Boeing e Embraer apresentam ecoDemonstrador
Em esforço conjunto inédito, fabricantes testam tecnologias que melhoram o desempenho ambiental da aviação e a eficiência de aeronaves comerciais
–
Boeing e Embraer apresentaram na quinta-feira, 7 de julho de 2016, a aeronave que será utilizada pelas duas fabricantes no programa ecoDemonstrador, anunciado no ano passado. A aeronave, um Embraer E170, receberá uma série de novas tecnologias relacionadas à preservação do meio ambiente que elevam a eficiência e o desempenho do setor em escala global. Os voos de teste serão realizados ao longo dos meses de agosto e setembro.
É a primeira vez que o programa ecoDemonstrador, lançado em 2011 pela Boeing, é realizado fora do território norte-americano e em parceria com outra fabricante, unindo de forma inédita os esforços de duas das principais fabricantes de aeronaves do mundo em benefício da indústria aeroespacial.
Com o programa ecoDemonstrador, tecnologias ligadas à sustentabilidade ainda em desenvolvimento podem ser testadas em condições reais de voo, acelerando seu amadurecimento.
“A parceria com a Boeing na estruturação e execução de testes de novas tecnologias no âmbito do programa ecoDemonstrador, reforça, mais uma vez, o compromisso da Embraer em trabalhar para a construção de um futuro sustentável”, comenta Mauro Kern, Vice-Presidente Executivo de Operações da Embraer. “Ao integrar e testar diferentes tecnologias em uma única aeronave no Brasil, contribuimos para a consolidação de um poderoso instrumento de apoio ao desenvolvimento tecnológico e à inovação.”
“Como líderes do setor, Boeing e Embraer têm a oportunidade única de investir em testes e em tecnologias que estimulem o desenvolvimento da aviação de modo equilibrado e sustentável e que paralelamente apoiem o crescimento de nossos clientes globalmente”, complementa John Tracy, Chief Technology Officer da Boeing.
A atuação conjunta de Boeing e Embraer no programa de testes ecoDemonstrador é fruto de acordo firmado entre as empresas em junho de 2015.
A cooperação reforça uma relação que começou em 2012, quando as fabricantes anunciaram que trabalhariam juntas para criar valor para ambas as empresas e seus clientes em diferentes projetos. Desde então, colaboram em um projeto visando o incremento da segurança de pousos e decolagens e no programa do cargueiro militar KC-390. Além disso, em 2015, a Boeing e a Embraer inauguraram um centro conjunto de pesquisa em biocombustíveis em São José dos Campos – SP, para realizar estudos com biocombustíveis e coordenar pesquisas com universidades e outras instituições brasileiras.
ecoDemonstrador 2016: tecnologias testadas – Uma das principais inovações testadas por Boeing e Embraer será a incorporação da tecnologia que permite reduzir o ruído aerodinâmico gerado pelos slats da aeronave no momento de aproximação da pista de pouso. Essa redução é fundamental para atender os novos níveis de ruído exigidos nas imediações dos aeroportos. O desenvolvimento conjunto desta tecnologia é uma iniciativa das mais significativas já realizada entre duas empresas do setor e envolve os centros de pesquisa e tecnologia de Boeing e Embraer no Brasil, e também os centros da fabricante norte-americana em outras partes do mundo.
Atualmente, o nível do ruído gerado pela aeronave é um dos fatores que pode limitar as rotas de voos das companhias aéreas e impactar a operação das mesmas em vários aeroportos ao redor do mundo.
Os testes deste ano também avaliarão o desempenho de uma tecnologia que poderá complementar a operação do sistema que fornece informações acerca de altitude e velocidade da aeronave. O LIDAR (Detecção e Medição de Distância usando luz, na sigla em inglês) utiliza um sistema a laser para detectar com exatidão a velocidade, a temperatura e a densidade das partículas e moléculas de ar na atmosfera e a partir dessas informações, complementar os dados calculados pelo sistema atual, aumentando a confiabilidade e a robustez do sistema e mitigando efeitos de determinadas condições ambientais que impactam a operação aeronáutica atual, como a presença de cristais de gelo ou de cinzas vulcânicas na atmosfera.
Outra tecnologia testada será o desempenho do biocombustível para aviação produzido a partir da cana-de-açúcar. A inovação vem sendo pesquisada no Centro Conjunto de Pesquisa em Biocombustíveis Sustentáveis para a Aviação, mantido em parceria por Boeing e Embraer no Parque Tecnológico de São José dos Campos. Estudos apontam que o bioquerosene de aviação produzido de forma sustentável emite de 50% a 80% menos carbono em seu ciclo de vida que o querosene de origem fóssil.
Durante o programa ecoDemonstrador também serão testadas a aplicação de pintura com uma nova tecnologia de tinta potencialmente capaz de reduzir o acúmulo de restos de insetos e facilitar a remoção de gelo-fator que interfere diretamente no desempenho da aeronave durante o voo e um sistema que permite analisar o escoamento do ar em regiões muito próximas à superfície da asa durante o voo, criando condições para inovações aerodinâmicas e, consequentemente, redução de consumo de combustível e emissões de carbono.
Desde o seu lançamento, a Boeing usou o programa ecoDemonstrador para testar mais de 50 tecnologias em diferentes modelos de aeronaves: Next Generation B737-800, B787 Dreamliner e, mais recentemente, em um B757. Em comum, os testes realizados buscam atender às novas diretrizes globais de redução de ruído e de emissão de carbono, além de testar inovações que melhorem o desempenho e eficiência operacional de aeronaves comerciais.
A Embraer incorpora requisitos ambientais no desenvolvimento de produtos através de seu programa de Desenvolvimento Integrado do Produto Ambientalmente Sustentável (DIPAS) com foco em todo o ciclo de vida dos produtos. Desde o início, os aviões da Embraer são projetados com ênfase na incorporação de inovações e aderindo às normas ambientais.
Olá.
Estranho terem usado uma aeronave E-170, justamente o modelo que não “evoluiu” para a nova geração.
SDS.
Porque estranho?
Bombardier “curtiu” isso!hehe
Olá, Luiz Fernando.
Porque um demonstrador de tecnologia deveria, a meu ver, estar relacionado a um produto “no estado da arte” de uma empresa. Não num modelo que não foi atualizado.
Minha opinião.
SDS.
Estão colaborando entre si mas ainda são concorrentes. A Boing não ajudaria a desenvolver aperfeiçoamentos diretos em um produto Embraer que ainda esta sendo comercializado.
Talvez ele não seja só um demonstrador de tecnologia, mas também esteja usado para testes dessas tecnologias. Nesse caso usar uma plataforma já bem testada e conhecida pode funcionar como um “grupo controle” para testes.
E provavelmente sai mais barato.
O fato de utilizarem uma plataforma “não evoluída” é simplesmente para manter as condições de contorno estabelecidas para as avaliações, eliminando variáveis desnecessárias uma vez que a plataforma é bem conhecida. Em qualquer projeto de desenvolvimento de sistemas utiliza-se o mesmo conceito, ou seja, “plataforma congelada”. Esse conceito se aplica em quaisquer ramos de engenharia.
Caro Mauricio, concordo com Renato e o Luiz. Para testar novos conceitos o ideal é Utilizar uma plataforma totalmente conhecida e, portanto, servir como referencia. Abs
Maurício… além do que foi bem exposto aqui, tem outra coisa a se considerar. A disponibilidade de aeronaves para esta campanha de ensaios. Ou seja qual aeronave (protótipo) se encontra disponível e que pode ser convertida pra estes ensaios??