PAMA-SP 2011: muito trabalho pela frente, fabricando peças e revisando caças
Estamos chegando às últimas matérias desta série que mostra o trabalho do Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP) que, no “Domingo Aéreo 2011” realizado em 16 de outubro, permitiu que o público conhecesse muito mais as suas instalações do que em anos anteriores.
Na foto logo abaixo, pode-se ver a parte ventral da fuselagem de um dos caças F-5 adquiridos usados na Jordânia, tendo ao fundo uma parte da oficina do “Hangar Major Santos” (Hangar 3) onde os F-5 da FAB são desmontados, revisados e remontados.
A imagem simboliza o fato de que o PAMA-SP ainda terá muito trabalho pela frente para colocar os oito monopostos (F-5E) na mesma situação dos três bipostos (F-5F) que já mostramos deste lote de onze caças “ex-jordanianos”. Mas também simboliza que, ao mesmo tempo, a organização dispõe das máquinas novas e antigas que realizam esse trabalho, além de pessoal (também incluindo recém-chegados e veteranos) capacitado para operá-las.
As fotos logo acima (e também a imagem que abre a matéria) mostram sete desses caças, que já têm parte da numeração de suas matrículas na FAB pintadas nos estabilizadores verticais (de 79 a 85). Vários componentes já foram retirados dessas aeronaves, muitos deles colocados em caixotes próximos às células. Mas um dos “ex-jordanianos”,especialmente, mostra que está num estágio mais avançado do processo de revisão. Trazendo sua provável futura matrícula na FAB escrita na área da cabine (4878) , esse F-5E está do outro lado do hangar e já aparece com sua pintura debastada e praticamente todos os componentes retirados da célula, como se pode ver nas imagens abaixo.
Clicando nas fotos acima para ampliar, pode-se ver as marcações de locais que deverão receber tratamento ou substituição de partes no 4878. As células de F-5F que já mostramos nesta série de matérias, e que foram priorizadas para a revisão devido à maior necessidade de caças bipostos, não estavam muito diferentes quanto ao estado de conservação que os F-5E que são mostrados nessas fotos. Percebe-se então a dimensão do trabalho que o PAMA-SP tem pela frente com os caças comprados da Jordânia, trabalho que se soma às grandes inspeções dos atuais F-5 da FAB, o que inclui não só revisar componentes, mas também produzir peças novas e recuperar antigas para a instalação nos caças. Parte dessa atividade é o que estamos mostrando nesta matéria, complementando o que já vimos nas anteriores.
No conjunto de seis fotos abaixo, pode-se ver algumas das máquinas empregadas na produção de novas peças de reposição para os caças. É bom lembrar que o tipo de revisão realizada é nível parque, ou industrial. Logo, é de se esperar encontrar maquinário industrial no PAMA-SP. A primeira imagem (superior esquerda) mostra uma máquina fresadora, que faz a usinagem automática em um bloco de metal, conforme o desenho programado em seu sistema digital. Na imagem seguinte, à direita, vê-se uma peça sendo usinada em outra máquina semelhante, com o emprego de líquido para a refrigeração do corte no metal. Mais abaixo, na foto central esquerda, são vistas várias peças fabricadas ou recuperadas, sendo que, mais à direita da imagem, pode-se ver exatamente a peça que estava sendo usinada pela máquina. Ainda nessa foto, de cima para baixo, vê-se um exemplo de bloco de metal cortado, a peça quase pronta e, por fim, a peça acabada, com todas as furações e a pintura “primer” (esverdeada) já aplicada. As demais fotos mostram outras peças que são recuperadas ou fabricadas no PAMA-SP (e não só para o F-5).
As duas últimas imagens desta matéria mostram algumas máquinas mais antigas (como tornos, por exemplo) que continuam sendo de grande valia para esse trabalho de fabricação e recuperação de peças aeronáuticas, que após aprovadas seguem para a linha de remontagem dos caças. A última foto, da direita, mostra alguns componentes brilhando como novos, prontos para instalação nas células revisadas de F-5. Você conseguiria identificar essas partes? (se precisar de ajuda, basta acessar os links a seguir para ver muitos detalhes dos F-5 da FAB).
Amanhã, publicaremos mais uma das matérias finais desta série “PAMA-SP 2011”. Aguarde!
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Do jeito que a FAB e a EMBRAER estão adquirindo “expertise” em restauração, dentro em pouco também vão ter um programa no History Channel…Mestres da Restauração(Brazil)…
Giordani RS disse:
26 de outubro de 2011 às 10:39
Poderiam ter outro programa também: Caçadores de Relíquias pois foram “garimpar” esses F5 na Jordânia !!!! rsrsrsrsrs!!!
Não sei se há espaço no mercado mas Israel se tornou especialista nesse ramo e além da fama, fatura alto com essas modernizações. Por que não procurar saber se esse mercado ainda tem espaço, é rentável ?!?!?!
Deve-se ter em mente que o F-5 é uma caça com pouca ou nenhuma estrutura em materiais compostos (fibra de carbono) ou exóticos (titânio). Então não esperem que qualquer um dos vencedores do F-X2 possa ter os componentes estruturais reparados com esse maquinário aí.
Se uma fresadora CNC como aquela já custa uma fortuna, maquinário para fabricação de peças em fibra de carbono pode custar alguns milhões .
Parabéns Nunão.
Mais um EXCELENTE trabalho feito por você. Trazer aos leitores, peculiaridades que outras mídias passam batido, faz com que o PODER AÉREO continue a frente dos famosos Mais do Mesmo.
De que adianta ter 20, 30 anos nas bancas e etc se nunca se preocuparam em fazer algo deste quilate?
Essa é a pergunta chave. A resposta, nós já sabemos e nossos leitores também.
Me orgulho de fazer parte desta equipe!
Nunão um trabalho muito bem feito!!!
Ótimo vc trazer ao Blog o trabalho técnico da FAB com os F5. mostra que os caras fazem milagres e que estão realmente preparados.
Ainda no aguardo para novos post sobre o PAMA 2011 !!!
Abs.
Impressão minha ou o PAMA-SP está mais para uma fábrica da antiga URSS nos anos 80 do que para uma Boeing ou Embraer nos anos 2000?
Estou negativamente impressionado com as condições do piso e maquinário, especificamente. Comparem com fotos da linha de montagem do Gripen, Rafale ou F-35, postadas aqui mesmo neste blog.
Senhores
Certamente o PAMA vem fazendo um bom trabalho e mereceria uma maior atenção por suas instalações.
Quanto a sua capacidade de recuperar equipamentos e reconstruir, literalmente, os F5, devemos nos congratular por isto. O Tio Sam que dispõe de muito mais $$$ tem o AMARC e vem fazendo retrofit seguidamente de várias de suas aeronaves (inclusive o F5 e T38) sem nenhum complexo de inferioridade que parece afetar a nós, pobres habitantes deste “gigante emergente”.
Sds
Clésio,
o trabalho com materiais exóticos como fibra de carbono e aramidas precisam de mão de obra especializadíssima e know-how no projeto e confecção de formas. Deve haver o pulo do gato em relação aos materiais de adicionais do composite, mas o principio básico é a laminação à vácuo com pós-cura em forno.