Dassault teria reduzido ‘marginalmente’ o preço do Rafale para a Índia

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Rafale - foto F Robineau - Dassault

Informação foi dada por fonte do Ministério da Defesa da Índia a jornal do país. Negociações finais de preço só começaram no último dia 21, e esforço é baixar o valor da compra de 36 caças Rafale para cerca de 8 bilhões de euros

Segundo reportagem publicada pelo jornal New Indian Express nesta quinta-feira, 28 de janeiro, os franceses baixaram “marginalmente” ou “só um pouquinho” o preço dos caças Rafale, mas ainda não para o nível desejado pela Índia. A informação foi dada ao jornal por um funcionário senior do Ministério da Defesa da Índia.

A discordância sobre o preço impediu a assinatura de um contrato de compra durante a visita do presidente francês François Hollande, realizada há poucos dias, a convite do governo indiano para as celebrações do “Republic Day” da Índia.

Rafale - painel - foto A Paringaux - Dassault

Escalada de preço e capacete israelense – Segundo as fontes do jornal, a Índia negocia um preço mais baixo que o oferecido pelos franceses, cujas estimativas chegam a 12 bilhões de euros, levando em conta uma escalada nos custos e a variação do câmbio, para a compra dos 36 caças fornecidos pela fabricante francesa Dassault, valor este baseado ainda (na interpretação do jornal) em condições oferecidas para o governo que antecedeu o atual do primeiro-ministro Narendra Modi.

A escalada de custos mencionada pelo jornal seria resultado de mudanças que a Índia deseja nas aeronaves, e que entre outras modificações inclui alguns armamentos específicos e um visor de capacete de produção israelense.

O programa que o governo antecessor de Modi tentou levar a cabo era o MMRCA original, voltado para 126 jatos (108 a serem fabricados na Índia e só 18 fornecidos diretamente pelo fabricante, “de prateleira”). Porém, em visita a Paris em abril do ano passado, o atual primeiro-ministro anunciou a intenção de adquirir 36 jatos Rafale “de prateleira”, pondo uma pá de cal no programa MMRCA de 126 aviões, que pouco tempo depois foi deixado de lado.

Rafale - foto 2 Cyril Amboise - SIRPA Air via Dassault

Seis semanas para chegar a oito bilhões – Ainda segundo as fontes do New Indian Express, “o esforço é para baixar o preço para cerca de 8 bilhões de euros”, e essas negociações sobre os custos começaram apenas no dia 21 de janeiro – pouquíssimos dias antes da visita de Hollande à Índia.

As fontes do jornal também disseram que “eles (franceses) baixaram o preço em relação ao original relacionado ao programa do governo anterior, mas nós queremos mais“, complementando que Modi e Hollande concordaram em concluir um acordo inter-governamental para fornecimento das aeronaves “em condições que seriam melhores que as oferecidas pela Dassault Aviation”, e que as negociações para baixar o valor deverão levar pelo menos seis semanas – duas semanas a mais do que a Dassault estimou em nota divulgada no dia 25 de janeiro.

Rafale - foto Dassault

Foi assinado apenas um memorando de entendimento – Em meio a todas essas questões ainda a serem negociadas, reportagem do jornal The Hindu trouxe a informação de que o acordo assinado entre Modi e Hollande foi apenas um memorando de entendimento (memorandum of understanding – MoU), e que a resolução das questões financeiras pendentes não tomaria “um par de dias” como disse o presidente francês.

 

O memorando assinado pelos dois lados faz pouco mais do que oficializar um entendimento para a compra de 36 caças Rafale “de prateleira” (a também chamada “flyaway condition”, outro termo para fornecimento direto da linha de montagem do fabricante, sem maiores modificações em relação ao padrão de produção). Fontes “bem posicionadas” do jornal (que não as identificou) disseram que “não queríamos dar a impressão de que nada aconteceu desde que o primeiro-ministro fez seu anúncio em Paris, no ano passado.”

 

Já uma autoridade francesa disse que Hollande, ao mencionar que as questões financeiras seriam resolvidas em “um par de dias”, quis dizer na verdade que a equipe levada pela França assumiria as negociações nos próximos dias.

Rafale C 137 equipado com RBE2 AESA em frente a instalação da Dassault- foto A Février - Dassault

De prateleira ou especificado pela Índia? O pronunciamento oficial sobre o encontro de Hollande e Modi disse que “os dois líderes celebraram a conclusão do Acordo Inter-Governamental (Inter-Governmental Agreement – IGA) para a aquisição de 36 caças Rafale em ‘flyaway condition’, excetuando-se algumas questões financeiras…”.

Excetuando-se o preço, outras questões como prazos, fornecimento e manutenção teriam sido congeladas (ou seja, fechadas), mas autoridades francesas foram rápidas, segundo o jornal The Hindu, em destacar que quaisquer mudanças adicionais significariam renegociar o acordo, levando a atrasos. Uma autoridade afirmou: “Não estamos falando de uma configuração padrão, estamos falando de um avião específico para a Índia. Levando isso em conta, a velocidade (do acordo / negociações) está num passo digno de nota”. Ou seja, enquanto o memorando de entendimento fala de aviões “de prateleira”, o que a Índia deseja (e que o jornal New Indian Express também apontou, ao referir-se ao capacete israelense) é um avião que em certos requisitos foge do padrão fabricado para as Forças Armadas Francesas, incorporando modificações para atender aos requisitos indianos.

Rafale C número 137 equipado com AESA na linha de produção - foto Dassault

Mais de 100 milhões de euros por caça – O jornal The Hindu ressaltou informações veiculadas anteriormente sobre o preço dos aviões ser um ponto fundamental, ainda que questões como as compensações (offsets) tivessem sido resolvidas. Autoridades informaram que o custo por aeronave estaria acima de 100 milhões de euros, ou cerca de Rs. 740 crore, e que esforços estão sendo feitos para reduzir o preço. E também ressaltou que, como a Força Aérea Indiana pediu customizações dos jatos para seus requerimentos, a França informou que isso atrasaria as entregas.

FOTOS via Dassault

 

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