Portugal vende 12 caças F-16 à Romênia por 78 milhões de euros
A alienação resulta do esforço de “racionalização” nas Forças Armadas. Dos 186 milhões de euros que Portugal vai receber, gastará 108 milhões na preparação das aeronaves e formação de técnicos romenos
Maria Lopes
Portugal fechou na quinta-feira o contrato para a venda de 12 aviões caças F-16 à Roménia, pelos quais vais receber, em termos líquidos, 78 milhões de euros.
A notícia da conclusão do acordo foi avançada pela TSF, e o PÚBLICO confirmou junto do Ministério da Defesa Nacional que a primeira tranche do pagamento total de 186 milhões de euros, no valor de 47 milhões de euros, já entraram ontem nos cofres do Estado português. O resto do pagamento será faseado até 2017, prazo para a entrega das últimas unidades à Roménia.
Da receita total de 186 milhões de euros que a venda representa, Portugal terá de gastar 108,2 milhões de euros na formação de técnicos romenos e sobretudo na preparação das aeronaves. Desta despesa, pelo menos 40 milhões serão gastos em incorporação nacional, ou seja, com empresas portuguesas que vão fornecer equipamento para a remodelação dos aviões, disse ao PÚBLICO fonte do ministério.
A negociação entre Lisboa e Bucareste durava há vários meses, já havia um acordo formal, e a concretização do negócio estava agora apenas dependente da autorização dos Estados Unidos, uma vez que os F-16 MLU foram originariamente comprados por Portugal àquele país e há questões de patentes que é preciso acautelar. O aval do congresso norte-americano chegou finalmente.
“Depois de negociações técnicas e financeiras, o acordo foi concluído com a aprovação do Governo dos Estados Unidos através da obtenção de um third-party transfer. Esta autorização, por parte do congresso dos EUA, era absolutamente necessária para que o acordo se concretizasse”, anunciou entretanto o Ministério da Defesa em comunicado.
Redução da frota não compromete desempenho, diz ministro
Portugal tem actualmente 39 aeronaves F-16, mas parte delas não está operacional. A redução da frota foi assumida pelo ministério numa lógica de racionalização de meios prevista na Lei de Programação Militar. Mas o ministro José Pedro Aguiar-Branco garantiu, em Janeiro, que esta venda de caças “não compromete o cumprimento das missões por parte da Força Aérea”, acreditando mesmo que “poderá vir a facilitar e criar condições para que o reequipamento da própria Força Aérea seja mais forte do que é neste momento”.
A entrega faseada das aeronaves está prevista começar em 2016 e terminar no ano seguinte de forma a que a Roménia consiga atingir a designada capacidade operacional inicial em 2017, com a ajuda e suporte da Força Aérea Portuguesa e a sua congénere norte-americana, a USAF. A Roménia fica assim equipada para poder participar em missões da NATO.
Dos 186 milhões de euros que Portugal recebe, vai gastar 108,2 milhões na preparação e modernização da configuração das aeronaves, em formação, treino e apoio logístico, bem como na preparação de uma equipa romena que depois irá assegurar o apoio e manutenção técnica dos aviões. Segundo o ministério de José Pedro Aguiar-Branco, essa equipa é constituída por nove pilotos e um total de 79 técnicos.
A autorização para essa despesa já foi dada em Julho pelo Conselho de Ministros, pelo que o acordo da venda estava firmado desde então. E também estava já definido que esse valor sairia das verbas do contrato de alienação.
Desta dúzia de F-16 que Portugal vai entregar à Roménia, apenas nove são de facto da actual esquadra nacional. Os restantes três serão comprados em carcaça aos EUA e posteriormente equipados e terminados em território nacional.
De acordo com a agência noticiosa romena AgerPres, o Governo da Roménia aprovou em Junho o negócio da compra dos aviões a Portugal, num processo de investimento de 628 milhões de euros. Este valor, além da factura a pagar a Portugal inclui também toda a logística em que aquele país terá que entretanto investir, como é o caso de infraestruturas (hangares, oficinas, pistas para aterragem, sistemas informáticos de controlo) e recursos humanos (com a constituição e manutenção de uma esquadra dedicada aos F-16).
Entre os candidatos à compra dos F-16 estiveram, além da Roménia, o Paquistão e a Bulgária.
FONTE: publico.pt
COLABOROU: Henrique C.O.
third-party transfer – Parágrafo 60.004
Aplicação da AECA. Flexível lei norte-americana à qual o Brasil, e todos os outros países compradores dos EEUU, são forçados a se submeter.
Serve, basicamente, para facilitar ou dificultar a revenda de bens materiais adquiridos originariamente naquele país.
É faca de dois gumes. Foi implantada nos Estados Unidos, em 1976, para evitar a repetição dos episódios envolvendo o Irã, ainda nos tempos do Shá da Pérsia.
Off-topic:
Reitero aos editores a sugestão anterior de colocar, no cabeçalho da matéria, a hora em que foi inserida.
Franco Ferreira
Pelo preço dessas aeronave e o que foi pago pelos 2000 em 2005/2006 podemos observar que o valor deste foi muito alto.
O Brasil perdendo mais uma vez a chance de ter uma aeronave condizente a nossa realidade. Se tivessem comprado uma aeronave assim, provavelmente não teriamos essa lacuna que abrirá daqui a alguns dias.
Off-topic:
Achei esse vídeo interessante, resolvi compartilhar com vcs.
http://www.youtube.com/watch?v=ffpYJEgHkT4
Romênia com 12 F-16.
Verdadeiro País-Potência.
Pelo menos comparando com o nosso.
Os romenos fizeram muito mais negócio que os argentinos…
Apesar que a Tia Kirchiner não iria querer um caça do Tio Sam .. 🙂
E o Brasil… perdeu um chance de substituir os M-2000.
[]’s