Indonésia vai às compras no deserto do Arizona, em busca de 30 caças F-16

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Segundo reportagem do Strait Times, oficiais da Força Aérea da Indonésia deverão, em breve, ir às compras no deserto do Arizona (EUA), para adquirir dois esquadrões de caças F-16C/D usados e preservados no “cemitério de aviões” norte-americano. O objetivo é reforçar as precárias defesas aéreas do país, que hoje somam apenas 10 velhos F-16 A/B (seis deles em condições de voo) e um número similar de caças russos Su-27SKM e Su-30MK adquiridos nos últimos sete anos.

Um total de 30 caças F-16 C/D estocados no deserto deverão ser adquiridos sem custo, sendo que seis deles serão canibalizados para gerar peças sobressalentes. Mas haverá custo para colocá-los em condições de operação: os indonésios esperam gastar entre 400 e 600 milhões de dólares para equipar os caças com aviônicos avançados e armamentos, além de comprar 28 motores Pratt and Whitney.

Dado o limitado orçamento de defesa da Indonésia, provavelmente a compra dessas aeronaves de segunda-mão será a melhor opção no momento.  Esses caças F-16 serviram na Força Aérea e Guarda Aérea Nacional dos Estados Unidos.

Isso porque o orçamento de defesa da Indonésia provavelmente vai continuar limitado a pouco mais de 1% do produto interno bruto (PIB). Como comparação, os gastos em defesa de Cingapura, entre este e o próximo ano, devem chegar a 4,55 do PIB, e os da Malásia, a 2,5%.

Recentemente, o presidente indonésio Susilo Bambang Yudhoyono autorizou um gasto de defesa de 11 bilhões de dólares entre o ano passado e 2014, dois terços dos quais dedicados a novos equipamentos. Porém, como o processo de aprovação da venda dos F-16 ainda está sendo encaminhado no Congresso dos EUA, o Parlamento da Indonésia está brecando o acordo até que se convença de que o Ministério da Defesa não vai deixar os EUA como único fornecedor de material militar. Isso porque foi adotado, na Indonésia, uma política de diversificação após um embargo dos Estados Unidos que durou de 1992 a 2005, devido aos acontecimentos violentos no Timor Leste.

Questiona-se o porquê de não se priorizar aeronaves de reconhecimento marítimo, navios-patrulha oceânicos e aviões de transporte. Mas a proteção do espaço aéreo de uma nação é uma fonte de orgulho para militares e para um presidente preocupado com a soberania nacional. Afinal, os dois vizinhos da Indonésia citados acima possuem aeronaves como o F-15SG, F-16 C/D (Cingapura, com seis esquadrões) e F/A-18, Su-30 e MiG-29 (Malásia, com um esquadrão de cada tipo).

Os dez F-16 A/B da Indonésia deverão também ser modernizados, e espera-se a compra de mais seis caças russos (o Ministro da Defesa Purnomo Yusgiantoro, no ano passado, chegou a falar na compra de 180 deles, o que não foi levado muito a sério). Apesar dos bimotores russos terem um raio de combate de 3.000 km, o que faz sentido numa nação formada por um arquipélago, eles são caros de manter e a vida útil de seus motores é considerada de apenas metade da atingida pelo motor do F-16.

As entregas dos caças F-16 revitalizados deverá ser iniciada em 2014 e, por volta desse ano, o país já deverá ter adquirido 14 radares extras para seu sistema de alerta antecipado. Para o longo prazo, há o projeto KF-X de um novo caça multitarefa supersônico, a ser desenvolvido conjuntamente pela Indonésia e Coreia do Sul. O bimotor KF-X deverá entrar em serviço em 2025, incorporando capacidades furtivas e um alcance duas vezes maior que o F-16. Conforme um memorando de entendimento assinado no ano passado, a Indonésia comprará 50 caças KF-X e contribuirá com 20% cos custos de desenvolvimento de 4,1 bilhões de dólares.

Mas, para o momento, há problemas mais urgentes a resolver – e o ritmo em que se consegue resolvê-los não dá muitas esperanças de que a modernização da defesa do país será acelerada. Pouco progresso está havendo nos planos de ampliar a frota de 10 aviões de transporte C-130 Hercules, essenciais para mover tropas para regiões de conflito e atender aos frequentes desastres natuais que ocorrem no país. A Indonésia precisa de aproximadamente 14 aeronaves C-130 adicionais, e talvez a Austrália ofereça alguns dos 12 C-130H que ainda possui, e que deverão ser desativados em 2013.  Ao mesmo tempo, o embargo norte-americano afetou os Hercules indonésios, pois o primeiro deles a ser enviado a Oklahoma para revitalização, há um ano, estava com tantos problemas de corrosão que somente o reparo da célula já consumiu todo o orçamento.

FONTE: The Straits Times, via Asia News Network (tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo)

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