O Escritório de Testes Operacionais e Avaliações do Pentágono analisou a resistência da célula do F-35 frente aos mísseis MANPADS. Veja os resultados

F-35C em testes - foto jsfmil
F-35C em testes – foto jsfmil

por Guilherme Poggio

O Escritório de Testes Operacionais e Avaliações do Pentágono (DOT&E) é um dos principais braços operacionais do Secretário de Defesa dos Estados Unidos. O objetivo principal das atividades desenvolvidas pelo DOT&E é compreender como equipamentos novos e sistemas modernizados se comportarão diante de condições reais de combate antes que eles atinjam a etapa de produção em larga escala ou sejam empregados em combates reais.

Pode-se imaginar o tamanho do trabalho desde escritório, uma vez que ele responde tanto pelas pequenas armas de mão até os grandes navios da frota da US Navy.

Anualmente o DOT&E publica um relatório de caráter público sobre o andamento dos testes e avaliações de diferentes sistemas de defesa. O mais recente relatório foi publicado no ano passado. Este foi o último relatório do diretor Michael Gilmore, no cargo desde 2009. O documento possui 532 páginas sendo que 62 são dedicadas exclusivamente ao programa F-35, tema deste post.

Como sempre as informações são muito interessantes e, em vários casos, reveladoras. Neste ano não foi diferente. Em função da complexidade e da quantidade de informações, o Poder Aéreo selecionará e resumirá muitas delas e as publicará em diferentes posts.

Desta maneira esperamos contribuir para o aumento do conhecimento dos nossos leitores frente ao programa F-35. Lembrando que estas informações são oficiais e oriundas de relatórios do próprio governo. Ou seja, é uma fonte de dados confiável e passa longe das diversas especulações que surgem na mídia.

Resistência do F-35 frente a MANPADS e projéteis HEI  

linha de montagem do F-35 - foto 2 jsfmil
linha de montagem do F-35 – foto 2 jsfmil

Um dos capítulos mais interessantes do documento (pelo menos no meu ponto de vista) diz respeito ao programa de teste e avaliação com sistema de arma real (Live Fire Test and Evaluation – FLT&E).

O programa F-35 LFT&E completou os testes estruturais da seção anterior fuselagem e da empenagem frente a ameaças do campo de batalha. Os testes ocorreram no laboratório de sobrevivência a danos de armas da Marinha em China Lake (Califórnia).

O objetivo foi avaliar a capacidade da aeronave (mais especificamente da estrutura da parte posterior dela) de sustentar danos frente a ameaças como projéteis HEI (high-explosive incendiary) e mísseis MANPADS (disparados do ombro como os SA-7). Para isto foi empregada uma seção estrutural da cauda da aeronave F-35C em escala real.

Uma primeira avaliação dos dados mostrou que a deriva vertical é capaz de aguentar o impacto de um projétil HEI. O projétil pode atingir e danificar um ponto de fixação da estrutura, mas os demais pontos de fixação demonstraram capacidade de suportar as cargas normais de voo após o impacto.

Em relação aos mísseis do tipo MANPADS, dois desses sistemas foram disparados contra a seção da cauda da aeronave. Testes deste tipo já haviam ocorrido contra seções de caudas de aeronaves do modelo F-35A e F-35B. A união dos dados destes diferentes testes indicou que é provável a ocorrência de danos a um único atuador porém, a estrutura é suficientemente robusta para que a aeronave apresente um mínimo de controlabilidade e desta maneira o piloto poderia levá-la até um local mais favorável à ejeção.

O que os testes atuais demonstraram foi a possibilidade da ocorrência de danos no sistema hidráulico do motor. Numa situação como esta um incêndio poderia irromper na aeronave e o piloto seria obrigado a abandoná-la sobre território inimigo.

Os dados coletados neste mais recente teste serão empregados ao longo do ano de 2017 para que um quadro mais amplo da vulnerabilidade da aeronave seja traçado. Este tipo de análise é comumente feito com aeronaves de caça de projeto recente. Os dados coletados permitem não só prever o comportamento da estrutura como aperfeiçoá-la para elevar a capacidade de sobrevivência da aeronave em combate (para mais informações sobre o tema veja o artigo “O Brasil precisa de um caça de quinta geração?”, publicado na revista Forças de Defesa número 5, página 10-13).

 

 

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