Entrevista com o ex-ministro da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Mauro José Miranda Gandra

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Durante a cerimônia de inauguração da Academia de Ciências Aeronáuticas do Centro Tecnológico Positivo, na última quarta-feira (24) em Curitiba, a equipe da revista Forças de Defesa entrevistou um dos palestrantes convidados, o ex-ministro da Aeronáutica e atual presidente executivo da Associação Nacional de Concessionárias de Aeroportos Brasileiros (ANCAB), tenente-brigadeiro do ar Mauro José Miranda Gandra. O brigadeiro comentou sobre a estrutura aeroportuária brasileira diante dos grandes eventos dos próximos anos, e teceu comparações sobre o desenvolvimento da aviação militar nos anos 1990 e o cenário atual.

O Brasil receberá nos próximos anos eventos de grande porte, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Como fica a malha aérea e a estrutura aeroportuária do país em situações como essa?

Para começar, eu sou otimista. Até mesmo essas situações de demora para a liberação de pistas são sinais que alertam o brasileiro para as dificuldades. Em termos de infraestrutura, nós ficamos quase 12 anos sem tomar nenhuma providência, o número de passageiros e aeronaves aumentou, e aconteceu o que se esperava devido à falta de planejamento.

Quando a Infraero passou para o Ministério da Defesa, o então Ministério da Aeronáutica perdeu a oportunidade de continuar os esforços que vinha fazendo até então para expandir a estrutura aeroportuária. Mas eu acredito na concessão de aeroportos críticos como Campinas, Guarulhos, Brasília e Galeão.

Após quase 17 anos da sua gestão como Ministro da Aeronáutica, que balanço o senhor faz de programas que começaram na época, como o do ALX, a modernização dos F-5? E o que  senhor pensa sobre o abandono do Programa F-X e a criação do F-X2?

A minha observação é a seguinte: infelizmente, no caso dos caças, nós não conseguimos resolver o problema, Eu entendo que é difícil tomar uma decisão dessa natureza, envolvendo uma soma tão grande, em um país com poucos recursos, ou que administra mal os seus recursos. O caso do F-X e do F-X2 foi até uma sorte, porque saímos para a possibilidade de escolher entre linhas de aeronaves mais modernas. Eu tenho esperança de que, já no início do ano que vem, a presidenta Dilma dará uma solução.

Acho também que a FAB vem sendo bem aquinhoada. Temos feito modernizações boas nos aviões – no caso o F-5 e agora o AMX. Também compramos 99 Super-Tucano, 50 helicópteros (EC-725) com previsão de fabricação nacional, 16 deles destinados para a Força Aérea.

Na época (1995), pensava-se em priorizar uma aeronave de fabricação nacional. Se essa iniciativa fosse levada a cabo ainda em 1995, o senhor acha possível dizer que hoje teríamos um protótipo viável para fabricação?

Vamos analisar o caso do AMX que, apesar de não ser supersônico, é um avião importante, que teve um subproduto ainda mais importante – permitir à Embraer desenvolver as séries 170 e 190. Mas desenvolver uma aeronave de caça requer um apoio muito forte do governo, e eu só vi esse tipo de apoio na antiga União Soviética, nos Estados Unidos e na Europa, em que todos os países tiveram que se reunir para criar uma aeronave desse tipo. Sendo assim, acho difícil que pudéssemos construir um protótipo.

Mesmo que o projeto tivesse começado nos anos 1990?

Seria difícil. Por exemplo, íamos comprar 79 AMX, acabamos comprando 54 por falta de recursos. Das empresas que foram criadas para ajudar a desenvolver o AMX, poucas sobreviveram. Mas acho que, com a passagem do ministro Nelson Jobim pelo Ministério da Defesa, a indústria deu um salto muito grande e a Força Aérea Brasileira se beneficiou muito disso. Podemos não ter a maior Força Aérea da América Latina, mas temos uma FAB capaz de se ombrear às forças vizinhas, com a vantagem da capacidade de manutenção e fabricação das peças dos nossos aviões.

Que mudanças o senhor percebe no  Comando da Aeronáutica atualmente, em relação ao Ministério que o senhor assumiu nos anos 1990? Há mais ênfase no aspecto corporativo e operacional? O que pode ser aprimorado?

Nós não estávamos acostumados a essa figura nova de um Ministério da Defesa. É preciso que haja um entendimento do Comando da Aeronáutica de que ele está dentro de um sistema maior, e isso eu vejo muito bem na postura do comandante [Juniti] Saito – uma postura muito ligada ao seu segmento, à sua Força. Um aspecto mais operacional e menos político.

FOTO: Renaclo Tekutli.

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Alexandre Galante

Excelente entrevista, Nicholle! Parabéns!

Guilherme Poggio

Gostei muito também

A. J. Camargo

Quando me referi, dias atrás, sobre o esforço da equipe em nos brindar com matérias de qualidade, me reportava à exemplos como esta entrevista.
Parabéns!

Fernando "Nunão" De Martini

Achei bem interessante a visão realista da viabilidade do que se cogitava nos anos 90 (a opção por desenvolver um novo caça para colher vantagens desse desenvolviemento), dada pelo tempo e por quem sentou na cadeira onde tinham que ser tomadas decisões sobre o que priorizar com o cobertor curto: “Mesmo que o projeto tivesse começado nos anos 1990? Seria difícil. Por exemplo, íamos comprar 79 AMX, acabamos comprando 54 por falta de recursos. Das empresas que foram criadas para ajudar a desenvolver o AMX, poucas sobreviveram.” Ou seja, a falta de dinheiro para levar a contento o degrau anterior… Read more »

Giordani

Agora deu nó nos axônios! Se não tem dinheiro para desenvolver algo localmente, que a compra tem que ser de ‘prateleira’, por quê diabos o GF insiste nesse freio de mão chamado de ToT?!?!?!

HMS TIRELESS

Excelente entrevista! Especialmente no tocante à postura do Brig Gandra, que faz justiça ao reconhecer a atuação do Comandante da Aeronáutica, que tantas vezes tanto aqui quanto em outros espaços é caluniado em virtude de supostas simpatias pró-EUA. Pior: É acusado pelo malogro do FX-2 quando todos sabemos quem é o verdadeiro culpado.

Franco Ferreira

Também gostei muito do trabalho da Editora! Aprendi mais alguma coisa… Inclusive, no caso, aprendi sobre a existência da ANCAB (http://www.ancab.com.br/index.php?limitstart=81). Varri o “site” da associação. Ai não aprendi muito, não. Em realidade. não consegui relacionar entre si os “Quem Somos?” com o “A que viemos?” De fato, não sei se a Associação se interessa pelos problemas dos comerciantes locatários de pontos de venda nos aeroportos, pelos interesses dos operadores de transporte aéreo defronte das concedentes, ou, ainda, muito pelo contrário, pelos interesses destas locadoras e concedentes frente aos locadores. Tempo dirá! Aguardo a do Brigadeiro Kersul… Esta sim, ensinará… Read more »

Vader

Parabéns à nobre articulista. Aliás, no geral suas matérias estão cada vez melhores. Podemos dizer que ela “oxigenou” a Trilogia. No tocante à matéria em si, achei a posição do nobre brigadeiro simplesmente desalentadora. Uma lástima. Malgrado estar na reserva há um bom tempo, um brigadeiro da FAB deveria ter uma visão de mundo mais atualizada quanto ao que rola no globo em matéria de aviação de combate. Achar que a FAB está “bem aquinhoada” porque reforma F-5 da década de 70 (!!!), ganha Kombi-Voadora (“com previsão de fabricação nacional”?!) e compra Super-Tucano (um turbohélice!) só revela a visão tacanha… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

Vader, discordo. O entrevistado não precisa de mim para defendê-lo, mas faço isso agora para encaminhar melhor o debate. Você está pegando um trecho de um parágrafo para daí passar para uma visão geral distorcida do conjunto e chamar, com isso, o entrevistado de “burocrata de carreira” ou de alguem sem “a menor noção”. Se imediatamente antes o entrevistado disse que “o caso do F-X e do F-X2 foi até uma sorte, porque saímos para a possibilidade de escolher entre linhas de aeronaves mais modernas”, é sinal de que ele deve ter acompanhado a evolução da tecnologia no mundo ao… Read more »

HRotor

(Achei que os 3G que tinha puxado no outro post eram muito, vem o Vader e puxa 9…!) Já foi o tempo em que o conhecimento era restrito e as autoridades eram pouco questionadas… Pelo menos desde os anos 90, Drucker e outros já insistiam que o conhecimento, e não mais terra, mão de obra e capital, é o recurso mais importante da sociedade. É bom o Brigadeiro se atualizar rápido, se quiser continuar como referência em assuntos aeronáuticos… (Nunão e equipe, isso não tira o mérito do trabalho do PA, especialmente da Nicholle, pela excelente divulgação e destaque que… Read more »

engeduardolima

Interessante a entrevista do brigadeiro, em evento voltado para ações que certamente teve a oportunidade de conhecer e intervir diretamente, onde expôs suas opiniões, surpreendentes em algumas colocações como o up-grade de material relativamente antigo e aquisição de vetores que não são unanimidade, sendo que deixa uma sensação de como deve ser gerir uma força que depende, com todas as variáveis comerciais, de recursos que são sempre contingenciados e muitas vezes suscetíveis a influências terceiras e que impactam diretamente o sucesso de seu trabalho. Mas é muito importante verificar a posição de quem esteve, de fato, na condição de gestor… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

“Nunão e equipe, isso não tira o mérito do trabalho do PA, especialmente da Nicholle…” HRotor, nada a ver uma coisa com outra. Quando comentei sobre o que vc chamou de puxada de “9G” do Vader, foi no sentido de levar em conta as declarações do entrevistado como um todo na hora de criticar e não só um trecho (a parte pelo todo), porque isso leva a distorções. Critiquem à vontade o que o entrevistado falou, aproveitem o conteúdo. Críticas às opiniões do entrevistado não têm nada a ver com a matéria em si ser uma entrevista feita pela nossa… Read more »

Soyuz

Você lê entrevistas de oficiais brasileiros seja de 30 anos atrás, seja de hoje e é sempre o mesmo “bla-bla-bla”.

Uma vez perguntei a um amigo oficina da FAB como se dava a metamorfose do Tenente impetuoso de 20 e poucos anos para o brigadeiro “vaselina” de 60 anos.

A resposta dele foi simples;

“O impetuoso não vira brigadeiro”

Nick

Se em 1995 tivesse começado o desenvolvimento de um caça de 4ªgeração, desde que sem querer reinventar a roda, e com alguns países parceiros para aumentar a quantidade encomendada inicial e ratear os gastos de projeto/desenvolvimento, hoje não estaríamos nessa novela do FX-2. E mais, com um pouco de ambição estaríamos parceiros no F-35 ou no PAKFA.

[]’s

Vader

Fernando “Nunão” De Martini disse: 30 de outubro de 2012 às 13:39 Olha Nunão, você me desculpe, respeito sua defesa, mas mantenho minha opinião. Não tirei nada do contexto não, li tudo que ele falou com olhos de lupa. Minha visão não foi simplista; apenas imaginei em meu curto entendimento que a visão de um brigadeiro da FAB sim não possa ser tão tacanha e, aí sim, simplista. Nem comentei isso, mas já que você lembrou: achar “uma sorte” o Brasil estar a década e meia sem defesa aérea por pura incompetência dos governantes me parece um despautério; coisa de… Read more »

Vader

Correção:

“que se não tem um governante antiamericano histriônico e palhaçudo nem aparecem nos noticiários”

Fernando "Nunão" De Martini

Vader, Deixo claro que não concordo com a opinião do entrevistado, por exemplo, no trecho “o caso do F-X e do F-X2 foi até uma sorte, porque saímos para a possibilidade de escolher entre linhas de aeronaves mais modernas.” Penso justamente o contrário. O F-X deveria ter sido resolvido sim, há uma década, pelo menos. Destaquei o trecho (e outros) para ressaltar meu ponto de vista sobre o que o entrevistado falou, como um todo, discordando com o que você escreveu. É análise do discurso, e não concordância com o discurso, o que é diferente. Dito isso, ressalto também que… Read more »

Nicholle Murmel

Um pouco off-topic, mas enfim… Muito obrigada pelos comentários. Fico feliz por terem gostado, ou não, da entrevista. É ótimo ver que o texto sensibilizou de alguma forma, e gerou uma discussão tão interessante. Estou acompanhando os comentários desde que fiz a postagem, e estou aprendendo muito.

Abraço a todos.

Nick

Caro Nunão, É uma visão pessoal minha. perdemos muito tempo nesses F-Xzes de vida, enquanto podíamos na surdina estar fazendo algo realmente importante, que seria um caça substituto dos F-5E e AMX. Faltou uma canetada de algum brigadeiro nessa brincadeira. Em um ponto eu concordo com o Brigadeiro. Comprar caças de prateleira, realmente sai caro. Agora investir na Indústria Local faz sentido, e novamente concordo com o Brigadeiro, o investimento feito no AMX se pagou com os spin-offs civis. E acredito que os investimentos sendo feitos no KC-390 se pagarão da mesma forma. Um caça de 4.5ª geração traria muitos… Read more »

HRotor

Nunão, vocês do PA não precisam defender pontos de vista, nem pró, nem a favor de seja lá quem for! A última coisa que se quer é um blog “politicamente correto”, para isso já temos diversos veículos de comunicação institucionais, sem desmerecer essa atividade tão importante. As críticas acima têm muito fundamento, já que estão confrontadas com fatos históricos. Obviamente, o que vocês têm feito, e seria bom continuar, de vez em quando aquele alerta quanto à maneira e forma de expor as idéias. Aquele salutar “puxão de orelhas”. Criticar idéias, não pessoas. Defender idéias também, não pessoas. Ninguém precisa… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

Então, Nick. Na década de 90, o próprio ex-ministro gostava mais da opção de desenvolver aqui (ou em conjunto) do que simplesmente adquirir. Porque você também precisa manter a aeronave, desenvolver a indústria para que ela possa dar esse apoio, no mínimo. E, mais além, dar pulos mais altos. Para desenvolver um caça próprio “na surdina” desde a década de 90, teria que ter verbas para isso. E isso não se consegue na surdina, pois precisa ter parcerias. O que talvez poderia ter sido feito é alguma produção licenciada, colhendo algum fruto para a indústria aeronáutica, com benefícios limitados tanto… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

“HRotor disse: 30 de outubro de 2012 às 15:42 Nunão, vocês do PA não precisam defender pontos de vista, nem pró, nem a favor de seja lá quem for!” E nem quero! O que eu defendo é o debate. (E defendo também as minhas opiniões, evidentemente). Se discordo do Vader ou de você ou de qualquer um, estou defendendo o bom debate. E incentivando. Aliás, o que mais estou fazendo nesses últimos comentários é discordar! Sobre o alerta quanto à forma com que se faz essa crítica, aí sim concordo (diacho!) com você. Muitas vezes vemos o pessoal passar da… Read more »

Nick

Caro Nunão, O AMX sofreu com a falta de verbas e visão dos governantes da época. Mas acredito que isso existe em qualquer país e época, só ver o que está acontecendo nos debates sobre um novo caça na Suiça, ou mesmo continuidade do Gripen na Suécia. De qualquer forma, entendo como “surdina”, o desenvolvimento de estudos iniciais, modelos, túnel de vento, protótipos em miniatura, algo como a SAAB faz para desenvolver seus produtos, sem grandes volumes de dispêndio. Ou seja, seria financiado com o orçamento da FAB, com chancela projeto “projeto Z”. 🙂 Um belo dia o CA da… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

De fato, Nick, o AMX sofreu com essa falta de verbas e de visão de quem a disponibiliza, que existe em muitos lugares. Mas era um programa que, à época que estamos tratando, estaria então competindo com verbas necessárias a esse segundo passo (caça) “na surdina”, que você explica. Como atender a ambos os programas, ao mesmo tempo? A MB passava por isso à mesma época, com programas de projetos de novos submarinos e de novas corvetas, competindo por verbas e por prioridades. Priorizou-se o projeto do submarino, mas mesmo assim não vingou (o que vingou foi Tupi e Tikuna,… Read more »

Vader

Nunão e Nick: Com relação ao tópico e dando meu pitaco (de novo) quanto a desenvolver indigenamente X comprar “de prateleira” (expressão esta aliás totalmente infeliz e que só poderia ter saído do bestunto de um maldito como aquele NJ): O que eu critico é essa visão limitada, tacanha, pobre, de que ou temos que ter uma coisa ou outra. É o “complexo de pobreza”. A verdade é que são coisas completamente diferentes, que podem se influenciar mutuamente, mas não devem, friso, NÃO DEVEM, em absoluto, se excluir. Exemplo: Com todas as críticas que tenho à Índia, uma coisa é… Read more »

Soyuz

O AMX não foi vitima somente de falta de verbas. Embora o problema orçamentário seja crônico, principalmente nos anos 80 e 90, o programa AMX também foi vitima de uma cultura que não privilegia a capacidade de combate e pronto emprego. 1) O AMX da FAB até hoje não pode disparar um AAM valido, embora os da AMI já saíram de linha integrados ao AIM-9L/M estado da arte na época. 2) O AMX que nos primeiros lotes não tinham itens vitais para sua sobrevivência como chaff nem flare e cujo custos dos equipamentos são ínfimos em relação a célula. 3)… Read more »

Nick

Caros, Nunão, Vader, Soyuz, Todos estão corretos. Existe a questão da falta crônica de verbas (o que pode ter gerado a cultura do aeroclube), que não se permite sonhar mais alto, de querer operar segundo os padrões mais modernos e com os melhores equipamentos. Nunão, Acredito que mesmo tendo exemplos de que fazer estudos/projetos em modo silent não tenham dado certo no passado, não devemos parar de tentar. Afinal se isto tivesse acontecido, poderia ter sido a solução para o o impasse do F-X, e já poderia ter sido acionado em 1995 mesmo que na época caças de prateleira tivessem… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

Nick,

Quantos “concordos”, credo!

Brincadeira, concordo com você que não se deve parar de tentar porque o passado mostrou que não deu certo. Isso pode mostrar outras formas de fazer dar certo.

O que não vinga em seu objetivo principal também pode gerar outros benefícios (embora isso não seja desculpa, mas um consolo).

Grifo

3) Programas como o SCP-01 e MAA-1 não custam fortunas, nenhum deles a preço de hoje custaria mais do que US$ 60 mi o que seria o custo de uma célula de AMX e demoram décadas até serem operacionais. Caro Soyuz, multiplique este valor por 10 e vamos começar a chegar perto do custo real. Além do problema da falta de dinheiro, existe também o problema (a meu ver maior) do dinheiro vir de forma descontínua. Não existe planejamento orçamentário neste país que seja cumprido nem mesmo ao longo do mesmo ano, que dirá em programas multi-anuais. Parabéns Nicholle pela… Read more »

champs

É de mais matérias como essas que precisamos para avançar o debate, inclusive questionamentos que puxem mais dos entrevistados, eles precisam saber que existe um público, mesmo que pequeno, que já acompanha e exige mais da defesa no Brasil.

Soyuz disse:
30 de outubro de 2012 às 19:11

Assino embaixo.

Grifo disse:
31 de outubro de 2012 às 3:42

“Além do problema da falta de dinheiro, existe também o problema (a meu ver maior) do dinheiro vir de forma descontínua.”

Isso aí mata qualquer programa militar e até a capacidade de combate e pronto emprego citada pelo Soyuz.

Soyuz

Caro Grifo, O contrato assinado com a MECTRON em 1993 era de US$ 8mi, considerando uma atualização por caderneta de poupança (ou seja acima de qualquer taxa inflacionária) e mudança de cambio, hoje seria um contrato de US$ 28.,7 mi. O contrato brasileiro do A-DARTER foi de US$ 56mi embora exista uma parte importante e majoritária sul africana. É claro que existem outros custos e que assim como você colocou existe uma enorme dificuldade para estipular o custo total do programa. Porem não acho que sejam quantias absurdas tão pouco que houve falta de verba pura e simples. Houve no… Read more »

Soyuz

“Além do problema da falta de dinheiro, existe também o problema (a meu ver maior) do dinheiro vir de forma descontínua.” Concordo plenamente Grifo, e acho que este é o verdadeiro câncer, mata mais do que os baixos níveis orçamentários. Deste efeito perverso vem o meu ceticismo com a compra de equipamentos sofisticados como o Rafale, SH e NG ou do futuro submarino nuclear. Comprar é uma coisa, você acerta o financiamento e depois paga as parcelas. Já operar, durante 20 ou 30 anos, basta um período de cortes irracionais de custeio (e tivemos vários e vários assim nos últimos… Read more »

Vader

Soyuz disse:
31 de outubro de 2012 às 11:22

“No Brasil é mais fácil arrumar 1 bilhão de dólares para a EADS ou
Embraer do que 10% disto para um projeto nacional tocado por alguma pequena ou média empresa de São Jose dos Campos.”

Disse tudo. Porque será né? 😉

Abs.