IRST diminui vantagem de caças furtivos em combates aéreos
O editor da revista Aviation Week, Bill Sweetman, comentou em seu blog sobre as novidades apresentadas pela Saab durante o Seminário Anual do Gripen. Um pouco sobre este assunto nós já trouxemos em post anterior (ver lista no final). O post em questão detalha um pouco mais as vantagens que os sensores IRST trazem para aeronaves em combates ar-ar, principalmente contra adversários furtivos.
Vangloriar-se não é um traço do caráter sueco. Na verdade, a autodepreciação é um passatempo nacional. Onde mais uma letra pop poderia começar da seguinte forma:
I’m nothing special. In fact I’m a bit of a bore. [NOTA DO EDITOR: este é o primeiro verso da letra da música ‘Thank You For The Music’, do grupo sueco ABBA. Vídeo disponível no final deste post]
De acordo com essa tradição, a Saab deixou a informação em banho-maria sobre a próxima geração do Gripen, agora apelidado JAS 39E, desde que a existência do programa de demonstração foi revelada em 2006. Briefings de mídia na última semana em Linköping responderam a algumas perguntas. A fuselagem do caça e a maior parte do hardware será toda nova. Por outro lado, não há nenhuma alteração externa radical que modifique a seção reta radar (RCS) de modo dramático (como havia sido especulado ao longo do tempo). E enquanto os últimos briefings de mídia entraram em detalhes sobre a as medidas de engenharia que deverão reduzir os custos de desenvolvimento em pelo menos 40%, em relação ao já simplificado programa do JAS 39C/D, havia pouca informação sobre a nova cabine ou ao sistema de guerra eletrônica. No entanto, as pontas das asas mais alargadas indicam grandes mudanças nessa área.
Bob Mason, da Selex-ES, fez revelações mais dramáticas, confirmando sobre o registro do que foi falado à boca pequena por alguns anos: sistemas de busca e rastreamento infravermelho (IRST) de última geração podem detectar e rastrear aeronaves furtivas em alcances além do horizonte (BVR), com ou sem o emprego de pós-combustor.
O IRST possui um histórico irregular. Os caças F-4 e F- 106 foram equipados com unidades primitivas e a Rússia incluiu IRST nas famílias MiG-29 e Su-27. A Marinha dos EUA desenvolveu o IRST para o F-14D Super Tomcat, principalmente para contrapor o formidável sistema de ‘jamming’ do bombardeiro Backfire Tu-22M. O mesmo hardware deveria ser introduzido no F-22, mas foi descartado logo do orçamento inicial. Isto deixou o Typhoon (Selex) e o Rafale (Thales, construído no setor frontal da unidade optrônica) como ponta de lança no Ocidente. Mais recentemente a Marinha os EUA começou a trabalhar no IRST para o Super Hornet, inicialmente com o hardware da época do F-14 e caças F-16 dos esquadrões Aggressor terem sido vistos com casulos IRST. A Selex e outras companhias desenvolveram sensores IRST superfície-ar também.
Os primeiros sistemas tinham alcance limitado. Isto tinha menos a ver com a física básica e tecnologia IR do que com taxas de alarmes falsos: o mundo IR é muito barulhento, e se o ganho do sistema é posicionado em um patamar elevado ele irá detectar as aves, o sol refletido nuvens, veículos terrestres e muitas outras coisas. O processamento mais rápido e a capacidade de registrar e analisar uma grande quantidade de dados tem permitido aos sensores IRST reduzir em muito estes problemas – e o progresso ocorrido nos últimos anos (de acordo com Eurofighter e outras fontes) tem sido rápido.
Esconder-se do IRST é difícil para qualquer coisa voando acima de 300 nós (cerca de 555 km/h). Houve relatos isolados de que o F-22 utiliza um sistema de refrigeração ativa para lidar com “pontos quentes” em alta velocidade, mas isto leva a outros problemas – o calor tem que ir para algum lugar.
Como os trabalhos da Rússia com radares VHF avançados, o IRST não significa que baixa discrição está morta. No entanto, ele deve ter cautela, principalmente em um combate ar-ar. Isso torna a vida de um caça de baixa RCS mais difícil em combates ar-ar se ambos estiverem usando IRST, a detecção pode ser mútua. (ao mesmo tempo, os s sistemas de guerra eletrônica melhores transportados por caças modernos redefiniram a “baixa probabilidade de detecção” para o radar de um caça furtivo atacante).
O sistema eletro-óptico do F-35 (EOTS) é descrito como tendo uma função IRST. No entanto, como outros sensores de aquisição de alvos ar-superfície, ele opera na faixa de meia-onda do IR; o IRST utiliza IR de ondas longas, o que é melhor para o longo alcance. Ele também não é otimizado para o tipo de varredura muito rápida que um IRST utiliza para cobrir uma vasta área do céu.
FONTE: Aviation Week (tradução e edição do Poder Aéreo a partir do original em inglês).
NOTA DO EDITOR: o título original
VEJA TAMBÉM:
Amigos,
O assunto é interessante, mas o título me parece confuso confuso.
No meu entender, o alcance do IRST é baixo, atuando em uma distância em que os aviões “furtivos” já podem ser detectados por um radar.
Então, para distâncias superiores a 40 milhas, imagino, o fato de ser furtivo a um radar continua sendo muito importante.
Os caças “furtivos” não podem ter também IRST dedicado ou usar imagens IR de outros meios, como seus mísseis?
Estariam tentando usar o IRST para sugerir que não é necessário investir em furtividade relativa a uma detecção radar?
Abraços,
Justin
Interessante.
Duas coisas que gosto juntas, ABBA e aviação. O grupo faz parte da trilha sonora da minha infância, tocava direto nas rádios no início dos 80.
Novamente a comparação com o “judas” da aviação de caça, o F-35, E novamente está equivocada. A comparação do IRST de um caça tem que ser com o DAS (AN/AAQ-37) e não com o EOTS. O EOTS, apesar de ter uma função ar-ar secundária, tem que ser comparado aos pods de designação de alvos, que as aeronaves de 4ªG levam externamente, enquanto o F-35 o leva internamente, salvo de aumento de arrasto e da assinatura radar e térmica. Quem faz o papel de IRST no F-35, com função ar-ar primária é o DAS (AN/AAQ-37), sendo a secundária, ar-ar. Parece de… Read more »
Também não entendi a chamada da matéria onde se lê: “PRINCIPALMENTE contra os aviões furtivos”.
Não vejo como um IRST possa ser “pior” para os furtivos que para os “convencionais”. Pelo que me consta o fato de ser furtivo não incrementa a assinatura térmica da aeronave e portanto, não a deixa mais exposta a um IRST que outra não furtiva.
No máximo, iguala.
Sobre o F-22, até onde eu sei ele usa material especial no escape dos motores, provavelmente algum material refratário para diminuir a assinatura em posições que não sejam exatamente a traseira.
A designação do EOTS é AN/AAQ-40.
“Isso torna a vida de um caça de baixa RCS mais difícil em combates ar-ar se ambos estiverem usando IRST, a detecção pode ser mútua.”
Como já havia dito numa matéria anterior, se um caça furtivo tem a vantagem do radar, ele não será tolo de não usá-lo.
O DAS é como se fosse 6 IRSTs apontados para todos os lados, cobrindo todos os dois hemisférios. Ao invés de um IRST, o F-35 tem 6. Ao invés de cobrir só parte do hemisfério anterior, ele cobre “360º” (ou infinitos graus tendo em vista a trigonometria esférica), tendo em vista ser omnidirecional. E além de fazer o papel de um IRST, ele faz o papel do que no Gripen NG é o MWS (sistema de alerta de mísseis), que também tem cobertura omnidirecional, mas é limitado à função de detectar o lançamento/aproximação de mísseis. O que se deduz que… Read more »
Bosco,
O THNDR do F35, já citado por vc em outras ocasiões, alerta também para o IRST de outra aeronave ou é exclusivamente no “curto prazo”, ex: manpad, dogfight.
Procurei referências na internet mas a coisa ta confusa. As informações são contraditórias algumas vezes.
E mais, a Nortrhop que é a responsável por esse sistema está trabalhando nele em conjunto a BAe e a Selex!
Teríamos isso no Gripen NG?
A impressão que eu tenho é que a SAAB estava indo muito bem até criar essa comparação com o F35.
Eu acho super saudável eles usarem o F35 como “benchmark”, porque se o “inimigo” é o PAKFA, o caminho é esse mesmo. Mas eu acho que isso deve ficar mais pra eles e menos pro mundo, assim não fica com ares da fanfarronice.
Corsario, O THNDR só deverá ser implantado no Block 5 do F-35, lá por 2020, mas mesmo assim será uma evolução que deverá no futuro fazer parte da suite defensiva de todos os caças. O sistema é baseado no DIRCM que já existe e está operacional em aviões de transporte e helicópteros e deverá ser instalado em aviões de passageiro, sendo eficaz contra mísseis sup-ar portáteis guiados por IR. No F-35 o THNDR será integrado ao DAS e ao que parece terá duas cabeças geradoras do laser em pontos diferentes na célula do avião dando cobertura total ao caça, o… Read more »
Essa comparação com o F-35 foi feita por um entusiasta (Signatory) e não pela Saab.
Bosco,
Obrigado pela explicação. Quanto ao laser de alta potência “portável” já no programa da General Atomics para o Avenger.
Abraço.
Corsario, Também estou por entender essa fixação pelo F-35. Talvez seja pra poder tentar vender NGs no lugar de alguns Lightning. Tudo é válido, mas enganação pra uma empresa com a seriedade da SAAB fica feio. Esse dado mesmo comparando o IRST do Gripen com o EOTS do F-35, além de ser como comparar maçãs com goiabas, deixa muito a desejar na precisão técnica, como se estivesse querendo vender o caça deles para nós, entusiastas. Eu estive rapidamente dando uma procurada e é difícil saber em que banda do espectro infravermelho o DAS opera, mas parece que é no “média”.… Read more »
Corrigindo:… Já se encontra presente no programa da General Atomics…
Postar do iPhone sempre da M.
Penguim,
Ahhhhhhhh sim, agora faz mais sentido.
E eu acho complicadas essas comparações 1 a 1, que mais parecem cenários hipotéticos de modelos de computação.
Quando houver uma surtida de F35 vai ter aeronave com aesa ligado gerando imagem para as demais, outras como silenciosos killers, outros ainda jammeando, todo mundo interligado por troca de informação em alta velocidade. Assim não será a vitória de 1 mas de muitos agindo simultaneamente. O grande trunfo é esse, e não o uso de sistemas isolados. É a fascinação do Super Trunfo! Maldito jogo!
Eu me lembro de ter tido discussões homéricas há uns 5 ou 6 anos com outro participante que defendia que o IRST do Rafale colocava a furtividade do F-22 por terra. Ou seja, essa história é velha e repetitiva. Aliás, dentre outras pérolas ele afirmava que o radar PESA do Rafale operava de modo “passivo”. Vale salientar que outra informação “duvidosa” da matéria é dizer que o IRST do NG é inovador por operar na banda longa. Ora! Todos os modernos IRSTs operam nessa banda. Não posso afirmar que o DAS opera nessa banda já que não tive ainda tempo… Read more »
Kkkkk… De fato virou o Judas.
Outra coisa que me chamou a atenção foi a contradição entre essa informação na matéria aqui do aéreo:
“A JAS 39E não é um avião furtivo classicamente, mas o contrato de desenvolvimento estipula uma seção transversal significativamente menor radar (RCS) do que o JAS 39C.”
E a que está presente nesta matéria:
“A fuselagem do caça e a maior parte do hardware será toda nova. Por outro lado, não há nenhuma alteração externa radical que modifique a seção reta radar (RCS) de modo dramático (como havia sido especulado ao longo do tempo). “
O “ausairpower” e o “sistemasdearmas” fazem referência ao DAS operar mesmo na banda média, diferente dos IRSTs dedicados, que operam na banda longa. Teoricamente o DAS é mais sensível às condições meteorológicas.o que diz respeito diretamente ao alcance, mas como não acredito que os americanos sejam imbecis (mesmo porque eles fabricam o AN/AAS-42, que opera na banda larga) imagino que deva ter uma razão para o DAS operar na banda média. Sem falar que um caça furtivo voa alto, o que tem muito a ver, enquanto um caça convencional para tentar fugir da detecção opera em baixas e médias altitudes.… Read more »
Não sei se o IRST do Gripen E será superior aos IRST atuais, capazes de detectar um F-22 em BVR. Se for capaz, realmente colocaria em xeque a capacidade furtiva dos caças de 5ª geração, especialmente do F-35 com aquela turbina monstro. Mas por enquanto, é especulação. De modo geral, o Gripen E se situará em uma faixa de mercado acima dos caças leves como o FA-50 Sulcoreano e o Tejas Indiano, e competindo com caças mais pesados, como aconteceu por aqui. Competir diretamente com o F-35 acho difícil. Mas, poderia ser o low-end desse caça. Sobre a citação do… Read more »
Bosco, Falando especificamente do EOTS, em testes ele detectou um Míssil balístico a 600 NM. Não poderia ser usado para detectar caças imimigos pela assinatura IR?
Tireless, Salvo engano foi o DAS que detectou os tais mísseis e não o EOTS. O EOTS, como também os pods de designação de alvos modernos, têm capacidade ar-ar secundária, mas não tem capacidade de busca, podendo só ser usado para identificar visualmente um contato do radar. A chamada identificação amigo/inimigo não cooperativa. O EOTS, a exemplos dos “pods” não faz varredura a procura de contatos/alvos, sendo preciso que se mostre pra onde ele deve olhar, daí ele não é bom para “detectar” alvos aéreos e sim para identificar alvos. Agora, pode até ser que ele possa manter seu FLIR… Read more »
Tireless,
Nesse site há informações que dão conta que o EOTS tem também função de IRST, o que de forma alguma muda meu ponto de vista. Pelo contrário.
Combinado com o DAS, o EOTS supera as expectativas em relação ao IRST isolado do NG.
http://www.aviationtoday.com/av/military/Such-A-Capable-Helmet_68788.html#.Uyz4ivldWSo
Mais um ponto a favor do Gripem na FAB
Bill Sweetman é fã dos programas militares suecos.
http://hushkit.wordpress.com/2013/08/01/the-stealth-guru-hush-kit-meets-bill-sweetman/
Groo, o Bill Sweetman acredita que os EUA operem o Aurora (um avião Mach 6) mas são incompetentes para fazerem o F-35. Ele é meio lelé da cuca! É mais um capaz de se afogar no próprio vômito. Acredita piamente nas próprias afirmações. Se lê que um coronel da USAF falou mal do F-35, não adianta outros 10 falarem bem que o que vale é aquilo que sua “sensibilidade” filtra como sendo verdade. Todos os outros 10 estariam mentido, fariam parte de um complô sionista pra dominar o mundo ou seriam simplesmente ignorados como se nada tivessem dito. Se lê… Read more »