O Poder Aéreo esteve na inauguração da linha de montagem do helicóptero militar EC725, onde também deverá ser produzida a versão civil EC225 – linha ocupa um novo galpão construído especialmente para esse fim, e que também está abrigando a produção do AS350 Esquilo

Na terça-feira, 2 de outubro, os editores Alexandre Galante e Fernando “Nunão” De Martini estiveram presentes, a convite da Helibras, ao evento de inauguração da nova linha de montagem de helicópteros de grande porte da empresa, em Itajubá (Minas Gerais). Nesta matéria, procuramos colocar o leitor “dentro” do evento. Nas próximas, mostraremos alguns outros detalhes de nossa visita à fábrica.

A linha de montagem ocupa um novo galpão, construído especialmente para a expansão da empresa, ligada à montagem final dos cinquenta helicópteros EC725, adquiridos pelas Forças Armadas brasileiras. As instalações também deverão produzir a versão civil  EC225, cujo principal emprego no país deverá ser o transporte em apoio a plataformas de exploração de petróleo em alto-mar. Para esse modelo, foi assinada no evento uma carta de intenção para aquisição de 14 unidades, durante o evento, junto à Líder Aviação.

O palco e área destinada ao público presente ocupavam aproximadamente 1/3 da divisão principal do galpão, em local que, com a retirada do palco e cadeiras ao final do evento, passará a ser ocupado por parte da linha de montagem do EC725. Outro terço do galpão já abrigava sete unidades do EC725 em diferentes estágios de montagem (incluindo protótipos de versões especializadas) e o terço final era ocupado pela linha do Esquilo (AS350).

 

 

Em área separada (parte dela destinada ao coquetel que se seguiu à cerimônia)  já estavam três aeronaves montadas em testes de aceitação, uma para cada Força. Também fazem parte das instalações a área de cablagem e, no andar superior, a central de engenharia.

Autoridades presentes

A inauguração contou com uma grande presença de pessoas da indústria, da imprensa local, nacional e especializada, convidados, funcionários da Helibras, além de autoridades políticas e militares.

Entre as presenças destacadas da Defesa, e que podem ser vistas na foto do alto da matéria, estiveram o ministro da Defesa, Celso Amorim, o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), tenente brigadeiro do ar Juniti Saito, o comandante da Marinha do Brasil (MB), almirante de esquadra Julio Soares de Moura Neto, o comandante do Exército Brasileiro (EB), general de exército Enzo Martins Peri e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), general de exército José Carlos De Nardi.

 

 

Entre as autoridades políticas, destacaram-se o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, o governador da Bahia, Jaques Wagner e o prefeito em exercício de Itajubá, Laudelino Augusto dos Santos Azevedo. Discursando na imagem do alto, está o presidente da Helibras, Eduardo Marson Ferreira e, sentado com fones de ouvido ao lado do ministro Amorim, está o presidente da Eurocopter, Lutz Bertling.

A visita do ministro Celso Amorim ao centro de engenharia

Quando chegamos à nova fábrica, por volta das 11h da manhã, o ministro da Defesa Celso Amorim estava iniciando sua visita às instalações, imediatamente antes da cerimônia. Acompanhamos a comitiva do ministro, junto aos comandantes da Forças Armadas e autoridades políticas, nessa visita que se concentrou no novo centro de engenharia da empresa.

 

 

Setenta engenheiros trabalham no local. Entre os projetos em realização relacionados ao EC725, foram mostrados ao ministro os desenvolvimentos nas áreas de cablagem e, especialmente, o projeto da versão de guerra de superfície da Marinha do Brasil. Amorim mostrou-se particularmente interessado com o envolvimento da engenharia nacional no projeto dessa versão, e mostrou-se satisfeito com o fato, que lhe foi demonstrado, de se estar realizando um desenvolvimento local. Numa tela, foram mostrados detalhes da instalação do míssil ar-mar MM39 Exocet no EC725, assim como desenhos em 3D da integração dos sensores e sistemas de guerra eletrônica e autodefesa desta versão da aeronave.

A cerimônia e os discursos

De volta ao “chão da fábrica”, seguiram-se o anúncio das autoridades presentes, que subiram ao palco, os discursos e a assinatura de contratos. O presidente da Helibras, Eduardo Marson Ferreira, destacou o investimento de R$ 420 milhões, que contemplou as instalações físicas, programas de treinamento, além das obras e inovações necessárias à produção dos helicópteros. Isso foi possível devido ao contrato assinado com o Comando da Aeronáutica em 2008, no valor de 1,9 bilhão de euros, contemplando a aquisição conjunta de 50 helicópteros EC725 pelas três Forças Armadas.

Para Marson Ferreira, isso está marcando uma nova fase para a Helibras, gerando mais empregos diretos e indiretos, assim como o aumento significativo do conteúdo nacional, que chegará a 50%. O contrato incorporou conceitos da Estratégia Nacional de Defesa, de forma que o governo possa “adquirir helicópteros personalizados com domínio da tecnologia e incentivo à indústria nacional”, segundo o executivo, que ressaltou o “incentivo à  indústria aeronáutica local, que vai se desenvolver beneficiando uma importante cadeia de fornecedores”.

Partes da aeronave, peças e serviços já são objetos de contratos assinados com 14 empresas brasileiras, o que também inclui treinamentos na França e no Brasil para pilotos, mecânicos, técnicos e engenheiros, de modo a se garantir  a transferência de conhecimento e de tecnologia exigida pelo Governo Brasileiro, segundo Marson Ferreira.

Nesse sentido, também foi destacado pelo executivo o novo centro de engenharia, que de nove engenheiros em 2009 cresceu para setenta em 2012, assim como o certificado recebido pela Helibras por parte da Eurocopter, o “Design Authorized Organization Certificate”, o que “elevou a empresa ao quarto pilar de engenharia do grupo, juntamente com a França, a Alemanha e a Espanha.”

O presidente da Eurocopter, Lutz Bertling, destacou o aumento dos empregos diretos da Helibras, passando de aproximadamente 240 funcionários para 700, esperando-se para breve chegar a mais de mil. O executivo também citou o compromisso da Eurocopter com o crescimento da subsidiária brasileira, principalmente em relação à capacidade de projeto próprio. Bertling afirmou que o grupo está pronto para ” iniciar entendimentos com as mais altas autoridades brasileiras para avaliar as possibilidades para o futuro desenvolvimento e construção de um helicóptero brasileiro”. O programa tem como meta a década de 2020, segundo Bertling.

Sobre esse assunto, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, comentou que o atual programa é um passo para se atingir o domínio do ciclo completo, do projeto à industrialização, que culminará nesse helicóptero 100% nacional. Pimentel disse que o projeto deverá ser “um sucessor para o Esquilo”, e nesse momento o presidente da Helibras, Marson Ferreira, não disfarçou um sorriso de satisfação (ou surpresa) com a “revelação”.

O ministro da Defesa, Celso Amorim, ressaltou para o público, num rápido discurso em que foi direto ao ponto, sua satisfação com o que viu e ouviu no andar superior, quando da visita ao centro de engenharia. Amorim destacou que o programa não é apenas uma iniciativa de aquisição militar e produção industrial no Brasil, mas também está ligado ao desenvolvimento próprio e ao domínio da fase de projeto. O trabalho dos engenheiros brasileiros em versões especializadas segue esse caminho, para Amorim.

 

Também discursou o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, que lembrou sobre a iniciativa do final da década de 1970 de se montar no estado uma indústria de helicópteros no Brasil, fato que agora ganha um novo contorno com os investimentos na nova linha de produção.

Assinatura de contratos e carta de intenção

Entre os discursos, foram assinados contratos importantes. Um deles foi para o desenvolvimento do sistema de missão da versão de guerra de superfície do EC725 da Marinha do Brasil, que terá um total de oito unidades produzidas. Representantes da Helibras, da Atech (grupo Embraer) e Cassidian (grupo EADS) assinaram o contrato, formando um consórcio internacional para desenvolver e fornecer o Sistema de Gestão Tática de Dados. A Atech deverá, em conjunto com o centro de engenharia da Helibras, fazer a integração dos sistemas e o apoio aos mesmos para o cliente (Marinha).

Outro contrato foi para o fornecimento da blindagem para os EC725. O presidente da Inbra Aerospace, Jairo Candido, assinou o documento, que amplia a participação da empresa no projeto. Vale lembrar que a Inbra já fornece partes em material composto para os helicópteros, como carenagens que estavam expostas próximas ao palco. Nessa área, também estavam expostos outros itens que estão sendo produzidos por outros fornecedores nacionais, como o cone de cauda e elementos da transmissão / conexão com as pás do rotor (clique nas imagens abaixo para ampliar).

 

 

 

A Inbra já desenvolveu blindagens para o modelo Esquilo, segundo o vice-presidente executivo da Helibras, Eduardo Maud. O próximo passo é o fornecimento, pela Inbra, de peças complexas da estrutura do EC725, por meio de transferência de tecnologia da Eurocopter.

Também foi assinada uma carta de intenção com a Líder Aviação, visando a aquisição de 14 helicópteros da versão civil EC225, também a serem produzidos nas novas instalações de Itajubá. Os helicópteros, caso o negócio se concretize, serão empregados para atender principalmente à Petrobras, no serviço de transporte de pessoal para plataformas de petróleo.

 

 

Após a cerimônia oficial, com o tradicional corte da fita e descerramento da placa de inauguração, foi servido um “brunch” para todos os convidados numa área ao lado (onde ficam abrigadas as aeronaves em testes de aceitação), proporcionando várias oportunidades de confraternização entre os presentes.

Nas despedidas, presenciamos os cumprimentos pessoais do comandante da Aeronáutica ao presidente da Helibras, parabenizando pelo evento e pelas realizações da empresa, esperando boas realizações no futuro. Em vários momentos, o comandante Saito mostrou-se descontraído e sorridente.

O comandante do EB, aparentemente mais reservado, esteve quase sempre próximo ao chefe do EMCFA, mas deixou o local acompanhado de Saito. Durante a cerimônia, o ministro da Defesa aproveitou para conversar animadamente com o comandante da MB, como se vê numa das fotos mais acima.

 

Hora das autoridades da Defesa deixarem a Helibras, numa coleção dessa “família” de helicópteros

Acompanhamos também a saída dos comandantes militares e do ministro da Defesa, que deixaram o evento em helicópteros de transporte que marcavam parte da evolução dessa família de aeronaves, culminando no EC725. Estavam no pátio dois Super Puma da FAB, dois Cougar do EB e um Super Cougar (EC725) da MB. Algumas dessas aeronaves podem ser vistas nas fotos abaixo.

Os helicópteros decolaram em sequência para seus destinos – o do ministro da Defesa, segundo a organização, era São José dos Campos, de onde havia chegado pela manhã, vindo de Brasília.

 

 

Restaram algumas horas um pouco mais livres para conhecer diversos detalhes das instalações. Mas esses já são assuntos para novas matérias.

NOTA DO EDITOR: o Poder Aéreo / revista Forças de Defesa viajou a Itajubá a convite da Helibras.

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