Protótipo do ‘Shinshin’, o caça furtivo japonês, deve voar em 2014

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Reportagem da Associated Press que repercutiu em vários jornais e sites nesta terça-feira, 8 de março, diz que autoridades da Força Aérea Japonesa querem que o protótipo do novo caça furtivo japonês, o “Shinshin”, fique pronto para voar em  até 3 anos. Assim, o Japão se juntaria às lista de países com protótipos ou caças operacionais “stealth” (furtivos, menos propensos a detecção por sensores): os Estados Unidos, a Rússia e a China. Trata-se da resposta japonesa à intensificação da batalha pela superioridade aérea no Pacífico.

O Tenente General Hideyuki Yoshioka, diretor de desenvolvimento de sistemas aéreos do Ministério da Defesa do Japão, disse à Associated Press que o protótipo deverá voar em 2014. Ele afirmou que o Japão vem investindo no projeto 39 bilhões de yen (aproximadamente 473 milhões de dólares ou 778 milhões de reais) desde 2009. Foi nesse ano que ficou claro que os EUA não tinham intenção de vender o F-22 “Raptor”, o mais avançado caça a jato americano, devido à recusa do Congresso em exportá-lo. Yoshioka disse, na segunda-feira, que “estamos há dois anos no projeto, e estamos no cronograma”.

Segundo Yoshioka, a realização do primeiro voo do “Shinshin” (que significa Espírito) não significaria início imediato de produção de um caça furtivo. O protótipo tem como objetivo testar tecnologias avançadas e, sendo bem-sucedido, o governo decidirá os passos seguintes em 2016.

O Coronel Yoshikazu Takizawa, do instituto de pesquisas técnicas e desenvolvimento do Ministério da Defesa, disse que “se os países ao redor do Japão possuem capacidades ‘stealth’, o Japão precisará desenvolver essas capacidades por si, para garantir sua própria defesa.”

Apesar dos “bolsos relativamente fundos” do Japão, além da aliança com os Estados Unidos (que opera um número significativo de caças e outras aeronaves no país, além de ter aproximadamente 50.000 militares estacionados), nada disso foi suficiente para que Tóquio conseguisse os F-22.

Mas, enquanto o Congresso dos EUA negava a exportação do “Raptor”, mesmo a um aliado próximo como o Japão, os seus vizinhos China e Russia conseguiam grandes avanços em caças furtivos. São aeronaves que poderão rivalizar com o F-22, superar os caças japoneses e, combinados aos grandes avanços da marinha chinesa, mudar o equilíbrio de poder regional.

O J-20 chinês surpreendeu especialistas com seu primeiro voo em janeiro, durante uma visita do Secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, a Pequim (Beijing). O caça lembra o F-22 em muitos aspectos e vem causando muita preocupação em planejadores militares americanos e japoneses, porque seu desenvolvimento parece ir mais rápido do que pensavam. Mesmo faltando alguns bons anos para que esteja pronto para combate, o J-20 poderia complicar os esforços em controlar conflitos potenciais, envolvendo Taiwan ou a Coréia do Norte, além de aprimorar dramaticamente a defesa aérea chinesa.

Já o novo caça russo, o Sukhoi T-50, fez seu primeiro voo no ano passado, e está sendo desenvolvido em conjunto com a Índia. Ele representa mais do que um grande impulso ao poder aéreo russo, o que preocupa o Japão devido a suas disputas com os russos sobre ilhas no norte do Pacífico: o T-50 indica claramente que a Rússia quer vender mais caças de última geração para outros países.

Por outro lado, a Força Aérea do Japão está envelhecendo rapidamente. O país quer substituir seus caças F-4EJ e F-15 por aeronaves mais modernas, como os norte-americanos F-35 e F/A-18, ou o europeu Typhoon. Uma decisão a respeito é esperada para breve. Mas o programa japonês ATD-X (advanced technologies demonstrator – demonstrador de tecnologias avançadas) não tem como objetivo suplantar esses planos de aquisição. Na verdade, um caça furtivo feito no Japão seria a alternativa a um outro caça atualmente em uso – o F2, produzido localmente.

Autoridades japonesas insistem que esse desenvolvimento é fundamental para manter a capacidade de seus engenheiros, produzindo um caça de última geração no caso de outros países se recusarem a vendê-los – como foi o caso de Washington com o F-22. Em 2009, quando se iniciava o desenvolvimento do ATD-X, o Ministro da Defesa do Japão afirmava ser “extremamente importante manter e aprimorar a produção doméstica de caças e a base tecnológica.” Além disso, o Ministério da Defesa espera que a pesquisa, o desenvolvimento e a produção do caça criem 240.000 empregos no Japão, num impacto econômico de 8,3 trilhões de yen (101 bilhões de dólares ou 166 bilhões de reais).

FONTE / FOTOS (divulgadas em 2006 pelo Ministério da Defesa do Japão): Associated Press – tradução, adaptação e edição: Poder Aéreo

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