Tudo que você sempre quis saber sobre o ‘F-X’ do Japão…
…mas tinha medo de perguntar e só encontrar respostas em caracteres japoneses
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Felizmente o jornal japonês Mainichi Daily News, que publicou uma reportagem sobre o assunto na segunda-feira, 10 de outubro, tem uma versão em inglês. A matéria que o Poder Aéreo traduziu para seus leitores busca responder, basicamente, por que o Japão está comprando novos caças e quem irá construí-los. As respostas foram dadas por Hirohiko Sakaguchi, do departamento de notícias políticas.
É verdade que o Governo Japonês planeja comprar novos caças a jato?
Sim. O Governo Japonês estará escolhendo seu próximo principal modelo de caça a jato para a frota da ASDF (Air Self-Defense Force – Força Aérea de Auto Defesa) por volta do final do ano. Já foram submetidas ao Ministério da Defesa do Japão as propostas de um grupo de nove países, que incluem a Inglaterra e os Estados Unidos, que estão desenvolvendo conjuntamente o F-35, assim como de um grupo norte-americano que oferece o F/A-18, e um grupo de quatro países europeus que desenvolveram o Eurofighter. Como não é incomum que caças a jato custem 10 bilhões de ienes cada (aproximadamente 130 milhões de dólares ou 230 milhões de reais), os três grupos estão envolvidos numa dura competição.
Por que o Governo está adquirindo novos caças a jato?
Dentre os caças F-4, F-15 e F-2 operados pela ASDF, os F-4 estão se deteriorando e aguardam substituição. A força começou a introduzir os F-4 em 1973 . Uma razão extra para a atualização é manter a competitividade entre as capacidades aéreas dos países vizinhos, que estão sendo expandidas. Voos de teste de caças de quinta geração, com avançadas capacidades furtivas, foram conduzidos pela Rússia e pela China em janeiro de 2010 e janeiro de 2011, respectivamente. O Ministério da Defesa do Japão espera alocar 55,1 bilhões de ienes do orçamento do ano fiscal de 2012 para a compra de quatro jatos e adquirir, posteriormente, um total aproximado de 40 aeronaves (o valor de 55,1 bilhões de ienes corresponde, aproximadamente, a 717,6 milhões de dólares ou 1,27 bilhão de reais).
Como será selecionado o novo modelo?
O Ministério da Defesa vai avaliar as propostas submetidas pelas empresas fabricantes dos caças, numa avaliação baseada no desempenho dos jatos, custos que incluem gastos com manutenção, se empresas domésticas tomarão parte ou não da produção, além de apoio pós-entrega. Cada categoria vai pontuar num sistema em que o caça com o maior número de pontos será selecionado.
Quais especulações já têm sido feitas?
Acredita-se que o F-35, que é o único caça a jato de quinta geração entre as três opções, seja o líder da disputa. Porém, devido a atrasos no seu desenvolvimento, é possível que ele não esteja pronto até o ano fiscal de 2016, data que vem sendo perseguida pelo Ministério da Defesa para a introdução do jato no inventário. Os outros dois modelos são um pouco mais velhos, mas são opções atrativas porque já estão em serviço e são mais baratos que o F-35.
Existe, também, a possibilidade de que os desenvolvedores do F-35 Lightning II dos Estados Unidos não permitam a produção sob licença do jato, com o objetivo de proteger segredos militares. Os outros dois grupos, por outro lado, já ofereceram a permissão de produção sob licença no Japão, o que teria um efeito positivo para a indústria japonesa. Porém, há preocupações de que o F-18 seja muito velho, e que o emprego dos Eurofighter Typhoon criaria problemas na colaboração da ASDF com as Forças Armadas dos EUA.
Há fabricantes japoneses desenvolvendo caças a jato?
Para dispersar os custos de desenvolvimento de caças a jato de desempenho cada vez maior, é comum que grupos multinacionais colaborem no desenvolvimento e produção. Uma empresa japonesa, sozinha, nunca poderia competir com grupos desse tipo, tanto em custo quanto em tecnologia.
Além disso, devido aos Três Princípios de Exportação de Armamentos, o Japão não pode participar em desenvolvimentos colaborativos que necessitariam do transporte, para outros países, de partes de armas produzidas no Japão. O Governo está deliberando sobre uma possível revisão dos Três Princípios, mas há grande resistência daqueles que argumentam que a revisão dos Três Princípios “vai contra a filosofia básica de uma nação pacífica.”
FONTE: The Mainichi Daily News (tradução. adaptação e edição da versão em inglês: Poder Aéreo)
FOTOS (por ordem de citação na matéria): jsf.mil, Boeing e Eurofighter
OBS: para quem quiser conferir o original em caracteres japoneses, basta clicar aqui para ler a versão completa, da qual usamos um pequeno trecho para ilustrar o alto desta matéria.
Se o F-18 E/F está aí para substituir o F-4 e tapar buraco, por que a Boeing não ofereceu uma versão mais moderna do F-15, que o Japão já opera?
Almeida disse: 11 de outubro de 2011 às 5:28 “Se o F-18 E/F está aí para substituir o F-4 e tapar buraco, por que a Boeing não ofereceu uma versão mais moderna do F-15, que o Japão já opera?” Almeida, creio que possa haver ao menos duas respostas ao seu questionamento: 1. A Boeing não quer mais oferecer o F-15. Por algum motivo comercial relevante não compensa mais para ela negociá-lo; muito possivelmente porque o F-15 é um modelo velho, com um custo de produção altíssimo, que não compensa para a Boeing no custo-benefício. 2. A JASDF não tem interesse… Read more »
Se a LM oferecer entre os OffSets, produção local e alguns sistemas produzidos por indústria japonesas, já levou.
[]’s
Acredito que nessa, o F-35 leve com certa facilidade. O Typhoon está aí só como figurante…a Dassault decidiu nem participar, pois só ia gastar dinheiro à toa.
Aviões, sejam militares sejam civils, partem do principio da teoria da adminstraçao da produçao, mais especificamente do que se refere a layout: Posiçao Fixa devido ao peso e dimensões do produto. Nao é como uma linha de produçao que cada empregado se extende por km enquanto as peças de um F/A-18 passam e depois simplismente peças de um F-15E começam a passar e um novo produto tomar forma. Esse tipo de layout incarreta diversos problemas como imenso investimento financeiro e baixa variedade de produto, apesar de possibilitar uma certa customizaçao do mesmo produto. A Boeing está oferecendo o F/A-18 pq… Read more »
Belos comentários Vader e Storm Rider!
Abraço!
O Super Hornet é mais novo que o Eurofighter
Cadê o lobby francês? Ou estão tão bem, com tantas encomendas que se deram ao luxo de não querer participar dessa concorrência?
Antonio M disse
Cadê o lobby francês? Ou estão tão bem, com tantas encomendas que se deram ao luxo de não querer participar dessa concorrência?
eis a resposta para esta pergunta
http://www.aereo.jor.br/2011/09/05/f-35-e-carta-marcada-no-japao/
A bola da vez é o F-35A Lightning II, o único caça de 5ª geração disponível para venda no mercado internacional. Entretanto há algumas dificuldades para ser incorporado de imediato na Força Aérea de Autodefesa do Japão, tais como: a) Prazo limite “para a introdução do jato no inventário” japonês é 2016; b) Fabricação de partes e montagem do FX no Japão; c) Abertura de tecnologias sensíveis para customização. Se estes pontos não forem solicionados (e não vejo empenho nos EUA para tanto) os japoneses podem optar por uma aeronave de geração inferior que seria nada mais, nada menos, que… Read more »
Montar uma linha de produção para apenas 40 (quarenta) unidades de Typhoons ou Super Hornets não me parece muito racional.
E o que dizer de 36?
Guilherme Poggio disse:
11 de outubro de 2011 às 12:08
“…A Dassault Aviation, fabricante francesa do caça Rafale, se recusou a participar porque não queria fazer o papel de figurante, segundo Stephane Fort, porta-voz. ..”
Ahhhhhhh bom!!! Pensei que o “super devorador de F22 – 4.9 generation” francês não fosse páreo frente às características do F35. rsrsrsr!!!!
Grato ……
O consórcio do Eurofighter Typhoon só vai gastar tempo e dinheiro aí. O Japão, assim como a Coréia, nunca irão selecionar caças de origem não americana. NO maáximo desenvolver projetos locais com forte uso de tecnologia dos EUA.
Poggio, Respondendo sua questão: “E o que dizer de 36?” O futuro da Força Aérea de Autodefesa do Japão é um caça de 5ª geração em quantidade razoável, entre 150 e 200 vetores. Provavelmente será o F-35AJ Lightning II, pois é improvável que a Boeing lance seu ADF antes de 2025. Assim sendo, qualquer coisa inferior à 5ª geração será para cobrir um gap operacional, um “tampax” de país rico, limitada certamente à encomenda original de 4 (quatro) dezenas. O futuro da Força Aérea Brasileira, na minha visão, seria dispor de uma base ampla de caças de 4ª (4,5 plus… Read more »
Marcelo, (11 de outubro de 2011 às 12:56) Até onde sei o Japão, através da Kawasaki Heavy Industries e Japan Defense Agency modificou o AW-101 Merlin da AgustaWestland, produzindo 14 MCH-101 e depois mais 12 unidades, no total de 26. Sem falar nos (poucos) EC-225 para a Japan Coast Guard. Na Coreia do Sul é interessante observa o KAI Surion, projetado com apoio da Eurocopter, um helicóptero que reune várias características do Puma com motorização do BlackHawk. Evidentemente a primeira opção do Japão e da Coreia do Sul é por armamento americano, afinal são eles que estão dispostos a lutar… Read more »
Sim, estou ciente destes programas de helicópteros. No caso da Coréia a parceria é maior, pois é um modelo (semi)novo baseado no Cougar. No Japão é somente fabricação sob licença, não sei qual é o nível de nacionalização (penso que não seja alto). Mas helicópteros são uma coisa e caças de alto desempenho são outra…e precisam operar com plena integração com as forças americanas, por isso nesse caso, e devido ao PAK-FA e J-20, o F-35 vai levar. Se eu pudesse decidir escolheria a versão F-35C, com mais alcance.
Os japoneses tiveram suas pretenções em adquirir o F-22, seu objeto de desejo, contrariadas. E isso não caiu mto bem, perante o governo, as ffaa e a indústria. Há um certo orgulho nacional ferido, de que foram preteridos pelos americanos, em relação a China PRC. Assim como Taiwan. A escolha do Typhoon seria uma espécie de desagravo, portanto. Ocorre que o F-35B, casa direitinho c/ os novos DDG “porta-algo-mais-que-somente-helicópteros” da JMSDF. Qnto a fabricação de tão poucas células, somente a integração final seria feita no Japão. Há a necessidade em se manterem capacidades na indústria, entre o fim da produção… Read more »