Índia quer novas negociações para quebrar impasse do Rafale, enquanto Eurofighter espreita

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Eurofighter Typhoon e Rafale em formação - foto 2 Força Aérea Alemã

Impasse é devido a garantias sobre as 108 aeronaves que serão fabricadas na Índia, no programa MMRCA de 126 caças Rafale. Enquanto isso, britânicos aguardam considerações sobre proposta mais barata feita pelos alemães para o Eurofighter Typhoon, em meio a visita do secretário da Defesa do Reino Unido

Segundo o jornal India Today, uma nova rodada de discussões sobre a compra de 126 caças Rafale pela Índia está marcada para o mês que vem, devido à ausência de avanços, desde julho, nas negociações sobre o assunto. O motivo seria a relutância francesa em garantir a produção do Rafale na Índia. Fontes disseram que o Ministério da Defesa busca uma garantia para todos os 126 caças Rafale que a Índia vai comprar do fabricante francês Dassault, 108 dos quais deverão ser fabricados na Índia pela estatal Hindustan Aeronautics Limited (HAL) num acordo de transferência de tecnologia.

Apesar de boa parte das negociações ter sido completada, a continuidade depende da determinação do custo final do gigantesco programa, e isso depende da França aceitar a condição do Ministério da Defesa em se responsabilizar por todos os aviões, e não apenas pelos 18 que sairão da fábrica francesa. As fontes afirmam que, no caso dessa pendência ser resolvida, será apenas questão de tempo para completar o restante das negociações. O Governo Indiano tem confiança de que levará três meses para finalizar o contrato a partir da data em que essa condição for aceita pelo lado francês.

Eric Trappier, diretor executivo da Dassault, recentemente esteve na Índia para quebrar o gelo, mas não houve progresso, e uma nova rodada de discussões será realizada para resolver a questão. A Dassault está disposta a fornecer treinamento e documentos para a construção das aeronaves, mas até o momento não deu garantias sobre o produtor final, pois não pode supervisionar o trabalho feito pela empresa indiana. Há muitas intrincadas questões ligadas a essa condição, como a própria HAL não aceitar supervisão estrangeira.

O atraso em finalizar o contrato e a mudança do governo na Índia criou uma oportunidade para os fabricantes preteridos na competição que escolheu o Rafale se manterem na disputa. Um novo debate foi iniciado, questionando o alto valor da compra frente a opções mais baratas. Porém, o governo não deu nenhuma indicação sobre rever o processo, com as negociações prosseguindo com a Dassault. Um novo fato foi acrescentado a esse contexto: a decisão brasileira de comprar o caça sueco Gripen ao invés do Rafale, contrato de 5,475 bilhões de dólares assinado após muitas reviravoltas e, com exceção da Força Aérea Indiana, todos os olhos estiveram voltados para a decisão brasileira.

Voo conjunto Rafale Typhoon sobre a Escócia - foto via MoD UK

Nesse contexto, o jornal indiano Times of India publicou reportagem com declaração exclusiva feita pelo secretário de defesa do Reino Unido, Michael Fallon, em visita à Índia: “Reconhecemos que o governo indiano classificou a França em primeiro lugar no projeto MMRCA. Mas nós ainda fazemos parte da competição. Se as negociações com a França falharem ou perderem sustentação, estamos prontos para  agir.” A declaração foi dada na tarde de quinta-feira, 30 de outubro. Segundo o jornal, o consórcio Eurofighter que fabrica o caça Typhoon (que foi finalista do MMRCA ao lado do Rafale), aguarda ansioso a oportunidade de preencher os requerimentos indianos caso falhem as negociações para 126 caças Rafale, no programa estimado em 20 bilhões de dólares.

Devido a uma campanha “fabrique na Índia” do novo governo indiano de Modi em relação a tecnologias de defesa e do setor de produção, que deixa o governo britânico “bastante entusiasmado”, Fallon também disse ver “uma grande oportunidade para o Reino Unido (por ser) uma época entusiasmante na Índia, com o novo governo tomando rápidas decisões”. O secretário britânico havia se encontrado mais cedo com o ministro da Defesa da Índia, Arun Jaitley.

Rafale e Typhoon em patrulha conjunta - foto Luftwaffe via Força Aérea Francesa

O Reino Unido também quer ressuscitar um acordo emperrado de 885 milhões de dólares para 145 obuseiros M-777 de baixo peso, fabricados pela britânica BAE Systems (num negócio que envolve o programa de vendas militares ao exterior dos Estados Unidos – FMS), assim como a compra de 20 jatos de treinamento avançado Hawk adicionais, além de levantar o banimento de helicópteros AugustaWestland após um escândalo no país.

Porém, segundo o jornal, o consórcio Eurofighter que envolve o Reino Unido, Alemanha, Espanha e Itália pode encontrar dificuldades em voltar ao projeto MMRCA, no qual Rafale e Typhoon passaram por extensas avaliações técnicas após serem declarados finalistas, em detrimento de modelos dos Estados Unidos, Rússia e Suécia que participavam do programa. Em janeiro de 2012, o Dassault Rafale foi declarado vencedor, ou “L-1” (lowest bidder, ou oferta de menor valor) em relação ao Eurofighter Typhoon, mas as negociações desde então avançaram num ritmo glacial, não havendo previsão nas regras para reviravoltas. Fallon se mantém esperançoso, ainda assim: “Estamos prontos e aguardando considerações após os alemães terem, recentemente, feito uma oferta (com proposta mais barata para o Typhoon) para o Governo Indiano.”

caças Typhoon e Rafale em treinamento sobre a França - foto 2 Armée de lair

FONTES: India Today e Times of India (compilação, tradução e edição do Poder Aéreo a partir de originais em inglês)

FOTOS (em caráter meramente ilustrativo): Força Aérea Francesa, Força Aérea Alemã e Ministério da Defesa do Reino Unido

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