MMRCA: Dassault quer clareza sobre o papel da HAL no Rafale indiano
Segundo reportagem publicada no jornal “Times of India” neste domingo, 9 de dezembro, após vencer a seleção multibilionária para fornecer 126 caças Rafale para a Força Aérea Indiana (programa MMRCA – avião de combate multitarefa de porte médio) a empresa francesa Dassault Aviation solicitou que o Ministério da Defesa Indiano para definir o papel que terá no projeto a empresa aeronáutica estatal indiana HAL (Hindustan Aeronautics Limited).
Caso o contrato seja finalizado, os 18 primeiros caças serão fornecidos diretamente pela Dassault, enquanto os demais 108 seriam produzidos sob licença nas instalações da HAL em Bangalore. Segundo fontes da indústria, a Dassault solicitou ao ministério a definição do papel da HAL na entrega final dessas 108 aeronaves. Conforme os termos da concorrência MMRCA, o papel principal de integração e fornecimento desses jatos seria da HAL, que já trabalha em importanes projetos como o caça Su-30 MKI, de origem russa.
Segundo as fontes, a empresa francesa disse ao ministério que, no caso de receber a responsabilidade total pelo projeto, deveria ser dada a liberdade para decidir que proporção de trabalho será feita pela HAL e por empresas privadas no programa. Nesse caso, a empresa determinaria o papel no projeto de um braço de defesa e segurança de uma nova companhia de defesa indiana, e uma parte principal de trabalho seria dada a ela, ainda conforme essa fontes da indústria.
Logo após a Dassault ser declarada ofertante de menor valor e assim escolhida para negociações no MMRCA, vencendo o outro finalista que era o consórcio Eurofighter, a empresa assinou um Memorando de Entendimento com uma companhia da “Reliance Industries Limited” para trabalhar em conjunto no setor de defesa. Atualmente, está negociando o acordo com o Ministério da Defesa e a Força Aérea Indiana.
Para realizar o projeto indiano, a Dassault também abriu uma subsidiária na Índia, que recebeu o nome “Dassault Aircraft Services India Private Limited” (DASIPL). Ela foi estabelecida recentemente e, segundo as fontes, pertence 100% à Dassault.
FONTE: Times of India (tradução e edição do Poder Aéreo a partir de original em inglês)
FOTO: Dassault
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A Dassault tentou criar uma espécie de Avibras indiana, mas ao que parece a coisa não deu certo.
E se os indianos forem duros no jogo, vão querer tudo. Porém, se os negócios envolverem algumas malas cheias de “transferência de tecnologia”, as coisas vão ficar mais fáceis.
Só faltava essa, a Dassault criar uma filial na Índia para realizar sua ToT irrestrita para sua filial…. 🙂
[]’s
Pois é, Nick, já criou. É a DASIPL.
A lógica dos franceses é: se há idiotas no Brasil, provavelmente há na Índia.
E o interessante é que são os franceses que querem saber qual será o papel da HAL.
Se eu não estou enganado, a HAL já está envolvida com o Su-30MKI, com o Tejas, e futuramente com o Pak-Fa e aquele transporte médio concorrente do KC-390.
Então fica a pergunta: o que a HAL pretende fazer no programa do MMRCA? Terá ela pessoal sobrando para trabalhar em um quinto projeto?
Caros Marcos, Clésio,
O papel da HAL me parece claro: Ser o principal recebedor de qualquer offset tecnológico-industrial aeronáutico de que a Índia faça parte. Só faltava a Dassault questionar isso, e estão questionando. Oo
Se eu fosse os indianos, ia dar risada na cara dos franceses…SHAHUSUHAUHUH!!! 😀
[]’s
Bem lembrado, Clésio.
Tem essa matéria a respeito, que esqueci de colocar na sessão “Veja também” do final. Estou colocando agora.
http://www.aereo.jor.br/2012/03/03/hal-que-devera-montar-o-rafale-na-india-esta-com-diversos-projetos-atrasados/
Some também aos projetos a modernização dos Mirage 2000.
Nick, independentemente de alguma modificação na quantidade de offsets industriais para a HAL, creio que não tem jeito dela deixar de ser a principal beneficiada com isso. Talvez só se mude as porcentagens para outras empresas. No fim das contas, o percentual total de offsets está nos termos da concorrência do MMRCA, talvez não esteja discriminado o que iria especificamente para a HAL.
Já estão querendo dar um jeito, de não haver a tal da ToT irrestrita…
Os franceses não estão querendo saber de uma empresa local, não controlada por eles, montando Le Jaca.
Abra os olhos Índia!!!
No fim das contas, o percentual total de offsets está nos termos da concorrência do MMRCA, talvez não esteja discriminado o que iria especificamente para a HAL. Prezado Nunao, mas isto seria um procedimento muitissimo estranho, embora nao saiba como funciona na India. Antes mesmo de decidirem o vencedor eh apresentado um “concept paper” sobre os possiveis offsets, passada esta fase entao apresenta-se um “business plan” que inclui nominalmente a empresa envolvida e estimativas de trabalhos, vendas, market share, etc.; novamente, tudo isto antes da decisao do vencedor. Ou esta materia do “Times of India” estah equivocada ou, alternativamente, existem… Read more »
Mas DrCockroach, eles já decidiram quem é o vencedor da disputa. A Dassault venceu. O que está havendo agora é negociação com esse vencedor da concorrência, cada um (indianos e franceses) tentando puxar a sardinha para a sua brasa. Essa discussão, pelo jeito, faz parte da negociação e, se não agradar aos indianos, eles podem ameaçar declarar o segundo colocado como novo vencedor e começar a negociar com ele. Ou efetivamente fazer isso. Ao menos esta é a minha visão do processo. Nick, se eu fosse negociador da Dassault, estaria sim preocupado com a questão que o Clésio relembrou, do… Read more »
Caro Nunão,
Essa % é que é preocupante. 🙂
Por exemplo, fabricação de partes da célula, montagem, integração, testes, HAL. Fabricação de componentes eletrônicos e software crítico: DASIPL……
Como disse o Maurício R, abre o olho Índia!!!!
[]’s
Acho que os amigos não entenderam a questão. Os europeus não transferem tecnologias críticas….eles vendem….. o comprador paga…. mas quem manuseia e absorve…. são eles mesmos, os europeus ! É a famosa transferência de tecnologias “de mim para mim mesmo”. Vale lembrar que em banânia foi assim com uma “fábrica” de helicópteros paga com o “acréscimo” dos valores reais em relação ao preço normal de comercialização do produto….. mas o beneficiário foi a subsidiaria da companhia européia. É o mesmo mecanismo que será utilizado no caso dos submarinos Scorpene (que vão, claro, trocar o nome) e o tal estaleiro que… Read more »
Nada de novo. Apenas a velha transferência de tecnologia de francês para francês.
Impressionante é como os indianos ainda caem nesse conto do vigário. Deve ser por causa dos Mirage-2000.
É aquela velha história: comprou francês, morre com ele.