Sueca Saab espera competir com nova geração do Gripen
23 Ago 2013
Virgínia Silveira
A confirmação do contrato de desenvolvimento da nova geração do caça sueco Gripen NG para o governo da Suécia, que encomendou 60 unidades do avião, e também a seleção da aeronave pela Força Aérea da Suíça, com mais 22 pedidos, fortaleceram a posição da Saab como produtora mundial de caças de quinta geração, afirmou o vice-presidente de exportação do Gripen, Eddy de la Motte, em entrevista ao Valor.
“Estamos confortáveis porque agora é a nossa vez nesse mercado. E este também é o momento ideal para o Brasil trabalhar em conjunto com esses dois países na continuidade do desenvolvimento do Gripen NG”, disse. A escolha do Gripen por Suíça e Suécia, segundo de La Motte, eliminou o que o mercado costumava chamar de “risco” para o projeto do caça, porque ele ainda não teria saído do papel.
O novo Gripen NG começou a ser fabricado em julho, com a montagem da fuselagem dianteira da aeronave. Segundo a Saab, mais de mil engenheiros e técnicos trabalham hoje no desenvolvimento e na produção do novo caça, na fábrica que fica localizada em Linköping, na Suécia. Segundo o executivo da Saab sueca, as entregas do Gripen NG terão início em 2018.
Segundo a empresa, já foram investidos US$ 10 bilhões no desenvolvimento do Gripen desde a década de 80. A Saab faturou no ano passado US$ 3,7 bilhões. E os pedidos até agora do Gripen NG podem render US$ 7 bilhões
As novas tecnologias que serão incorporadas ao caça, no entanto, já foram comprovadas no programa de demonstração, que utilizou uma aeronave da versão E/F e realizou mais de 250 horas de voo.
A Saab contratou a brasileira Akaer, especializada no desenvolvimento de aeroestruturas e integração de sistemas, para projetar a fuselagem central, traseira e as asas do Gripen NG. No acordo feito com a Saab, a Akaer será responsável por 80% da estrutura do novo caça, independente do resultado da concorrência F-X2.
Controlada pelo grupo sueco Investor AB, presidido pelo empresário Marcus Wallenberg, a Saab adquiriu 15% do capital social da Akaer. A operação, conhecida como empréstimo conversível em ações, poderá ser estendida até um limite de 40%, segundo informou o presidente da Akaer, Cesar Augusto da Silva.
O vice-presidente da Saab lembra que para o programa F-X2 a Saab propôs que 40% do caça e até 80% da sua estrutura sejam feitos no país. O processo de compra dos novos caças, que já completou 18 anos, também envolve as empresas Dassault, com o caça Rafale, e a Boeing, com o modelo F-18.
“Não estamos falando do Gripen só para o Brasil, mas de uma plataforma voltada para o mercado mundial, além da possibilidade de o país liderar algumas exportações para países com os quais tenha maior relacionamento”, ressaltou. A avaliação técnica das propostas enviadas pelas três empresas concorrentes do programa de aquisição dos caças F-X2, constam de um relatório de cerca de 28 mil páginas elaborado pela FAB.
Cabe agora à Presidente Dilma Rousseff fazer uma análise político-estratégica do processo e decidir qual dos três aviões atende às necessidades de defesa aérea do país e qual das propostas oferece melhores condições para a transferência de tecnologias em áreas críticas, que ainda não são do domínio da indústria brasileira.
Em audiência pública realizada no Senado, no dia 13 deste mês, o Comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Juniti Saito, disse que o foco desse projeto não é só comprar um avião de prateleira e sim desenvolver junto com o parceiro escolhido uma tecnologia nacional.
A expectativa da FAB é que a decisão final sobre o F-X2 aconteça no curto prazo, já que no dia 31 de dezembro os 13 caças Mirage 2000 serão desativados. Em seu lugar a FAB pretende colocar, provisoriamente, os caças F-5 modernizados pela Embraer e a AEL Sistemas. Em seu depoimento no Senado, o comandante da Aeronáutica admitiu que esta não é a solução ideal.
O representante do Consórcio Rafale Internacional no Brasil, Jean-Marc Merialdo, da Dassault, disse que já conversou com a Força Aérea sobre a possibilidade de prorrogar novamente a vida útil desses aviões até que os novos caças entrem em operação.
Segundo Meriado, existem atualmente 390 Mirage 2000 em serviço no mundo, sendo 160 na França e 230 em países como Peru, Egito, Grécia, Índia, Taiwan e Emirados Árabes Unidos. “É possível prolongar a vida útil do Mirage, embora ele opere com uma capacidade de guerra reduzida, mas ainda capacitado a fazer o policiamento do território brasileiro”.
Ele comenta que a francesa Dassault está fazendo um programa de renovação de 50 Mirage 2000 da Índia, comprou 120 caças Rafale. As entregas serão iniciadas nos próximos três anos, mas o contrato ainda está em fase de negociação.
A Saab também já ofereceu a possibilidade de uma solução interina, com versão anterior do Gripen, ao governo suíço, enquanto os novos caças não ficam prontos. “Podemos fazer uma oferta similar ao Brasil, conectada ou não ao F-X2”, disse o vice-presidente.
FONTE: Valor Econômico, via Resenha do EB
COLABOROU: Henrique CO
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Ótima reportagem, em se tratando de imprensa não especializada. Agora, chamar o Gripen E de caça de 5a geração é forçar a barra. Não tem baia interna de armamentos, logo não possui a menor hipótese de ser chamado de 5a geração. Aliás, penso que este foi o grande erro da SAAB no seu Gripen NG. Assim como é forçar a barra o chefe do nosso amigo Justin Case oferecendo-se para modernizar nossos Mirage-2000, a estilo do que foi feito na Índia. Ora, Sr. Merialdo, a US$ 60 milhões por Mirage muito obrigado, mas vá vender suas recauchutagens pra quem é… Read more »
“Segundo o executivo da Saab sueca, as entregas do Gripen NG terão início em 2018.”
Será que esta postergação do FX-2 não priveligia o Gripen NG?
Se for isso, ao preço altíssimo de sacrificar a FAB, deixando-a desprovida de caças de primeira linha.
Vader disse: 23 de agosto de 2013 às 11:44 Amigos, Acho que vale a pena colocar alguns dados sobre a operação da jaca “rainha de hangar” F-2000, o Tampão. Ele tem voado muito bem aqui no Brasil. Desde o início de sua operação, apenas em 2006 não foram cumpridas as horas previstas na dotação oficial, provavelmente por atraso na chegada da aeronave ou na conclusão da infraestrutura. Em todos os outros anos, o GDA voou todas as horas previstas. Neste 2013, mesmo tendo sido encerrados quase todos os contratos de suporte logístico, os pilotos já voaram, em média, 100 horas.… Read more »
A previsão é que encerrem o ano com uma média de 140 horas voadas por piloto, o que é 40% superior ao previsto para os pilotos de F-5 e A-1
Caro Justin Case
Se estes números forem reais (acho difícil a FAB confirmar ou negar tal informação), são realmente surpreendentes. Digo isso comparando com o que os pilotos da OTAN voam em média.
Obs.: Complemento:
O Vader está enganado. O Justin Case nunca sugeriu modernizar nossa dúzia de F-2000 para o padrão dos indianos ou qualquer outro padrão.
Lá na Índia, os Mirage 2000 são força de guerra. Aqui, são apenas TAMPAX enquanto aguardamos a chegada dos nossos F-X.
Justin
Como PROPOSTA, a SAAB sempre esteve na frente. Mas a Boeing elevou o nível de compensações apesar que pelo caça em si, não tem muito o que fazer, é prateleira pura. No caso francês, a mesma coisa, mas um pouco(para não dizer bastante) mais caro.
Politicamente, são 3 caças ocidentais, os 3 inseridos no contexto da Otan. Se quiserem algo diferente, tem de começar do zero, ou talvez nem tanto. O TF-X turco pode ser o FX-3, mas sem abdicar da escolha do FX-2.
[]’s
140 horas/ano/piloto
É a FAB bolivariana fazendo contabilidade criativa?
O Ng é um bom caça, inclusive na minha opinião, o melhor custo/benefício para o Brasil, mas com certeza não chega nem perto de ser uma aeronave de quinta geração. Seu desenho é de quarta geração, não tem radar AESA (pronto), não tem capacidade de transportar mísseis internamente, e seu motor apesar de ser muito bom, é convencional no quisito assinatura térmica.
O NG é bom, mas menos, bem menos!!!
Justin Case disse:
23 de agosto de 2013 às 12:17
Justin, não disse que foi você quem sugeriu a modernização dos F-2000.
Como deixei claro em meu comentário, foi Monsieur Merialdo.
Sds.
Poggio, boa tarde.
Essa média prevista de 140 horas por ano é superior às anteriores, e a causa é que, neste ano, não houve curso para novos pilotos (não faria sentido). Por isto, o GDA está com apenas 12 pilotos em vez de 16, que era a média anterior. Assim, a média anual por piloto vai subir das 120?para 140? horas. Não dá para obter um resultado direto entre horas avião e horas piloto, pois muitas missões são feitas nos aviões bipostos.
Abraço,
Justin
Essa média prevista de 140 horas por ano é superior às anteriores, e a causa é que, neste ano, não houve curso para novos pilotos
Faz sentido. De qualquer forma 120 já seria um bom número. Imagino que tirando os pilotos de caça chilenos (mesmo assim tenho minhas dúvidas), o pessoal do GDA é o mais voado na América Latina (pelo menos este ano).
Amigos,
“…fortalecer a posição da Saab como produtora mundial de caças de QUINTA geração…”
Esse pessoal da área comercial, em vez de aumentar a credibilidade do produto, só derruba. 👿
Abraços,
Justin
“…fortalecer a posição da Saab como produtora mundial de caças de QUINTA geração…”
Acho difícil o de la Motte ter dito isso. Parece erro da reportagem.
Não me lembro de nenhuma outra entrevista dele falando sobre o Gripen ser um caça de quinta geração (mas posso estar enganado ou não ter lido todas as entrevistas dele nos últimos 4 anos).
É evidente que foi erro da reportagem…