Há lugar para o Super Tucano na aviação dos ‘Marines’? (PARTE 1)
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Em longo artigo da edição de setembro da Marine Corps Gazette, dois oficiais do USMC discutem o futuro da aviação de asa fixa tripulada no apoio às tropas e introduzem o conceito de ‘Cooperação Aérea’. Ambos apontam restrições e limitações do atual modelo centralizado de comando e controle da aviação e afirmam que nenhuma aeronave do USMC (atual ou futura) é adequada à missão. A solução: comprar cem Super Tucanos ao custo de oito F-35. Leia abaixo a primeira parte (de um total de três) da tradução exclusiva feita pelo ‘Poder Aéreo’
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Com a recente entrega do primeiro F-35, é hora de repensar a forma como o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (USMC) emprega suas aeronaves de asa fixa. As aeronaves de asa fixa dos fuzileiros foram limitadas na sua capacidade de fornecer apoio aéreo integral, eficaz e de longa duração aos comandantes em terra na luta contra insurgentes no Iraque e no Afeganistão, uma lacuna que o F-35 não melhorará. Na verdade, a fim de permanecer eficaz e relevante em todo o espectro do conflito, o USMC precisa mudar a sua doutrina de aviação, adotando a Cooperação Aérea como filosofia de trabalho.
Ao longo de décadas, a aviação do USMC tem lentamente degradado sua capacidade de apoiar seus combatentes em terra. O Corpo de Fuzileiros Navais costumava ter uma variedade de aeronaves de asa fixa e pelo menos uma delas, o modelo OV-10, era otimizada para a integração com a força terrestre. O último OV-10 foi aposentado na época da Guerra do Golfo (1991). Com a sua retirada, a única aeronave de asa fixa que os fuzileiros podiam contar para prover apoio aéreo em terra eram os jatos otimizados para missões de interdição de campo de batalha. Essas aeronaves (principalmente o F/A-18 e o AV-8B) estavam abaixo do ideal quando a questão central era apoio aéreo aproximado, anteriormente fornecido pelo OV-10.
A semelhança cada vez maior entre as aviações dos Fuzileiros, da Marinha e da Força Aérea dos EUA levou ao aumento da interoperabilidade e perda da sua singularidade. Em meados da década de 1990, a aviação do USMC tornou-se mais adequada para a realização de missões de ataque anteriormente realizadas principalmente pela Marinha e pela Força Aérea. Orçamentos reduzidos, diminuição do número de aeronaves, e desejo do USMC em participar onde houvesse conflito levou os comandantes do componente aéreo das forças conjuntas (JFACC) a solicitar uma maior participação da aviação de asa fixa do USMC em missões de ataque do que no passado.
O aumento da permutabilidade entre jatos do USMC, da Marinha e da Força Aérea também levou a Marinha e a Força Aérea a se envolverem mais na arena de apoio às tropas em solo. Tanto a Marinha quanto a Força Aérea devem ter capacidade de apoiar as Forças Terrestres, mas este não é o principal papel delas. Para a aviação do USMC, esta deve ser a sua “raison d’être” (razão de existir). Chega a ser irônico o fato da Força Aérea possuir o A-10, uma aeronave muito mais indicada para apoio aéreo aproximado do que qualquer outra aeronave do USMC.
A aviação de asa fixa do USMC enfrenta uma luta para continuar existindo, embora não seja aparente. Semelhança de plataformas (o F-35), tecnologia e “operações combinadas” estão levando a aviação do USMC cada vez mais para a órbita da JFACC (leia-se: Força Aérea). Se nada acontecer, esta tendência continuará até que, finalmente, a única diferença entre as aeronaves e os pilotos do Corpo de Fuzileiros Navais, da Marinha e da Força Aérea será a palavra “Marines” estampada no avião e no macacão do piloto. Nesse ponto, as pressões orçamentárias muito provavelmente levarão ao fim da aviação de asa fixa do USMC.
Ao adotar uma doutrina de Cooperação Aérea, a aviação do USMC poderá recuperar a sua singularidade. Cooperação Aérea é uma filosofia em que o emprego do Poder Aéreo se move a partir da segunda geração (atrito) para a terceira geração (guerra de movimento). A Cooperação Aérea visa a utilização da aviação não apenas como um braço de apoio, mas como parte integrante de uma unidade associada às Forças Terrestres. A Cooperação Aérea depende de um maior grau de iniciativa da aviação de acordo com a intenção do comandante da unidade em terra. Esta é a essência de ordens “missão-tipo”. A Cooperação Aérea apoia a guerra de movimento de uma forma que o atual comando da aviação centralizado e a filosofia de controle não permitem fazer.
A filosofia do atual comando conjunto de aviação ordena que praticamente todas as missões sejam rigorosamente programadas e controladas através da ordem de operações (ATO – em inglês). O caos e a imprevisibilidade da guerra, no entanto, não se prestam facilmente às nossas tentativas de se criar horários de voos detalhados. Órgãos e métodos de comando e controle são certamente necessários, mas devem ser melhor adaptados às exigências de guerra do que o ATO é. A quebra da restrição que o ATO impõe sobre a aviação do USMC permitirá aos comandantes uma maior eficácia e uma flexibilidade no emprego do Poder Aéreo do que o método atual. Os fuzileiros devem manter a integridade do MAGTF (Marine Air-Ground Task Force – Força Tarefa Ar-Terra dos Fuzileiros) com o controle necessário sobre o próprio espaço aéreo. Não devemos esquecer que o controle centralizado cede à iniciativa ao inimigo.
A segunda parte do artigo será publicada amanhã