Aquisições de defesa da Índia não deverão sofrer cortes, mas Rafale poderá ficar para o próximo ano fiscal

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Caças Rafale com pós combustores acionados - foto K Tokunaga - Dassault

Segundo fontes, principal razão é a demora nas negociações do contrato do Rafale –  jornal indiano também cita a necessidade de pagamento adiantado, ou ‘down payment’, de 15% do total a ser pago pelos caças franceses – contrato que deverá sair antes é o de seis C-130J americanos

Compras de defesa da Índia estimadas em Rs 86,741 crore, alocadas para o ano fiscal 2013-2014, não deverão ser afetadas pelas medidas de austeridade e pelo corte de 10% do orçamento, que foram anunciados na última quarta-feira para todos os departamentos e ministérios indianos. Um dia após o Ministério das Finanças emitir memorando sobre os cortes, integrantes do Ministério da Defesa disseram que ficaram de fora os gastos  em “capital de defesa”.

Para o ano fiscal de 2013-2014, o governo anunciou um orçamento de Defesa de Rs 2.04 lakh crore, sendo que Rs 86,741 crore foram destinados a gastos capitais. Porém, para o ano fiscal de 2012-13, o Ministério das Finanças já havia anunciado em dezembro passado um corte de Rs 15,000 crore, sendo Rs 10,000 crore em despesas capitais.

A decisão de não cortar esses gastos de defesa neste ano, ao menos por enquanto, poderá ajudar as Forças Armadas a firmar contratos para seus requerimentos imediatos, segundo fontes. Porém, contratos-chave como o dos 126  jatos de combate Rafale da francesa Dassault Aviation, no valor de Rs 1 lakh crore, poderão não ser concretizados neste ano fiscal, principalmente em vista das procrastinadas negociações que vêm sendo realizadas desde março de 2012.

Rafale C número 137 equipado com AESA na linha de produção - foto Dassault

Caso o contrato das aeronaves seja assinado com a Dassault, a Índia terá que pagar 15% do total do valor como adiantamento (down payment), o que deverá chegar a Rs 15,000 crore ou ainda mais. Entretanto, o governo pediu às Forças Armadas que coloquem prioridades em seus planos de modernização e aquisição para esse ano fiscal, na medida em que estão prestes a assinar contratos de grande valor. Isso porque, além da “mãe de todos os contratos” (o do Rafale), há o de 22 helicópteros de ataque por Rs 7,000 crore, 15 helicópteros pesados de transporte Rs 5,000 crore (ambos da empresa americana Boeing), seis aviões de transporte tático C-130J por Rs 4,000 crore, da também norte-americana Lockheed Martin, 145 obuseiros leves  M777 por Rs 3,500 crore da BAE Systems (segundo o jornal, baseada nos EUA), além de seis aviões de reabastecimento em voo Airbus MRTT estimados em Rs 10,000 crore.

Na semana passada, o Conselho de Aquisições de Defesa (DAC – Defence Acquisition Council) chefiado pelo Ministro da Defesa A  K Antony, aprovou a proposta de comprar seis C-130J dos Estados Unidos, além de acenar com a abertura de uma concorrência de Rs 50,000 crore para comprar e construir seis submarinos de alta tecnologia. Excetuando-se o acordo dos aviões C-130J, nenhum dos demais contratos em negociação parecem estar sequer próximos de conclusão antes das próximas eleições gerais, marcadas para abril-maio de 2014. Assim, é provável que o Ministério da Defesa tenha que devolver muitas de suas alocações capitais no final deste ano fiscal, ou então enfrentar um corte nas estimativas revisadas de dezembro deste ano.

linha de montagem C-130J com aeronaves para a Índia - foto Lockheed Martin

FONTE: The New Indian Express (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)

FOTOS: Dassault e Lockheed Martin

NOTA DO EDITOR: o ano fiscal indiano começa em 1º de abril e termina em 31 de março. Devido a dificuldades em converter corretamente em dólares e reais os diversos valores expressos na matéria original em rúpias indianas, num sistema em que valores maiores são expressos em crore e lakh, optamos por não fazer a conversão.

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