CISB faz um ano e mostra como está a implantação dos Centros de Desenvolvimento de Capacidades

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Conversamos com o diretor-executivo do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro e conferimos como está a implantação do primeiro Centro de Desenvolvimento de Capacidades no Brasil, em São Bernardo do Campo – Iniciativa já despertou interesse em outras cidades

 

Na última quinta-feira, 17 de maio, o Centro de Pesquisa e Invoação Sueco-Brasileiro (CISB) completou um ano desde sua inauguração como iniciativa da Saab, empresa sueca que concorre ao programa de caças F-X2 da Força Aérea Brasileira. O CISB, centro inspirado nos parques científicos suecos e que funciona como interlocutor entre organizações brasileiras e internacionais para pesquisas ligadas a tecnologias inovadoras, convidou a imprensa, autoridades políticas, empresariais e acadêmicas para mostrar um balanço de suas atividades neste primeiro aniversário. O Poder Aéreo esteve lá e traz agora para os leitores, em primeira mão, informações complementares às que já publicamos na sexta-feira (clique aqui para ver matéria anterior).

Nossa conversa com o diretor-executivo do CISB, Bruno Rondani, esteve focada na implantação do primeiro Centro de Desenvolvimento de Capacidades no Brasil, conforme anunciado no “Open Innovation Seminar” realizado na cidade de São Paulo entre 23 e 25 de novembro do ano passado. Como divulgamos na ocasião (clique aqui para acessar matéria do ano passado), o CDC é uma ferramenta que permite desenvolver novos sistemas que permitam, por exemplo, a troca de informações entre sistemas civis e militares já existentes de procedências diferentes.

A ferramenta já é utilizada na Suécia e na África do Sul e permite tanto o desenvolvimento local desses sistemas (como, por exemplo, de comando e controle e planejamento de contingências) como a própria apresentação de suas potencialidades a clientes e futuros operadores, para que possam trabalhar em conjunto no seu desenvolvimento.

Naquele evento, foi demonstrada em várias telas uma operação de um sistema de segurança em grandes eventos conectando, em tempo real, sistemas no Brasil e na Suécia (veja foto acima), em duas apresentações especiais, a segunda delas aproveitando a presença de representantes de várias agências governamentais brasileiras – trata-se de uma das aplicações possíveis do CDC, mas diversas outras, relacionadas a demonstrar a ligação entre equipes multidisciplinares distantes geograficamente, tanto para desenvolvimento de novos sistemas complexos quanto para demonstrações de forte apelo visual a possíveis clientes, podem ser viabilizadas pela ferramenta.

Instalações do primeiro CDC, no campus da Universidade Federal do ABC em São Bernardo do Campo, deverão ser iniciadas em novembro deste ano

De novembro do ano passado pra cá, aquelas demonstrações realizadas surtiram efeito tanto entre autoridades políticas quanto da área acadêmica e empresarial. Diversas conversações foram iniciadas logo em seguida, segundo Rondani, tendo ainda como possibilidade a intenção de que o primeiro CDC fosse instalado fisicamente em São Bernardo do Campo (SBC), na própria sede do CISB, que seria um local “neutro” em relação às instituições acadêmicas, políticas e empresariais envolvidas. O CDC de SBC recebeu a denominação Collabora, e as diversas coversações com entidades governamentais e parceiros chegaram ao entendimento de que esse primeiro Centro não será instalado no CISB, e sim no campus da Universidade Federal do ABC da cidade, em área a ser cedida formalmente pela prefeitura da São Bernardo do Campo.

Os passos para viabilizar essa decisão estão nas suas fases finais, envolvendo o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), a prefeitura de São Bernardo do Campo, a Universidade, parceiros privados e o CISB, que atua como intermediário entre todas as partes. A previsão é de que, em novembro deste ano, possa ser iniciada a construção do edifício que vai abrigar o CDC, e os aspectos financeiros da instalação estão numa proposta entregue ao MCT, conforme as determinações da instituição.

Essa decisão sobre a instalação física do CDC permitiu a assinatura de um Memorando de Entendimento em 16 de maio, dia anterior da celebração de um ano do CISB. Assinaram os 17 parceiros que, ao longo dos últimos meses, formaram um grupo de interessados na iniciativa, o que inclui Universidades Federais, duas embaixadas, cinco instituições internacionais (três da África do Sul e duas da Suécia) e empresas. Entre as empresas internacionais envolvidas na implantação deste primeiro CDC, Rondani destacou a Saab Concept (especializada em softwares de aplicações críticas, e que já trabalha com o Centro de Lançamento de Alcântara) e a Barco (provedora de sistemas que implantou CDCs na Suécia).

Ocupando instalações da Universidade, o CDC de São Bernardo do Campo tem a sua implantação ligada às iniciativas de desenvolver o Parque Tecnológico da cidade, por parte da prefeitura local.

Outros Centros de Desenvolvimento de Capacidades já estão em negociação em cinco estados

Em nossa conversa com o diretor-executivo Rondani, também apuramos que o CDC despertou interesse em organizações (tanto acadêmicas quanto empresariais) em outros locais Brasil, a partir do anúncio do Centro a ser instalado em São Bernardo do Campo e das demonstrações realizadas em novembro do ano passado. As negociações mais avançadas são para instalação de um CDC em Pernambuco, na capital Recife. Há também conversações em diversos estágios com representantes de cidades de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. Além disso, também no Estado de São Paulo, uma empresa instalada em Cachoeira Paulista se interessou pela instalação de um Centro do tipo.

Ainda sobre ações em outros estados, em março deste ano foi inaugurado um HUB (ponto de contato) do CISB em Belo Horizonte (MG), com a participação da CEMIG, para coordenar atividades de pesquisa e inovação em Minas Gerais.

Bolsas de Estudo na Suécia financiadas pela Saab, dentro do programa “Ciência sem Fronteiras”

Rondani também falou sobre as iniciativas do CISB ligadas ao programa “Ciência sem Fronteiras” do Governo Federal, especialmente relacionadas a projetos na Arena de Transporte e na Arena de Segurança, que são coordenadas pelo Centro. No final do ano passado, foi oficializado junto ao CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o financiamento pela Saab de 100 bolsas de estudo na Suécia para pesquisadores brasileiros de doutorado e pós-doutorado.

O edital, lançado em setembro do ano passado, levou ao recebimento de 400 inscrições, e 30 projetos já estão sendo analisados pelos parceiros suecos do CISB, que formam parte das nove instituições que aderiram ao Centro: Saab, Scania, Stora Enso, SP Technical Institute, Innventia, Fraunhofer-Chalmers, KTH, LiU e Chalmers. Ainda estão sendo aceitas propostas de pesquisadores brasileiros, até o prazo de 24 de maio, no endereço http://swbcisb.induct.no. A iniciativa também está estrapolando a relação Brasil-Suécia, pois além de seis universidades suecas participam também uma na África do Sul e uma nos Estados Unidos.

Outras iniciativas de pesquisa desenvolvidas pelo CISB, como biocombustíveis

O CISB foca as áreas de transporte e logística, defesa e segurança, desenvolvimento urbano com foco em energia e meio ambiente. Na matéria de sexta-feira passada, foram citadas outras iniciativas ligadas a algumas dessas áreas, como o projeto que reúne a CEMIG com a universidade sueca KTH, visando estudos de produção e distribuição descentralizada de energia elétrica. Outra iniciativa de destaque foi o Polynol, que pesquisa biocombustíveis de segunda geração. O projeto, já em andamento, conta com o apoio da Scania, empresa sueca estabelecida no Brasil há décadas.

No almoço que fez parte das atividades de 1 ano do CISB, tivemos a oportunidade de conversar com Rogério Rezende, responsável por assuntos institucionais e governamentais da Scania Latin America Ltda, que comentou sobre o Polynol. Essa frente de pesquisa visa desenvolver e aprimorar tanto o combustível etanol para uso em ônibus urbanos produzidos pela empresa quanto os próprios motores ciclo diesel (em que a ignição do combustível prescinde do uso de velas) que empregam etanol.

O uso do etanol em motores diesel já está bem disseminado na Suécia, e vem sendo ampliado nos ônibus da cidade de São Paulo. Esse biocombustível é uma mistura de 95% de etanol (de um tipo diferente do hidratado usado em motores ciclo Otto, que equipam automóveis) com 5% de aditivo lubrificante para dar a viscosidade necessária a motores ciclo diesel que, queimando etanol, trabalham em taxas de compressão ainda mais altas que os motores diesel comuns. Esse lubrificante, que por enquanto tem origem fóssil, tem como meta ser nacionalizado. Rezende também comentou sobre a possibilidade, que estão estudando, de viabilizar uma colheita “100% verde” de cana de açúcar, com motores ciclo diesel de colheitadeiras também movidos a etanol.

O discurso do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, destacou a pró-atividade sueca

Para falar do CISB, o prefeito Luiz Marinho relembrou os debates entre a prefeitura e os três concorrentes do programa F-X2 da FAB (além da Saab, disputam a Boeing dos EUA e a Dassault francesa), que começaram em março de 2010. Falando das discussões daquela época, o prefeito destacou que desde o início a sueca Saab foi a concorrente mais pró-ativa no processo ligado à seleção dos caças, buscando iniciativas que desembocaram, por exemplo, no CISB. Marinho disse esperar que essa pró-atividade dos suecos ajude numa definição do programa F-X2 por parte do Governo Federal.

Ainda sobre o CISB, Marinho disse que sua viabilização está ligada a todo um projeto de implantação do Parque Tecnológico da cidade de São Bernardo do Campo, em iniciativas que integram universidades públicas, privadas e empresas que vislumbram as oportunidades geradas por esse novo pólo.

Falando em F-X2, um presente especial do cônsul da Suécia

O cônsul sueco Barry Bystedt também discursou no evento, destacando as três áreas em que o CISB vem atuando com sucesso neste primeiro ano: energia, transporte e desenvolvimento urbano sustentável. O intercâmbio de estudos entre pesquisadores suecos e brasileiros, seja aqui no Brasil ou na Suécia, também foi citado pelo cônsul, que não deixou de lembrar os mais de 100 anos de presença de empresas suecas no Brasil.

O cônsul também aproveitou para dar um presente ao prefeito Luiz Marinho. Como o próprio prefeito também mostrou-se pró-ativo em relação às iniciativas ligadas ao programa F-X2, o presente não poderia ser outro: uma bela miniatura do Gripen dentro de um bloco de cristal. Apesar dos suecos insistirem que as iniciativas no Brasil vão muito além do Gripen, e a própria atuação do CISB neste primeiro ano de atividades demonstra isso, o fato é que o caça é sempre lembrado como exemplo de inovação que pode ser conjunta, e não apenas sueca. Para saber mais, clique nos links abaixo.

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