Gripen na Suíça: referendo termina com vitória do ‘não’ por 53,4% dos votos
A população suíça rejeitou, nesse domingo, o sistema de financiamento da compra de novos caças Gripen NG, no qual cerca de 300 milhões de francos suíços seriam separados, do orçamento de defesa, para a aquisição de 22 unidades do caça fabricado pela sueca Saab, que o governo havia selecionado no final de 2011 como a melhor proposta em comparação com as da Dassault francesa (Rafale) e EADS / Airbus (Eufofighter Typhoon).
A vitória do não foi um pouco menos apertada do que algumas projeções mostravam, mas ainda assim, mostra uma clara divisão da população suíça sobre o tema: 53,43% votaram pelo não, e 46,57% pelo sim. Em número de cantões (estados) suíços, a aquisição dos caças venceu por 12 a 11, mas os dois mais populosos (nos quais a apuração levou mais tempo), Zurich e Berne, acabaram confirmando o não – embora neles a margem tenha sido relativamente pequena: 51,38% contra 48,62% no primeiro e 50,9% contra 49,1% no segundo. Clique nas imagens acima e abaixo para acessar os resultados por cantão.
Agora, a polêmica na suíça deverá se voltar ao orçamento de defesa. Recentemente, o parlamento aprovou um aumento de 4,7 para 5 bilhões de francos suíços anuais para a defesa, sendo que os 300 milhões de diferença seriam utilizados, ao longo de aproximadamente 10 anos, justamente para viabilizar a compra de novos caças. Os partidos opositores à compra de caças provavelmente vão lutar, no parlamento, para que o “não” do referendo seja interpretado como uma negativa a esse aumento para a defesa, disponibilizando os 300 milhões para outras pastas.
VEJA TAMBÉM:
Boa notícia para o Brasil, a FAB, a Embraer e as empresas brasileiras. Nosso poder de barganha com a Suécia e a SAAB agora aumentou consideravelmente.
Será muito melhor para negociar o contrato e as participações das empresas brasileiras sem a pressão das empresas suíças, em especial a RUAG.
Como eu disse desde que o tal plebiscito foi lançado: azar dos suíços. Mas talvez a Suíça realmente não precise de caças. Ou de forças armadas, pra ser honesto.
Melhor investirem em flores… 🙂
O não foi para que não se adicionasse mais dinheiro, não significando que os caças não sejam comprados.
Portanto, as negociações entre suecos e suíços irão continuar.
A SUIÇA É UMA ANTA!!!
Mas vá lá, depois vão acabar gastando mais, vide a Áustria.
Que venha então a Saab e o Gripen NG BR.
Marcos,
Mas vão continuar como sem financiamento? Sin plata no hay amor.
Marcos, O dinheiro já estava adicionado ao orçamento de defesa suíço por decisão parlamentar, mas o referendo agora diz que esse dinheiro não pode ser utilizado para a compra de novos caças, o que inviabiliza sua utilização para tanto e, além disso, provavelmente os oposicionistas vão querer retirar esse valor adicional de 300 milhões da pasta, fazendo voltar de 5 bi anuais para 4,7 bi. É inconstitucional ir contra o resultado do plebiscito, então creio que podemos esquecer Gripen NG naquele país, sem falar que o resultado vai estigmatizar o caça por lá. Ao menos, é a minha interpretação dos… Read more »
Para quem quiser acompanhar ao vivo os pronunciamentos na Suíça sobre os resultados:
http://www.vbs.admin.ch/internet/vbs/fr/home/aktuell/mitteilung/140518b.html
Depois do incidente com o avião da Ethiopian Airlines eu acreditava que o “sim” pudesse sensibilizar a população suíça, mas vejo que isso não aconteceu. Por outro lado este incidente da Ethiopian Airlines trouxe um problema maior ainda que a própria substituição dos F-5. A aviação de caça suíça só atua em horário de expediente e nos dias úteis. Vejo esta questão como mais importante do que a compra de novos caças em si. Não adianta comprar se não puder usar quando precisar. Talvez os suíços tenham economizado alguns milhões de francos optando por não comprar novos caças, mas continuam… Read more »
Exato, Poggio. E 30 milhões de francos seriam investidos por ano no treinamento para se ampliar o número de pilotos aptos a voar à noite (os pilotos de F-5 só voam de dia porque a instrumentação do caça não é adequada ao voo noturno – quanto mais para o combate noturno – pelas exigências atuais). Esse valor, a princípio, também está pendente, pois isso também dependeria de ter mais caças para não acelerar o desgaste dos F-18 (que teriam que voar mais horas por ano para treinar mais pilotos de caça aptos ao voo noturno, hoje só feito pelo F-18… Read more »
O chefe do depto de Defesa, Ueli Maurer, falou agora, mas como foi em alemão, não entendi patavinas…
Fizeram uma pergunta pra ele em francês agora, fiquei até feliz em entender o repórter, mas como o Maurer também só responde em alemão…
Amigos,
Para mim, a notícia é boa porque a nossa participação no programa vai crescer muito.
No entanto, teremos também que assumir maior parte dos custos. O fator de escala também é prejudicado, mas podem vir outras encomendas, principalmente nossas, eu espero.
Justin
O Justin Case fez um ótimo resumo do que podemos esperar, como brasileiros, após essa decisão na Suíça (sugiro que leiam novamente o comentário dele às 12:20h).
Para mim as negociações entre o Brasil e a Saab/Suécia vão começar efetivamente agora, após a definição da situação suíça no programa.
Ô Franz, aparece aí pra contar o que diabos o Maurer tá falando, rsrsrsrs
Vão apertar em algum lugar para viabilizar a compra, nem que seja de prateleira.
Vox populi, vox dei.
SDS.
Marcos, A negociação do negócio pela suíça já tinha transformado em praticamente uma compra “de prateleira”, pois eles tinham até cortado a linha de montagem local – o que não dava pra cortar eram os custos associados a qualquer compra de caças, como treinamento, peças, sobressalentes, apoio logístico etc, que tornam o valor global, dividido pelo número de aeronaves, superior ao preço de prateleira dos jatos. A participação industrial era importante, assim como os offsets, mas era mais uma forma de adoçar a venda e contar com apoio da indústria suíça (e eu ainda acho que algumas coisas ainda vão… Read more »
Ao contrário do que alguns acham, isto não é bom.
Menor escala, significa maiores custos de produção e possivelmente de desenvolvimento também.
Certamente a FAB também vai levar em conta este revés da SAAB.
Acho que acendeu uma luz amarela lá na SAAB.
Sds.
Como diria o Ivan, o “Mapento”: olhem o mapa, olhem o mapa! As regiões responsáveis pelo “não”, são aquelas vizinhas da França e em que a língua francesa é a predominante(a Suíça tem quatro línguas oficiais: francês, alemão, italiano e romanche). Antes que digam que se trata de uma conspiração pró-rafale, é importante dizer que a parte “italiana” da Suíça também disse não à compra. Já o “sim” foi predominante na parte “alemã”. A explicação para isto, penso eu, é que os suíços que falam alemão tiveram ao longo da vida acesso a amplo material sobre a ocupação soviética na… Read more »
De qualquer maneira, essa soberana decisão suíça é uma ótima oportunidade para refletirmos sobre até onde é vantajoso para uma nação se deixar conduzir pela vontade popular diretamente exercida. Com o resultado da votação a Suíça não apenas perde em capacidade dissuasiva, mas também perde uma ótima oportunidade de negócios. Suas empresas perdem em competitividade, empregos deixam de ser gerados, deixa-se de aprofundar laços com uma nação amiga e não competidora, etc. O azar é todo da Suíça. Mas me pergunto até que ponto esse tipo de decisão não deveria ser tomada pelos técnicos, em conjunto, tanto militares quanto administradores… Read more »
Em relação ao Gripen-BR quero lembrar a todos que os custos na proposta vencedora da SAAB são FIXOS, ou seja, não são variáveis devido a eventos externos; e que estes custos estão fixados na RFP desde 2010.
Sds.
OFF:
Menos unidades do Gripen,
Menos Rajada, vento, seja lá o que for:
http://www.valor.com.br/internacional/3551466/india-oposicao-conquista-maioria-do-parlamento
Nunão: Por agora, estão todos meio desorientados, perdidos e sem saber direito o que dizer ou fazer….pois eles acreditavam que depois do episódio do avião da Etiopian Airlines e da crise na Ucrânia a vitória seria certa, mesmo apertada……:-( Por enquanto não existe nenhum “plano B”…..vão deixar a poeira assentar primeiro…… Pelo visto os de esquerda souberam melhor convencer a opinião pública: – 32 F/A 18 são suficientes – Estamos cercados de países amigos – Não adianta comprar aviões novos se temos poucos pilotos. Mas infelizmente é essa a tendência européia…..cada vêz mais fraca…… Estão confiantes que os americanos como… Read more »
Vendo as coisas por outra ótica, creio que existem vantagens e desvantagens para o Brasil:
Vantagens:
– Maior poder de barganha
– Transferência de tecnologia
– Vendas de off-set
– Criação de empregos no Brasil
Desvantagens:
– Risco de ficar com um avião que até agora só foi encomendado por 2 países.
– Aumento de custo por unidade, se não aparecer novas encomendas.
Não será pq na Suiça disseram “NÃO” ao Gripen, que o produto JAS-39E, deixará de ser sueco.
Não serão somente a encomenda de 36 células que irão alavancar os sonhos de uma noite de verão do MD.
@Observador:
Desculpe, mas isso não tem nada a ver.
Muitas vêzes é assim em votações ou plebiscitos na Suíça.
A parte leste e central são mais conservadores que a parte oeste.
Algo semelhante acontece nos EUA, onde o sul e o centro-oeste é mais conservador e os estados da costa oeste e os estados do nordeste são mais de esquerda.
Pessoal, eu vou procurar informações mais concretas se eu tiver tempo, mas é o seguinte: o resultado deste referendo (que, aliás, envolveu outras questões prementes para sociedade suíça), não signfica em absoluto o fim da compra dos Gripen. O que o povo rejeitou foi a fórmula de financiamento. O Nunão sugeriou que seria inconstitucional ir contra o resultado do plebiscito, e tem razão no que diz respeito ao modelo financeiro para pagamento da compra. Nenhum jornal suíço anunciou o resultado do referendo como uma “não” definitivo. Inconstitucional, aliás, também seria ir contra a decisão de compra, sancionada pelo parlamento. Eu… Read more »
“Elezer Puglia em 18/05/2014 as 13:46 Nenhum jornal suíço anunciou o resultado do referendo como uma “não” definitivo.” Olhando as versões online, o que percebo é que os jornais em língua alemã foram de fato mais comedidos, já os de língua francesa foram bem claros e até festivos nas chamadas: “C’est non! L’avion Gripen ne volera pas en Suisse” http://www.24heures.ch/suisse/suspens-demeure-achat-avions-gripen/story/28236477 Parece coisa de torcida ou pós-jogo de futebol, rsrsrs: “É não! O avião Gripen não voará mais na Suíça”. E aproveitam também para divulgar as “melhores” twitadas sobre o assunto: Mas nos textos das matérias, de fato, o tom é… Read more »
No mesmo referendo as pesquisas indicam também uma rejeição de um salário mínimo fixo de R$ 10.000,00 (dez mil reais)… Hoje o maior salário mínimo fixo do mundo é de Luxemburgo, R$ 4.000,00 (quatro mil reais)… A alegação das pesquisas é de que a população acha que vai aumentar o desemprego, hoje em 3,2%…
Os Suíços não querem caças de 4,5 geração e não querem salário mínimo fixo de R$ 10.000,00.
Devem estar muito bem como estão hoje, e espero que estejam certos para o amanhã…
É tái, por estas e outras bambizagens é que o Putin deita e rola contra os Europeus.
Deixa estar, na hora que o diabo bater na porta deles eu quero ver o Tio Sam dizer: Se virem….
Não estou aqui defendendo o Gripen, apenas vendo como uma sociedade culta, experiente e que passou por duas guerras sangrentas abre mão da defesa de seu espaço aéreo por conta de uns veados tresloucados que se alguém cortar um pé de guanxuma, eles tem faniquitos…
Grande abraço
@Elezer
Exatamente; mas isso ainda vai levar muito tempo….vão ter que recomeçar praticamente do zero.
Pelo menos o seu cantão disse “sim”…..já o meu……:-(
cvn76 18 de maio de 2014 at 13:31 # Sim, são mais conservadores na Parte Leste. E exatamente por isto levam o assunto de defesa à sério. Para suíços do Oeste e do Sul, este parece um assunto irrelevante; afinal de contas, o perigo não virá pela fronteira com a Itália ou a França. O perigo vem do Leste. Sempre do Leste. juarezmartinez 18 de maio de 2014 at 13:48 # Isto só demonstra que a democracia direta simplesmente não funciona para tratar de assuntos complexos, fora do dia-a-dia do povo. E a cultura de um povo não o livra… Read more »
Xiii…
Deu “tilt”.
Aos moderadores: favor apagar meu comentário das 14:36 hs, achei que não funcionou e postei outro.
NOTA DOS EDITORES: APAGADO, CONFORME SOLICITAÇÃO, O COMENTÁRIO DAS 14:36
@Observador: “O perigo vem do Leste. Sempre do Leste.” Nem sempre……Napoleão invadiu a Suíça a partir do oeste, a Italia de Mussolini tinha planos de invadir pelo sul e a Alemanha nazista tinha planos de invadir pelo norte e pelo oeste…..:-) A democracia direta tem, como todo sistema político, as suas vantagens e desvantagens……até hoje a Suíça tem se saído bem com essa sistema…é até uma das razões dé ser um país rico e desenvolvido. Muitas vêzes as decisões tomadas pelo povo se revelaram no fim das contas serem mais sábias do que as tomadas pelos políticos e especialistas de… Read more »
Quando o pais é serio, a populaçao tambem é, e sendo assim, mais da metade da populaçao querem que os 300 milhoes sejam destinados a outras prioridades na Suiça, e olha que a Suiça é um pais extremamente rico, devido as pequenas dimensoes e ao grande acumulo de riqueza. E no Brasil, torçam muito para a___________
EDITADO: CONTEÚDO POLÍTICO-PARTIDÁRIO
cvn76 18 de maio de 2014 at 15:30 # Não me entenda mal. Não sou contra a democracia. Apenas acho que a democracia direta só funcionava bem na Grécia antiga. Naquela época os grupos eram menores e as decisões mais imediatas e simples. Hoje em dia, pelo nível de complexidade de nossa civilização, somente a democracia representativa funciona. Um povo deve eleger bem seus líderes, e estes vão colocar gente preparada em cargos-chave, que tomarão decisões apenas com base em critérios técnicos. Como aqui no Brasil só elegemos LIXO, o resultado está em nossa volta. Quanto a Suíça, o “sempre”… Read more »
Boa noite aos colegas de fórum! Bem, diante da negativa dos suíços à compra – pelo menos por ora, já que a negativa refere-se a forma e prazo de financiamento – do Gripen NG, deve-se analisar os consequências boas e ruins disso no decorrer das negociações da SAAB com a FAB. Sim, haverá um cliente “lançador” a menos, mas na verdade apenas 12 células a menos, uma vez que a Suécia está em vias de aumentar sua encomenda de 60 para 70 unidades da versão E. É apenas um ponto de vista… Como bem disse o colega Vader, e pelo… Read more »
Os suiços cagaram nessa. Melhor para o Brasil. 🙂
Para a Suécia, graças ao FX-2, essa decisão não tem o mesmo impacto.
E nós como parceiros no Gripen E, podemos barganhar algo mais nesse contrato.
[]’s
Eu imagino que seria muito bom o Gripen ter ganhado esta escala. Mas nada de danoso pra Saab. Ficou a resposta de ter ganho enfrentando os grandes Typhoon e Rafale. Outras concorrências vão sempre existir.
A Finlandia já soltou RFP por aí…
a SAAB da como encerrada a compra, para eles, acabou.
Guilherme Poggio
18 de maio de 2014 at 12:13 #
Depois do incidente com o avião da Ethiopian Airlines eu acreditava que o “sim” pudesse sensibilizar a população suíça, mas vejo que isso não aconteceu.
Poggio,
Eu acredito que, se fosse daqui a um mês ou dois, o resultado do referendo seria invertido, dando sim para a aquisição dos caças, exatamente por conta do incidente do avião da Ethiopian… Veja que a proporção do sim cresceu bastante de um tempo para cá. Só Não deu tempo de reverter em favor do sim.