança das operações.”
Perda de controle no solo
Em relatório detalhado de acidentes registrados até julho, a principal causa dos 89 acidentes é a perda de controle no solo (com 15 ocorrências), seguido por perda de controle em vôo (14), falhas no motor (14), colisão em obstáculos (11), pane seca (5) e problemas com o trem de pouso (4).
FONTE: UOL Notícias