Após caças, Brasil deve investir U$ 1 bi em jatos de treinamento

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Modelos serão usados para treinar pilotos dos aviões de combate; compra ficará entre 24 e 36 aparelhos.

M-346 2

Marcelo Cabral

vinheta-clippingNa proteção dos céus brasileiros, os italianos tentam entrar de carona na grande concorrência de pelo menos US$ 10 bilhões para a compra de jatos de combate para equipar os esquadrões da Força Aérea Brasileira (FAB), o chamado projeto FX-2. A Itália não está entre as finalistas do processo – o favorito é justamente o francês Rafale, fabricado pela Dassault -, mas está tentando aproveitar a chegada da sofisticada aeronave para vender novos jatos de treinamento para o país.
Segundo informações obtidas, existe hoje na FAB a convicção de que o novo caça, seja qual for o escolhido, vai exigir a adoção de um avião de treinamento a jato. Isso acontece porque o modelo atualmente usado para treinar os pilotos – o turboélice Tucano – não consegue simular todas as situações que acontecem em um aparelho a jato, muito mais rápido, potente e complexo. ―O gap (lacuna) entre o Tucano e o Rafale ou Gripen é grande demais. Já existe na cúpula da FAB a convicção de que vai ser praticamente obrigatório comprar um novo aparelho de treino, afirmou uma fonte ligada aos militares.


De acordo com essa fonte, após a conclusão das arrastadas negociações do FX-2, deverá ser lançada uma nova operação para comprar entre 24 e 36 jatos de treinamento. E o favorito para ocupar o posto é o M-346, fabricado pela Alenia Aermacchi. A um custo mínimo de US$ 20milhões por aparelho, mais o fornecimento de peças, manutenção e treinamento, o preço total da compra deve ficar na casa de US$ 1 bilhão. Valor nada desprezível, chegando a cerca de 10% do que deve ser gasto nos lotes iniciais dos caças. Mas, na visão de Sergio Coniglio, diretor- engenheiro da Alenia Aermacchi, o caro vai sair barato a longo prazo. ―O M-346 permite reduzir o emprego dos caças como avião de treinamento. É mais econômico para essa função tanto em termos de custo de operação quanto de gasto de combustível, diz. ―Então, os gastos menores com treinamento acabam pagando a aquisição a longo prazo, raciocina.

Aliás, o M-346 é a grande menina dos olhos da Finmeccanica para o setor aeronáutico. A empresa enxerga um mercado de até 2 mil unidades para aparelhos de treinamento e ataque leve ao redor do mundo nos próximos anos, de modo que está ampliando suas linhas de produção situadas no norte da Itália. ―O avião é muito avançado.Hoje em dia,um piloto não é só uma pessoa que manobra a aeronave, mas que gerencia os sistemas de bordo. E o nosso aparelho é o único no mundo que permite treinar essa característica, que está presente em todos os aviões de combate de nova geração, garante o diretor regional de vendas Luigi Taddia.

Os italianos estão em situação favorável devido à sua tradicional parceria já estabelecida com a FAB. Durante décadas, a Força Aérea operou cerca de 160 treinadores leves MB-326, que inclusive chegaram a ser fabricados sob licença no Brasil com o nome de Xavante. Mais tarde, foi em conjunto com as italianas Aeritalia e Aermacchi (que hoje formam a Alenia Aermacchi) que a Embraer desenvolveu o jato tático AMX, que hoje é o maior pilar da aviação de ataque brasileira. ―Os aviônicos, componentes estruturais e tecnologias desenvolvidas na ocasião permitiram que a Embraer ganhasse knowhow para criar suas novas linhas de jatos executivos regionais, explica Fernando Arbache, presidente da Arbache Consultoria.

Surpresa sueca

Caso o Rafale seja surpreendentemente derrotado pelo caça sueco Gripen, fabricado pela Saab, a situação do grupo melhora. Isso porque a Selex Galileo fornece uma boa parte dos sistemas eletrônicos da aeronave, inclusive o radar Raven, além dos modelos Grifo que já são usados pelos atuais jatos F-5F da FAB. ―Nós ainda não perdemos a fé no Gripen, avisa Fabrizio Giulianini, CEO da companhia. ―Mas mesmo se o Rafale for escolhido, podemos fornecer radares para outras aeronaves, garante Giulianini. Aliás, os italianos se propõem a compartilhar a tecnologia dos sistemas de rastreamento, uma das mais sensíveis no meio militar. ―Poderíamos criar um centro de excelência no Brasil, diz o executivo.

FONTE: Brasil Econômico

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Fredy Palmeira

Que nada, os simuladores hoje em dia são tão perfeitos que podem muito bem cumprir esse papel no treinamento.

Depois é só pegar o rafale real e mandar ver.

Alexandre Galante

Fredy, nada disso, simulador não serve para substituir o treinamento real. Só para complementar.

Justin Case

Concordo, Palmeira.

É perfeitamente possível fazer a transição do Super Tucano para a primeira linha.
Melhor seria pegar esses recursos e investir em um F-X decente.
Abraço,

Justin

“Justin Case supports Rafale”

Fredy Palmeira

Exatamente o que eu quis dizer, os simuladores completariam o treinamento dos cadetes que saissem do tucano.

Alexandre Galante

Fredy, não serve. Simulador não simula forças G.

Edmar

Caros Amigos.: Acho que a concorrencia dos jatos de treinamento ficará entre o Italiano “M-346” e o Sulcoreano “T-50 Golden Eagle”. Agora leiam esta matéria: …’O avião Gripen (em português, Grifo, nome de uma criatura da mitologia grega cuja imagem está presente no logotipo da Saab). É um dos mais avançados aviões de caça do mundo e combina uma magnífica agilidade com excepcionais capacidades de pouso e decolagem em pistas curtas em um caça relativamente pequeno. O JAS 39 Gripen tornou-se o primeiro caça instável do mundo com estabilizadores canard e asa em delta, graças ao uso da instabilidade intrínseca… Read more »

Fredy Palmeira

Não quero ser chato galante, sei da importância dos aviões de treinamento, mas não há como negar que o desenvolvimento dos simuladores modernos relativisou a necessidade de seu uso. Afinal não é esse o propósito dos simuladores? Proporcionar ao piloto lidar com situações que podem ocorrer no mundo real e ao mesmo tempo reduzir os altos custos envolvidos na preparação de um piloto de caça?

Quanto a questão da força G, vc está coberto de razão. Mas não é para isso que vão servir os biplaces adquiridos no FX2?

Abraço.

Alexandre Galante

Fredy, pode ser chato à vontade. Essa é uma questão que divide opinião entre pilotos no começo, mas depois da entrada em serviço do Super Tucano, percebeu-se que realmente é necessário um LIFT para garantir uma transição mais suave e segura para os pilotos de caça. Lembrando que um jato é muito diferente de um turboélice, principalmente na questão da aceleração Sobre simulador, é muito diferente simular um avião comercial/civil e um caça. Caças podem realizar manobras que podem matar seus pilotos (G-loc), se estes não estiverem preparados para as forças G. Por isso a necessidade de um jato para… Read more »

Paulo Renato

Espero que quando for aberto a escolha dos treinadores não se torne uma novela igual ao FX2.

Mas será um passo para a modernização da FAB.

Abs.

Fredy Palmeira

E os biplaces do FX2? Não podem cumprir esse papel?

Continuo achando que adquirir aviões tão caros apenas para treinamento é um luxo que um país como o brasil até pode, mas não deveria se dar, tendo em vista as inadiáveis necessidades em outras áreas de responsabilidade dos Estado, e nas próprias forças armadas.

Vader

Os treinadores avançados da FAB, caso vingue o mofino FX2, serão os F-5EM. Caso não dê em nada, continuarão sendo Xavantes.

Sds.

Diegao

Mas vai haver caças ???
Olha,se tiver,soh por milagre,e enquanto isso,a MB anunciou a compra de 18 Fremm da Italia e acho q 9 NaPaoc por R$ 12 Bi,e sem decisao politica….
Mas pelo jeito o blog poder aereo tem quase certeza da vitoria do Gripen,sera q ele tem alguma informção q nao pode passar ???

Alexandre Galante

Fredy, avião de treinamento é muito mais barato de operar que um biplace de caça. Não dá pra comparar. Tanto em termos de manutenção, como em hora de voo.

Ivan

O LIFT é uma necessidade. Sempre foi e continuará sendo. Vamos olhar pela ótica dos custos. Primeiro por baixo: Aeronaves turbo-hélice com aviônicos modernos, inovação criada pela FAB/Embraer no Super Tucano, podem simular muitas das necessidades de missão, até mesmo executar muitas missões, à um custo operacional de 10 a 20 % de um caça de primeira linha. Mas não consegue simular a “pegada do bicho”. É como vc querer treinar para a Fórmula 1 em um Gol envenenado. Simuladores são excelentes. Com os avanços da computação estam cada vez mais realistas em termos de imagem e chegam inclusive a… Read more »

CAL

Mas e a Embraer?
Tá certo que não tem capaciadade atualmente de construir um avião de combate comos os avioes que estão concorrendo, mas será que não tem capacidade de projetar e construir um treinado?
Será que a tecnologia absorvida dos f-5, dos aviões comerciais ou mesmo dos que estao por vir não podem servir para isso?
Não poderia ser um ponto de partida para construção de um caça nacional?
Alguém da redação poderia me tirar estas dúvidas?

Fernando "Nunão" De Martini

Então, complementando o Galante e o Ivan: Não confundir conversão operacional (para uma categoria de aeronave – no caso, jatos de primeira linha) com conversão para o tipo (para um modelo específico de aeronave). Usar um biplace de caça de primeira linha (adequado para conversão para o tipo) para fazer conversão para jato, é um desperdício de dinheiro em mais de um sentido: consumo de combustível, manutenção etc, e assim se “come” horas de voo da célula que deveriam ser gastas em treinamentos específicos para o tipo, não para a categoria. Hoje a FAB está consumindo horas de voo dos… Read more »

Wolfpack

Pessoal, vamos de M-346 e esqueçamos o FX2 de vez. Sou mais esta máquina acima que o Fake LIFT do Gripen NG.
Vamos de FREMM Italianas e M-346…
Pra FAB atual bastam uns F16 Blk50, está de bom tamanho, e depois em uma próxima geração de fabianos, pensamos em um FX3.

Guilherme Poggio

Wolfpack disse:

Vamos de FREMM Italianas e M-346…

Não sei não, o motor dele é americano e …

Ivan

… e a aviônica é Selex Galileu… como o Gripen…

Ivan

He he he…

Foi mal, Wolf
Sacomé… tabelinha de futebol… Copa do Mundo.

Em tempo Brasil 2 X 1 Coreia do Norte.
Placar mirrado, mas vale 3 pontos.

Dalton

a propulsão das FREMM é americana também e como curiosidade o USS Mount Whitney, capitanea da sexta frota é permanentemente baseado na cidade de Gaeta localizada a pouco mais de 100 kms de
Roma…

Guilherme Poggio

Dalton escreveu:

a propulsão das FREMM é americana também

E a do submarino nuclear francês também, mas isso é assunto para outro blog.

dranuits

Modernizar o AMX e colocar como treinador avançado e tb para a atual função dele, não seria válido tb??

Marcos

Guilherme Poggio ou Alexandre Galante

Penso no mesmo (dranuits), não seria mais em conta?
Modernizados eles ainda ficariam pelo menos uns 10 ou 15 anos em serviço ou o custo beneficio não valeria apena?

Ivan

Poggio,

Só a turbina do SubNuc… salvo engano da GE – General Eletric.

A divisão naval daquele conglomerdo americano que fabrica a F-414 do Super Hornet e Gripen.

Mundo pequeno, ‘né’?

Mas deixa para o NAVAL, senão vão deletar meu post… 🙂

Abç,
Ivan.

Vader

CAL disse: 15 de junho de 2010 às 13:44 “Mas e a Embraer?” E a Embraer???? Ahahahahahahahah… 🙂 Parceiro, bem vindo ao time: tá cheio de cabocro aqui para o qual a Embraer é apenas a sanguessuga da FAB e a razão para o eterno atraso desta, rsrsrsrs… Sacomé? Aquela mania atávica do brasileiro (e do latrino-americano, en passant) de, quando realiza que é incompetente, botar a culpa em alguém que é melhor que ele… no caso, na privatização e no “grande capital especulador internacional”… Sds e bons sonhos, rsrsrsrs… 🙂 PS: Concordo plenamente com o amigo, hehehe, mas antes… Read more »

grifo

Na minha opinião a FAB não precisa de um jato de treinamento, e esta matéria é mais uma declaração de intenções da Finmeccanica do que algo realmente concreto dentro da FAB. Não só estamos bem atendidos com o F-5 nesse papel como existem outras prioridades mais urgentes. Mas como no mundo mágico de Lobim as compras não são decididas por critérios racionais e a opinião da FAB não interessa, de repente pode até aparecer mesmo uns M-346… Pelo menos parece ser um excelente avião, em especial a versão que foi especificada para os EAU. Hoje a FAB está consumindo horas… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

“grifo em 16/06/2010 às 4:21” Grifo, não creio que estamos discordando no que considero a questão principal. Hoje o Lift da FAB é também seu principal vetor de caça, o F-5M, e não penso na nessessidade de um lift hoje. O F-5M cumprindo a função dupla de caça de primeira linha e lift continuará a fazer sentido nos próximos anos desde que a quantidade de “Fox” efetivamente aumente com a incorporação dos comprados da Jordânia. Ainda preferiria os F-5FM fazendo conversão para o tipo, e não transição para jato (por isso escrevi que “se” tivesse um jato de treinamento (mesmo… Read more »

Ronaldo

Boa Tarde grifo,olha eu respeito a sua opinião mas precisa sim de novos equipamentos já passou da hora da FAB se modernizar e através de caças de treinamentos os novos pilotos também vão estar mais preparados,os simuladores são importantes mas o que acontece no mundo real é muito mais diferente do que acontece em um simulador e quanto ao custo de horas de vôo,o nosso País é um riquíssimo e tem sim condições sim de arcar com essa dispensas que serão para o garantir a soberania do nosso país! Um país que gasta com tantas coisas que não trazem benefícios… Read more »

Ronaldo

Boa Tarde de novo,pelo que me parece já há uma modernização de aviões de treinamentos da FAB a dos aviões T-27 Tucanos,que na minha opinião já passaram da hora de serem tambem substiruidos por outros tipos de aeronaves mais modernas

grifo

Na minha opinião a FAB não precisa de um jato de treinamento

Opa, leia-se que não precisa de um novo jato de treinamento…

Wolfpack

Bem lembrado Poggio, então podemos optar pelo irmão gêmeo do M-346, o YaK 130 russos e as FREMM francesas.
Melhor ainda 🙂

Antonio M

Na minha opinião, o que fizeram com os F5 e AMX poderia ter sido feito com o Emb326 Xavante. Não foi à toa quando chegaram os Impala sul-africanos, a FAB acabou utilizando-os durante algum tempo devido ao seus recursos como os canhões de 30mm, rwr etc ao invés de simplemente canibalizá-los.

No Brasil até probe de reabastecimento foi instalado em um MB326 e se as células fossem recebendo as modernizações paulatinamente, hoje estariamos operando algo no patamar do MB-339CM enquanto participávamos de algum projeto para seu substituto.

IvanSilverio

Caros, o JF-17 custa ≃ $ 15 milhoes. E tem desempenho muito superiror ao 346 ou T-50 Koreao. Não é uma aeronave feita para testes mas é uma solução para esta transição. O projeto custou $ 500 milhoes, 40 a menos que gastamos para “recauchutar” os tigres. Acho que 1 bilhão é o suficiente para as pesquisas de uma solução própria, ou em parceria com o Chile e Argentina.

http://en.wikipedia.org/wiki/JF-17_Thunder

Phoxdie

Legal mesmo seria o EADS Mako

Valgo

Não sei porque não negociam com os russos?; Sukoys, MIGS,etc.sao bons e preços bem melhores!Seria medo do Tio Sam???

Valgo

Porque não negociam com os Russos? MIGS, Sukoys,etc..Seria medo do Tio Sam????

Carlos Alberto Soares

Cel Nery afirmou enfaticamente:

Lift NÃO.

Roberto Fabiano Noronha

Passou da Hora do Brasil fortalecer a Aeronáutica, estamos totalmente expostos, percecebe-se um movimento mundial para modernizar as suas forças armadas.