Tornados e Typhoons da RAF, há 70 anos Parte 1
Ontem (26 de setembro), publicamos a matéria “RAF na Líbia: vão-se os Typhoons, ficam os Tornados“, sobre as últimas decisões do Ministério da Defesa do Reino Unido referentes a seus dois principais vetores da RAF (Força Aérea Real Britânica) na atualidade.
É um bom momento, então, para saber que a história desses dois nomes na RAF, “Tornado” e “Typhoon”, vai muito além dos jatos que operaram nos últimos meses sobre a Líbia.
No final dos anos 1930, a empresa Hawker já tinha acumulado uma história de considerável sucesso na produção de caças para a RAF, embora o início tenha sido um tanto desapontador. Seu primeiro caça como Hawker Engineering foi o Woodcock, que voou pela primeira vez em 1923, um protótipo que falhou nas avaliações, sendo profundamente revisto e gerando o Woodcock II, que finalmente conseguiu um modesto contrato de produção (62 exemplares) para a RAF. Vale lembrar, porém, que a história da Hawker pode ser traçada ainda mais para trás quanto ao sucesso de seus caças, pois ela foi a sucessora da Sopwith Aviation, cujo caças Triplane, Camel e Snipe foram ícones da Primeira Guerra Mundial e do imediato pós-guerra.
Mas voltando à Hawker Engineering, o design de caças da empresa nas décadas de 1920 e 1930 foi se impondo, e novos ícones surgiram, como os biplanos Fury (primeiro caça a atingir mais de 200 milhas por hora – 322km/h), Osprey e Nimrod (caças embarcados bipostos e monopostos) e Demon (primeiro caça biposto introduzido na RAF desde a Primeira Guerra).
Em meados dos anos 1930, voou o maior de todos esses ícones, o Hurricane, que foi o grande cavalo de batalha da RAF nos dois primeiros anos da Segunda Guerra Mundial (e serviu até o final do conflito). O Hurricane respondeu pela maior quantidade de caças britânicos disponíveis na Batalha da Inglaterra (1940) até ser sobrepujado de vez, na primeira linha, pelo Supermarine Spitfire.
–
O Hawker Tornado
–
O nome Tornado batizou o caça seguinte a ser desenvolvido pela Hawker (à parte o Hotspur, biposto com asas de Hurricane que disputou contrato com o Boulton Paul Defiant, sendo até mais rápido que este). Tratava-se de um novo projeto, para atender à especificação F.18/37 para um interceptador monoposto, que poderia ser equipado com dois tipos de motores, um deles o Rolls Royce Vulture (basicamente a união de dois motores V12 Peregrine V gerando um 24 cilindros em X), sendo denomidado o “Tipo R”.
O protótipo equipado com o Vulture II, de 1760hp, recebeu o nome de Tornado, e voou pela primeira vez em 6 de outubro de 1939 (quase 72 anos atrás), tendo seu radiador instalado na posição ventral, como o Hurricane. O caça poderia ser armado com nada menos que 12 metralhadoras 7,7mm nas grossas asas ou quatro canhões de 20mm. Os canhões foram testados no segundo protótipo, que voou em 5 de dezembro de 1940, já com o radiador deslocado para sob o motor, no “queixo”.
Uma linha de montagem começou a ser instalada na Avro, e o modelo de produção deveria receber um motor ainda mais potente, o Vulture V de 1980hp. Com essa motorização, o caça de peso carregado de 4.839 kg, envergadura de 12,77m e comprimento de 10m podia atingir 640km/h a 7.010m de altitude, um desempenho competitivo para o primeiro ano da década de 1940. Porém, o motor Vulture estava sofrendo problemas diversos de desenvolvimento numa época em que o motor Merlin era a prioridade absoluta, o que levou a Rolls Royce a abandonar esse motor em X.
Assim, o primeiro lote de produção do Tornado (201 unidades) foi cancelado e apenas uma aeronave de produção voou, em 29 de agosto de 1941, assim como um terceiro protótipo, que voou em 23 de outubro daquele ano equipado com um motor radial de 18 cilindros Bristol Centaurus, de 2.210hp.
Na próxima parte, conheça o outro modelo desenvolvido pela Hawker para a especificação F.18/37 , o Typhoon, que ao contrário do seu “irmão” Tornado foi produzido em quantidade e operado pela RAF na Segunda Guerra Mundial.
Boa matéria.
Aguardando sobre o Typhonn, que no IL-2 é bem temperamental de se voar.
A 1ª foto é de um Tempest V, não é de um Typhoon
Prezado Franco Ferreira.
É um Typhonn.
Vê-se isso pelo contorno do leme, a hélice tripá, os longos canos dos canhões, além dessa famosa foto original em cores da hépoca.
http://en.wikipedia.org/wiki/Hawker_Typhoon
Obs.As últimas séries usaram as cabines bolhas.
Digo: época
É um Tempest V. Sugestão ao Autor: Não tira a foto… É da melhor qualidade!!! Explicação: Em http://www.aviastar.org/air/england/hawker_tempest.php, “THE TEMPEST V PROTOTYPE FIRST FLEW ON 2 SEPTEMBER 1942, AND THE FIRST PRODUCTION AIRCRAFT APPEARED ON 25 JUNE 1943; THIS VERSION WAS CHOSEN WITH THE SABRE II, A WELL-TRIED POWER UNIT AVAILABLE IN QUANTITY. The Tempest V first entered RAF service in April 1944, and was the only version to be used operationally during World War II. Early utilization was largely in the train-busting role, but their high speed made them an ideal interceptor of V-1 flying-bombs, which were launched against… Read more »
Caro amigo Franco,
Fiquei intrigado sua veemente afirmação.
O que faz você ter tanta certeza?
A foto não lhe é uma evidência?
Sugestão ao autor: Coloque uma foto de perfil de um Tempest V.
Uma caracteristica única no Typhoon(exeção P-39) era sua porta “tipo automóvel”, os Tempest já não usavam esse tipo.
Observar bem a foto.
“(…)The Tempest V first entered RAF service in April 1944, and was the only version to be used operationally during World War II.”
A frase pode ter causado alguma confusão.
Vale lembrar que tanto o Vulture, Typhoon e Tempest eram modelos completamente, ou quase completamente, distintos.
Muitas vezes com seu desenvolvimento foi de forma quase que paralela.
A foto é de um Typhoon mesmo. Apesar dos primeiros Tempest terem saído com os canos dos canhões protuberantes, a hélice tripá e a deriva curta indicam ser um Typhoon, como o Roberto F. Santana disse.
Oiaahhhh
Gostei dessa discusão….
Isso sim é muito bom e é uma pena que no Poder Naval nunca chegou-se a esse nivel.
Amanhã e depois de amanhã, nas partes 2 e 3 desta matéria, vocês poderão ver mais fotos do Typhoon e tirar qualquer dúvida. O Tempeste não faz parte dessa série, e justamente por isso escolhi uma foto de um Typhoon para abrir a matéria . Franco, concordo que a foto colorida é muito boa, por isso mesmo foi escolhida. Mas, pelo exposto pelos colegas aí em cima, é um Typhoon, não um Tempest. Qualquer dúvida não solucionada com a porta “de carro” do canopi (embora os Typhoons depois recebessem o canopi em bolha), a deriva mais reta, os canos dos… Read more »
Em tempo, O capô do motor (e principalmente no caso de Typhoons com canopi em bolha) acaba gerando a confusão talvez na identificação de perfil do Typhoon e do Tempest, justamente porque o TempestV foi uma medida de urgência, em que se adaptou a instalação do motor Sabre IIA do Typhoon no Tempest, gerando o modelo V. Lembrar que a especificação que gerou o Tempest é outra, a F.10/41, que apesar de ter seu design partindo do Typhoon, acabou gerando outro avião, com muitas diferenças – a maior delas a asa, muito mais fina e semi elíptica. Além da fuselagem… Read more »
Roberto F Santana disse: 27 de setembro de 2011 às 11:40 “Caro amigo Franco, Fiquei intrigado sua veemente afirmação”. Meu companheiro; Foi uma cópia exata da SUA afirmação lançada às 10:38, quando: Roberto F Santana disse: 27 de setembro de 2011 às 10:38, “Prezado Franco Ferreira. É um Typhonn”. Depois, às 11:44, Você “matou a cobra e mostrou o pau!” Nenhum Tempest teve “porta” para a cabine. Ao Autor-Editor – Talvez, quem sabe, u’a matéria sobre o Tempest V nomeado “Le Grand Cirque” e operado por Pierre Clostermman na IIGG. Aos outros leitores – Por favor, desconsiderem a minha afirmação… Read more »
Tudo bem Franco.
Não vamos fazer um “Tempest” num copo d’água.
Franco,
Acho que você farejou bem agora: pretendo fazer outras matérias mais pra frente a respeito do Clostermann.
Porque nessa série de três (embora não tratem do Tempest) o Clostermann já vai entrar – aguarde depois de amanhã…
Saudações!
Ehehehe, Roberto. Tempest num copo d´água foi boa…
Franco, sem querer ser chato (mas já sendo), só uma pequena correção: “Le Grand Cirque” era o nome do livro do Clostermann. O avião era o “Le Grand Charles”, se não me engano.
Abraços a todos!
Esse é simplesmente o melhor livro que eu já li de um piloto daquele conflito. A edição em português disponível é bem antiga, dos anos 60, lançada com uma série de livros sobre a Segunda Guerra pela editora Flamboyant. Existem alguns dados que eu julgo serem erros de tradução pela editora, mas o texto em si é hipnotizante, daqueles livros que dá vontade de ler de uma tirada só.
Existe para vender uma edição expandida e corrigia pelo próprio autor, disponível no site Amazon, mas é em inglês.
Já que o Cláudio Lucchesi está publicando livros estrangeiros traduzidos, bem que ele poderia trazer este, com certeza seria um best seler.
Clésio, Outros livros de memórias de pilotos da mesma época que eu li, publicados pela Flamboyant, são “A grande caça” de Heinz Knoke (creio que já trocamos comentários a respeito dele), “Piloto de Stuka” de Hans-Ulrich Rudel, “A última rajada”, de Peter Henn, “Minha vida e meus voos” de Ernst Udet e “Os primeiros e os últimos ases de Messerchmitt”, de Adolf Galland – este último a C&R Editorial republicou no Brasil, recentemente. Todos têm problemas de tradução, coisa que dá pra perdoar pela época e pelo original em geral ser em alemão ou às vezes já é a conversão… Read more »
Eu tenho os 3 livros do Clostermann, o do Galland e o do Knoke.
Esse vai ser o nome do FX-? no Brasil “TEM PESTE” cabra ruim do c@#@#$ kakakakakaa
É, Zé.
Tem Peste sim, hehehe.
É a Peste Barrigônica, onde a barriga vai ficando cada vez maior e empurra o F-X? cada vez mais pra frente!
E tem a Peste Putônica, que é o estado de espírito de quem fica esperando uma decisão há mais de 10 anos.