Como anda o desenvolvimento do radar RBE2 AESA do Rafale
–
Primeiro Rafale de produção equipado com o novo radar deverá voar neste ano, e o objetivo é ter cinco caças operacionais em 2013, para início dos voos em esquadrão em 2014
–
Segundo a Dassault, no ano passado um grande marco foi atingido quando a campanha de avaliação do desempenho operacional do RBE2, o novo radar do Rafale com antena AESA (varredura eletrônica ativa), foi realizada na Base Aérea de Cazaux, utilizando como plataforma de testes em voo um Mirage 2000 e um Falcon 20. Os testes foram conduzidos pela DGA (Direção Geral de Armamento), e colocaram o equipamento frente a alvos com diversas assinaturas ao radar, para comprovar se o desempenho atingia as expectativas.
Foram 25 voos, nos quais 140 “corrridas” de teste foram realizadas por pessoal da DGA e especialistas em provas de voo. Segundo a Dassault, as expectativas foram ultrapassadas no modo ar-ar, o que vai permitir um grande aumento, somente com o uso do radar, da consciência situacional dos tripulantes do caça. Quando a utilização do radar for feita de forma conjunta com o FSO (Front Sector Optronics – optrônicos do setor frontal), a suíte de guerra eletrônica e autodefesa Spectra e o datalink L16, espera-se que o Rafale se transforme numa arma ainda mais letal no combate ar-ar.
Ainda segundo a empresa, o primeiro Rafale de produção a ser entregue com o radar AESA será um modelo C, monoposto, para a Força Aérea Francesa (Armée de l’air). Essa aeronave deverá fazer seu primeiro voo ainda em 2012. Espera-se que, até o final de 2013, cinco caças da Força Aérea estejam operacionais com o AESA. Por volta do início de 2014, o primeiro esquadrão de linha de frente deverá iniciar os voos com Rafales equipados com o novo radar. A Marinha Francesa deverá começar a receber seus caças Rafale com AESA a partir de 2013, num esforço do Ministério da Defesa para padronizar a frota.
Em geral, o radar deverá permitir maior alcance de detecção e acompanhamento de alvos, maior cobertura angular, melhor resistência a interferências (jamming) e mais confiabilidade.
Os modos ar-superfície do radar também vem sendo checados, o que inclui o modo de seguimento de terreno, que foi testado sob várias condições e sobrevoando diversos relevos (terreno plano, montanhas, prédios industriais e também apontado para picos verticais). Esse modo é fundamental para penetrações a baixa altitude e alta velocidade, contra uma rede densa de sistemas de mísseis terra-ar.
Exemplares de pré-série já foram demonstrados a potenciais clientes de exportação, em cenários realísticos. A produção em série dos sistemas para os radares AESA que serão instalados nos primeiros caças Rafale já foi iniciada em diversas instalações da Thales, para uso no programa de qualificação.
Segundo o general Stéphane Reb, diretor do programa Rafale na DGA, o planejamento mais recente prevê que a qualificação do novo radar se dê no início de 2013.
FONTE / FOTOS: Dassault e Thales
NOTA DO EDITOR: será que um exemplar de pré-série do RBE2 foi demonstrado para a FAB?
VEJA TAMBÉM:
- De olho nos sensores do Rafale
- M88 ECO e TCO: sinalizando mais potência e custos menores para o Rafale
- Rafale F3: nos próximos dois anos, com ASMP-A, AM39 e Damoclés
- Andrade Gutierrez e Thales firmam parceria para atender mercados de Defesa e Segurança
- Novas perspectivas para longas relações com o Brasil: Thales e Arianespace
- Omnisys, do Grupo Thales, quer abrir nova fábrica de radares em SBC
- Rafale e Saab avançam em transferência de tecnologia
- Captor E do Typhoon: colocando a discussão sob um novo ângulo
- Micronetics vai fornecer componentes do radar Captor do Typhoon
- Japão desenvolveu míssil com cabeça de busca AESA para os caças F-2
- Raytheon discute venda de radar AESA com dois países operadores de F-16
- F-16 com radar AESA da NCG cumpre voos de demonstração
- Rússia mostra radar AESA do PAK FA
- Arábia Saudita quer radar avançado nos novos F-15S
- F-15C da Guarda Aérea Nacional dos EUA é modernizado com radar AESA
Para a FAB eu não sei, mas a Força Aérea Suiça voou o Rafale com o RBE2 AESA e adorou! Mas como não tiveram $$$ para levar, ficaram como eu quando fiz test drive em um carrão de luxo outro dia…. 🙂
“Em geral, o radar deverá permitir maior alcance de detecção e acompanhamento de alvos, maior cobertura angular, melhor resistência a interferências (jamming) e mais confiabilidade.” Ou seja a FAB vai ficar mesmo com F-18
Era p/ ser em 2012, mas ficará p/ 2014, dois anos de atraso e contando.
Hamadjr disse:
15 de março de 2012 às 13:33
??? não entendi
Halisson Murilo (do Facebook),
Penso da mesma maneira que vc escreveu.
_________
Marcelo,
Dinheiro os suiços tem e muito, mas são comedidos ao gastar e procuram o que é mais adequado às suas necessidades.
Talvez por isso guardem o dinheiro de tantos.
_________
Maurício,
Temos que ser justos.
Mesmo atrasado ainda está mais adiantado que os da Selex Galileo,
em que pese bem depois dos russos e americanos.
Sds,
Ivan.
Ivan disse: 15 de março de 2012 às 15:49 Oi Ivan, para sermos mais justos ainda, só estão atrás dos americanos, pois os russos não possuem nenhum caça com radar AESA operacional ainda. Que eu saiba, o Su-34 é PESA, o Su-35 é PESA (redirecionável, com antena móvel, mas não swashplate), e o Mig-35 que ia ter um Zhuk AESA no MMRCA, como todos sabem, deu com os burros n´água… Sendo assim, o 1o caça russo com AESA operacional provavelmente será o Sukhoi T-50 PAK FA, que, como todos aqui sabemos, não vai estar operacional em 2014. Sendo assim o… Read more »
Marcelo, É verdade, são apenas 5 (cinco) americanos ativos. Northrop Grumman: – AN/APG-77, para o F-22 Raptor; – AN/APG-80, para o F-16E/F Desert Falcon; – AN/APG-81, para o F-35 Lightning II. Raytheon: – AN/APG-63(V)2 & AN/APG-63(V)3, para o F-15C Eagle & F-15SG; – APG-79, para o F/A-18E/F Super Hornet & EA-18G Growler; – AN/APG-82(V)1, para o F-15E Strike Eagle. Infelizmente o APG-81 do F-35 ainda não conta… Contudo estávamos quase esquecendo o Japonês J/APG-1 da Mitsubishi Electric Corporation (Melco), montado nos Mitsubishi F-2. Então a França continua em 3º (terceiro), désolé… Ainda tem o Elta EL/M-2052, um Radar AESA de… Read more »
Ivan disse:
15 de março de 2012 às 17:57
é mesmo rapaz! Não é que tem esse japonês aí mesmo! Bem lembrado, muito embora este radar tenha muitas reclamações quanto ao alcance, sendo considerado pior que o RBE2 PESA do Rafale, ele, desde o início, é um AESA!
Abraços!
P.S. Quem sabe, sabe! Ivan o Terríve! 🙂
O radar RBE2 AESA do Rafale era normalmente anunciado que usaria uma antena de “1000 módulos”, que são os pequenos módulos de transmissão e recepção, em inglês solid-state transmit/receive modules. Para simplificar é melhor chamar apenas pela sigla: TRM. Mas o site Rafalenews, entre outros, levantou a questão apontando que as imagens que se conhecia apresentava apenas 838 TRMs, cerca de 20% menos que foi anunciado, que já era menos que o APG-79 do SuperHornet, com 1.100 TRMS, do APG-81 do Lightning II, com 1.200 TRMs e não dá nem para comparar com o APG-77 do Raptor com 1.500 TRMs.… Read more »
Outra questão que ficou de matérias sobre o Captor do Typhoon lá atrás: A inclinação da antena AESA. Northrop Grumman, Raytheon e Selex/Galileo optaram por inclinar suas antenas AESA em cerca de 30% para cima, como forma de reduzir (ou redirecionar) o feixe de radares inimigos sobre sua superfície. Aparentemente o AN/APG-63(V)2 e AN/APG-63(V)3 do F-15 não usa este recurso. Mas a Thales em conjunto com a Dassault optou por não usar este recurso, alegando que haveria perda de alcance máximo no eixo longitudinal da aeronave. Desconfio que o motivo é outro, mais próximo do pequeno tamanho do nariz do… Read more »
Ivan disse: 15 de março de 2012 às 18:38 acredito que o seu raciocínio esteja correto quanto à decisão de não inclinar o PESA/AESA do Rafale. No entnato, por que isso seria “errado”? Acho que não existe certo ou errado, apenas decisões de engenharia e compromisso com outros reuisitos, como o que levou o nariz do Rafale a ser menor que o do Typhoon, por exemplo. Resumindo, uma aeronave de caça, não é só o radar! São centenas/milhares de requisitos a serem cumpridos em cada projeto… Se não, o Mig-31 como foi lembrado por você mesmo, seria o melhor caça… Read more »
Um dado interessante acerca do radar Irbis do Su-35 é que ele parece usar a articulação para aumentar o ângulo de varredura do radar que é muito limitado no molo “eletrônica” , sendo de apenas 60º, enquanto radares de varredura americanos tem azimute/elevação de 120/120º. O sistema hidráulico do radar russo amplia para 120º. Ou seja, o Su-35, apesar de ter um radar de varredura eletrônica móvel não tem nenhuma vantagem em relação ao ângulo de cobertura do APG-77, etc. Seria uma limitação da tecnologia? Teria sido por isso que optaram por um sistema de múltiplos radares no T-50? Por… Read more »
E e minha boca grande!
Escrevi primeiro e conferi depois, pra variar.
O angulo de varredura do Irbis E usando o sistema hidráulico parece ser de 240º e não de 120º.
Perdão!
“Infelizmente o APG-81 do F-35 ainda não conta…”
Ivan,
Aqueles F-35 em Englin na Florida, já estão em serviço de esquadrão.
Então conta.
As unidades do F-35 entregues à USAF são de pré-série, não são aeronaves de linha de frente. Fora que a unidade da USAF a quem eles foram entregues é um esquadrão de treinamento.
O próprio projeto do F-35 ainda não está completado. As aeronaves futuras ainda vão empregar mudanças estruturais e nos aviônicos.
Ainda vai demorar alguns anos até a USAF declarar o F-35 operacional.
Prezado Ivan
Quanto ao quantidade de TRMs, o seu número influência particularmente na capacidade de detecção do sinal de retorno do radar. Maior número permite uma maior sensibilidade.
Sds
Marcelo, “Acho que não existe certo ou errado, apenas decisões de engenharia e compromisso com outros requisitos, como o que levou o nariz do Rafale a ser menor que o do Typhoon, por exemplo.” Acredito que é ‘por aí’. Os requisitos operacinais determinam os limites do projeto. Conciliar muitos requisitos conflitantes podem comprometer o desempenho de uma aeronave em uma ou mais missões. Isto acontece hoje até mesmo com o JSF – Joint Strike Fighter. Por esta razão acredito que as aeronaves de combate devem ser multirole, mas não podem cair na tentação do multitudo. As missões determinadas nos requisitos… Read more »
Mestre Bosco, Considerando que a antena PESA do radar Irbis do Su-35 consiga varrer 120º em azimute e elevação (60º para cada lado), mesmo com grandes perdas nos angulos extremos, o mecanismo de suporte teria que virar 60º para cada lado (só em azimute) para cobrir os 240º prometidos. É uma solução ‘de peso’ (rs rs rs…), que exige um mecanismo grande, compatível apenas com aeronaves poderosas como os Flankers. Contudo, dentro do pragmatismo russo (que admiro) faz todo o sentido. Os grandes caças russos precisam operar sobre grandes espaços vazios como a Sibéria, o Artico (nova fronteira quente do… Read more »
Maurício e Clésio,
Em breve deve surgir uma unidade de conversão operacional (OCU) de F-35 Lightning II na US Air Force, bem como as primeiras aeronaves de produção, mesmo que low rate.
Vamos aguardar o que entra primeiro em serviço, um esquadrão de Lightning ou de Rafale com radar AESA.
Sds,
Ivan.
Control,
“Maior número permite uma maior sensibilidade.”
Poderíamos então concluir que maior sensibilidade traria melhor desempenho e maior alcance?
Sds, 🙂
Amigos, boa tarde. Coisas para pensar sobre AESA: 1. Considerando a área da antena, a potência transmitida por um conjunto de TRM é muito maior do aquela que poderia ser aplicada a um transmissor único tradicional. 2. A maior capacidade de transmitir energia de um sistema AESA também tem suas contrapartidas: – A necessidade de refrigeração é muito maior, – O consumo de energia elétrica é muito maior – O peso do conjunto é maior 3. A quantidade de TRM por área pode aumentar desempenho, mas: – O espaçamento lateral entre os TRM tem relação com o angulo que é… Read more »
Prezado Ivan O alcance de um radar é conseqüência de uma série de fatores. Focando apenas o aspecto ANTENAS, o alcance é conseqüência do ganho da antena em recepção (no caso do radar AESA, da resultante do ganho dos TRMs que o compõe) e da potência dos sinais emitidos (simplificando, da energia dos sinais emitidos e de sua focalização). Observe-se que os TRMs sofrem interferência mútua, o que limita a sua densidade por área e a potência dos sinais que podem emitir bem como sofrem em perda de desempenho conforme aumenta o ângulo de emissão e recepção, sendo sua eficiência… Read more »