USN pode estender produção do Super Hornet

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Super Hornet production line - Northrop el segundo

Marinha dos EUA quer prolongar encomendas do F/A-18E/F. Cortes no orçamento, atrasos no programa do F-35C e possível venda para o Brasil estão entre as prováveis razões

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A Marinha dos EUA (US Navy) está avaliando a encomenda de mais aeronaves Boeing F/A-18E/F Super Hornet no ano fiscal de 2015 (FY2015), apesar dos planos atuais para cessar as compras deste jato no atual ano fiscal de 2014, que termina em 30 de setembro do ano que vem.

Em um anúncio de pré-solicitação postado no site FedBizOpps.gov o Naval Air Systems Command (NAVAIR) informou que “tem a intenção de solicitar e negociar a preço fixo ” um contrato com a Boeing para até 36 caças F/A-18E/F Super Hornet e E/A-18G Growler.

O aviso vem em meio a preocupações sobre o fim da produção do F/A-18E/F, num momento de incertezas sobre a disponibilidade do F-35C Joint Strike Fighter. O pedido da Marinha também inclui equipamentos de missão auxiliares e dados técnicos. Em uma pré-solicitação separada, a US Navy diz que pretende adquirir da General Electric até 84 motores F414, que equipam tanto o Super Hornet como o Growler.

“Parece que (os líderes da marinha) estão protegendo suas apostas e criando a opção de ir com o Super Hornet no curto prazo”, disse ao site Flightglobal o especialista Todd Harrison, membro sênior do Centro para Avaliação Estratégica e Orçamentária baseado em de Washington, capital dos EUA.

Se a Marinha encomendar mais F/A-18E/F, ela poderia reduzir o número de F-35C que pretende comprar no curto prazo, atrasando entregas, diz Harrison. “No nosso entender, (a pré- solicitação) é mais do que uma formalidade para manter a porta aberta para o futuro potencial de compra” do F/A-18 , de acordo com a Boeing , que já disse que não vai manter a sua linha de produção em St. Louis operando sem novos pedidos das forças armadas dos EUA.

A Boeing informou que as perguntas adicionais devem ser endereçadas à Marinha. Já a Lockheed Martin se recusou a comentar, dizendo também que as perguntas deveriam ser feitas à Marinha. A US Navy se recusa a comentar sobre o F/A-18E/F para o ano fiscal de 2015, informando ao Flightglobal que “não pode especular sobre o conteúdo dos próximos orçamentos”.

Porém, durante uma reunião em 23 de outubro do Comitê de Serviços Militares do Senado dos EUA, o vice-almirante Allen Myers, da Marinha dos EUA, disse aos senadores que os cortes orçamentários no ano fiscal de 2014 ameaçam a capacidade da Marinha em garantir que o F-35C atinja sua capacidade operacional inicial em 2018.

Outras autoridades norte-americanas também expressaram preocupação sobre o fim da produção F/A-18E/F e sugeriram à Marinha encomendar mais aeronaves em 2015.

EDA 60 anos - Super Hornet apresentação 1 domingo - foto Nunão - Poder Aéreo

“Devido à demora para colocar em campo a variante naval do Joint Strike Fighter, o término da produção do Super Hornet prematuramente criaria um risco na estrutura de aviação de caça e ataque da Marinha e na capacidade de produção do país em uma base industrial competitiva”, informou a comissão de apropriações do Senado dos EUA no seu relatório sobre dotações para o Departamento de Defesa de 2.014.

“A comissão recomenda um aumento de US$ 75 milhões para aquisição antecipada de aeronaves F/A-18 e espera que a Marinha adquira aeronaves na proposta de orçamento para o ano fiscal de 2015”, acrescentou o Senado. O projeto de lei de dotações ainda não foi aprovado pelo Senado.

A US Navy tem encomendas para 260 aeronaves F-35C, com capacidade operacional inicial prevista para entre agosto de 2018 e fevereiro de 2019. O F-35 pode custar até US$ 125 milhões cada, de acordo com um analista de aviação de defesa, enquanto o custo do Super Hornet “gira em torno de US$ 50 milhões “, segundo o site da Boeing.

O Escritório Conjunto do programa JSF (JPO) se recusou a especular sobre como um pedido de compra da Marinha para mais caças F/A-18E/F impactaria o orçamento ou o cronograma do F-35, observando que JPO não conhece as intenções da US Navy e que as restrições orçamentárias criariam mais incertezas.

O escritório acrescenta que ele se comunica com as Forças Armadas diariamente e que seu papel é o de proporcionar o acesso a informações de aquisição. Harrison observa que a Marinha tem interesse em manter as instalações de St. Louis da Boeing abertas no curto prazo, porque o local é uma segunda fonte para aviões de caça.

Uma outra solicitação de aeronaves por parte da USN também manteria a produção aberta para clientes estrangeiros, como o Brasil, que adiou uma encomenda de até 36 caças F/A-18E/F.

EDA 60 anos - Super Hornet apresentação 1 domingo - toque na pista - foto 2 Nunão - Poder Aéreo

Além disso, Harrison observa um fechamento das instalações em St. Louis ameaça outras operações Boeing no local, como a “Boeing Phantom Works”, divisão de tecnologia avançada da empresa.

A Marinha ainda não tem pedidos firmes para mais F/A-18 e ainda não tem os fundos necessários, observa. Além disso, a pré-solicitação é um “primeiro passo” de um ciclo de contratação demorado. “Isso não significa que eles vão fazer isso “, diz Harrison.

Os compradores estrangeiros do F-35 provavelmente vão considerar a nota de interesse da Marinha em mais F/A-18, mas não porque isto sinaliza falta de fé no F-35, Harrison acrescenta. Pelo contrário, as mudanças de ordens da Marinha os EUA podem afetar o custo de F-35 ou o cronograma de entregas, Harrison diz. “Um grande número de clientes estrangeiros está preocupado com o cronograma (de produção)”, diz Harrison, e menos pedidos de Marinha os EUA poderiam elevar os custos unitários. “Eu não acho que isso afete a confiança na tecnologia e na performance, é mais uma questão de cronograma e custo unitário”, diz ele.

FONTE: Flightglobal (tradução e adaptação do Poder Aéreo a partir de original em inglês)

COLABOROU: Mauricio R.

EDA 60 anos - Super Hornet da USN taxiando após apresentação sob chuva - foto 3 Nunão - Poder Aéreo

NOTA DO EDITOR: esse conjunto de 36 caças a mais que a USN pretende comprar poderia ser facilmente entregue pela linha de montagem da Boeing em menos de um ano. Portanto, a sobrevida da linha de St. Louis não será muito grande, ao mesmo tempo em que a questão da manutenção da linha de produção do Super Hornet é vital para a Boeing conquistar o programa F-X2, e a Boeing está correndo contra o tempo. Quanto mais o Brasil adiar sua decisão, provavelmente menores serão as chances da empresa norte-americana vencer a disputa.

Por outro lado, tudo indica que, se o Brasil escolher o Super Hornet como vencedor do F-X2, a aeronave que substituirá os caças A-1 (AMX) da FAB daqui a cerca de 15 anos não será o F/A-18E, o que forçará a criação de um programa “F-X3” na próxima década. Os A-1, atualmente em processo de modernização pela Embraer, deverão voar com as cores da FAB até meados até 2025-2030. Como atualmente está muito difícil manter a linha de produção do Super Hornet por mais alguns anos (por falta de novas encomendas, ao que se soma à relativamente elevada taxa de produção do caça para garantir valores unitários mais baixos e competitivos), é praticamente certo que ela estará fechada quando chegar a hora do Brasil substituir seus jatos A-1M.

Ou seja, a opção pelo Super Hornet agora  implicará na escolha de um outro vetor daqui a uma década, colocando por água abaixo a tese de possuir uma frota homogênea de caças no futuro (a não ser no caso de se estabelecer uma linha de montagem no Brasil em cadência menor, caso se possa garantir o fornecimento de partes tanto nos EUA quanto pela indústria aeronáutica brasileira, o que certamente trará custos maiores do que compras diretamente dos Estados Unidos).

É interessante observar que o número de células de Super Hornet/Growler que a Marinha dos EUA possivelmente compraria no ano fiscal de 2014 (36) é exatamente o número de exemplares previstos pelo programa F-X2. Lembrando que, pelos contratos via FMS (vendas militares ao exterior), as aeronaves são inicialmente adquiridas pelo governo dos EUA (garantidor da encomenda) e posteriormente repassadas para o país interessado final.

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