Em mais uma matéria sobre nossa visita às instalações da Saab em Linköping, trazemos a resposta a uma das perguntas frequentemente feitas pelos leitores do Poder Aéreo sobre o Gripen. Para responder, nada melhor do que um piloto da aeronave, que também falou sobre assuntos como o traje anti-G, o visor montado no capacete e os novos armamentos da atual versão C do caça

Chegamos à décima reportagem de nossa cobertura realizada na Suécia sobre o evento de apresentação do protótipo do Gripen E, aeronave de matrícula 39-8 mostrada ao mundo no dia 18 do mês passado. Na viagem, apuramos diversas informações e curiosidades não apenas sobre a nova geração do caça da Saab, mas também sobre as atuais versões C/D (monoposto e biposto da geração atualmente operacional, respectivamente)

Uma das últimas matérias da série tratou de nossa visita, feita em 19 de maio, ao hangar de aeronaves de testes, que faz parte das instalações da empresa na cidade de Linköping, no centro-sul da Suécia. Na reportagem, pudemos conferir diversos detalhes representativos da nova geração do caça, presentes no jato Gripen D que em 2008 foi transformado em demonstrador e que serve, hoje, como avião de testes de sistemas, tendo recebido a matrícula 39-7.

Não menos importante, pudemos comparar esses detalhes, como a nova posição do trem de pouso reprojetado, as carenagens mais volumosas da junção asa-fuselagem etc, com os mesmos itens de um Gripen C, de matrícula 39261, que estava abrigado ao seu lado. Chegou a hora de continuaremos nossa visita àquele hangar, conduzidos por Marcus Wandt (imagem abaixo), piloto de provas da Saab, rodeando aquele Gripen C.

Visita hangar testes Saab 19-5-2016 - foto 16 Saab
Entre algumas informações que o piloto forneceu, seja dentro do roteiro de apresentação já programado, seja respondendo às perguntas do Poder Aéreo e de outros jornalistas, está o motivo da abertura do canopi do Gripen ser do lado direito, dúvida que vez por outra atormenta o sono de leitores deste site. Afinal, na grande maioria dos caças com canopi de abertura lateral (e também nos que abrem para cima) entra-se pelo lado esquerdo da aeronave, e não pelo direito. Qual a resposta?

Não se apresse, chegaremos lá e você poderá dormir tranquilo esta noite com a resposta. Aproveite antes este breve passeio. Mesmo porque a oportunidade de caminhar por um hangar de aviões de testes, ao redor de um Gripen C empregado em campanha de integração de novos armamentos, não surge todo dia – seja na vida real, olhando e tocando a aeronave pessoalmente, seja na virtual, por texto e fotos que nossos leitores podem acompanhar agora. Caminhemos sem pressa ao redor do caça e apreciemos as informações e as vistas, estas últimas em fotos fornecidas pela Saab (relembrando que não foi permitido aos jornalistas a captura de imagens no interior do hangar).

Relembrando as armas instaladas no Gripen C 39261 – Já tratamos deste assunto em outra matéria desta série, que mostrou diversas imagens e informações da mesma aeronave exposta do lado de fora do hangar onde foi apresentado o Gripen E, em 18 de maio. Mas vale a pena retomar o tema agora, já que estamos apresentando mais fotos daquele caça dentro no hangar de aeronaves de testes, onde o vimos abrigado no dia seguinte, assim como algumas informações complementares.

O piloto de testes Marcus Wandt nos acompanhou ao redor do Gripen C 39261 enquanto apontava para as cargas externas instaladas em seus quatro pilones subalares (dois chamados “internos”, por estarem na parte da asa mais próxima à fuselagem, e dois “externos” por estarem mais próximos às extremidades), nas duas estações das pontas das asas e no pilone sob a tomada de ar direita da fuselagem. Respectivamente: dois suportes quádruplos com bombas de pequeno diâmetro (SDB – Small Diameter Bomb) com as marcas do fabricante Boeing; dois mísseis ar-ar Meteor da MBDA disparados por trilhos; dois mísseis IRIS-T da Diehl Defense, em trilhos; um pod designador de alvos Litening, da Rafael.

Visita hangar testes Saab 19-5-2016 - foto 5a Saab

SDB e “swing role” – Sobre a integração das bombas da Boeing e sua operação com o já integrado pod da Rafael, Wandt relacionou o acréscimo desse armamento à já comprovada capacidade “swing role” do caça, que significa a mudança de emprego ar-ar para ar-solo numa mesma missão, e que foi avaliada em situação de conflito real na Líbia, em 2011. Naquela ocasião, o caça alternava o emprego ar-ar, de manutenção de zona de exclusão aérea, com missões de reconhecimento de alvos terrestres (ar-solo), ainda que o emprego de armamento sobre esses objetivos em terra estivesse proibido por resolução do Parlamento Sueco. O fato de ser uma situação de guerra verificou-se pelos vários relatos de pilotos terem as aeronaves “iluminadas” por radares diretores de armas terra-ar remanescentes de ataques anteriores da coalizão. Naquele conflito, o Gripen foi a principal aeronave utilizada em missões de reconhecimento sobre o território Líbio, recolhendo informações para missões de ataque de outras aeronaves, cujos países não impuseram restrições políticas ao emprego.

Em conflitos modernos como aquele, a dinâmica das missões passa rapidamente dos alvos maiores de infraestrutura civil e militar, que demandam armamento mais pesado, para alvos menores mas não menos perigosos (como radares e baterias de mísseis terra-ar que tenham sobrado dos primeiros ataques), assim como objetivos ainda mais difíceis e dispersos (ou escondidos em áreas urbanas) dos chamados conflitos assimétricos. Nessa dinâmica, o emprego de armas como as SDB, vistas em testes de voo na imagem abaixo, encaixa-se perfeitamente a uma aeronave com capacidade swing role já comprovada, seja para operadores como a própria Força Aérea Sueca, seja para outros países.

Gripen JAS-39C MS20 matric 262 - foto 3 Saab

Isso porque as SDB são armas que combinam alta precisão e capacidade de lançamento fora do alcance de boa parte dos sistemas de defesa, com menores possibilidades de danos colaterais, além de maior quantidade transportada permitindo atingir alvos múltiplos – o Gripen C que vimos no hangar estava equipado com oito bombas, mas a Saab divulga que o novo Gripen E poderá levar até 16 unidades da SDB,como veremos a seguir.

Visita hangar testes Saab 19-5-2016 - foto 12 Saab

Aeronaves com capacidade swing role demandam pilotos também swing role, e Wandt ressaltou o fator humano, relacionado ao treinamento: “O treinamento ar-ar e ar-terra é totalmente diferente, e levou tempo até os pilotos se acostumarem a tudo isso junto, mudando de emprego em pleno ar”.

Falando em mudar de emprego em pleno ar, o leitor já deve ter percebido que aproveitamos para mostrar aqui algumas belas imagens em voo (também disponibilizadas pela Saab) de outra aeronave Gripen C, com matrícula 39262, empregada em testes desses armamentos. A principal diferença em relação ao exemplar que vimos dentro do hangar, é que o Gripen das imagens em voo é visto com mais uma carga externa: um tanque alijável de combustível instalado em sua estação central da fuselagem.

Gripen JAS-39C MS20 matric 262 - foto Saab

Gripen NG - pilones e cargas externas - imagem Saab
Diagrama mostrando as 10 estações de cargas externas do Gripen E destinadas a armamentos, tanques e sensores. O Gripen C , em comparação, não possui as estações 5R e 5L – imagem Saab


Nesse caso mostrado na foto acima, todas as oito estações de cargas externas do Gripen C estão ocupadas. Já a nova geração do caça (Gripen E/F) possui duas estações extras sob a parte central da fuselagem, proporcionando ainda mais flexibilidade na hora de se combinar os diversos armamentos, sensores e tanques para cada tipo de missão. No diagrama de cargas externas do Gripen E mostrado ao lado, vê-se entre as possibilidades divulgadas o emprego de quatro lançadores quádruplos de SDB, dois sob as asas e dois sob a fuselagem, somando dezesseis bombas, ou três lançadores, com apenas um deles sob a fuselagem, somando doze bombas. Ainda sobre a SDB (denominada GBU-39 nos EUA), os principais dados divulgados são de que se trata de uma arma de 285 libras (cerca de 130kg), dotada de sistema de guiagem e asas dobráveis que se abrem após o lançamento. Os dados do alvo são carregados nas SDB antes do lançamento e, em seguida, as bombas orientam-se para seus alvos.

Meteor e o padrão MS20 – Chegou a hora de repassarmos rapidamente os demais armamentos exibidos pela aeronave 39261. Os que mais chamavam a atenção eram os mísseis ar-ar de emprego BVR (além do alcance visual) Meteor instalados em trilhos sob os pilones mais externos das asas. A integração dessa arma correu em paralelo ao novo padrão de atualização MS20 da atual geração (C/D) do Gripen, que inclui a atualização (upgrade) do software do sistema de combate da aeronave, entre outros aprimoramentos como proteção CBRN (contra ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares, que protege o piloto no voo em ambientes contaminados e permite à equipe de terra descontaminar eficazmente a aeronave) e sistema automático que impede a aeronave de se chocar com o solo caso entre em situação descontrolada de voo, o chamado GCAS (Ground Collision Avoidance System). A previsão é que até o final desta primavera de 2016 (no Hemisfério Norte, que equivale ao outono no Brasil) todos os caças Gripen C/D operados pela Suécia sejam atualizados para o MS20, também chamado de “Gripen versão 20”.

Também de forma paralela foi desenvolvida uma nova versão do radar multimodo PS-05/A, de varredura mecânica, para compatibilizá-lo ao alcance maior do Meteor, comparado ao míssil BVR padrão da aeronave até o momento, o AMRAAM. Foram cerca de dois anos de desenvolvimento até que o PS-05/A pudesse ser apresentado no ano passado em sua quarta versão, a Mk.4, cujas principais mudanças em relação à Mk.3 são os módulos de processamento e de receptor/amplificador (excitador). Segundo a Saab, as modificações permitem alcances de detecção e acompanhamento praticamente dobrados, otimizando também o equipamento para detectar alvos de baixa assinatura radar. A empresa também afirma que os atuais Mk.3 podem ser transformados em Mk.4 com a troca dos módulos mencionados e alterações relacionadas a essa troca.

Visita hangar testes Saab 19-5-2016 - foto 11 Saab

Relembramos a resposta que Wandt deu aos jornalistas, durante a visita ao hangar, sobre os novos números do alcance para o Gripen engajar alvos aéreos com a combinação do Meteor com a nova versão do radar PS-05/A. Fugindo de números exatos, que são informação classificada, o piloto enfatizou com um sorriso as palavras “veeeeery much” (muuuuuito). Espera-se, porém, que a combinação do míssil Meteor com o radar que equipará o Gripen E, o modelo ES 05 da Selex Galileo e do tipo AESA (varredura eletrônica ativa), que também conta com antena montada sobre plataforma “swashplate” (giratória) para ampliar sua área de varredura, seja ainda mais efetiva.

IRIS-T e a deixa para falar do HMD e do anti-G – Nos trilhos das pontas das asas, o Gripen C 39261 estava com dois mísseis IRIS-T instalados, e Marcus Wandt aproveitou nossa passagem junto aos mísseis, e próximos a um manequim com traje de piloto completo, para falar do emprego desse armamento combinado ao HMD – visor montado no capacete – que se via junto ao traje.

O piloto destacou a alta capacidade do míssil em suportar grandes cargas G, permitindo alta capacidade para manobrar em ângulos elevados e interceptar alvos designados fora do ângulo de visada, utilizando-se o sistema de mira montado no capacete. Essa capacidade integrada ao Gripen é, na opinião de Wandt, um “game changer” (virador de jogo) no combate dentro do alcance visual (WVR), mesma expressão que utilizou para se referir ao emprego do Meteor fora do alcance visual (BVR).

Visita hangar testes Saab 19-5-2016 - foto 13 Saab

Vale lembrar outra vez que, nem por isso, o piloto de provas considera que a luta a curta distância empregando manobras de combate aéreo, o chamado “dogfight” (briga de cães), esteja acabado. Isso porque, paralelamente à evolução das armas e sensores, as contramedidas e as capacidades furtivas dos caças também evoluem, dificultando por seu lado que se atinjam os índices de acertos esperados para os mísseis, seja na arena BVR ou WVR. Trata-se de um eterno jogo de desenvolver novas armas e sistemas defensivos, cada um deles buscando sobressair vantagens conseguidas pelo outro. Assim, para Wandt as manobras de combate aéreo continuarão a ser úteis para evasão e engajamentos durante os combates, visando se posicionar o mais rápido possível nas melhores situações para atacar e fugir de ataques.

O piloto aproveitou a proximidade com o traje completo de piloto (na imagem abaixo, visto em manequim num dos cantos do hangar, onde estávamos naquele momento) para tecer comentários sobre itens como o macacão anti-G e o peso do capacete, instigado pelos jornalistas brasileiros.

Visita hangar testes Saab 19-5-2016 - foto 17 Saab

Wandt observou que, hoje, o HMD / visor montado no capacete (que não é apenas um visor, mas todo um sistema digital miniaturizado para fornecer dados de voo e de emprego de armas ao piloto à frente de seus olhos) não é mais tão pesado como era anos atrás. Assim, o peso do sistema instalado no capacete não influi mais, como no passado, no conforto e capacidade do piloto em virar a cabeça, seja ainda em terra ou em voo. Mais importante que seu peso, segundo o piloto, é o seu posicionamento para não afetar o centro de gravidade do capacete, permitindo facilidade nos movimentos do pescoço. Há um certo desconforto em relação ao peso, afirmou Wandt, quando se acopla ao capacete os óculos de visão noturna (NVG), devido justamente à necessidade de se manter o centro de gravidade, o que implica no uso de um contrapeso para equilíbrio. Isso torna todo o conjunto mais pesado, ainda que equilibrado.

Sobre outros incômodos, o piloto de provas aproveitou para tecer elogios ao traje anti-G, mas apenas quando em voo. No ar, ele torna suportáveis as manobras em alto G (quando o peso do piloto aumenta várias vezes em relação à força normal da gravidade, conforme se força as curvas, rolamentos, ascensões e mergulhos bruscos), “apertando” os membros inferiores para impedir que o sangue neles se concentre (deixando de circular em quantidade suficiente na parte superior do corpo, podendo levar à perda da consciência).

Gripen JAS-39C MS20 matric 262 - foto 4 Saab

Em voo, esses apertos são sentidos de forma bastante suportável, justamente porque se contrapõem à força G, anulando boa parte do desconforto causado pela multiplicação da força da gravidade sobre o corpo, e evitando possíveis desmaios e perdas momentâneas da visão em plenas manobras.

Porém, no solo, a coisa muda de figura. É sempre necessário testar ainda em terra se o sistema está funcionando adequadamente, antes da decolagem. E, nesse momento, sem a força G como contraponto, os apertos dados pelo sistema nas partes baixas do corpo são bastante desagradáveis, coisa que o piloto não poupou expressões faciais para enfatizar. Outro dispositivo, que mantém a máscara de oxigênio presa ao rosto quando sob altas cargas G, também é extremamente desconfortável de se testar antes do voo, segundo Wandt, com um fortíssimo aperto na face. Mas é o preço que se paga, em terra, para garantir que tudo funcionará bem e que o piloto vai suportar nos momentos críticos os efeitos das manobras no ar.

Visita hangar testes Saab 19-5-2016 - foto 5b Saab

Ok, mas e a abertura do canopi? – Sim, chegamos finalmente à questão colocada na chamada desta matéria, e que foi uma das perguntas feitas pelo Poder Aéreo ao piloto de provas da Saab, quando já nos encontrávamos entre os dois caças, no meio do hangar. Na maioria dos aviões de combate, o acesso é pelo lado esquerdo (há quem diga que a entrada à esquerda remonta à tradição dos cavaleiros, que sobem em seus cavalos de batalha por esse lado). Qual o motivo do canopi do Gripen abrir do lado direito, resultando em acesso à cabine pela direita?

Visita hangar testes Saab 19-5-2016 - foto 4 SaabA resposta de Wandt foi aparentemente simples: o motivo é tornar o mais curto possível o tempo do chamado “turnaround time”, em que se faz a checagem, reabastecimento e remuniciamento da aeronave no solo entre surtidas, especialmente em operações desdobradas da base. Escrevi “aparentemente simples” porque se trata de simplificar ao máximo operações normalmente complexas, otimizando o trabalho do pessoal em terra para que esse tempo de esse turnaround mantenha-se abaixo de 10 minutos.

Dentro do chamado “conceito de manutenção e apoio” que norteou parte do projeto do caça, o bocal para reabastecimento sob pressão do combustível do Gripen foi instalado do lado direito da aeronave, assim como importantes painéis de serviço, como os que dão acesso aos dispositivos eletrônicos de diagnóstico dos sistemas e checagem, comunicações etc. Desta forma, seja num desdobramento ou na própria base, é a partir do lado direito do caça que a equipe de terra, normalmente composta por cinco pessoas, acessa a aeronave e desempenha a maior parte dos trabalhos, otimizando seus movimentos e economizando segundos preciosos a cada tarefa (evidentemente, o remuniciamento das estações da asa esquerda se dará pelo lado esquerdo do avião).

Entre esses trabalhos, está a colocação da escada de acesso à aeronave e o contato com o piloto, por parte do mecânico número 1 (que durante o turnaround também estará se comunicando com outros membros da equipe, a maioria dos quais do lado direito do avião na maior parte do tempo), para troca de informações sobre a missão realizada e a próxima, assim como o relato de qualquer problema surgido.

Tenha ou não o piloto que descer do jato para esticar as pernas ou qualquer outra necessidade, o fato é que o acesso pelo lado direito é um dos componentes do processo que otimiza todo o trabalho da equipe, trabalhando boa parte do tempo no mesmo lado da aeronave, o direito.

Um vídeo para entender “direito” – No vídeo abaixo, pode-se ver uma demonstração de todos esses trabalhos sendo realizados num Gripen, percebendo-se o posicionamento da equipe, do caminhão tanque e mangueiras de reabastecimento, entre outros equipamentos, para servir à aeronave pelo lado direito. E também a importância do acesso ao piloto do caça também pela direita, por parte do mecânico número 1, mesmo sem haver, aparentemente, o desembarque do avião pelo caçador. Dá pra entender “direito”, com o perdão do trocadilho, o motivo da abertura do canopi pela direita.

Uma pergunta sempre leva a outra – Satisfeita a curiosidade deste autor sobre a abertura do canopi pela direita e, espero, também dos leitores do Poder Aéreo, o fato é que, passados mais de 20 dias da resposta recebida naquele hangar em Linköping, outra dúvida assaltou este autor enquanto escrevia esta reportagem, já no Brasil.

Na perfeita tradição de questionar o que nasceu primeiro, o ovo ou a galinha, a questão é: por que então escolheu-se colocar no lado direito da aeronave o bocal de reabastecimento e outros importantes painéis de acesso a sistemas, tornando desejável também que o canopi abrisse pela direita? Por que não se instalou tudo isso do lado esquerdo, durante o projeto do caça, evitando que este ficasse na “contramão” de outros jatos de combate que são acessados por seus tripulantes pelo lado esquerdo?

Será que valeria a pena trocar toda uma doutrina para se “padronizar” com o resto do mundo algo aparentemente trivial, como o lado de acesso do avião? Ou seriam os motivos da doutrina (quaisquer que sejam) de servir a aeronave pela direita muito mais importantes do que uma eventual “padronização internacional” do acesso à cabine? Dúvidas pertinentes ou apenas curiosidades, acredito que elas merecem uma nova visita à Suécia e passeio ao redor de caças Gripen para esclarecer definitivamente essa questão. Você também não acha?

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Lewandowski

Bem, nunca me tirou o sono, mas foi sempre uma curiosidade. Na verdade, minha curiosidade é por que nao abrir para cima, tal como F-15, F-16… Parece-me estranho abrir para o lado.
.
Interessante e considero valido é mostrar as capacidades que o Gripen tem. So que nada me motiva. Poderia ate disparar laser. Do que adianta, se na FAB vai voar 99,9% com meia duzia de projeteis no canhao e so.
.
Sds

Lewandowski

Boa noite, Nunão.
.
É interessante essa questão, pois obviamente tudo é pensado para algum propósito. Apesar de não ser daquelas dúvidas cruéis, a explicação tá dada e é legal saber do porque das coisas. Minha questão, por ínfima que seja, é estética. Sempre achei mais bonito o canopi para cima. Da um ar de superioridade, acho. O Rafale adota para o lado também. O estranho é que adoram para frente no F-35… E realmente, mais estranho, ou curioso, é o Gripen abrir para a direita… Agora já se sabe.
,
Sds.

Marcelo Silveira

Não que não seja importante o porque do canopi ser aberto para direita, vejo que seja apenas uma questão de doutrina, poderia ser aberto para a esquerda mantendo a atual conceito inverso pelo seus “escudeiros”. . Relativo ao post o que “talvez” seja colocado em xeque na FAB é sua capacidade de formar pilotos swing-role. Sabemos o quanto a FAB lutou muito para ter e manter pilotos com alto grau de qualidade com os poucos recursos e material a ela destinado. Em operações como a Cruzex, Salitre, Red Flag os pilotos dos esquadrões operavam em vetores com missões pré selecionados.… Read more »

Nonato

Acho o gripen feio e sem personalidade.
Mas não podemos negar o empenho da SAAB para integrar tudo que é armamento e sensores, sem colocar dificuldade.
Meteor? Bota para cá. NOIZ testa e íntegra.
Uai, manda um radar AESA para noiz aí.
O que os americanos nem franceses querem seu radar AESA, Selex? Manda para NOIZ.
Só falta um TVC…
Expuxo variável.
É cabível havendo um só motor e saída de gases?
Isso elevaria a manobrabilidade…

Nonato

Quando vejo as fotos das estações de armas, não consigo entender onde as armas acabam e começam os “cabides”. Parece haver vários níveis de mísseis.

Justin Case

Amigos,

Abre para a direita? Não.
Abre do lado direito; abre da direita para a esquerda, abre no sentido anti-horário…
Abraços,

Justin

Alex Mendes

Marcelo Silveira excelente comentario

Rafael M. F.

Grandes questões da humanidade.

(Foi mal, gente, mas não resisti…)

Madmax

Bom artigo.
Mas respondendo, abre pra direita posto que não abre pra esquerda.

Fresney

Se os Gripen fossem decolar de nossas estradas coitado!!!! Ou o asfalto derreteria ou o caça pegaria um buraco e cambagem nele!!!!

MARCOV

Gosto não se discute, pois eu sempre achei o Gripen muito bonito. O MArcelo Silveira colocou uma questão importante, pois a FAB seleciona os pilotos para ataque ao solo e pilotos para interceptação. Agora eles deverão ser selecionados e treinados para as duas funções.

Jorge F.

Até onde sei, posso estar equivocado, a questão do lado definido para abordar uma aeronave foi herança da cavalaria, no momento em que os primeiros engenheiros depararam-se com a necessidade de que fosse definido um lado para adentrar as aeronaves, adotaram a regra mais comum para a montaria dos equinos, a partir daí praticamente toda a infraestrutura aeronáutica aderiu, sendo raros os modelos que não obedecem a filosofia, mesmo para as aeronaves de caça, cujos canopis abrem para cima, normalmente os auxílios para adentrá-la encontram-se à esquerda (F-5 quando abordado sem escada). Hoje em dia, é apenas uma questão de… Read more »

Pedro

Na doma, se ensina o cavalo a ser montado dos dois lados. Por uma questão de tradição, ficou-se com o lado esquerdo pra montar, até porque a mão da rédea é a esquerda também. O lado de montar tem que ser limpo para o ginete poder alçar a perna sem enroscar em nada. Por isso as tranqueiras tem que ficar do lado oposto ao lado de montar, pelo menos do estribo pra trás.

Kolchak

na maioria das aeronaves a entrada é pela esquerda porque a maioria dos pilotos sao destros, usar a perna e a mao fraca apenas atrapalha, exigindo mais coordenacao motora.

Delfim Sobreira

Até onde sei é o equipamento que muda a doutrina, se a doutrina não for mudada o equipamento não será aproveitado. Não tem graça uns pilotos usarem o Gripen como caça e outros como ataque.

Delfim Sobreira

Ou teria ?
Especialização máxima de cada piloto em cada área, aprendendo a outra como complemento ?
Taí um bom debate.

shambr

o gripen e multi funcao como opera diversas armas todos os pilotos serao bons em tudo ou vai ter um piloto para cada funcao do tipo anti ship recon ataque ao solo superioridade aerea dogfight como e que vai ser divididas todas as funcoes? acho que tambem vai depender do tipo de missao do tipo de ambiente vai ser um grande salto para a doutrina da F,A,B

Satyricon

Alguém sabe dizer se é previsto para o Gripen E/F algum towed radar decoy, como o Ariel do Eurofighter Thiphoon (Selex-Galileo)?

Marcelo

Fernando “Nunão” De Martini 11 de junho de 2016 at 22:21
o F-35 ressuscitou a bizarrice do Mig-21:
https://qph.is.quoracdn.net/main-qimg-5b778bf96e9c495d9f2f0abce4c9d832?convert_to_webp=true

Nonato

Não sei no gripen e em outros. Mas já vi vídeos do su27. O piloto segura uma alavanca que vem do piso, à sua frente.
Parece fazer um teste esforço enorme.
Lembra-me um fusca que tínhamos há um tempão com grande folga na direção. Meus pais teimavam em dizer que não viam nada errado na direção…
Quem pilota aí, qual é a sensação?
No su27 parece que o piloto tem que ficar o tempo todo corrigindo o curso. Pode ser apenas impressão.

EduardoSP

Esse canopi do F-35 é que merece uma explicação. Já li que abrir para frente causou problemas até para desenhar o sistema de ejeção do piloto, pois nos demais caças americanos, que abrem para trás, o fluxo de ar ajuda a expelir o canopi para longe da aeronave no momento da ejeção. Já no F-35 o fluxo de ar tende a manter o canopi na mesma posição. E a questão é, qual o ganho que essa forma de abertura traz para o projeto? Me parece apenas uma inovação pela inovação, sem qualquer vantagem..

Emerson R.B

O Gripen por acaso tem um canhão do tipo do A-10 ,não necessariamente igual,mas como a mesma finalidade, tipo, se falta misseis tem BALA???

Matheus de Oliveira

Mudando de assunto um pouco… O ideal não seria ter aeronaves multirole como o Gripen E, aliado com aeronaves de interceptação e defesa aérea como um F-15, ou outro vetor digamos mais especifico para a função?

Farroupilha

Quando o óleo seca nas dobradiças do canopi do caça, ele faz aquele barulho sinistro de rangido para abrir ou fechar?
Se ranger, o avião vira casa, digo, caça mal assombrado?

rsrsrs!!

Farroupilha

Os Forevis não estão com seus canopi tudo rangendo?

vhalldez

Eu lendo essa noticia me recordo da época em que a decisão do Gripen ainda não tera sido tomada. Gripen competindo competindo com o Rafale e o F-16. A memória que me veio: Quantos naquela época, tiveram como seu principal argumento de critica ao Gripen, o fato dele “não existir, “ser um avião apenas no papel”…O que pensa essas pessoas hoje? Falo isso sem nenhuma amargura, revanchismo ou coisa do tipo. Só destaco para o declinio da renflexão entre os brasileiros, em todas as frentes. Indepedente de partidos, de visões, de lados, times de futebol e etc..uma coisa é certa….precisamos… Read more »

Satyricon

Nunão, obrigado pela resposta.
Mas acho estranho que diversos cortes esquemáticos do E/F disponíveis na net mostrarem um towed decoy. O britecloud é uma tecnologia mais recente mas, pelo que li, a Inglaterra o estuda como complemento ao towed decoy (tecnologia mais antiga) disponível nos tornado/typhoon, e não substituto desta. Supostamente, os são complementares, pois o primeiro é descartável, e o segundo é reutilizável. Ou não?

Marcos

off topic:
Fui assistir ao filme “Truque de Mestre 2” e o que vi foi uma longa exposição de mais de 20 minutos do Legacy 600, com direito a emblema da Embraer e tudo.

Satyricon

Nunão:
comment image%3Fw%3D656&imgrefurl=https%3A%2F%2Fthaimilitaryandasianregion.wordpress.com%2F2015%2F10%2F20%2Fsaab-gripen-ng%2F&docid=9DkbWC14oxpgAM&tbnid=nJ27YXHXrjX5HM%3A&w=640&h=480&client=ms-android-motorola&bih=279&biw=598&ved=0ahUKEwj8-sGR96PNAhWCFR4KHYw7Cd8QMwhmKEAwQA&iact=mrc&uact=8

Gelson Jorge Emerim

Esta série de reportagens sobre o Gripen estão muito esclarecedoras e muito bem orientadas.
Esta aeronave, quando estiver em serviço por aqui, será de grande utilidade para a nossa defesa. Tomara que venha com o “pacote” completo e seja aproveitada no seu máximo pois ela oferece muitas opções de emprego.
Parabéns pelas excelentes reportagens!
Abraços.

Paulo Perez Cirino

Excelente reportagem, digna do melhor espaço de discussão aérea atualmente! Parabéns! Torçamos que o Gripen venha logo!

Satyricon

Nunão, obrigado pelas explicações.
Só para acrescentar à discussão, segue o link do defensenews, onde os sistemas são citados como complementares:
http://www.defensenews.com/story/defense/international/europe/2016/03/30/raf-radar-guided-missile-threat/82417308/

Hamadjr

Se é pela direita por cima pela esquerda por baixo tanto faz, não é por onde se entra ou sai que o Gripen deve ser analisado e sim pela sua capacidade, o governo Dilma acertou na escolha, a FAB com esse caça estará em outra posição em relação aos seus vizinhos.

Satyricon

Nunão, meu conhecimento de EW é nulo, mas se eu tivesse de especular, diria que redundância de sistemas é sempre preferível. Por analogia, é o caso de mísseis (descartáveis) versus canhão orgânico (redundante, mas reutilizável), ou melhor, a última linha de defesa.
Pode também ser o caso de ambientes de alta intensidade vs baixa intensidade, mas aí eu estaria realmente especulando (como disse, meu EW=0).
Fica aí minha sugestão ao PA de expandir esse assunto com matéria específica.

Delfim Sobreira

Hamadjr
Não foi a Dilma que acertou, foi a FAB, ela também empurrou com a barriga o quanto pôde; podia acontecer da decisão acabar com o Temer, que poderia empurrar também.

Rinaldo Nery

Sobe-se no cavalo pela esquerda porque a espada está do lado esquerdo. Qualquer Cavalariano do EB aprendeu isso na AMAN. Quem disse que o caçador na FAB é formado com “especialização”? No 2°/5° GAV o estagiário vai aprender a voar TODAS as missões da Aviação de Caça, com restrição para as de Reconhecimento Tático por falta de sensores no A-29. Nos Terceiros ele continuará realizando TODAS as Tarefas e missões, a fim de se qualificar como Lider de Esquadrilha de Caça. Nos A-29 dos Terceiros há o FLIR para missões de reconhecimento. Quem disse que o F-5EM não realiza ataque… Read more »

Rinaldo Nery

O decoy rebocado é recomendado para aeronaves com grandes dimensões (AWACS, patrulheiros e tankers).

Satyricon

Rinaldo, há uma razão específica para isso?

Rinaldo Nery

Porque o chaff não é efetivo para uma aeronave grande. E o decoy é um trambolho para uma aeronave de caça, que necessita manobrar.

Justin Case

Amigos,

Acho que o “towed decoy” era requisito previsto no nosso F-X e também do MMRCA indiano. Mas provavelmente essa necessidade caducou devido à recente disponibilidade de “chaffs” ativos.
Abraços,

Justin