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vinheta-perfil-aereoApós o final da Segunda Guerra Mundial o mundo conheceu um período chamado de Guerra Fria, com os Estados Unidos liderando o bloco ocidental de um lado e antiga União Soviética e seus países satélites de outro. Nessa guerra de retóricas e ameaças, onde a capacidade de ataques com armamento nuclear tornou-se a maior preocupação, um importante vetor nuclear era o bombardeio estratégico.

Ocorre que a menor distância entre os principais oponentes, Estados Unidos e União Soviética é pelo Ártico, ao norte dos dois países, assim, um aliado americano, o Canadá, viu-se no meio do caminho entras duas potências nucleares.

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Para fazer frente à ameaça dos bombardeios soviéticos, o governo canadense contratou o desenvolvimento de um dos primeiros interceptadores supersônicos do mundo, o Avro Arrow.

Um novo interceptador

O caça padrão da então Royal Canadian Air Force, o CF-100 Canuck, era um jato bi-reator subsônico, não adequado para enfrentar o bombardeios estratégicos russos. Os requerimentos do governo canadense para o novo jato previam um caça bi-turbina, com velocidade acima de Mach 1,5, asas em delta, grande capacidade de carga de armamentos e maior alcance de combate.

Em meados de 1953 começaram os trabalhos dos engenheiros da Avro para elaborar o projeto técnico do novo caça que pudesse preencher os requisitos demandados pelo governo canadense.

Em outubro de 1957 ocorreu o roll out da aeronave RL-201 e em 25 de março de 1958, em Malton, Ontário, o piloto de testes Janus Zurakowski realizou o primeiro vôo do Arrow.

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Equipado com turbinas Pratt & Whitney J75, com cerca de 16.000 lbs de empuxo e em torno de 24.000 lbs com pós combustão, o novo avião levava dois tripulantes, o piloto e o operador do sistema de armas e incorporou avanços tecnológicos e soluções de engenharia que o fariam o mais avançado caça de sua época.

O Arrow utilizava um precursor do atual fly-by-wire, ao invés de um sistema mecânico, fazia uso de um sistema elétrico que agia sobre os atuadores hidráulicos nas superfícies aerodinâmicas de controle das asas e do leme.

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O novo jato deveria ter um sofisticado sistema de controle de armas e poderia carregar até 6 mísseis ar-ar ou bombas, em um compartimento interno, exatamente com o atual jato americano F-22 Raptor.

Se superasse todas as dificuldades técnicas que envolviam um projeto dessas dimensões, tais como, turbinas mais potentes que poderiam levar o caça a Mach 2, ou então, a conclusão do sistema de radar e controle de armas RCA-Victor ASTRA, que ainda estava em desenvolvimento, o jato tornar-se-ia uma formidável arma contra os bombardeios soviéticos.

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Mas os ventos mudaram e em 1957 o Canadá havia se juntado aos Estados Unidos no NORAD – North American Aerospace Defense Command. Começaram a surgir questionamentos sobre custos e conveniência do projeto. Aparentemente houve pressão, por parte dos americanos, para uma uniformização dos meios e principalmente dos fornecedores de material de defesa para ambos os países.

Assim, em 20 de fevereiro de 1959 foi anunciado o cancelamento do projeto e sob o argumento de proteger a tecnologia militar usada, ordenada a destruição de todos os 6 aviões até então construídos. O final do Arrow causou tristeza e especulações sobre os motivos do cancelamento, uma vez que, embora muitos dos engenheiros fossem europeus, o projeto era uma grande conquista do governo e da indústria do país e sua implementação traria benefícios de maneira exponencial.

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Aqueles foram tempos em que a ameaça nuclear era muito presente e a indústria cinematográfica americana soube explorar isso realizando filmes como “Dr. Fantástico” e “Limite de Segurança”. Nesse último, uma formação de bombardeios americanos, em virtude de uma falha no equipamento de comunicação, ruma para União Soviética para executar o que as tripulações acreditam ser uma ordem de ataque legítima, enquanto o Comando Estratégico Americano tenta de todas as maneiras reverter a situação.

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Muito embora a importância dos bombardeios estratégicos tenha diminuído por conta do advento dos mísseis balísticos intercontinentais (ICBM), ainda hoje, esquadrões de bombardeios mantém posição como lanças estratégicas de forças nucleares. Em 2007, Moscou anunciou a retomada dos vôos de “treinamento” de longo alcance dos Tu-95 e Tu-160 e, em setembro de 2008, dois Blackjacks (Tu-160) cumpriram missão de presença na Venezuela.

Para fazer frente aos jatos atuais os canadenses possuem os CF-18 e os americanos seus esquadrões de F-15 e agora o F-22, esse último repete de certa forma a história do Arrow, implementando novos conceitos e novas tecnologias na defesa aérea.

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TEXTO: Colt

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