Exportações francesas de armas crescem 25% em 2011 – novo avião para 2030?
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Contrato de modernização dos Mirage 2000 indianos é um dos destaques para o crescimento – mas um detalhe interessante na apresentação dos números refere-se a planos para um novo avião de combate em 2030
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Segundo reportagem da Aviation Week, após um ano ruim em 2010 a França conseguiu um incremento de 25% (de 5,1 bilhões de euros para 6,5 bilhões) na exportação de armamentos ao final de 2011, mantendo-se no quarto lugar entre os maiores exportadores do setor – EUA, Reino Unido e Rússia. A DGA, agência francesa responsável por armamentos, estima que esses quatro exportadores são responsáveis por 90% do mercado, embora novos competidores estejam entrando devido à diminuição dos orçamentos dos EUA e da Europa, como é o caso da China e da Coreia do Sul.
Os números das exportações de armamentos franceses, porém, estão longe do desempenho alcançado em 2009, que foi de 8,2 bilhões de euros. Dentre os destaques nas exportações de 2011, estão o contrato de modernização de caças Mirage 2000 para a Índia, a venda de navios de assalto anfíbio da classe Mistral para a Rússia e de veículos blindados para a Arábia Saudita (nota do editor: como ainda está em negociação, o contrato do Rafale para a Índia deverá impactar, quando concretizado, os números de 2012).
Sobre o investimento da DGA na economia francesa em 2011, este foi de 10,7 bilhões de euros, o que inclui 724 milhões em pesquisa. Esse valor é 4,2% mais alto que o de 2010. O orçamento de 2011 em “Operações Urgentes” (referentes a demandas de sistemas e desenvolvimentos de tecnologia urgentes) foi baixo, apesar da intervenção na Líbia. A DGA atribui esse decréscimo ao planejamento que antecipou futuras necessidades operacionais. Das 17 demandas do gênero em 2011, que totalizaram 20 milhões de euros, sete estavam ligadas a operações na Líbia. Em 2010, foram 34 demandas, a um valor de 170 milhões de euros.
Na apresentação dos números de exportações, também falou-se das metas para 2012. Uma delas é a atualização da lei de programação militar francesa, quatro anos após sua publicação, o que também está relacionado a discussões sobre o “Livro Branco de Defesa” de 2007. A lei deverá ser atualizada para incluir o projeto franco-inglês de um drone de média altitude e grande autonomia, o planejamento para uma nova geração de avião de combate para estar operacional em 2030, e capacidades reforçadas em inteligência, vigilância e reconhecimento.
FONTE: Aviation Week (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)
IMAGENS: Dassault
NOTA DO EDITOR:será que essa “nova geração de avião de combate para estar operacional em 2030” estaria relacionada ao atual demonstrador de aeronave não pilotada de combate, o Neuron? Em entrevista recente do CEO da Dassault, Charles Edelstenne, este afirmou que o Neuron (cujo apelo de marketing da sigla traz a grafia nEUROn), é um “projeto laboratório com dois objetivos: primeiro, o desenvolvimento de tecnologias furtivas, para o transporte cargas bélicas em baias, para o voo automático… para uma plataforma do tamanho de um Mirage 2000; mas também visa à cooperação europeia na inovação, com a seleção de cinco parceiros europeus (Saab, Alenia, EADS-Casa e Ruag e HAI) escolhidos por suas principais competências e cada um apoiado financeiramente, em princípio, pelos seu Estado.” Veja entre os links mais abaixo a entrevista, que também fala do drone franco-britânico citado no texto acima, assim como outras matérias sobre o Neuron já publicadas no Poder Aéreo.
VEJA TAMBÉM:
- Neuron UCAV Stealth
- Apresentação oficial do UCAV nEUROn
- Entrevista com o CEO da Dassault, Charles Edelstenne
- Dassault entregou 6 caças Rafale no primeiro semestre de 2011
- Neuron ganha asas
- Saab faz o ‘rollout’ da fuselagem do UCAV nEUROn
- Vimos o Neuron de perto
- Demonstrador do futuro pós-Rafale, versão UCAV
Recentemente, Inglaterra e França assinaram um acordo para desenvolverem um UAV de combate. Com certeza esse UAV receberá influência do NeuroN e Taranis. E quem sabe este poderá servir de base para um caça sucessor do Rafale e Typhoon. O que eles não podem mais fazer é cometer o erro de cada um fazer o “seu caça”, ao invés de fazerem um caça em conjunto.
[]’s
Falando em aeronaves não tripuladas…
Quando começou essa onda, o Brasil foi um dos primeiros países a desenvolver o seu, inclusive com motor nacional, mas …
Acho que seria interessante seguir a idéia da Boeing com o projeto de 6a geração e fazer 2 versões uma pilotada e uma não pilotada. Ou até uma versão só, que seja opcionalmente pilotada, para as missões ar-ar e dogfight, que computador nenhum se mostrou capaz de assumir (e o Japão realizou um estudo para o shinshin que teve como resultado que uma AI dessas não estaria pronta nem em 2030, e se o Japão falou isso de AI, então né?…)
Nick,
se der certo o acordo UK-França, o próximo avião de combate europeu será único. Potências militares menores como a Alemanha, Itália e Espanha terão que se alinhar com os 2 países militarmente mais importantes da Europa. E a Suécia? sei lá! espero que se alinhe também, mas politicamente não faz diferença.
Bem, lá se vai mais um argumento dos ANTI-Rafale…
Se o Brasil adotar o Rafale, teremos duas opções para participar de programa de desenvolvimento de caça de 5ª geração:
O PAK-FA indiano junto com a Rússia…
E agora a POSSIBILIDADE de um programa francês, desde o início, uma alternativa que antes não existia.
Gilberto,
não se esqueça do KF-X (Coria do Sul) e do TF-X (Turquia).
Caro Marcelo,
É bem provável que a SAAB se junte à esse grupo. Faria sentido todos esses países formarem um consórcio único. O duro vai ser administrar o grupo, já que cada um vai querer puxar a “sardinha” pro seu lado.
[]’s
Nick,
Se o avião de combate for um descendente do demonstrador Neuron (que existe justamente para demonstrar uma nova geração de aeronave de combate), nem é questão de se juntar ao grupo, e sim de não deixá-lo.
A Dassault é a principal contratante, mas além da Saab da Suécia tem a Alenia Aermacchi da Itália, a Ruag da Suíça, a Eads/Casa da Espanha e a HAI da Grécia.
é isso mesmo Nunão! Mas nesse caso, a UK precisaria entrar no grupo do Neuron, que é liderado pela Dassault. Foi essa rusga que fez a França abandonar o EFA décadas atrás. Sabe isso é muito engraçado, é cultural mesmo. Estava assistindo ontem um programa inglês no Speed (corridas) que eles sacaneavam mesmo um piloto francês dizendo que era comedor de cebola e alho!!! O contrário também é verdadeiro. A guerra dos cem anos ficou entranhada na memória coletiva deles e vai ser duro quebrar essa barreira cultural. Para o bem da Europa, que eu admiro muito (todos os países,… Read more »
OFF-TOPIC: Aliás, alguém assistiu Millenium? Se passa na Suécia e é muito bom o filme! É baseado em um romance sueco best-seller.
Pra mim o próximo caça da França será “Made in USA”…
e para mim o próximo caça da Royal Navy vai ser “fabriqué en France”. Segue link:
http://www.defense-aerospace.com/cgi-bin/client/modele.pl?shop=dae&modele=feature&prod=132961&cat=5
abraços.