Aposentadoria do Mirage: Amorim diz que concorrentes do F-X2 ofereceram ‘soluções intermediárias’
Abaixo, mais trechos da entrevista do ministro da Defesa Celso Amorim à Folha de São Paulo (clique aqui para acessar texto na íntegra). Perguntado sobre a lacuna que haveria com a baixa dos caças Mirage 2000, o ministro diz que não ficaremos desprotegidos, mas acrescenta que todos os concorrentes do F-X2 ofereceram soluções intermediárias para enquanto se aguarda a entrega de novos caças.
Antes desse trecho específico, a entrevista tratava da necessidade de dar baixa em breve nos aviões de transporte Hercules, e da importância do programa do KC-390 para substituí-los. Também se falou do submarino nuclear e da artilharia antiaérea, como outros programas importantes para que o Brasil não fique “sob o guarda-chuva de A ou B”. O trecho que selecionamos abaixo começa com essa explicação do ministro, referente a uma pergunta sobre o orçamento e a prioridade dada aos programas do submarino nuclear e ao KC-390, que têm recebido grandes investimentos do governo.
Ministro Celso Amorim: As pessoas acham que o Brasil poderia viver sob o guarda-chuva de A ou B. Mas o Brasil é, tem a maior costa atlântica do mundo. E você para poder policiar bem, hoje em dia, você tem navios patrulha, etc, mas você precisa também de um submarino não detectável, ou menos detectável, então para isso ele tem que ter a propulsão nuclear. A grande diferença, como você sabe, da propulsão nuclear é permitir que ele fique mais tempo debaixo d´água. Na realidade a capacidade dele de ficar debaixo d´água é quase infinita. Quem não pode ficar debaixo d´água o tempo todo são as pessoas. A limitação é das pessoas. Então você precisa ter isso, precisa ter uma defesa antiaérea adequada, esse avião de transporte, além de ser necessário para o Brasil, porque os nossos Hércules todos estão se acabando, e a manutenção vai ficando mais cara, ele é uma grande aposta, porque o Hércules, que foi um grande avião, é ainda, de transporte de tropas e para outras coisas.”
Eu usei o Hércules duas vezes na minha vida, que eu me lembre. Pode ser que aqui no Brasil eu tenha usada outras vezes. Mas me lembro de duas vezes. Uma para levar ao Líbano mantimentos para… em plena guerra, na realidade eu cheguei um dia depois do cessar-fogo, mas quando eu saí daqui não sabia que ia ter o cessar-fogo. Levar mantimentos e doações para os brasileiros que vivem no Líbano. Em 2006. E outro para ir à Antártida.
Então esse Hércules são fenomenais. Mas eles estão chegando ao final do ciclo de vida deles. Então, além de fornecer a nós, eu acho que houve aí, da parte da Embraer, e da parte da Força Aérea, uma visão estratégica de que eles podem ter um grande mercado no mundo. Então pode além de tudo ser um grande negócio. E aí eu quero usar uma frase da presidenta Dilma. A indústria de defesa é uma indústria de conhecimento. Todo o investimento feito na indústria de defesa ajuda o desenvolvimento brasileiro de maneira notável. Foi assim, a nossa aviação civil nasceu da Embraer, que era militar. Quantos sistemas de informática não se desenvolveram a partir do que a Marinha precisou para seus giroscópios, etc. Essa é a resposta.
Folha de São Paulo: O sr. falou dos Hércules que estão chegando aí ao final do ciclo de vida útil deles. Os caças Mirage também, parece que no final de ano terão que ser aposentados, é isso? Haverá um buraco aí entre a aposentadoria dos caças e a chegada dos novos, o que vai se fazer nesse hiato?
Ministro Celso Amorim: Há duas coisas que eu tenho que lhe dizer. Primeiro, os nossos caças mais antigos foram todos modernizados, que é claro que não é a mesma coisa, mas eles têm, digamos, uma aviônica moderna, uma capacidade de tiro modernizada, então nós não vamos ficar desprotegidos. A segunda coisa que eu quero dizer é que eu não sei qual caça que vai ser escolhido, mas qualquer um deles, todos eles ofereceram soluções intermediárias também enquanto não ficar pronto o primeiro caça que for encomendado. Então nós estaremos –claro que não tão bem protegidos como gostaríamos–, mas não vamos ficar pior do que estávamos com o Mirage, que aliás já se tornou caríssimo, cuja manutenção se tornou muito cara.
Folha de São Paulo: Ou seja, o fornecedor desses caças vai oferecer uma solução de transição aí para que o país não fique sem esse equipamento no período em que os novos não chegam?
Ministro Celso Amorim: Isso, seguramente. Os novos, em relação aos quais a ideia é progressivamente produzi-los no Brasil, numa proporção crescente. É preciso também que isso fique… é muito importante. É muito diferente dos caças do passado, que vinham prontos.
FONTE: Folha de São Paulo
“mas não vamos ficar pior do que estávamos com o Mirage, que aliás já se tornou caríssimo, cuja manutenção se tornou muito cara”.
– Vai ter de desclassificar o Rafale, porque é mais caro ainda.
Marcos, O “caro” ou “barato” de um caça precisa levar em conta o custo-benefício. Para efetivamente carregar um par de mísseis ar-ar de curto alcance, sem sistema de mira no capacete e com validade prestes a vencer (segundo o comandante Saito, e já foi dito por outras fontes que a validade do punhado de médio alcance semiativo venceu), além de nenhuma bomba guiada e sem se comunicar com outros caças por datalink, o Mirage 2000 de fato pode ser considerado caríssimo – levando em conta que, operado em pequena quantidade e com relativamente poucos exemplares no resto do mundo dessa… Read more »
Excelente matéria, às vésperas da “Break Flyday”.
A FAB em liquidação total.
Espero ansiosamente 2014.
O KC-390 voando e com preço definido (quem sabe até já vendendo bem) talvez empolgue o governo a olhar com carinho para a FAB e comprar algum caça para ser reabastecido por ele…
Ai Ai Ai …. Deus nos guarde …. ou aguarde ….
Lá vem mais lambança e a um custo exorbitante.
Olha parte da RT da eleição dos PTralhas chegando
daqui uns dias ….
Nunão, obrigado
” não há motivos para se desqualificar o Rafale (que não é meu favorito no F-X2,”
SH na cabeça, nossa é lógico, pq na deles …..
Lá vem mais lambança ….
Qual seria o “tampão” que teria sido oferecido pela Boeing ? No momento só me passa os F15 pela cabeça; ou existem legacy hornet disponíveis de imediato ?
A USAF vai emprestar doze F-22 para a FAB. 🙂
Roberto e Marcos,
Menos…
Segundo informações que obtivemos há algum tempo de fontes na FAB, quando pilotos da FAB avaliaram o F-16 em esquadrões operacionais da USAF (em 2011, se não me engano) para embasar um possível plano B, a visita não parou neles.
Também voaram F-18 Hornet (ou “legacy hornet”, como preferir) da USN.
O Gripen é mais barato, tanto em termos de custos de aquisição como em custos operacionais, além de atender os requisitos da FAB.
O SH, em matéria de eletrônica, ninguém ganha. Aliás o SH já abateu um Rafale, sem sequer entrar em combate. Que coisa!
E a única justificativa para a aquisição do francês seria, antes a ToT irrestrita, agora que eles não nos espionam.
Mas Nunão, os Rafale da proposta do FX-2 virão com mísseis afinal? Quais? Quantos? Porque a única empresa que divulgou este tipo de detalhe foi a Boeing. Até onde conhecemos dos franceses, não deve ter NADA extra nessa proposta, eles são expert em faturar em cima dos adicionais. Vide o próprio contrato dos Mirage 2000. Se vier 36 Rafale por mais de U$ 7 bilhões sem nenhum Mica, complica esse teu argumento de que o custo/benefício dele é melhor que os dos Mirage 2000. Prefiro os 36 Super Hornet por U$ 7 bilhões com AIM-9M e AIM-120C-7, além de HARM… Read more »
A SAAB tem no Gripen C o gap filler.
A Boeing os F-18 da US Navy, apesar que com o atraso dos F-35, não dê para contar com estes.
A Dassault pode estar pensando em repassar os Rafale da AdlA em comodato, já que os franceses nem querem receber seus Rafale.
[]’s
Se os franceses quiserem nem tem tampão, só repassar os 11 Rafales produzidos por ano novos de fábrica direto pra cá. Eles estão doidos pra se livrar desse comprometimento financeiro. Assinando hoje já tem como entregar Rafale F3 pro GDA em janeiro de 2014 se quiserem. Em pouco mais de um ano completasse a dotação do GDA e os demais poderão ser então “produzidos no Brasil”. Mesmo que a Índia feche o contrato, basta subir a produção mínima de 11 aeronaves/ano pro ritmo normal da fábrica de 20 aeronaves/ano. Se fecharmos com os suecos em seis meses tem uma dúzia… Read more »
Donna Hrinak tá trabalhando 25 horas por dia ultimamente …. feliz quem acredita em milagres ….
Aguardem o GF e a entourage dos PTistas ….
Lá vem lambança ….
Almeida
já li neste espaço, “cobram até as arruelas, escadas etc,
vai ser a rainha ou rei do hangar….”.
Quem viver verá, o GTE vai ter “FX” em breve,
daqui uns dias …. vai fazer parte do pacote do
Holanda ….
LÁ VEM LAMBANÇA ….
Contextualizando I: Li a entrevista completa, e tanto as perguntas quanto as respostas foram boas, principalmente se considerarmos os predecessores do Celso Amorim. Lembrem as perguntas e respostas dos ultimos 2-3 Mins da Def. O ultimo, mais claro na memoria, era personificacao de um absurdo etico e tecnico. E espero que os colegas jah saibam que o DrCockroach nao veste camiseta de qualquer governo (sejam americanos, russos, franceses, suecos e mesmo o governo brasileiro, que merece ser cobrado muito mais intensamente do que estah sendo, pelos pessimos servicos prestados). Contextualizando II: O problema eh a enorme distancia entre o discurso… Read more »
“Se vier 36 Rafale por mais de U$ 7 bilhões sem nenhum Mica, complica esse teu argumento de que o custo/benefício dele é melhor que os dos Mirage 2000. Prefiro os 36 Super Hornet por U$ 7 bilhões com AIM-9M e AIM-120C-7, além de HARM e JDAM.” Almeida, Até onde sei, no F-X2 é uma obrigatoriedade para os três concorrentes a inclusão nas propostas de uma quantidade mínima de armamento. A proposta da Boeing para o Super Hornet, quanto a equipamentos e armamentos, só é pública porque a oferta, obrigatoriamente, precisa ser comunicada ao Congresso dos EUA. As demais, como… Read more »
Também li a entrevista toda e concordo com DrCockroach. Pelo menos ele mostrou ter conhecimento de todo o contexto e necessidades das Forças Armadas. O problema é alinhar esta visão à prática, e é essa falta de capacidade que causa o descrédito do ministro da defesa e do governo em geral. Dentre as coisas que concordei, em relação aos caças, estão: – O tampão tem que vir em função do F-X2. – O F-X2 precisa que ser concluído e ainda neste mandato. – O Su-35, como substituto do F-X2, não seria razoável. – O projeto T-50 ou outro geração 5… Read more »
Srs Quase que diariamente é martelado neste blog que os F5 são caças de limitado desempenho devido a sua origem (concebidos como caças leves para países pobres) e que são muito velhos e desatualizados (apesar do “upgrade” que receberam) e que só estão mantidos em uso porque seu custo operacional é o mais baixo possível e, portanto, dentro do orçamento mirrado da FAB. Por outro lado temos os informes sobre os Mirage onde o fator que levou a aposentadoria precoce (metade da vida das células) dos M III foi o custo de manutenção e da atualização mínima para que eles… Read more »
“multiplicação orçamentária da FAB.”
Mas é logico centenas de oficiais barrigudos na ativa que não fazem nada, só ficam sentados em suas mesas com telefone na mão e fazendo ordem unida etc…
Desculpem a minha critica mas é verdade e vejo bastante isso rsrs….
Não sei qual será o tampão, mas é bom correr pois a Colômbia também esta interessada nos mesmos caças que a FAB:
http://www.defesaaereanaval.com.br/?p=33513
Prezado Soldat,
Na minha época, quem praticava Ordem Unida não era barrigudo.
Roberto Bozzo,
Ao ler a matéria do seu link, lamentei o fato do Brasil ter protelado tanto e não ter fechado com o Gripen NG, agora E/F, alguns anos atrás. Se isso tivesse acontecido, em pouco tempo iríamos começar a faturar com exportações, juntamente com a SAAB, claro.
Perdemos mais um bom negócio. Sorry.
O caso é o seguinte. Depois de todas as informações e a entrevista daquele ser, o qual não gosto nem de lembrar o nome, tenho mais convicção que o velho mirage 2000 não vai ser substituído definitivamente. Vamos continuar contando com o pobre tigre de bengala (de tão velhos) para missões de superioridade aérea, na qual ele é, no mínimo, inapto. Mas sobre a discussão do kfir, levantaram-se assuntos importantes. Há uma versão do radar elta 2032 com capacidade AESA. Porque ele não foi instalado no f-5brm? Sabemos que o grifo tem alcance inferior, bem como, não pega AESA nem… Read more »
Prezado Iväny Junior,
Por obséquio, qual foi a frase do Figueiredo?
Agradeço desde já.
Abs
Caro ivanildotavares “Depois desses anos todos, após entregarmos a coisa a vocês, civis, às vezes, pensando, chegamos à conclusão de que isso tem mesmo é de voltar para nossas mãos. Os civis já fizeram o governo do Sarney, que foi uma desgraça verdadeira e estão fazendo este, o do Collor, que é o que se está vendo. Nós, milicos, estamos hoje mais bem preparados, sem dúvida.” Isso é um trecho gravado entre uma conversa entre o falecido general e Orlando Brito, então ‘repórter veja’ (o que não tem lá muita credibilidade, mas está gravado em vídeo). A matéria teve muita… Read more »
Prezado Iväny Junior,
Muito obrigado pela sua resposta a minha pergunta e pelo link também. Gostei muito de ler as conversas do Presidente Figueiredo com os presidentes Médici e Geisel, opiniões sobre Aureliano Chaves, Sarney, Lula, etc.
Abraços
Muito interessante o link postado pelo Ivany Jr. Nao sei dizer sobre a “populacao”, mas DrCockroach nao apoiaria uma intervencao militar no governo; fora de questao.
Mas achei muito curioso o Figueiredo durante a entrevista, e repetidamente, se referir aos militares como “milicos”.
Sempre achei desrespeitoso quando algum colega aqui usa a expressao “milico”, ao inves de militar. Ainda bem que nunca chamei atencao de algum colega sobre a expressao, pejorativa no meu entender, ou poderia ter escutado: “Mas o proprio Figueiredo usava esta expressao”.
[]s!
Iväny Junior
30 de novembro de 2013 at 1:59 #
Mas porque o míssel piranha não consta nos armamentos? Ele é um dos mais baratos do mercado, feito no brasil e compatível em equipamentos russos, chineses, paquistaneses e ultimamente até franceses.
Se eu te contar… vc vai chorar !
Digamos que o “míssil” é meio curto e precisa de um par de óculos…… não é atoa que a FAB investiu Us$ 120 milhões no A-Darter.
Agora, compatível com equipamentos russos e franceses ??? Esta é nova.
Sds.
Baschera
Eu vi numa matéria (se não me engano por aqui mesmo) que houve integração dos piranha ao rafale e ao su-30 a pedido da índia. Vou pesquisar e passo o link.
“E aí eu quero usar uma frase da presidenta Dilma. A indústria de defesa é uma indústria de conhecimento. Todo o investimento feito na indústria de defesa ajuda o desenvolvimento brasileiro de maneira notável. Foi assim, a nossa aviação civil nasceu da Embraer, que era militar. Quantos sistemas de informática não se desenvolveram a partir do que a Marinha precisou para seus giroscópios, etc. Essa é a resposta.” Essa citação do Ministro é um bom comentário para exemplificar tudo o que o governo faz e pode fazer para acelerar e garantir o crescimento e desenvolvimento do país, usando a indústria… Read more »
É Baschera, me confundi. O missil piranha só consta na Força Aérea brasileira e como opção no J-17 sino-paquistanês. Mea Culpa. Agora é interessante que a mectron tenha desenvolvido o piranha 1 e o piranha 1b e seja a fabricante local do A-Darter. Poxa, nem uma aulinha de propaganda levaram… Poderiam ter nomeado o A-Darter de Piranha 1c… http://www.mectron.com.br/armamentos-inteligentes.asp Caro cristiano.gr Seria interessante que o caça que viesse trouxesse a tecnologia e a capacidade industrial no pacote. Boeing e Saab ofereceram isso, se não me engano. Mas eu que apostei nos mirages 2000c (que de cara já teriam problemas de… Read more »