A habilidade do F-35 de vencer engajamentos ar-ar está atraindo crescente atenção, com o foco dos militares dos EUA e da indústria na expansão da base de clientes do F-35 além das nações que participam do programa.

Por anos, a contratada principal Lockheed Martin parecia contente em promover as capacidades de “strike fighter” do F-35, para evitar a competição contra o seu outro grande programa de caça, o F-22 Raptor. Mas com o F-22 não sendo exportado, a Lockheed Martin parece disposta a falar das habilidades de combate aéreo do F-35 para aumentar as chances de novas vendas no mercado de caças – Japão, Turquia e Grécia.

A Lockheed Martin falou à Aviation Week que a combinação de stealth, consciência situacional multisensor, interface piloto-máquina avançada e performance aerodinâmica básica fazem do F-35 um caça crível, também. Isto é chave para vários outros clientes, que não podem pagar pelo tão falado “high-low fighter mix”, que EUA, Reino Unido e Itália estão planejando.

Mas a Lockheed Martin está focando grandemente no combate BVR (beyond-visual-range), com alcances maiores que 18 milhas náuticas, que os executivos dizem representar 62% dos combates aéreos.

Nos outros 31% dos engajamentos, o combate ficaria entre 8 e 18 milhas náuticas e somente 7% dos combates em combate aproximado, onde a célula é mais exigida.

A Lockheed Martin diz que colocou o F-35 na simulação TAC Brawler do Pentágono, para análises de combate aéreo, usando a configuração “ideal” de combate aéreo, pegando a versão F-35A CTOL, a única variante que pode puxar manobras de 9G.

A aeronave também pode atingir 55 graus de ângulo de ataque em voo trimado, enquanto a maioria dos caças (excluindo o F-18), têm limite de 30 graus. A exata performance do F-35A – conhecido como 240-4 – é classificada. Mas um padrão anterior similar (240-3) apresentou velocidade máxima de Mach 1.67; aceleração de Mach 0.8 a Mach 1.2 a 30.000 pés em 61 segundos; velocidade máxima de curva de 370 nós a 9G e 15.000 pés; e uma capacidade de curva sustentada de 4,95G a Mach 0.8 e 15.000 pés. Além disso, uma aeronave com esta performance estaria levando dois mísseis BVR AIM-120 AMRAAM na baia interna.

No entanto, esses números de performance parecem deixar o F-35 devendo no tipo de capacidade ar-ar provida por outros aviões de combate, como russo Su-30MKI e o Eurofighter Typhoon.

E mesmo pilotos de teste da Lockheed Martin admitem que o F-35, embora ofereça uma grande aceleração inicial com seu poderoso motor F135 de 42.000 libras de empuxo, começa a perder sua vantagem em altas velocidades e altitude.

Isto se deve parcialmente pela grande área frontal da aeronave, que foi projetada para permitir o transporte interno de armas – significando que na tradicional missão de interceptação de reação rápida, o F-35 pode não estar apto a se igualar aos adversários.

Não obstante, a modelagem Brawler mostrou que o F-35 poderia atingir uma razão de troca de perdas (loss-exchange ratio) melhor que 400% contra seu mais próximo competidor, de acordo com executivos da LM.  Eles tiveram escrúpulos em não nomear o competidor, mas suas tabelas de comparação indicam que é o Sukhoi Su-30 ou o Typhoon.

Esta razão de engajamento vem da combinação das características do F-35, argumentam os executivos, incluindo stealth, a performance do radar AESA APG-81, a fusão de dados dos links e a consciância situacional provida pelo sistema de abertura sintética e sensores infravermelhos e eletroóticos e medidas de apoio eletrônicas.

Entretanto, e sem discutir características específicas de performance, pilotos da Força Aérea Italiana envolvidos no programa do F-35, disseram que a performance da aeronave fica “entre o F-16 e o F/A-18, em termos de envelope de voo” – e é realmente mais perto da do F/A-18, considerando o alto ângulo de ataque e as capacidades de manobra em baixas velocidades.

O F-35A, com peso de missão ar-ar de 49.540 libras, tem uma razão potência-peso de 0.85 e carga alar de 110 libras por pé quadrado – não ideal para um “dogfighter”.  O motor F135 fornecer 42.000 libras de empuxo e funcionários da indústria sugerem que o F-35 entrando em combate aéreo com 40% de combustível interno (7.275 libras), terá razão de potência-peso de 1.09 e carga alar de 83 libras por pé quadrado. Estes dados mostram um caça ágil, embora não “top de linha”.

Ainda, uma característica chave, que os executivos da LM enfatizam, é a VLO (very low observability) projetada no JSF.  Ao passo que o F-35 pode carregar suas armas internamente, o Typhoon, Su-30, Saab Gripen ou Dassault Rafale carregam suas armas externamente, assim aumentando suas assinaturas radar e degradando suas performances ar-ar no papel. O F-35 leva também mais combustível internamente, dando-lhe mais persistência sem tanques externos que poderiam afetar sua assinatura radar.

Apesar disso, o F-35 pode ter uma fraqueza notável para o puro combate ar-ar. Primeiro, porque não foi projetado para engajamentos em alta velocidade, grande altitude e ambiente de curva sustentada. Sua capacidade de curva em alta velocidade deverá contribuir para evitar um míssil BVR adversário, porém, especialmente se as simulações ar-ar da Alemanha e Reino Unido sobre probabilidade de acerto de mísseis de médio alcance estiver correta.

Streaking through the sky

Esses números fazem parte da lógica dos países que procuram o míssil MBDA Meteor para suplantar o AMRAAM. Mesmo no mundo do AMRAAM, Typhoons podem ter uma vantagem sobre o F-35, pois eles podem lançar os mísseis numa velocidade mais alta. Sukhoi Su-30 e o futuro T-50 (PAK FA) também estão sendo projetados para maximizar a performance dos mísseis ar-ar.

Finalmente, enquanto a Lockheed Martin mostra a capacidade stealth do F-35 como uma vantagem, ela tem seus inconvenientes também. A carga levada pela aeronave é limitada, pois o que se quer é preservar a assinatura de baixa-observação com o transporte interno.

Isto significa que apenas quatro AIM-120 estão disponíveis. Um estudo agora a caminho poderia aumentar para 6 mísseis. Outras armas, incuindo mísseis guiados por infravermelho, precisam ser carregados externamente, com planos para uma adaptação “stealphy” do JSF com pilones com desenho de baixa assinatura.

Mesmo assim, a assinatura radar iria aumentar, assim como o arrasto, reduzindo o potencial do F-35.

Não está claro quão críticas tais falhas percebidas são realmente. Alguns pilotos alegam que num combate aéreo, o míssil ar-ar tem mais a ver com o resultado do que o avião.

FONTE: Aviation Week & Space Technology

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