Caças: EUA propõem transferência de tecnologia semelhante à oferecida a seus ‘maiores aliados’
A transferência de tecnologia prometida pelos Estados Unidos ao Brasil, no caso de opção brasileira pelos aviões Super Hornet para reequipar a sua Força Aérea, será equivalente à já feita a países como Reino Unido, Canadá e Austrália, países muito próximos de Washington. A promessa foi feita nesta quinta-feira (18) pelo presidente da Boeing Military Aircraft, Christopher Chadwick, durante audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).
– O governo e o Congresso dos Estados Unidos estão dando um passo inédito para garantir transferência de tecnologia ao Brasil da mesma categoria da que temos com nossos aliados mais próximos – afirmou Chadwick em reposta a uma pergunta do presidente da comissão, senador Fernando Collor (PTB-AL).
No início da audiência, Collor leu carta endereçada à presidente Dilma Rousseff pelos líderes do governo e da minoria no Senado dos Estados Unidos, Harry Reid e Mitch McConnell, garantindo o seu respaldo à proposta apresentada pelo governo norte-americano na concorrência para a compra de caças destinados a renovar a frota da Força Aérea Brasileira.
Em sua exposição aos senadores, Chadwick classificou o Super Hornet, avião utilizado pela Marinha dos Estados Unidos, como o melhor caça multi-missão do mundo. Ele admitiu que cada empresa interessada em vender seus aviões ao Brasil dirá que tem o melhor produto. Porém, a superioridade do Hornet poderia ser provada, a seu ver, pela sua eficiência em situações reais de conflito. O Hornet, informou, já possui mais de 150 mil horas de voo em combate.
O presidente da empresa prometeu uma “ampla transferência de tecnologia” junto à venda do Hornet, aí incluídos o apoio técnico e a manutenção no Brasil das aeronaves, além da linha de montagem final dos aparelhos também no Brasil. Ele também prometeu uma “profunda e duradoura parceria” com a Força Aérea Brasileira e com a indústria aeronáutica nacional.
Collor considerou muito importante a garantia de apoio à transferência de tecnologia assinada pelos dois líderes do Senado dos Estados Unidos. Elogiou ainda as propostas de manutenção dos caças no Brasil e de cooperação da Boeing, fabricante dos Super Hornett, com a Embraer.
Ajuste
Em resposta ao senador Blairo Maggi (PR-MT), que pediu informações sobre o preço do pacote oferecido pelos Estados Unidos e das condições de financiamento, o vice-presidente executivo da Boeing, Christopher Raymond, disse que não poderia dar detalhes sobre os números, mas informou que o plano de financiamento poder vir a ser “ajustado” para atender às necessidades brasileiras.
O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) defendeu a primazia de aspectos técnicos e de preço na concorrência, mas lembrou que o novo ministro da Defesa, Celso Amorim, já declarou – quando ainda ministro das Relações Exteriores – ser a operação “eminentemente política”.
Os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Ana Amélia (PP-RS) também manifestaram preocupação com a garantia de transferência de tecnologia, caso o governo brasileiro opte pelos Super Hornett. Cristovam questionou, inclusive, a necessidade de compra de aviões estrangeiros. Ele defendeu o desenvolvimento dos caças a serem utilizados pela Força Aérea no próprio Brasil. (Marcos Magalhães)
FONTE: Agência Senado
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O Senador Cristovam Buarque, antes de questionar o pq dos aviões necessários a FAB não serem fabricados no Brasil com tecnologia brasileira, poderia efetuar uma breve busca do que um país precisa em técnologia para fabricar uma aeronave de combate.
Se ele tivesse feito, ou mandado algum dos inúmeros acessores fazer, essa pesquisa, eu tenho certeza que essa manifestação não teria sido feita…
“Cristovam questionou, inclusive, a necessidade de compra de aviões estrangeiros. Ele defendeu o desenvolvimento dos caças a serem utilizados pela Força Aérea no próprio Brasil.”
Esse é o nível de nossos políticos.
Fico imaginando a cara destas pessoas se metenda a fazer perguntas técinas e interessadas no que é bom o nosso país. Também fico imaginando o que os expositores imaginam ao responder ou derparar-se com questionamentos e opniões sem nexo, início, meio e fim. No mínimo, são uns __________ sem noção de coisa alguma. Estas mesmas pessoas, que com nestas, noutras oportunidades ocuparam os cargos mais altos e relevantes para a tomada de decisões importantes para o desenvolvimento da educação, da saúde e da segurança, tripé, ao meu ver, de total e real responsabilidade da nação. É uma situação, no mínimo,… Read more »
Pessoalmente achei que várias das perguntas foram muito pertinentes. Por exemplo, se sabe que uma das maiores dificuldades da Boeing está no financiamento, que não pode ser feito nem garantido pelo governo americano. O questionamento do sen. Blairo Maggi sobre isso ficou sem resposta.
O maior prpoblemas são os embargos que os americanos fazem, além do ams levar o Governo Brasileiro a sério é o maior entrave das coisas. Se caso eles relamente fizeram uma proposta desta seria mas ampla e certamente levariam o FX2 com os pés nas costas. Uma outra questão é que os nossos políticos nada entendem de Defesa enem sabem ao menos questionar detalhes relevantes que podem acrescentar na oferta dos americanos, como por exemplo melhorar os armamentos embarcos no SH. Essa novela vai continuar por um bom tempo e pior ainda corremos o risco de sair mas uma vez… Read more »
Grifo disse:
18 de agosto de 2011 às 17:59
“Pessoalmente achei que várias das perguntas foram muito pertinentes. Por exemplo, se sabe que uma das maiores dificuldades da Boeing está no financiamento, que não pode ser feito nem garantido pelo governo americano.”
1. A Boeing precisando de ajuda pra financiar aeronaves? Uai e o monte de aviões civis que ela vende, são comprados todos à vista?
2. O FMS não contempla financiamento? Porque não poderia o governo americano financiar?
3. Será mesmo que o Brasil precisa de financiamento?
Abraço.
Caro Vader, respondendo às suas perguntas na ordem inversa: Sim, o Brasil exigiu o financiamento como parte da proposta de cada fornecedor para o FX-2. O FMS não contempla financiamento, e na verdade a legislação americana proíbe que o governo americano (via Eximbank) financie a exportação de armamentos. No caso dos aviões civis a Boeing pode usar (e usa) o Eximbank. Sendo isso o caso, a Boeing teria que recorrer a um banco privado para financiar a sua oferta do Super Hornet, seguramente em condições menos favoráveis do que Suécia ou França onde cada governo pode participar do financiamento. Por… Read more »
Amigos,
Já comentamos antes esse aspecto de que não é possível aos americanos financiarem compras de armas.
Em alguns casos, aviões militares ditos utilitários ou de transporte podem ser financiados.
No caso de caças, os próprios aviões são considerados como armas.
É esse também, eu acho, um dos motivos para que o financiamento seja eventualmente considerado à parte da avaliação técnica do F-X.
Se fosse um requisito mandatório ou de alto peso na avaliação, poderia eliminar qualquer concorrente americano já nas fases iniciais do processo.
Abraços,
Justin
Prezado Grifo, me parece que o Brasil exigir financiamento é uma coisa, o Brasil precisar de financiamento é outra.
De mais a mais, parece-me que a Boeing tem maturidade e “gordura” financeiras o suficiente para conseguir aguentar a venda a prazo de miseráveis 36 Super Hornet.
Como a gente diz por aqui, isso aí é “dinheiro de pinga” para eles.
Prezado Grifo, me parece que o Brasil exigir financiamento é uma coisa, o Brasil precisar de financiamento é outra. Caro Vader, o Brasil realmente não precisa de financiamento externo. Por exemplo, para o programa KC-390 o dinheiro vem diretamente do Tesouro. No entanto o Brasil, como a maioria dos países, somente faz isto para as suas próprias indústrias. Em caso de compras externas ele exige o financiamento do país exportador. Por exemplo, quando é a Embraer quem exporta, é o BNDES que financia a venda. Acredito que Boeing tenha condições de financiar ela mesma a venda, ela tem uma subsidiária… Read more »