MD da Suíça diz que preço máximo do Gripen E/F para o país é fixo
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Declaração surge após uma semana de polêmica nos jornais suíços, nas quais o tema principal foi o custo de implantação de uma linha de montagem do caça na Ruag suíça
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Nesta terça-feira, 27 de março, o ministro da Defesa da Suíça Ueli Maurer defendeu mais uma vez a escolha do caça sueco Gripen pelo Governo Suíço. A declaração foi feita durante uma apresentação à imprensa do sistema de comunicações do Exército, em Schönbühl. Maurer garantiu, segundo o jornal Le Temps, que a fatura do Gripen não explodirá.
O ministro assegurou que a Suíça não vai participar financeiramente dos custos de desenvolvimento dos Gripens suecos, e que os 22 aviões que o Conselho Federal pretende encomendar à Saab não vão custar mais do que 3,1 bilhões de francos suíços. O preço máximo está garantido, embora atualmente exista apenas um protótipo do modelo E/F, disse Maurer. O ministro também disse que seu departamento está negociando questões de atrasos na entrega com a Suécia. Os detalhes serão mostrados em meados do ano, com a apresentação do programa de armamentos.
Maurer também disse que especulações a respeito dos riscos para a Suíça são falsas e que os preços estão fixados. No máximo, eles podem ser afetados pela inflação, mas não é esperada nenhuma surpresa em relação ao contrato global, afirmou o ministro.
A notícia também saiu no jornal suíço Tribune de Genéve, que na semana passada já havia colocado em dúvida em uma matéria a questão dos preços e dos riscos do Gripen, o que repercutiu em diversas outras mídias do país. A alusão do ministro a “especulações falsas” parece ser endereçada a essas notícias da última semana.
Ainda sobre a declaração de terça, o Tribune de Genéve trouxe algumas outras informações a mais que o Le Temps. “Nós compramos um avião de combate a preço garantido”, disse o ministro, visando claramente desmentir riscos de derrapagem financeira na aquisição do Gripen. “O preço máximo será de 3,1 bilhões de francos”.
Maurer ainda disse, segundo o jornal, que as novas aeronaves poderiam custar ainda menos: “Estamos em negociação com o Governo Sueco para reduzir os custos operacionais ao mínimo.” O ministro destacou, por exemplo, que a formação dos pilotos e dos mecânicos será feita na Suécia. Ele espera que o preço final máximo garantido fique ainda abaixo dos 3 bilhões de francos suíços, e desmentiu que a instalação de uma linha de montagem final aumentaria os custos: “Isso está incluído nos 3,1 bilhões. Isso estava incluído em todas as opções de compra. Devemos ter a capacidade de reparar até os menores defeitos técnicos.” Por fim, ele disse que o Gripen não foi escolhido para favorecer a empresa suíça Ruag.
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O custo da produção local, motivo de discussão na mídia suíça
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As declarações fazem mais sentido quando se lê a reportagem de 21 de março do mesmo jornal, que dizia trazer informações exclusivas a respeito da compra. A reportagem repercutiu numa TV suíça (SFTV) e em outros jornais com versões publicadas em francês (24 heures) e alemão (Tages Anzeiger). Na reportagem do dia 21, o Tribune de Genéve dizia que o preço dos 22 caças Gripen havia caído para 2,2 bilhões de francos suíços, e ainda fazia piada com os suecos, por gostarem de coisas simplificadas como contas redondas: 100 milhões por aeronave.
Apesar de deixar claro que o preço havia caído (embora ao ler a notícia, este editor desconfiou de uma redução de 1 bilhão, deixando dúvidas sobre a validade ou o correto entendimento a respeito da fonte não revelada pelo jornal), o que a matéria destacava era um outro custo, que dizia estar fora desse valor: a opção de instalação de uma linha de montagem na Suíça, por 250 milhões de francos, o que serviria basicamente para ajudar a Ruag, empresa aeroespacial do governo – o jornal chegava a dizer que isso seria uma reedição do famoso escândalo do “caso Mirage” de décadas atrás (para saber mais sobre o assunto, clique aqui para matéria exclusiva do Poder Aéreo). A Ruag também seria a principal beneficiária das compensações oferecidas no contrato, entre 1,7 e 2 bilhões de francos.
O jornal procurou mostrar que essa instalação da linha de montagem na Suíça de forma a beneficiar a Ruag, encontra resistências no país. Também destacou que a Suécia só pretende começar sua própria produção das versões E/F do Gripen a partir de 202o, enquanto a Suíça pretende ter os seus produzidos por volta de 2015/2016, e assim acabaria inaugurando a linha de produção dessa nova geração do caça – o que seria um risco, na visão do jornal.
Porém, o ministro procurou deixar claro na terça-feira que o valor da instalação da linha de montagem já está incluído no pacote, assim como estava nas outras opções. Será que o jornal teve acesso a algum documento em que os custos estavam mostrados separadamente? Será que por isso entendeu o preço baixando para 2,2 bilhões e o custo da linha de montagem como um opcional de 250 milhões? Questões que, para serem respondidas, talvez tenham que esperar pelo detalhamento dos planos suíços de armamento, prometidos para divulgação em meados deste ano – mas chama a atenção como esse assunto é “quente” nos jornais locais, levando o ministro da Defesa a responder constantemente aos questionamentos, até mesmo em programas de debates na TV (clique aqui para acessar matéria anterior a respeito).
FONTES: informações compiladas, traduzidas, adaptadas e editadas a partir de notícias dos jornais Le Temps e Tribune de Genéve, tendo sido também consultados os sites da SFTV, 24 heures e Tages Anzeiger
FOTOS: Saab
Colaborou: DrCockroach
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Prezado Nunao, juntar varias materias isoladas e parciais e coloca-las num unico coerente pedaco nao eh facil nao, parabens!
Bom saber que tal como foi oferecido ao Brasil, a Suica tb recebeu e aprovou uma proposta de “preco fixo” (nao eh “custo fixo”, que eh outra coisa…). Interessante notar a data das primeiras entregas ser de 2016/2017, o que nao seria mah.
[]s!
Mais uma excelente compilação do Nunão, não é a tôa que o que sai aqui no Poder Aéreo é usado como fonte em todo o mundo.
Olá,
Não me pareçe viavel a montagem de uma linha pelo numero baixissimo de unidades(consegue ser menor que o do Brasil), o certo seria montar direto na fabrica dos C/D, mas o numero total de unidades ainda é uma incognita e sem duvida será muito baixo mesmo com um hipotetico pedido da Suecia(que ainda não ocorreu) já que eles estão reformando A/B para o padrão C/D de toda forma a demanda de E/F será muito baixa, pelo menos por agora….
Abraços,
Pelo menos o JAS-39E/F Gripen NG tem um horizonte produção pela frente, pois esta encomenda suiça é referente a substituição parcial de seus F-5E/F.
E os suiços ainda tem mais alguns F-5, p/ substituir.
Já a linha de Le Jaca, c/ 100 das 180 células contratadas entregues, teria entre 7 e 6 meses de vida pela frente.
As Jacas indianas não podem ajudá-los, pois ainda estão anos no futuro, se houver, assim como as cada vez mais incertas encomendas brasileira e dos UAE.
“Já a linha de Le Jaca, c/ 100 das 180 células contratadas entregues, teria entre 7 e 6 meses de vida pela frente.”
Maurício, só uma observação, supondo que com “Le Jaca” você esteja se referindo ao Rafale:
Creio que vc talvez tenha trocado anos por meses – a cadência de produção do Rafale, atualmente (é claro, pode ser aumentada) é de 11 células anuais, se não estou enganado. Seriam uns sete anos para entregar 80 células, nesse ritmo, e não sete meses.
Custos fixos não existem! Inflação e cambio são os elementos principais. Um pode subir e outro baixar, mas se houver custos financeiros alguém vai ter pagar a diferença.
Como a Suecia e a Suíça vão muito bem, neste mar de crise braba na Europa, talvez haja pouca variação no preço do caça.
Ricardo,
Pelo que tenho lido o que é fixo é o preço e não o custo.
Se o custo subir fica por conta do fabricante.
Ivan, boa noite.
Se o custo subir, o dinheiro para cumprir o compromisso vai sair da conta pessoal dos diretores da Saab? Ou quem sabe, o Governo sueco vai aumentar os impostos para pagar? Ou ainda, a SAAB vai pedir aos acionistas para investirem mais na empresa para tirá-la do vermelho? Ou vão cobrar mais caro do Brasil para compensar?
Qual é o plano B?
Abraço,
Justin
Caro Ivan, Eu não levo muito a serio esta história de custo ou preço fixo. Tanto quanto não levo aquela dos franceses pagarem a parte da hora vôo do Rafale que excedesse 9 mil dólares. O que pode ser estabelecido são mecanismos de redução do risco financeiro inerente. E para os dois países isto é relativamente fácil vista estarem fora do euro. O tal plano B simplesmente não vai existire face dos dois governos estarem muito bem financeiramente. O resto é jogo de platéia. Os suíços sabem que fizeram um excelente negocio, o que falta é o Brasil também entrar… Read more »
Ou quem sabe, o Governo sueco vai aumentar os impostos para pagar?
Caro Justin Case, isto mesmo, o governo sueco vai pagar. Se vai precisar aumentar impostos para isto eu não sei.
AGORA o tal Gripen DEMO que era apenas um demonstrador do “novo Gripen NG oferecido no FX-2” virou OFICIALMENTE o protótipo do Gripen E/F do F-X suíço ???
Que a Suíça não vai financiar o NG para a Suécia apesar de recebê-lo pelo menos 5 anos ANTES da Suécia… Que só o quer apartir de 2020.
E que o Demonstrador (que agora foi promovido a Protótipo) foi re-denominado de Gripen NG E/F…..
Tem gente que é cega mesmo…
Here we go… again! Que tal o link abaixo como exemplo: http://www.dtc.dla.mil/dsbusiness/Info/contracts1.htm Mas deve ter algum erro, o Defense Logistics Agency dos militares americanos nao deve existir, porque eles iniciam comentando o que sao contratos de preco fixo! Eh tudo imaginacao deles… Entao combinamos assim, como a proposta da SAAB contempla 8 anos de carencia, se eles pedirem um ajuste de preco porque o governo Sueco quebrou, nos guardamos os Gripens e nao pagamos nada, tah combinado!? Sai de “gratis”! Nao verdade nao precisamos desta carencia ou financiamento longo, mas se querem garantias. O problema eh se o Rafale repetir… Read more »