Nova presidente da filial brasileira, ex-embaixadora dos EUA defende parceria mais profunda com o País


Luiz Guilherme Gerbelli

Os planos da Boeing para o Brasil vão além da parceria comercial. A promessa é da nova presidente da empresa no País, a americana Donna Hrinak, que há seis semanas está no País para comandar a companhia. “Não estamos olhando o País somente como mercado. Estamos olhando o Brasil como parceiro e centro de tecnologia e pesquisa”, afirma ela, especialista em Brasil – foi embaixadora dos Estados Unidos no País entre 2002 e 2004.

Na área comercial, a grande ambição da Boeing é ser escolhida pelo governo para a compra de 36 caças da Força Aérea Brasileira (FAB). A empresa americana enfrenta a francesa Dassault e a sueca Saab. A troca dos caças foi anunciada pelo ex-presidente Lula em 2007, mas se arrasta desde então. A presidente Dilma Rousseff já sinalizou que deve definir a escolha ainda no primeiro semestre.

Neste fim de semana, a Boeing deu provas de que quer aumentar a influência no Brasil. A empresa patrocinou um encontro de pesquisadores canadenses e brasileiros que debateu o uso da tecnologia visual analytics (visualização analítica de dados).

A ação da gigante americana pode ser analisada como um reconhecimento de que o País pode fornecer tecnologia de ponta. “Estamos falando de uma maneira de fazer pesquisa tecnológica que pode trazer soluções para problemas do mundo real”, diz Donna, que inaugurou o workshop Brava Initiative, em São Paulo.

Atualmente, a Boeing já patrocina estudantes brasileiros no programa do governo federal Ciências sem Fronteira. “Acho que estamos respondendo a uma iniciativa da presidente Dilma. Ela também vê a necessidade de promover a educação na ciência e tecnologia, engenharia e matemática”, afirma a executiva.

Entender a visualização analítica de dados é cada vez mais importante para ajudar as empresas a decidir pelo caminho correto. Hoje, muitas companhias não sabem o que fazer com as milhares de informações que recebem.

O uso da análise de dados pode valer para problemas que vão desde a economia até a área da saúde. “A Boeing é sobretudo uma empresa de tecnologia. Você vê o avião, mas o que está olhando são milhares de trunfos de tecnologia, de soluções para os problemas”, afirma Donna.

“A Boeing tem intenção em promover esse tipo de tecnologia porque achamos que na área aeroespacial existe a possibilidade de conseguir muitas informações sobre o nosso ambiente e sobre o nosso espaço.” Segundo Donna, a empresa pretende fazer “muita coisa nova” no País e o aumento dos projetos “vai depender muito dos nossos parceiros brasileiros”.

Os pesquisadores que estiveram no encontro esperam sobretudo que a parceria entre universidades e empresas se consolide, como já ocorre em países desenvolvidos. No Canadá, o Vancouver Institute for Visual Analytics (Viva) mantém uma parceria com a Boeing e busca soluções por meio da parceria entre empresas e universidades.

“As pessoas na indústria têm problemas em lidar com muitos dados. E a chave é a colaboração entre indústria e academia”, diz Fred Popowich, diretor do Viva.

Para o professor Marcelo Zuffo, do Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica de São Paulo (USP), um dos objetivos do encontro é justamente começar a construir pontes entre as universidades e empresas “Com isso, podemos encontrar soluções mais fácies para resolver os nossos problemas”, afirma o professor.

A intenção é que o Brasil ganhe um centro virtual de análise de dados em até dois anos, segundo Junia Coutinho Anacleto, coordenadora da Iniciativa Brava. “Todo mundo que tem problemas com muitos dados estaria naquele centro buscando ajuda”, afirma. Segundo os pesquisadores, o centro planejado pode ser o embrião de um centro físico bancado pela Boeing. Mas, por enquanto, a empresa não vê a necessidade da construção.

FONTE: estadao.com.br

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Vader

A Boeing deveria parar de perder tempo com o Brasil e retirar seu caça da concorrência.

É que isso tudo aí é dinheiro de pinga pra eles…

Tadeu Mendes

Para o Aurelio Nunes que postou no Facebook.

A sua conclusao esta justamente ao contrario. O americano executa muito e fala pouco, o oposto ao brasileiro que em geral fala muito mas nao executa nada.

Vide exemplo do FX-2; ate hoje vivemos essa novela mexicana.