FAB registra quatro acidentes em cinco meses
Em sete meses, cinco aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) sofreram acidentes ou tiveram problemas técnicos. Em três deles, foram registradas 13 mortes. Um ex-piloto da FAB e especialista em segurança de voo ouvido pelo GLOBO afirma que essas ocorrências em série sugerem a falta de manutenção das aeronaves ou deficiências no treinamento dos pilotos. A FAB nega.
O acidente mais recente aconteceu na última terça-feira, quando oito ocupantes de um avião, modelo C-98 A Grand Caravan, morreram após a aeronave bater em um morro e cair em Bom Jardim da Serra, a 135 km de Florianópolis, Santa Catarina
– A FAB é das Forças Armadas. E nesses casos, em todos os países do mundo, os padrões de segurança não são tão elevados como na aviação civil. Em alguns países, os aviões participam de missões de combate com mais riscos, o que pode resultar em acidentes. Mas, no caso da FAB, esses incidentes ocorreram em voos administrativos. Isso sugere duas coisas: ou o treinamento dos pilotos é deficiente ou a manutenção dos aviões precisa melhorar – diz o especialista em segurança de voo e ex-piloto da FAB Jorge Barros, Barros.
Barros, que foi piloto da FAB nos anos 80, relembra que viveu uma época em que chegou a faltar verba para treinamento e manutenção de aeronaves.
A série de acidentes graves envolvendo aviões da FAB registrou no dia 6 de julho o choque no ar de duas aeronaves T-25 da Aeronáutica em Pirassununga, São Paulo, matando os quatro tripulantes. O acidente ocorreu durante uma missão de treinamento. No dia 12 de maio, um caça modelo A-29 (Super Tucano) caiu a 50 km ao norte de Natal. O piloto, de 24 anos, único ocupante, morreu.
Também neste ano, em 25 de fevereiro, um avião de caça, modelo A-29 (Super Tucano) caiu próximo à pista de pouso do aeroporto de Porto Velho, em Rondônia. O piloto Marcelino Feitosa sobreviveu porque conseguiu acionar o mecanismo de ejeção da aeronave. No Rio de Janeiro, em janeiro, um Bandeirante, que iria para Vitória no Espírito Santo, fez um pouso de emergência no aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, na Ilha do Governador. O avião, segundo a Aeronáutica, modelo C-95, teve que retornar cerca de 30 minutos depois, devido a uma pane hidráulica. Havia sete tripulantes no voo, mas ninguém ficou ferido. Por causa do incidente, uma das pistas do aeroporto ficou fechada por cerca de 30 minutos.
A FAB informou que, exceto as aeronaves que se chocaram no ar em São Paulo, todos os aviões são modelos novos e com poucas horas de uso. E que após a conclusão das causas de cada acidente, surgem recomendações de segurança. Ainda segundo a FAB, essas recomendações são repassadas aos operadores, com o objetivo de evitar repetições dos erros, em situações semelhantes e que podem levar a novos acidentes.
FONTE: O Globo
Existem duas maneiras erradas de se analisar a situação.
A primeira é a catastrofista, que o treinamento dos pilotos é ruim, que a manutenção é ineficiente e concluir daí que tudo esta errado.
A segunda é a maneira inercial, dizer que isto é “normal” que a FAB é “perfeita” e que a culpa é apenas da falta de verbas.
Ambas as maneiras não solucionam o problema na sua origem, pelo simples fato de que partem de premissas que não permitem isolar os verdadeiros problemas que levaram a esta situação.