Sri Lanka: Rebeldes fazem ataque aéreo à capital

O Exército do Sri Lanka abriu fogo contra aviões suspeitos de pertencer aos rebeldes Tigres Tâmeis, na capital do país, nesta sexta-feira. Segundo informações das forças armadas cingalesas, dois aviões dos rebeldes atacaram Colombo, e um deles foi derrubado.

“Dois aviões vieram, e a operação ainda está em andamento”, disse o porta-voz da força aérea, comandante Janaka Nanayakkara. Testemunhas informaram ter escutado explosões na capital, e há relatos de fontes do governo de que os rebeldes bombardearam o principal escritório do órgão de recolhimento de impostos. Autoridades disseram que 27 pessoas ficaram feridas.

Os ataques acontecem em meio a uma grande ofensiva militar do governo contra a guerrilha dos Tigres de Libertação do Tamil Eelam (LTTE), que luta pela independência de parte do país. Utilizando mais de 50 mil soldados, o Exército avançou sobre áreas antes dominadas pelos rebeldes, cujas forças estariam reduzidas a 2.000 homens, e os confinou em uma estreita faixa de terra nordeste da ilha.

A ofensiva levou ao deslocamento de centenas de milhares de pessoas, a maior parte da minoria étnica tâmil e, segundo fontes locais, estaria matando 40 civis por dia.

Em 2007, os tâmeis lançaram os primeiros ataques aéreos contra as forças do governo, confirmando as suspeitas de que haviam montado uma força de combate com aviões leves adaptados para combate.

Tensão étnica

A tensão que explodiu nos últimos meses entre a maioria cingalesa do Sri Lanka e a minoria tâmil se manifestou de forma clara após a independência do país, em 1948, do domínio britânico. Os Tigres Tâmeis surgiram em 1976, para lutar pela criação de um Estado independente no norte do país, alegando defender o direito das minorias tâmeis diante da opressão de sucessivos governos da maioria cingalesa.

O grupo é acusado pela polícia de ter matado líderes políticos e militares, e utilizou frequentemente homens-bomba durante suas ações.

A guerra aberta entre o grupo e o governo explodiu em 1983 e matou dezenas de milhares de pessoas em duas décadas. Os dois lados assinaram um acordo de cessar-fogo, em fevereiro de 2002, mas a violência intensificou-se em 2006, e o governo recuperou o controle da Província Oriental, em 2007. Em janeiro de 2008, o governo suspendeu oficialmente o cessar-fogo. Segundo o governo, o objetivo é acabar com o grupo rebelde e encerrar a guerra civil no Sri Lanka.

Na quarta-feira (18), o porta-voz do ministério da Defesa, Keheliya Rambukwella, chamou de ridícula uma proposta de trégua feita pela Aliança Nacional Tâmil (PNT), partido tâmil no Parlamento de Colombo. “Adotamos uma política que consiste em erradicar o terrorismo. Não teremos um cessar-fogo com os Tigres da Libertação Tâmil Eelam (LTTE)”, disse então Rambukwella.

Segundo dados do Censo de 2001, naquele ano havia 1,8 milhão de tâmeis no Sri Lanka, 8,5% dos 21 milhões de habitantes do país.

FONTE: Folha online