Gripen NG Demo com 6 mísseis ar-ar e duas bombas guiadas - foto Saab

Em sua primeira ação após a reeleição, a presidenta Dilma Rousseff ratifica a compra dos caças da Saab, com um aumento de US$ 900 milhões. O governo não pretende economizar para reequipar as Forças Armadas

ClippingNEWS-PAOs militantes do PT ainda comemoravam a vitória nas urnas, quando a presidenta reeleita Dilma Rousseff anunciou a primeira grande decisão de seu novo governo. O Brasil assinou com a sueca Saab o contrato para a compra de 36 caças Gripen NG, que serão incorporados à Força Aérea Brasileira (FAB). O ato ratifica a opção pelos aviões suecos, oficializada em dezembro do ano passado, após mais de uma década do lançamento do projeto FX-2, cujo objetivo era modernizar a esquadrilha de aeronaves militares brasileira.

A assinatura do contrato, realizada na sexta-feira 24 – mas divulgada somente na segunda-feira 27 –, seria apenas uma formalidade, não fosse por um motivo: o governo aceitou pagar US$ 900 milhões a mais do que havia sido combinado há cerca de um ano. Inicialmente, o custo para a aquisição dos caças seria de US$ 4,5 bilhões ou cerca de R$ 11 bilhões, ao câmbio atual. O acordo, no entanto, sofreu um reajuste de 20%, sendo fechado por US$ 5,4 bilhões, o equivalente a R$ 13 bilhões. “Esperamos muito tempo por esse momento”, afirmou o tenente-brigadeiro Alvani Adão da Silva, diretor do DCTA, órgão de ciência e tecnologia da FAB.

Gripen NG pousando - foto Saab

“A indústria aeronáutica brasileira dará um grande salto.” Em nota, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica afirmou que o valor maior se deve aos “impactos relacionados à oferta de 2009, que foram exaustivamente negociados, visando à maior participação das indústrias brasileiras.” As primeiras aeronaves, montadas na fábrica de Linköping, na Suécia, deverão ser entregues em 2019. O último caça aterrissará no Brasil em 2024. A Força Aérea informou, ainda, que negocia com a Saab a cessão temporária de modelos antigos do Gripen, que serão utilizados em sua frota até que os novos estejam prontos. Não foi informado o quanto custaria esse empréstimo. Parte dos componentes será fornecida por fabricantes brasileiros. A principal delas é a Embraer.

Segundo Lennart Sindahl, executivo de aeronáutica da Saab, cerca de 15 caças serão totalmente montados nas instalações da fabricante brasileira. Para a Saab, a assinatura do contrato representa um grande trunfo nos negócios. “O contrato valida o Gripen como o mais capaz e moderno sistema bélico no mercado”, afirmou Hakan Buskhe, CEO da companhia. Além da Suécia, utilizam o Gripen as Forças Armadas da República Tcheca, Hungria, África do Sul e Tailândia. No Reino Unido, o avião é usado para treinamento. Do lado brasileiro, a rapidez com que o acordo foi ratificado – a previsão era de que o contrato fosse assinado apenas em dezembro – demonstra a vontade do governo de reequipar as Forças Armadas.

Gripen NG para o Brasil - concepção artística Saab

Além do FX-2, há ao menos três outros grandes projetos militares em curso. Somados ao FX-2, eles vão movimentar quase R$ 60 bilhões nos próximos anos. “Ficamos parados duas décadas”, afirmou à DINHEIRO o general de brigada Marcelo Eschiletti, que comanda a divisão de obras do Exército. “Estamos recuperando o tempo perdido.” O projeto mais caro é o Prosub, orçado em R$ 24 bilhões, para construir o primeiro submarino nuclear do País. Parte dos esforços para proteger a costa, incluindo o pré-sal e as reservas minerais da chamada Amazônia Azul, o Prosub vigiará uma área equivalente à metade do território terrestre nacional.

Esse projeto é complementado pelo Sisgaaz, um sistema de monitoramento marítimo que exigirá investimentos de R$ 10 bilhões. Em solo, o Brasil está investindo em outro sistema de monitoramento, o Sisfron. Quando concluído, em 2016, ele ajudará na defesa dos 17 mil quilômetros de fronteiras secas do País, ao custo de R$ 12 bilhões. Não é por acaso que a lista de companhias que entram no mercado bélico não para de crescer. É o caso das empreiteiras OAS e Odebrecht, da Embraer e da italiana Iveco, braço de veículos pesados da Fiat, que no ano passado inaugurou uma fábrica de blindados no Brasil.

Gripen NG com seis mísseis e duas bombas - foto 3 Saab

FONTE: Isto É Dinheiro

IMAGENS: Saab

NOTA DO EDITOR: a reportagem comete alguns equívocos, em nossa opinião. Afirmar logo no início que “a presidenta reeleita Dilma Rousseff anunciou a primeira grande decisão de seu novo governo”, ainda que, evidentemente, a decisão seja do governo em que ela é presidente, não condiz com o fato de que o anúncio não foi feito por ela em pessoa (ou mesmo por alguma nota a ela atribuída), e sim pela FAB e pela Saab, em informes divulgados na segunda-feira, dia 27 de outubro (como o próprio texto da matéria menciona na sequência) sobre a assinatura realizada na sexta-feira anterior, dia 24.

Além disso, o novo mandato da presidente começa oficialmente em 1º de janeiro de 2015, portanto a decisão não é do “novo governo”, e sim do atual. Obviamente, na realidade da prática política o novo governo começou após a divulgação do resultado do segundo turno das eleições no próprio domingo, dia 26. Ainda assim, o contrato foi assinado na sexta-feira, dia 24, dois dias antes do segundo turno. Ou seja, a “ratificação” citada no subtítulo não pode ser tecnicamente ou mesmo politicamente considerada “sua primeira ação após a reeleição”, e sim uma das últimas ações realizadas antes do segundo turno. O que se pode dizer, isso sim, é que foi o primeiro anúncio de um importante contrato militar feito após a reeleição, relembrando mais uma vez que esse fato não foi anunciado pela própria presidente.

VEJA TAMBÉM:

Subscribe
Notify of
guest

25 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Oganza

Nunão, “…o Sisfron. Quando concluído, em 2016, ele ajudará na defesa dos 17 mil quilômetros de fronteiras secas do País, ao custo de R$ 12 bilhões…” Esse trecho está correto? Conclusão é para 2016 mesmo? Esses valores divulgados para o Sisfron e Sisgaz estão corretos? Para mim está meio irreal ou subestimado: R$ 12 bi e R$ 10 bi respectivamente. Os requerimentos foram reduzidos? No mais parabéns a vc pela nota colocando os pingos “i”s, pois a materiazinha da Isto É Dinheiro ficou “tendenciosa” para dizer o mínimo. Os caras insistem em assassinar a língua escrevendo presidente com “a”… ridículo.… Read more »

Baschera

Aproveitem… pois vamos ficar falando destes projetos por muiiiittttoooo tempo… andando em circulos.

Com o tamanho da tesoura criada nas oficinas econômicas deste desgoverno… o próximo ano (anos aliás) … será muita sorte se as FFAAs puderem usar o lado b do papel higiênico.

O texto cita R$ 60 bilhões… pois bem, só o déficit do GF em setembro passado foi de mais de R$ 20 bilhões…em um ÚNICO mês.

Desde a implantação do Plano Real, também em setembro passado, o tesouro nacional apresentou pela primeira vez um déficit… e são mais de 20 anos de superávit.

Sds.

Oganza

vlw Nunão,

foi o que eu pensei… assim como os valores tb devem ter algum equívoco tb, ao menos em parte.

Grande Abraço.

Marcos

Com um US$ 1 bi a mais, o ainda inexistente Gripen NG já vai ficando mais caro que o F-18. Isso ai é como o Programa Espacial Brasileiro: lá atrás tínhamos um quase acordo com os americanos, mas a gritaria foi geral, que daquele jeito não deveríamos assinar nenhum acordo, que os americano estariam nos explorando, aquela coisa toda. Dai assinaram o mesmo acordo com os ucranianos, sem ToT, sem nada – mas não eram os americanos malvados, né!? – e o resultado está ai: muito dinheiro para o espaço e foguete que é bom… nada! O programa FX-2 foi… Read more »

Gilberto Rezende

Baschera o Brasil não ficará sem recursos por muito mais tempo e a tesoura das “oficinas econômicas” deste bom governo re-eleito poderá ser guardada. Tua projeção funesta simplesmente não vai se realizar. Sobre o pré-sal no site da Petrobrás: “Atualmente, contamos com nove plataformas em produção e um TLD – Teste de Longa Duração, cujo tempo de produção é estendido para verificar os limites do reservatório e sua comercialidade – sendo realizado na província pré-sal. Até 2018, outras 19 unidades de produção entrarão em operação. Por isso, nossos investimentos na área do pré-sal se ampliam cada vez mais e chegarão… Read more »

Oganza

kkkkkk… cada pensamento ridículo… como se uma única impresinha fosse “salvar” uma nação de 200 milhões de pessoas… … Brasil, a eterna bola da vez e sempre com uma solução que é a bola da vez… … o País da monocultura, do mono-pensamento, da mono-solução pq é formado por gente que pensa assim, pois possuem um mono-cérebro “equipado” com um mono-neurônio… …e só inventando palavras para “entender” o mono-conceito que é o Brasil, abarrotado de pessoas que são mono-seres com a incrível capacidade de produzir um mono-pensamento oriundo de seu mono-intelecto. Ps.: mas tem gente inteligente no Brasil, possuímos White… Read more »

Gilberto Rezende

Organza chamar a Petrobras de emprezinha é sem noção demais!!! Até para o teu padrão de entendimento rapaz… A Petrobrás é a ponta de lança de uma reforma de infra estrutura em curso no país. O pré-sal não é mono conceito é conceito-base onde outras ações coordenam. Mas tucano é bicho de pouca visão mesmo. Estamos instalando um dos maiores conjuntos de parques de geração de energia eólica do mundo, ferrovias ligarão a antiga ferrovia norte-sul até São Paulo até o sul de verdade aqui em Rio Grande/RS e também no seitido leste-oeste, em 2018 a transposição do São Francisco… Read more »

Guilherme Poggio

Pessoal

Estamos desviando do assunto. Falar da Petrobras aqui não tem cabimento. Um defendendo e outro atacando a companhia.

Vamos deixar a petrobras e seus problemas (que não são pequenos) para um blog de ações ou de petróleo. OK?

Wagner

Que fim levou a ideia de produzir aqui por uma multinacional aquele treinador-atacante da Coréia do Sul ??

Seria o ideal para complementar a FAB !

Já pensaram ? a FAB ficariua show !!!!

joseboscojr

A minha visão é a seguinte. Tínhamos os Mirage 3 (17, salvo engano) que por pura falta de gestão, competência, interesse, ou seja lá o que for, não foram substituídos à tempo. Aí inventaram de arrumar uma dúzia de Mirage 2000 como caça tampão. Vergonhosamente o “tampão” também ficou tanto tempo “tampando” que envelheceu e saíram de operação. Hoje não temos nenhum caça de verdade já que por melhor que seja o F-5, é vergonhoso. Poderíamos ter resolvido essa vergonhosa situação há alguns anos, comprando um caça em franca produção (F-16, Super Hornet, Gripen, Rafale, Typhoon, Mig 31, Su-30, Su-35,… Read more »

joseboscojr

E vamos “montar” 15 caças. Tenham dó!
Tudo isso de TT, TIT, TTI, pra “montarmos” 15 caças?
Tipo lego-lego?
Ah! Mas se comprarmos 120 caças NG pra substituímos os AMX e os F-5 quem sabe lá pela sexagésima célula nós já estaremos fabricando aqui uns 5% da fuselagem.
Grande TT.
Alguém em sã consciência acha que vamos adquirir mais que os tais trinta e poucos?
E o TT inclui aprendermos a fazer turbofan com pós combustor? Radar AESA? Não?
Me poupem!!!!

Nórdico

Pois é Bosco, e ainda existe uma gigante propaganda em São Bernardo do Campo quanto ao sucesso da implementação de uma unidade de fabricação de fuselagem do NG nesta cidade. O Sr. prefeito / piloto / grevista vive contando vantagem por trazer a empresa para cá…..mas esquece (ou melhor, se exime completamente) de fazer qualquer comentário sobre a decisão da ROLLS ROYCE de encerrar as operações de revisão de motores aeronáuticos (após 55 anos na cidade), enviando todo seu trabalho para o Canadá. Foram quase 300 profissionais com alta especialização e grande experiência e conhecimento demitidos. Foi uma enorme perda… Read more »

Marcelo Pamplona

Bom dia a todos!

Só um pitaco:

Anunciar investimentos é uma coisa!

Desembolsar “la plata” nos prazos e volumes necessários é outra completamente diferente!

Vide o histórico recente do programa A-1M, por exemplo.

Sds.

joseboscojr

Nunão,
O inicial é o ano de 2005 quando da aposentadoria dos Mirage 3, e o final é lá pelo ano 2020 quando entrar em operação pelo menos uma pequena parte dos NGs.
Até lá, esse gap de 15 anos é preenchido por tampões subarmados.
Tudo bem que fui um pouco exagerado já que tampão também é caça, mas foi no calor da argumentação.
Mas na real, caça tampão é igual o NAe tampão, só serve pra manter doutrina e a proficiência dos pilotos e da equipagem e são pouco úteis em desempenhar sua missão.
Um abraço.

joseboscojr

Nunão, Se o cidadão fosse como o Estado, que exige da iniciativa privada coisa de primeiro mundo, iríamos estar reivindicando uma centena de F-15E. Mas não, somos bem mais racionais e pedimos ao Estado só uns 18 F-16 ou Gripen ou Mig-29. Isso não é pedir muito. Tivesse o GF lá pelo início da Século orquestrado a aquisição pura e simplesmente de uns 18 caças leves e de umas três dúzias de mísseis Amraam ou R77 e estávamos satisfeitos. Nada demais! É o mínimo que se espera do 7º PIB mundial, que ocupa 50% da América do Sul e com… Read more »

Marcos

Como diria Popeye Noel: ho, ho,ho…

Gripen NG somente para 2019.

E Gripen C, somente oito.

Oganza

Bosco,
3 de novembro de 2014 at 17:45

maravilhoso… até derrubei o copo aki…kkkkkk

“Simples! Mas não! Se não for sofrido e complicado parece que não satisfaz.”

– Nóis é muler di malandro rapá, nóis panha mais gosta.

Grande Abraço.

juarezmartinez

Bosco! Eu estou afastado dos debates aqui, mas li teus comentários e não posso deixar de dizer que simplesmente foi um aula de pragmatismo, de patriotismo e de racionalidade.

Grande Jose Bosco, parece que entraste na minha cabeça e arrancou minhas palvras.

Grande abraço de um velho graxeiro que tem uma imensa admiração pela tua pessoa.

joseboscojr

Juarez, Besteria isso de deixar de comentar. Aqui é um lugar onde a gente pode espairecer e jogar conversa fora sobre um assunto que gostamos. Se fosse deixar de comentar toda vez que o Galante ou o Nunão aparentaram não concordar com minha opinião eu já tava mudo e com osteoartrite. rsrssss Somos todos amigos, mesmo que virtuais, e é normal haver algum desentendimento ou discordância em um ou outro comentário sobre algum tema. Acho que deveria reconsiderar essa ideia de deixar de comentar que isso não leva a nada e só prejudica o debate. Eu pelo menos, e sei… Read more »

Rinaldo Nery

Apesar de tampão, os binômios M2000/Magic (ou Matra?) e F-5M//Derby introduziram a FAB na arena BVR. E já postei aqui que o M2000 trouxe, também, o Cap Paul Hervé, que ensinou os Jaguares a combaterem BVR.
Pra mim, o Paul foi a aquisição mais importante.
Como o Juarez já postou, o F-5 ficou uma jaca com o Derby sob a asa, mas isso não impediu o aprendizado.
Quando o GRIPEN for implantado, combate BVR já será um step superado.