Israel x Irã – segunda parte
Caso Israel resolva atacar o Irã sozinho com seus caças, os recursos mais previsíveis, estes terão que passar pelas defesas iranianas. Para começar, terão que passar primeiro pelas defesas de outros países como a Jordânia, Síria, Arábia Saudita, Iraque e Turquia. Todos estariam contra Israel, mas também teriam muito a ganhar. Isso porque um ataque nuclear contra Israel poderia resultar em uma retaliação nuclear contra todos os vizinhos. Um vizinho fraco não seria ameaça contra um país também enfraquecido por um ataque nuclear.
A Jordânia é o mais fraco de todos e já foi usada como rota de um ataque, sem reagir, em 1981, quando Israel atacou a usina nuclear iraquiana de Tamuz. O Iraque nem mesmo tem condições de reagir, a não ser com caças americanos baseados no local. A Síria seria outro caminho provável e tem defesas que devem ser respeitadas. A Arábia Saudita seria a pior ameaça, mas suas defesas estão concentradas mais ao sul e a leste do país. O mapa abaixo mostra as possíveis rotas que os caças israelenses podem tomar e os alvos prováveis.
A ponta de lança israelense seria sua força de 25 caças F-15I Raam e 100 caças F-16I Sufa. O raio de ataque dos F-15 e F-16 gira em torno de 1500km com tanques conformais, dois tanques extras e duas bombas 900kg, voando a grande altitude. Ainda assim a maioria dos alvos ficaria fora do alcance. Seria necessário realizar pelo menos um reabastecimento aéreo antes de entrarem no Irã.
Outra possibilidade é usar um reabastecedor tático, que seria um caça equipado para reabastecer outros caças. Com um reabastecedor tático, o reabastecimento poderia ser realizado dentro do território iraniano e mais próximo do alvo. O problema é que os F-15I e F-16I não usam o sistema de sonda e sim o drogue. As imagens abaixo são tanques extras e tanques conformais adaptados para receber uma sonda e permitir que os F-16 reabasteçam com o sistema de sonda.
O ponto fraco de toda a operação passa a ser o apoio de aeronaves de reabastecimento em voo. Seriam os alvos prioritários em caso de um ataque, tanto das defesas iraquianas quanto dos vizinhos. Os G550 AEW (Eitam), de alerta aéreo antecipado, certamente estariam próximos para dar alerta, assim como os F-15C para escolta. A quantidade de aeronaves reabastecedoras seria o gargalho para a quantidade de aeronaves que participariam da operação, ou dos vários pacotes que seriam enviados para atacar os alvos.
Defesas Iranianas
Os alvos importantes do ataque estão bem defendidos com mísseis S-200 e Hawk. São sistemas antigos, mas foram modernizados com novos radares e componentes digitais. Um sistema KUB e dois TOR-M1 foram detectados em Natanz. Caso Israel queira realizar supressão de defesas antes do ataque, poderá usar seus dois esquadrões de caças F-16D especializados na missão e equipados com mísseis AGM-88 HARM. O problema é que isso dificultaria a conquista do fator surpresa. Como as defesas são fixas, também podem ser atacadas com outras armas guiadas e até mesmo aeronaves não tripuladas.
A Força Aérea do Irã tem pelo menos 100 caças F-14 Tomcat, MiG-29, F-4E Phantom, F-5E Tiger II e Mirage F1. Não seriam páreos para os bem equipados e treinados pilotos israelenses. A melhor arma iraniana seriam os mísseis Phoenix que dificilmente ainda estão em operação. Os iranianos ainda teriam chances se usar táticas de simular ataques contra as esquadrilhas israelenses, com o intuido de forçar os israelenses a alijar suas cargas, disparando seus mísseis no maior alcance possível, e ficando sem combustível para voltar. Outra tática é forçar a perseguição usando bases mais a leste como santuário, por estarem foram do alcance dos caças israelenses.
Quanto atacaram o Iraque em 1981, os pilotos israelenses treinaram combate aéreo sem o uso do pós combustor, para evitar que ficasssem sem combustível. Agora seria mais fácil, por estarem equipados com mísseis de longo alcance como o AMRAAM e mísseis integrados a sistemas de mira no capacete como o Python 5. As manobras de combate aéreo não seria assim tão necessárias. Mas, como já descrevemos, os iranianos podem usar táticas de santuário, fugindo rapidamente para bases ao Leste do país sem se preocupar com a perseguição. O ataque às pistas de pouso e decolagem das bases aéreas iranianas também é algo que deve ocorrer nas ações iniciais, visto que a campanha pode durar alguns dias.
Parece claro que um ataque ao Irã é só uma questão de quando. Mas não acredito que Israel o faça sem o apoio material e logístico dos EUA.
Para ser franco, que o bom senso prevaleça e que eles fiquem apenas na retórica e troca de farpas a distancia
Sem contar que toda vez que se fala em uma hipotese de guerra vem aqueles bitolados religiosos com sua sanha de sangue/fim do mundo, por que querem ir para o céu, terra do nunca, valhala ou alguma coisa assim
A opção militar existe. Um plano de ataque existe. Vai ser usado? Acredito na probabilidade de 99% que não. É mais um jogo de estratégia, ao melhor estilo da guerra fria, e nesse interím o irão fica gastando tempo e recursos mantendo-se alerta.
Mas se existe 1% de chances, é quase certo que a primeira onda invasora será de drones, numa direção completamente oposta, forçando as defesas iranianas a se concentrarem nela, deixando o flanco livre para a IAF/DF…
E pode soar estranho, mas nenhum país da região quer ver um irão nuclear…
Giordani RS. Claro que podes ter razão. Mas impressionou-me as declarações do ex-Secretário de Estado americano Henry Kissinger intitulada ” SE VOCÊ NÃO OUVE OS TAMBORES DE GUERRA É PORQUE ESTÁ SURDO”.
Acesse na íntegra através do link: http://www.defesabr.com/blog/index.php/19/04/2012/se-voce-nao-ouve-os-tambores-de-guerra-e-porque-esta-surdo/
Lendo a análise do G-Loc, só demonstra o quanto difícil seria para Israel conseguir destruir todas as instalações nucleares do Iran. Precisaria de um planejamento monstro, com direito até a Revo de caça para caça em território inimigo. E mesmo assim não seria garantido o sucesso da operação.
[]’s
Para começar terão que passar primeiro pelas defesas de outros países como a Jordânia, Síria, Arábia Saudita, Iraque e Turquia. Caro G-LOC, considere na sua análise que o principal alvo de uma eventual arma nuclear do Irã (ou dos reflexos dela) não seria Israel, e sim a Arábia Saudita e os países do Golfo. A Arábia Saudita já teria inclusive avisado que se o Irã tiver uma arma nuclear ela também iria ter a sua. Por isto acho que no caso de um eventual ataque israelense (que não acho que vá ocorrer), as defesas aéreas da Arábia Saudita estariam convenientemente… Read more »
Concordo com o Grifo. As defesas sauditas estariam mui distraídas…
O menor camino é sobre o Iraque…pelo norte e pelo sul iriam as “iscas”, que ao norte seriam detectadas pela síria e pela turquia, enquanto que ao sul os sauditas “nada veriam”…ah se Israel tivesse um NAe…
Hoje com todos os recursos que dispõe seria muito difícil e extremamente perigoso para Israel realizar este ataque sem um considerável número de baixas. Pois, a rota mais curta até o Irã seria atravessar os espaços aéreos da Jordânia e do Iraque e aceitando todos os efeitos diplomáticos do ato, porém as instalações nucleares ainda estariam a mais de 1 mil km de distância, Israel possui poucas aeronaves tanque talvez 10 ou menos para dar suporte a pelo menos 100 aeronaves, sem ajuda dos EUA é muito difícil. Uma boa opção seria mesmo o uso do espaço aéreo saudita, desde… Read more »
Como ainda não existem CUAVs operacionais e como os israelenses não têm bombardeiros (e nem porta-aviões), a única alternativa viável para se atingir e destruir alvos subterrâneos e no coração do Irã partindo de Israel seria através do uso de mísseis balísticos de médio alcance Jericho. Até onde se sabe tais mísseis são transportadores nucleares e não se prestam a ataques convencionais. Para que sejam eficazes armas táticas convencionais os Jerichos devem ser dotados de veículos de reentrada manobráveis guiadas (inercial? GPS? seeker terminal? tudo junto?), com CEP não maior que 20 ou 30 m. De preferência, bem menos. Também… Read more »
A Arábia Saudita mais de uma vez demonstrou que poderia ceder seu espaço aéreo que pode ser usado para revo. http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI4488779-EI308,00-Sauditas+abrem+espaco+para+Israel+atacar+Ira+diz+jornal.html
O único míssil balístico com capacidade de penetração que se tem notícia foi o Pershing II que contava com um veículo de reentrada manobrável (guiado por um seeker terminal) e que resistia ao impacto contra o solo e ainda penetrava dezenas de metros antes de detonar sua carga nuclear. Outros mísseis dotados de veículos de reentrada manobráveis (MaRV) são os DF-21D (ASBM) e provavelmente o TOPOL (????), mas nenhum deles foram desenvolvidos para penetrar no solo. É difícil construir uma ogiva nuclear que penetre no solo tendo em vista o complicado arranjo da “bomba” que em geral não resiste ao… Read more »
Bosco, no caso de um ataque preventivo de Israel com os Jerichos, uma vez feito o lançamento, tendo em vista que o mesmo é lançado de bases fixas, a possibilidade de o Irã detectar este lançamento, em meu ver, seria possível e, num caso de detecção, com base na premissa nuclear do Jericho, o Irã não poderia lançar um ataque reativo ao país hebreu? Creio que seja, inclusive, provável que em solo persa existam artefatos nucleares obtidos de forma ilícita ao longo dos governos aiatolás. Talvez apenas o lançamento dos Jerichos já se caracterizaria como ataque nuclear para com os… Read more »
Bosco,
Será que há possibilidade dos EUA fornecerem mísseis Tomahawk’s a Israel? Talvez seja o caminho mais viável, concorda?
Um abraço.
Leonardo, Seriam precisos muitos Tomahawks para obter algum efeito e ainda assim seria necessário um ataque com aeronaves contra os alvos primários, no caso, os centros de produção e desenvolvimento nuclear, que ao que parece, são imunes aos Tomahawk’s. Na hipótese de um ataque com os Jerichos convencionais (???), que sequer sabemos se existem, vale salientar, se evitaria a necessidade de atacar a IADS (sistema defensivo) e o ataque se daria diretamente e unicamente aos alvos primários, que são as usinas nucleares. Edgar, Entre nações nucleares há mesmo um acordo tácito de não se usar mísseis balísticos tendo em vista… Read more »
Triste isso.
Ainda torço para que prevaleça o bom senso e o regime iraniano desista de seu programa nuclear secreto.
Mas cada vez mais parece que a paz está ficando distante. Uma pena.
Uma carta na manga para Israel seria o emprego de suas bombas de Neutron, para destruir os complexos nucleares xiitas, usando como vetor os MRBMs. Jerichos III.
Mas uma opcao menos nuclear e portanto mais aceitavel para a comunidade internacional, poderia ser o uso de armas de pulso eletromagnetico (EMP), com o ojbetivo nao so de incapacitar industrialmente o pais, mas como tambem o de fritar os circuitos eletronicos dos sistemas antiaereos iranianos.
Israel pode ir sozinha para essa guerra, mas sem duvida alguma seria bem mais facil com a ajuda logisitica americana.
O pessoal do g-loc anda fumando aquele cigarinho do capeta, quanto a bitolado religioso eu penso que tem em tudo quanto é canto e todas as matrizes
É cabível fazer conjecturas a respeito da capacidade dos mísseis balísticos israelenses tendo em vista o tanto de conjecturas que são feitas a respeito da capacidade de mísseis iranianos. Muitos dizem que superam os 150.000. Outros que têm precisão “métrica” devido a inovadoras tecnologias de veículos de reentrada manobráveis e outros dão conta que os mísseis Shahab possuem ogivas de fragmentação que compensaria um muito provável falta de precisão, etc. Ou seja, quanto aos mísseis balísticos do Irã os mesmos são cantados em proza e verso como sendo fantásticas armas de vingança contra os sionistas malvados. Por que também não… Read more »
O irão me faz lembrar daquele clássico da sessão da tarde: Te Pego Lá Fora…o relógio só faz andar…tic…tac…tic…tac…resta saber se Bud “israel” Revell vai dar ter o mesmo fim…tic…tac…tic…tac…tic…tac…tic…tac…
Já li sobre os mísseis iranianos Shahab serem dotados de ogivas de fragmentação, o que compensaria a falta de precisão e causaria grande destruição às cidades israelenses. Bem, eu de minha parte acho difícil desenvolver um míssil balístico de médio alcance dotado de ogiva de fragmentação tendo em vista a dificuldade tecnológica que seria fazer um sólido veículo de reentrada ser capaz de “abrir” e ejetar as ogivas. Ou o míssil se abre no espaço e ejeta veículos de reentrada múltiplos ou a coisa se complica. Tal possibilidade já foi “pensada” na década de 80 quando os EUA pensaram em… Read more »
E fazer este exercício ao inverso? Ou seja, se o Irã atacar primeiro? Seria possível? Ataque aéreo creio que não, mas mísseis….. Poderia inclusive usar seus aliados no Líbano para lançarem um chuva de Katy´s…
Já pensaram nisso?!?!?!?!
Senhores, Considerando a história de Israel e seus conflitos armados, SE este país for às vias de fato, o fará por uma via surpreendente, de forma a pegar seus inimigos com as calças na mão. Particularmente, acredito muito nos assassinatos praticados pelo Mossad. É uma estratégia de formiguinha que dá certo. Um físico nuclear não é formado da noite para o dia, e o Irã não deve ter tantos PHDs nesta área. De qualquer forma, sobre a chance de ocorrência de um ataque, devemos lembrar uma das frases do líder militar israelense Moshe Dayan: “Se você quer fazer as pazes,… Read more »
O ataque poderia ser em duas fases com a primeira acabando com as defesas e a segunda, a grande altitude, eliminando as principais instalações nucleares.
Grifo, todos os países vizinhos ao Irã se sentirão ameaçados se tiveram armas nucleares e por isso estão se armando pesadamente. Até mesmo a Europa ficará ameaçada. Muitos tem a ganhar e na prática as reclamações serão teatros bem planejados. Também acho que a Arábia Saudita irá dar algum tipo de ajuda ou fazer corpo mole. A Arabia Saudita tem algumas pistas de pouso no deserto usadas como base avançadas que poderá ceder a israel. Seria necessária para apoiar eventuais missões de CSAR. Giordani, Israel não tem NAe, mas pode usar navios civis para disparar mísseis cruise. Eles tem o… Read more »
Ate que me provem ao contrario, os iranianos comem sardinha, mas arrotam caviar. Em outras palavras, eles criam toda uma retorica em torno de suas vangloriadas parafernalias militares, mas ninguem sabe ao certo se funcionarao impecavelmente na hora em que o porrete comecar a baixar. Voces conhecem aquele velho ditado: “Cao que ladra nao morde”. A unica estrategia que o Iran possui para retaliar contra Israel, sao os seus lacaios no Libano, o exercito proxy Hezbollah, e Hamas em Gaza. A forca aerea iraniana nao tem cacife para enfrentar a IAF. Se subirem para enfrentar os isralenses, vao tomar um… Read more »
Yeah, Vamos pegar eles, kill them all, Burn, Burn Burn! Let’s follow the mob!
http://www.youtube.com/watch?v=qLvGnro4Cgw&feature=related
[]s!
P.S.: discutir estrategias eh ok, afinal eh um forum militar, mas eh bom nao se exceder…
G-LOC, Bosco às 12:54: “Como ainda não existem CUAVs operacionais e como os israelenses não têm bombardeiros (e nem porta-aviões), a única alternativa viável para se atingir e destruir alvos subterrâneos e no coração do Irã partindo de Israel seria através do uso de mísseis balísticos de médio alcance Jericho.” Sem dúvida um ataque aéreo teria capacidade de destruir as instalações subterrâneas, mas seria viável tendo em vista a distância e os países que a força de ataque deve sobrevoar? Como passar mais de 80 caças, aviões de reabastecimento, aviões de ECM, etc, sobre território hostil sem antes alertar as… Read more »
Carta aberta publicada no Washington Post, mes passado, assinada por 5 Generais da reserva, contra um ataque ao Iran:
[]s!
US Marines Major Christopher Miller fala contra guerras semana passada durante a selecao de delegados p/ as primarias Republicanas; ele diz que estao cansados das guerras e apoia o candidato Ron Paul que jah disse que nao iniciarah qualquer tipo de agressao ao Iran:
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=0OVgYCMjr8c
Saudacoes Major!
[]s!
Dr. Baratinha,
Todos os comandantes romanos que se negaram a lutar…cairam…
Tem hora que ‘bombardeiros” como o FB-111 ou o FB-22 fazem falta.
Também já passa da hora de desenvolverem aviões de reabastecimento mais aptos a sobreviverem em território hostil (leia-se “stealths”)