Índia anuncia compra de 36 caças Rafale ‘prontos para voar’ por 4 bilhões de euros
Segundo fonte do Ministério da Defesa da França ouvida pela agência Reuters, esse pedido é separado das negociações do contrato original de 126 aeronaves do programa MMRCA. A Dassault Aviation divulgou nota felicitando a decisão do Governo Indiano de adquirir 36 caças em condições de ‘atender rapidamente’ suas necessidades. Opções de compra de mais caças ‘de prateleira’ podem fazer valor chegar a 7,5 bilhões de dólares
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Nem 126 caças, como preconiza o programa indiano MMRCA (avião de combate multitarefa de porte médio). Nem 63, como noticiado mais cedo hoje pelo jornal francês Le Monde. E nem 40 como noticiou, chegando bem mais perto do alvo, o jornal Hindustan Times.
Segundo a Reuters, nesta sexta-feira (10/4) o primeiro ministro indiano, Narendra Modi, informou durante sua visita à França que encomendou 36 caças franceses Dassault Rafale “prontos para voar”, ou seja, “de prateleira” para modernizar a frota de aviões de combate indianos frente às pressões de reequipamento militar de seus vizinhos China e Paquistão.
Em coletiva de imprensa neste seu primeiro dia de visita à França, Modi afirmou: “Eu solicitei ao presidente (François Hollande) para fornecer à Índia 36 jatos Rafale prontos para voar. Nossos servidores civis vão discutir (termos e condições) em mais detalhe e continuar as negociações”. Na mesma ocasião, o presidente francês François Holland disse que o seu ministro da Defesa, Jean-Yves Le Drian viajará à Índia em breve para finalizar o contrato.
4 bilhões de euros, diz a Reuters – O acordo com a Índia, ainda segundo a Reuters, tem valor estimado de cerca de 4 bilhões de euros e é um novo impulso para a Dassault Aviation após ter conquistado sua tão esperada primeira exportação do Rafale, junto ao Egito. Por três anos indianos e franceses estiveram negociando a aquisição de 126 caças, num contrato cujas estimativas subiram de um valor inicial de cerca de 12 bilhões para 20 bilhões, acréscimo que em boa parte é creditado ao requerimento da Índia para que 108 desses 126 aviões fossem construídos localmente.
A Reuters também informou que, segundo uma fonte do Ministério da Defesa da França, o acordo anunciado nesta sexta-feira é separado das negociações originais e foi feito após o novo ministro da Defesa da Índia, Manohar Parrikar, ter indicado as necessidades urgentes do país.
Opções podem subir valor para US$ 7,5 bi, mas Índia quer ‘offsets’ – O jornal indiano Economic Times também publicou notícia sobre o acordo, que vem após diversas reviravoltas até chegar a essa solução “fora da caixa” pra resolver o impasse. Esse acordo é encarado como uma fase inicial de compra de 36 caças “de prateleira” e as negociações continuarão para a fabricação de mais exemplares na Índia, num estágio posterior.
O jornal fala que esse contrato inicial pode chegar a 7,5 bilhões de dólares caso seja exercida uma opção para mais caças fabricados na França além desses 36 iniciais. Também afirmou que o contrato tem potencial de injetar no setor indiano da indústria de defesa, em especial na privada, mais de 2,3 bilhões, mas não deu detalhes de como isso se daria nesse caso de uma compra diretamente do fabricante francês. Uma possibilidade levantada pelo jornal é que, para evitar críticas pelo fato desse primeiro acordo não prever fabricação (e empregos) na Índia, o Governo Indiano deverá insistir que os franceses invistam pelo menos 30% do valor do contrato na Índia, de forma a tornar o setor privado do país um fornecedor importante e global da Dassault e de seus associados. São as chamadas compensações (offsets).
De qualquer forma, considera-se que esses primeiros 36 jatos serão adquiridos por um valor unitário menor do que o de outras ofertas feitas pela Dassault no passado, segundo o Hindustan Times. A compra “de prateleira” significa entregas mais rápidas para atender a necessidades urgentes da Força Aérea Indiana, e os aviões deverão ser entregues na mesma configuração que foi testada e aprovada em avaliações da força feitas em 2007, durante a competição do programa MMRCA.
Nota da Dassault – A empresa francesa Dassault Aviation publicou nota a respeito da encomenda indiana nesta sexta-feira. Nela, a empresa informou que a Índia anunciaria sua intenção de adquirir rapidamente 36 caças Rafale, destacando que é fornecedora do país há mais de 60 anos e que está honrada com a confiança do Governo Indiano. A Dassault também destacou que a Índia tem a intenção de adquirir os 36 caças “em condições que permitam atender rapidamente às necessidades de segurança” do país.
Eric Trappier, diretor executivo da Dassault Aviation, afirmou: “No momento em que estamos entregando os primeiros aviões Mirage 2000 modernizados, eu me regozijo com a decisão das autoridades indianas, que dá um novo ímpeto à nossa parceria pelas próximas décadas, dentro da relação estratégica entre a França e a Índia”.
Vale lembrar que a Força Aérea Indiana possui uma frota de cerca de 50 caças Mirage 2000, adquiridos a partir de meados da década de 1980, para a qual foi iniciado em 2011 um processo de modernização em que as duas primeiras aeronaves receberam os novos sistemas na França, enquanto as demais passarão pelo processo nas instalações da HAL, estatal indiana de aviação, com transferência de tecnologia.
FOTOS (em caráter meramente ilustrativo): Dassault Aviation
COLABOROU: Marcelo
Então pelo menos uma parte da novela indiana se encerra. Parece que a venda para o Egito realmente abriu a porteira para o Rafale. Quem sabe para o Qatar ainda esse ano.
Essa notícia é excelente para a Dassault e a França, dobrando o número de aviões a serem fabricados por lá.
Bom, “noves fora” o valor é parecido (eurxusd) do contrato dos nossos gripens…..a quantidade é a mesma e a cadência de entrega para os indianos deverá ser mais rapida.
Em 2020 voltamos a falar sobre isso, para ver quem fez melhor negocio…..
Ih…
Eu só acho que mais 90 Su-30MKI fecham a conta da índia. O problema vai ser a disponibilidade…
Outra coisa a se notar é que estes caças saíram bem mais baratos que os do Egito. Agora é esperar pra ver se virão com MICAS inclusos…
As informações do jornal Economic Times, confrontadas às do Le Monde que publicamos mais cedo hoje, dão a entender que a compra de mais caças “de prateleira” é uma possibilidade. Assim, é possível que o acordo se refira a 36 aviões com opção para mais 27, somando os 63 informados pelo jornal francês a um custo de cerca de US$ 7,5 bi. É em cima desse valor total (com as opções) que o jornal indiano provavelmente faz a conta de 30% de investimento em contrapartida (offset) para que este chegue a 2,3 bi. Mantidos esses 30% apenas para os 36… Read more »
“Agora é esperar pra ver se virão com MICAS inclusos…”
De fato, Ivany, mas como a Índia já assinou há três anos um contrato para cerca de 500 mísseis Mica, no escopo da modernização do Mirage 2000, a princípio ela não precisaria se preocupar de imediato com a compra de mais mísseis.
http://www.aereo.jor.br/2012/01/09/india-aprova-compra-de-500-misseis-mica-a-us-27-milhoes-cada/
Se vacilar, esses 36 caças Rafale serão entregues e empregarão esses mísseis bem antes que a HAL consiga entregar a primeira metade dos quase 50 caças Mirage 2000 que ficou de modernizar. Na Índia, dizem que a HAL vai levar 10 anos para modernizar todos:
http://www.aereo.jor.br/2015/03/23/forca-aerea-indiana-prestes-a-receber-os-dois-primeiros-cacas-mirage-2000-modernizados/
Guizmo:
Brasil ( 36 Gripen + “tot”): US$ 4.7 bi = R$ 14.470.830.000,00
Índia (36 Rafale de prateleira): 4 bi de euros = R$ 13.050.800.000,00.
A índia pagou 90 % do que o Brasil pagou. Ainda não dá para estimar os empregos gerados, a tecnologia e aprendizado absorvido, etc mas a uma primeira vista, aparentemente a compra brasileira foi mais vantajosa.
Felipe, Precisa colocar na conta (quando os valores exatos e outros detalhes forem veiculados) não só a questão da transferência de tecnologia, contratação de fornecedores locais, desenvolvimento, emprego etc, mas também os chamados “offsets”, ou compensações, pois mesmo quando se trata de compra “de prateleira” ou até de leasing de caças (por exemplo, nos contratos do Gripen na Hungria e na República Tcheca), esses acordos costumam existir. No caso da Índia, o jornal Economic Times diz que deverão ser de 30% do valor do contrato, chegando a 2,3 bi em compensações – mas para isso usa o dado que provavelmente… Read more »
E lembrando algo importante: a diferença do Rafale não está somente no custo de aquisição mas principalmente no de operação. Pelo menos aqui na FAB seria 30 anos voando – ou não – a um valor de hora de voo inviável para a nossa Força Aérea.
No mais, além da escala diferenciada, já que podem vir muito mais caças alem dos 36, o Gripen NG talvez tivesse saído ainda mais barato se fosse também uma mera compra de prateleira.
Ainda que eu tenha sido um ferrenho defensor do SH no FX2, o Gripen está sendo, financeiramente falando, um excelente negócio.
Ainda em relação ao meu comentário das 19h sobre a opção de compra adicional mencionada pelo Economic Times (que confrontada ao número de 63 no total mencionado pelo Le Monde mais cedo hoje chega no mesmo valor máximo de US$ 7,5 mencionado, ou 7,2 bi de euros, para o contrato separado), o interessante é que desde 2013 se falava num contrato separado da proposta original de 126 caças, para 63 adicionais: http://www.aereo.jor.br/2013/01/23/india-quer-mais-63-rafales-alem-dos-126/ A notícia de dois anos atrás menciona especificamente: ““Existe uma opção para outros 63 caças, que seriam encomendados em um contrato separado,” informou a fonte. “No momento o… Read more »
Xiiiiii, posso estar errado, mas para mim essa compra, mais a opção de compra de mais 36 caças só significam uma coisa:
O MMRCA foi pro espaço!
http://ajaishukla.blogspot.com.br/2015/04/india-france-announce-deal-for-36-fully.html
Prateleira por…
Karnad estimates that, with missiles and payload included, each Rafale would cost between $150-200 million. India, therefore, would end up paying $5.4 to $7.2 billion for 36 Rafales, about twice the cost of the indigenized Sukhoi-30MKI.
Pois é, Vader, a coisa pode ter ido para o espaço.
A Índia vai comprar 36 para ver no que dá e…
… e depois agente vê o que acontece.
Nunão Esse é o ponto. Esse valor um pouco inferior ao Gripen com ToT e fabricação local também não engloba armamento. Foi caríssimo. E dependendo de como o caça vai se comportar na operação (por exemplo, os indianos reclamaram da demora na mudança entre modos ar-solo e ar-ar no radar) pode ser que a coisa volte para o Su-30MKI que tem uma disponibilidade de 55%, teoricamente baixa, mas segundo uma fonte que o Roberto Santana me passou hoje, é a mesma do F-22 da USAF. Ou seja, não tem como fazer mágica com um bimotor pesado como são o Su-30,… Read more »
Outra coisa que esqueci é que o código fonte destes de prateleira deve ter vindo fechado.
Pra integrar outro armamento então, vai arder. 😀
Os hindus ainda tem como conseguir 30% do valor desta operação em off sets diretos. Ocorre que mesmo assim a política de “Make in Índia” do 1º ministro sai desprestigiada da situação. Sai desprestigiado tb o ministro da defesa, que em janeiro ameaçou comprar mais “Flankers”, caso as negociações c/ os franceses emperrassem. Os russos que pretendiam capitalizar em cima da ameaça, devido aos navios encomendados à França, mas não entregues devido a situação na Ucrânia; sobraram pelo caminho. E no fim hindus e russos andam se estranhando devido aos seguidos acidentes do ac russo. Sai desprestigiado tb o comitê… Read more »
Iväny, Custo de hora de voo é diretamente proporcional ao tamanho e peso do caça. Nunca um Rafale vai ter o mesmo custo do Flanker, transportando pouco menos da metade do combustível interno do Sukhoi. Do mesmo jeito que acho engraçado dizerem que o Rafale tem hora de voo mais cara que o Super Hornet, sendo 40% mais leve que este e transportando menos 30% de combustível. O custo de hora de voo do F-22 está na casa de 60 mil obamas. Mesmo número do F-14 quando estava na USN. A Austrália paga 24 mil dólares por cada hora dos… Read more »
Clésio, você sabe se existe alguma estimativa do valor da hora vôo do Gripen no Brasil? Já vi dizerem que será bem diferente dos valores do Gripen c/d e do Gripen NG na Suécia, será mesmo? Será que chega no valor do Rafale?
com o fim da produção do Eurofighter a Dassault se estabelece como a principal fabrica de avioes de combate da Europa com a SAAB como fornecedora de modelos mais econômicos.
Nao da para comprar valores na minha opinião – os 36 Gripen da FAB incluem itens que nao podem estar na compra da India – por exemplo, a venda de Super Hornet a Australia incluiu no contrato o suporte necessário para operar por sei la quantos anos o que inflou o valor do contrato.
Clesão, No meu entendimento o custo de hora de voo de um caça, divulgado, não tem nada a ver com o “custo de hora de voo real” desse mesmo caça. O que se denomina “custo de hora de voo” é a soma do quanto se gasta com a manutenção, guarda, abastecimento, etc. ,de um caça durante um ano inteiro e dividido pelas horas voadas nesse mesmo ano. Se o caça F-22 pudesse ficar no relento, ele teria X horas de voo. Se o Rafale tiver que fazer uma revisão total da turbina a cada x horas, ele terá X de… Read more »
É capaz que nem um Nimitz gasta 60 mil dólares por hora de operação.
“É impossível um caça, mesmo sendo o F-22, gastar 60 mil dólares por hora real voada” Bosco, não tem nada de impossível nisso. Como você mesmo disse, entra na conta mais que o combustível. Todos os ex-pilotos de Tomcat falam do custo exorbitante que era para manter o felino no ar. Quebrava muita coisa, tinha mais gente empregada nele pra mantê-lo voando, etc. Tem uma entrevista recente com um ex-piloto, onde ele comenta que não era difícil ver o deck inferior dos PA da USN cheios de Tomcat precisando de reparo: “dava para caminhar por cima deles de uma extremidade… Read more »
Clésio, Eu não disse que você está errado. O que está errado é o modo como os operadores divulgam a tal hora de voo. Você só replica o que dizem e mesmo em sites oficiais há um monte de absurdos. Mas eu não duvido do alto custo de hora de voo de um F-22, e nem tenho base pra duvidar que seja de 60 mil dólares, apesar de achar excessiva. O que duvido é como esse dado é interpretado pela mídia e por todos nós. Eu acredito que o cálculo da hora de voo é feito dividindo o custo de… Read more »
Segundo relatório de custos da USAF que tem na internet (lá, como é uma democracia de verdade, tem todos os custos de operação de todos os setores do governo disponíveis para consulta da população), a hora de vôo do F-22 é de pouco mais de 50 mil dólares. A do F-15 é de 30 mil. O F-18 é realmente bom nessa relação de custo benefício, porque é bem pesado, leva mais armamento que o F-15 e ainda assim é mais barato na hora de vôo (24mil como o Clésio falou). A título de comparação, o Typhoon custa 18 mil por… Read more »
Pois é Bosco, eles obviamente contam cada centavo gasto com a aeronave no solo como “custo de hora de voo”.
Do pouco que li a respeito, imagino que eles usem hangares especiais para aplicar a RAM ou seja lá que materiais forem no acabamento externo. Aquela eletrônica obsoleta dele não deve ser barata nem fácil de conseguir peças (é baseada em hardware dos anos 90), e os motores da P&W, famosa por extorquir a USAF quando tem chance, com aqueles bocais especiais, deve ser outra fonte de custos altos.