Na guerra dos caças, suecos ganham fôlego
Adiamento reacende debate sobre a escolha dos Rafale, como pretendia Lula
Bruno Peres com Redação do Política & Poder
O novo adiamento sobre a decisão do caça que futuramente equipará a Força Aérea Brasileira poderia indicar o desgaste e o enfraquecimento do ministro Nelson Jobim (Defesa), mas acabou tornando-se benéfico para o País. Não somente porque se reacende o debate sobre o melhor avião, como abre a possibilidade de a decisão ser diferente daquela que vinha sendo dada como certa – a escolha dos Rafale, franceses.
Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Antônio Ramalho, “não resta dúvida” de que a melhor opção é pelo sueco Gripen.
“É mais ágil, mais econômico, o que significa que vamos poder treinar os pilotos por mais horas de vôo, ter mais número de missões”, justifica o professor, especialista em defesa nacional. Não por coincidência, a preferência da FAB também é pelo caça desenvolvido pela sueca Saab.
Ramalho considera o Rafale “obsoleto”, com um “pacote fechado” de tecnologia e manutenção cara. Já o F-18, na avaliação do especialista, apesar de mais barato, possui “limitações técnicas”.
“O que está sobre a mesa é a compra de um pacote tecnológico. Não haveria melhor forma de se transferir tecnologia do que participando da própria concepção da máquina. Existe uma plataforma muito boa de compra de equipamentos de primeira linha e uma possibilidade de um grande aprendizado da indústria nacional”, acrescenta Ramalho sobre a necessidade de transferência total de tecnologia após a aquisição.
“O Brasil participaria da produção dessa nova geração do caça. Isso é diferente de você aprender a fazer algo com quem já faz. Há uma diferença do ponto de vista de capacitação tecnológica. No caso você precisa não só aprender, mas mostrar que é capaz de levar adiante”, completa.
O especialista critica ainda a “dependência excessiva” do Brasil com os franceses na área tecnológica. “Nesse campo é sempre bom dificir a sua dependência, nunca colocar os mesmos ovos na mesma cesta”, finaliza.
No relatório técnico entregue à presidente para a renovação dos caças da FAB consta exposição de motivos para a escolha do Ministério da Defesa. A posição será analisada pelo Conselho de Defesa Nacional que, embora não tenha poder decisório, apresentará uma avaliação à presidente, a quem caberá a decisão final.
Integram o Conselho de Defesa Nacional o presidente e vice-presidente da República, os presidentes do Senado e da Câmara, titulares das Forças Armadas, além dos ministros de Relações Exteriores, da Justiça, Fazenda e do Planejamento.
Cautela
Como ainda não se inteirou sobre o processo, batizado de FX-2, e os impactos na economia brasileira serão grandes, a presidente optou por avaliar com mais cautela o rito de compra, na contramão das declarações do ministro Jobim, que assegurou a conclusão do processo ainda no primeiro semestre deste ano.
Os valores do acordo podem atingir a casa dos r$ 10 bilhões e a quantidade de caças adquiridos pode se estender a 100. Apesar do adiamento, não há confirmação de que o processo recomece do zero, o que permitiria a entrada de outros fabricantes no processo.
Na disputa estão a francesa Dassault, com o Rafale; a norte-americana Boeing, com o F/A-18 Super Hornet; e a sueca Saab, com o Gripen NG.
Política fica de fora
Dentro do governo Dilma Rousseff, a suspensão do processo de compra é visto com normalidade, dado o caráter estratégico e bilionário da decisão. Um dos ministros mais próximos à presidente defende que não há “consideração política” na negociação. Para ele, Dilma quer apenas ter mais segurança da decisão”, por meio de “mais dados” referentes à compra.
A questão crucial para a escolha do modelo está centrada na transferência de tecnologia. Em visita à pfesidente, semana passada, o senador republicano John Mc Cain se comprometeu a tentar convencer o presidente Barack Obama e o Congresso norte-americano da importância de garantir a transferência irrestrita de tecnologia. O repasse tecnológico tltal também foi prometido pelo presidente Nicolas Sarkozy, o que fortalece as chances dos jatos franceses.
Essa condição pesa contra a escolha do Gripen NG, pois o caça não seria fabricado totalmente na Suécia, já que alguns componentes são norte-americanos. A limitação com a importação de peças, porém, pode ser considerada positiva, pois o Brasil, caso opte pelo Gripen, poderia participar do processo de conclusão do caça.
O ex-presidente Lula manifestou em diversos momentos a preferência pelo Rafale. A predileção foi sustentada também pelo ministro Nelson Jobim, apesar dos custos mais elevados do caça francês, se comparados às cifras dos demais modelos.
Anúncio antecipado
Em 2009, durante visita ao Brasil, Sarkozy, sob o pretexto das comemorações do Dia da Independência, Lula antecipou-se ao fechamento da disputa entre os fabricantes. E anunciou que o Brasil firmaria o acordo com a França.
À época da elaboração do parecer da FAB entregue a Lula, especulou-se que Jobim estaria que Jobim estaria pressionando a Força Aérea pela escolha dos franceses, apesar de questões técnicas apontarem para os suecos como melhor opção para o reaparelhamento da Defesa Nacional.
O processo de escolha dos aviões de combate da Força Aérea Brasileira (FAB) teve início ainda no governo Fernando Henrique Cardoso e vem sendo protelado desde então. A última justificativa para o adiamento ocorreu em razão do período eleitoral, ano passado, quando Lula considerou salutar desvincular a questão dos caças da campanha eleitoral.
FONTE: Jornal de Brasília, via Notimp
Um dos ministros mais próximos à presidente defende que não há “consideração política” na negociação
Para mim a melhor parte da materia. Nao me oponho a decisoes politicas desde que transparentes, mas a escolha tecnica (relatorio da FAB) eh, na minha opiniao, a melhor alternativa.
Mas sempre existe politica, vamos esperar que seja minimizada e nao tao influente como no governo do Nosso Ex-Guia (alguem tah sentindo falta dele?)
[]s!
Exato DrCockroach, além do parecer da FAB o Gripen NG é a opção mais barata e com maior transferência de tecnologia.
Se não der Gripen certamente foi por decisão política.
O Jobim vai morrer agarrado ao Rafale !
Dr. Barata, eu sempre disse que a Dilma é técnica. Como é óbvio, isso não exclui as considerações políticas que ela possa fazer.
Eu não votei nela, mas ATÉ AGORA, ela tem me surpreendido pela positiva.
[ ]s
Segundo a Veja, o Jobim vai subindo no telhado:
http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/governo/jobim-versus-mangabeira-o-tempo-esquentou-no-planalto/
O tempo esquentou no Planalto
Pegou fogo uma reunião ocorrida na quinta-feira no Palácio do Planalto. Nelson Jobim mostrou-se extremamente contrariado com a possibilidade de o governo nomear Mangabeira Unger para um cargo de assessoramento em assuntos na área de Defesa. O caldo quase entornou, mas pelo menos por enquanto Jobim conseguiu aposentar a ideia.
A propósito, Mangabeira Unger tem rondado o Palácio do Planalto cobrando o cumprimento de uma promessa de que ele teria um cargo no governo.
A melhor forma de reforçar a posição do NG seria a Suécia fazendo anúncio formal de encomenda, quem sabe uns 40 Gripens NG. E oferecer o ingresso no FS2020 para o pós NG. E para completar, 18 Gripens C/D em comodato resolver o GAP até a chegada dos Ng para o Brasil.
[]’s
E o Rafale vai caindo do telhado: http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/brasil/a-historia-de-um-negocio-perdido/ A história de um negócio perdido O Rafale francês, que era o favorito do governo brasileiro para equipar a FAB, foi colocado agora no último lugar da fila. Sarkozy sabe a razão Dilma Rousseff anunciou que o Brasil não comprará neste ano os caças, tirando as últimas esperanças dos franceses. A França chegou a estar com a mão na taça — ou mais precisamente em uma encomenda de 36 bilhões de dólares. No ano passado estava tudo certo para a assinatura da compra dos 36 caças franceses Rafale, mas entrou areia iraniana… Read more »
Em todas as avaliações sérias o NG é o mais adequado a nossa realidade, só resta saber se a Dilma pensa assim também, o que me preocupa é mais esse adiamento, até quando meu Deus!
Grifo disse:
22 de janeiro de 2011 às 13:19
Eu não sou de dar razão para o Jobim, mas nesta ele tem razão.
Este Mangabeira Unger vai ser mais um teórico inútil, sonhador, metido a intelectual, cheio de idéia miraculosa na cabeça.
A prova que ele é mais um inútil é a esquerda brasileira gostar tanto dele.
Caro Grifo,
Essa nota faz sentido mesmo. O Rafale estava com a faca e o queijo, pronto para ser anunciado, e em vez disso anuncia-se uma revisão. Em março pode cair do telhado se a presidente Dilma receber garantias formais do congresso americano.
[]’s
Concordo com o Rodrigo. Mangabeira Unger – apesar do renomado conhecimento acadêmico é mais uma figura exótica de esquerda do que uma influência a ser considerada. Vamos esperar para ver até quando vai essa novela. Por enquanto as baixas só foram daquele pessoal super-hiper-ultra-mediúnico-místico fontado que já sabia de tudo.
Carry on!
“limitações técnicas” do SH?
É cada um que aparece para dar palpite…
Este Mangabeira Unger vai ser mais um teórico inútil, sonhador, metido a intelectual, cheio de idéia miraculosa na cabeça.
Caro Rodrigo, a mesma descrição vale também para o Genoíno, que o Jobim está louco para acomodar no ministério. E ao que consta o Mangabeira Unger nunca assinou um empréstimo com o Marcos Valério…
Grifo,
Creio que a diferença entre os dois casos é que o Genoíno estaria sob a influência do Ministro na Defesa. Já o MU poderia estar opinando sobre defesa diretamente no escalão mais alto, sem assessoramento das Forças.
Acho um alto risco.
Abraço,
Justin
Creio que a diferença entre os dois casos é que o Genoíno estaria sob a influência do Ministro na Defesa. Já o MU poderia estar opinando sobre defesa diretamente no escalão mais alto, sem assessoramento das Forças.
Caro Justin Case, o Genoíno foi deputado federal em 6 legislaturas e presidente do PT (o partido da presidente). Já o MU não tem cacife político nenhum. Não entendo porque você considera que o Genoíno seria mais influenciável.
Me parece que a principal diferença é que o Genoíno “supports Rafale”, se enquadrando assim no critério de assessoria do atual ministro.
Poggio, Destacando um parágrafo do texto: “Ramalho considera o Rafale “obsoleto”, com um “pacote fechado” de tecnologia e manutenção cara. Já o F-18, na avaliação do especialista, apesar de mais barato, possui “limitações técnicas”.” Apesar de concordar que “a melhor opção é pelo sueco Gripen”, o Professor Antônio Ramalho não foi muito feliz no trecho que destaquei acima. Chamar o Rafale de “obsoleto” sem estabelecer um parâmetro é uma afirmação de pouca solidez. Se o compara ao F-22, F-35 ou PakFa a afirmação estaria correta, mas não é este o contexto. A comparação é com os concorrentes do F-X2, sendo… Read more »
Grifo,
Esquecendo o F-X, o que eu me referia era ao risco de haver alguém assessorando diretamente o presidente sobre assuntos de defesa, sem qualquer vínculo com o Ministério da Defesa.
Abraço,
Justin
Nick disse: 22 de janeiro de 2011 às 13:20 O novo orcamento de defesa Sueco foi recentemente aprovado e o mesmo nao inclui aquisicao de novos Gripens NG, mas sim upgrades p/ o padrao NG (E/F). Contudo, o orcamento explicitamente menciona que o Congresso apoia a proposta apresentada pela SAAB ao Brasil. Nao sei qual eh a proposta da SAAB, mas o que quer que esteja incluido tem a aprovacao do Congresso. O representante sa SAAB mencionou a “incorporacao” e “aquisicao” de 30 Gripens NG pelo governo da Suecia. Exatamente o que significa nao sei. Quanto aos Gripens C/D (ou… Read more »
Esquecendo o F-X, o que eu me referia era ao risco de haver alguém assessorando diretamente o presidente sobre assuntos de defesa, sem qualquer vínculo com o Ministério da Defesa. Caro Justin Case, meu entendimento da notícia fora a de que o cargo seria dentro do âmbito do Ministério da Defesa, daí a resistência do ministro. Se o cargo for mesmo de assessoria direta à presidente, eu não vejo motivo para o Jobim se posicionar tão veementemente contra. Nos EUA por exemplo o presidente tem um assessor de segurança nacional (hoje Tom Donilon) independente da secretaria de Defesa e com… Read more »
E o sr. MU apesar de viver tanto tempo no exterior, não perdeu certos “costumes” daqueles brasileiros que são chegados a uma teta governamental e de relação com o poder. Qdo na oposição, chegou a publicar em seu blog todo um artigo onde afirmava que o governo LuLLa era um dos mais corruptos de todos os tempos, e que o pedido de seu impeachment deveria ser providenciado pela oposição com urgência. Bastou um convite para participar desse mesmo governo declarado por ele como corrupto, para aceitar o cargo (do qual saiu pois teria de voltar à Harvard ao final da… Read more »
“Um dos ministros mais próximos à presidente defende que não há “consideração política” na negociação” Ou seja: TCHAU RAFALE! TCHAU JOBIM! TCHAU “FONTADOS”! TCHAU “INSIDERS”! Trouxas! Nada mais a declarar. Ter o Mensaleiro Genoíno no Min Def ou acima dele é muito mais perigoso do que o “Cérebro”. Este é um palhaço teórico, mais falso que nota de três, mas que pouco mal pode fazer, porque ninguém, nem mesmo a vermelhuxada mais tôsca, confia nele. O outro é um sujeito muito do perigoso, que gosta de umas comi$$ões para fazer seus negócios. E um ex-guerrilheirinho de merla, que por 30… Read more »
Muitos falam sobre o fato da Suécia se mostrar reticente em adquirir o próprio caça, como se isto fosse prova da falta de confiança no projeto. Não é isto. Existem outros fatores que desaconselham a compra do novo vetor. Primeiro, a grande diferença entre o NG e o Gripen C/D é o raio de alcance e nisto, dado do minúsculo Território Sueco, serve perfeitamente à suécia. Segundo, custos. Todos os europeus estão apertando o cinto e a área da defesa é a primeira a ser sacrificada. Terceiro, o alcance maior do novo aparelho pode representar um problema diplomático para a… Read more »
Em tempo:
Existem outros fatores que desaconselham a compra do novo vetor PELA SUÉCIA.
Grifo disse:
22 de janeiro de 2011 às 21:12
Concordo com você, o Genoíno é mais um inútil e ainda por cima metido com roubalheira.
No PT de SP estão os piores quadros do partido.
Vendo todos estes paspalhos, sempre considero o NJ a opção menos ruim. O defeito do NJ é esta paixão pelos caros e vagabundos produtos franceses, fora isto está na média de inutilidade de todo político.
O Gripen, de arma de defesa, seria transformado em arma de ataque. Pelo menos é assim que os russos veriam. E estes, com toda certeza, não ficarão quietos.
Caro Observador, você realmente acha que os russos ficariam preocupados com isso?
A Suécia é o país que há 200 anos não participa de nenhuma guerra. Ficou neutra em ambos os conflitos mundiais. Não faz parte de nenhuma aliança militar, nem mesmo da OTAN. Não faz fronteira com a Rússia.
A única rivalidade entre os dois países é no hoquei no gelo. No campo militar a Rússia tem outras preocupações para lidar…
Observador,
Acredito que a necessidade sueca de almentar o combustível interno do Gripen se deve muito mais ao fechamento de várias bases de desdobramento, dentro do contingenciamento pós guerra-fria.
A rigor os caças suecos deverão executar missões com ‘pernas’ mais longas, já que não irá contar com tantos pontos de apoio.
Evidentemente há também a questão comercial, pois apesar do Gripen C/D ser um excelente caça, havia claramente uma limitação técnica em termos de autonomia de missão.
Este é um dos pontos corrigidos pelo programa Gripen NG.
Sds,
Ivan.
Para Grifo: Sim, realmente acredito que os russos ficariam MUITO preocupados com a adoção do Gripen NG pela Suécia. E sabe por que? Porque a Rússia leva muito a sério a segurança de seu território e espaço aéreo. Por menor que seja a ameaça, garanto que eles se preocupam em compensá-la e, se possível, superá-la. Bem ao contrário de uma certa República de Bananas por nós conhecida, que NADA fez quando um de seus países vizinhos, governado por um ditador instável, adquiriu SU-30MK russos. Aqui se age como se um conflito armado fosse algo tão irreal como uma invasão alienígena.… Read more »