PAMA-SP: cuidando de um dos itens críticos do F-5M, a refrigeração

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Pode parecer exagero dizer que o sistema de ar-condicionado de um caça como o F-5 modernizado é um item crítico. Mas está longe de ser uma afirmação exagerada. Com a quantidade de eletrônica, novos sistemas aviônicos e computadores embarcados, o sistema de refrigeração é fundamental não apenas para manter o ambiente na cabine pressurizada, mas para resfriar esses sistemas que se aquecem durante o funcionamento.

Por isso, a unidade de refrigeração do F-5, que é revisada pela oficina de pneumáticos do PAMA-SP (Parque de Material Aeronáutico de São Paulo), também teve que acompanhar a evolução do caça, recebendo modernizações. Na foto do alto, pode-se ver uma dessas unidades numa bancada de testes.

Em relação à configuração inicial desse sistema, uma nova e mais poderosa turbina (ou fan) foi instalada. Na foto acima, é fácil ver o cilindro na cor cinza que abriga essa turbina mais potente, bem ao lado de uma caixa mais escura, onde está o trocador de calor.

Mas as modificações não param por aí, pois vale lembrar que o sistema de ar-condicionado do F-5 funciona de maneira integrada à pressurização da cabine e ao fornecimento de oxigênio. Assim, uma nova entrada para o OBOGS (On Board Oxigen Generator Systems – sistema embarcado de geração de oxigênio), que é um novo sistema incorporado ao F-5M, foi instalada na unidade. Nas fotos abaixo, pode-se ver essa nova entrada, ampliada na imagem da direita (a nova conexão do OBOGS é a que tem o conector na cor azul).

Além da nova turbina da unidade de refrigeração, outra modificação foi projetada para aumentar a eficiência do equipamento, que também desumidifica o ar para ajudar no bom funcionamento dos equipamentos eletrônicos: criou-se um sistema em que a água condensada dessa desumidificação é aproveitada para aumentar o poder de resfriamento, sendo direcionada ao trocador de calor por uma nova tubulação. Na foto abaixo, à esquerda, pode-se ver essa nova instalação, identificável pelo conector verde. A foto da direita é de uma carcaça do sistema que equipa os caças F-5F, bipostos. Pode-se ver que há duas grandes saídas de ar, para atender aos dois postos do cockpit.

Para combinar com o tema do ar-condicionado, que no F-5 também tem a ver com o sistema de oxigênio, vamos colocar aqui outro clipe da banda inglesa Sweet (que já fez a trilha sonora de outra matéria desta série e que, como nossos caças F-5 E e F, é um produto original da década de 1970). A pedido do nosso leitor e colaborador de longa data, o Baschera, “Love is like Oxygen”.

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Roberto F Santana

Caro Nunão,
Muito boa matéria, eu sempre quis ver uma foto da unidade de ar condicionado/pressurização de um caça.
Mas tenho uma dúvida, essa unidade OBOGS já está instalada na foto?
Entre o conector azul e o ar sangrado do compressor não existe outra unidade ou coisa parecida?
Caso seja isso, a conversão para o sistema OBOGS parece ser bem simples.

Marcelo

a unidade OBOGS não aparece nestas fotos. Ela é quase tão grande quanto a unidade de ar condicionado vista aqui. Segue um link onde pode ser vistas unidades OBOGS de um fabricante americano:
http://www.cobham.com/about-cobham/mission-systems/about-us/life-support/davenport/products/aviation-oxygen.aspx

Baschera

Grande Nunão…..

Obrigado pela gentileza e pela lembrança !!

Ótima matéria…eu não fazia a mínima idéia de como poderia ser o sistema de ar condicionado/refrigeração de um caça.

Imaginava eu, que era só colocar um daqueles caixotes com o aparelho dentro e girar o botão…….mas como nunca via o caixote para fora do avião….. rsssss…… brincadeirinha 🙂

São itens que nós pouco temos informação … então soltamos a imaginação…..

Agora vou curtir o clipe do Sweet….. bons tempos de infância, quase adolecência…..

Sds.

Roberto F Santana

Caro Marcelo,
Obrigado pela informação, eu imaginava isso.
Interessante que o link que você recomenda tem um pdf específico para o F-5
http://www.cobham.com/media/75385/SYSTEM%20F-5%20OBOGS%20ADV10555.pdf

A aparelhagem´parece ser tão grane quanto à unidade de condicionamento e refrigeração, penso até que seja ou opere de maneira independente da outra.

Justin Case

Tanto a pressurização como o OBOGS necessitam do ar sob alta pressão sangrado do último estágio de compressão dos motores.
No F-5, como em alguns outros aviões, o fornecimento de oxigênio pode ficar crítico em situações de grande altitude, dois pilotos e com a potência dos motores totalmente reduzida.
Para as situações normais de vôo, a demanda de oxigênio é suprida sem problemas pelo sistema.
Por falar nisso, parece que os F-22 tiveram nova ocorrência de problema com o suprimento de oxigênio pelo OBOGS.
Abraços,

Justin

Justin Case

Roberto F Santana disse: 16 de janeiro de 2014 at 9:46 # Boa noite, Roberto. A quantidade de oxigênio nunca foi motivo de preocupação. A autonomia do Mirage III em translado era em torno de 02:45. O consumo de oxigênio varia com as demandas fisiológicas de cada piloto, com a altitude de voo e com o tipo de missão efetuada. Em combate, devido ao esforço e ao estresse, certamente o consumo é maior. O sistema de oxigênio era regularmente reabastecido após cada saída. No entanto, poderiam eventualmente ser realizadas algumas saídas sem reabastecimento. Julgo que, em média, o oxigênio gasoso… Read more »

Guilherme Poggio

A capacidade do sistema, no entanto, não seria suficiente para a autonomia das aeronaves caso estas fossem dotadas de sistema REVO. Verdade caro Justin Case E isto vale para qualquer aeronave sem OBOGS sendo esta a maior vantagem do mesmo sobre as garrafinhas (sem contar o perigo que era manusear e realimentar as garrafas). Lembram daquele missão onde dois AMX cruzaram o país? Parte do voo teve que ser feita não em nível de cruzeiro, mas em uma altitude mais baixa onde não era necessário o uso do oxigênio, economizando o mesmo dessa forma. Também foi fator limitante na Guerra… Read more »

Guilherme Poggio

Caro Roberto F Santana

Eu não saberia informar e imagino que a FAB não tem a menor vontade de fazer isso para não revelar a “verdadeira autonomia” do avião. Quando a garrafinha virar história, quem sabe saberemos os reais valores.

Justin Case

Roberto,

Em aviões que são pressurizados, a “altitude cabine” é bastante inferior à altitude de voo.
A proporção de oxigênio na atmosfera pode ser considerada constante. Se o ar, em qualquer altitude, for pressurizado, a disponibilidade de oxigênio aumentará.
O resultado depende da razão de pressurização mantida em cada avião. No entanto, você pode considerar que a pressurização de um caça pode manter 10.000 pés “de cabine” ao voar a 30.000 pés.
Abraço,

Justin

Justin Case

Amigos,

Sobre os efeitos da hipóxia, quem quiser se aprofundar um pouco:

http://www.mundoaviacaobrasil.com/2011/07/sala-de-aula-entenda-hipoxia-e-suas.html

Abraços,

Justin