vinheta-especialEm julho de 2009 o Congresso dos EUA, com o apoio da administração Obama, decidiu encerrar a produção do caça Lockheed Martin F-22A para a USAF.

Embora a produção do F-22A esteja mantida até o início de 2012, o último contrato recebido pela Lockheed Martin foi em 2007 para a produção de mais 60 caças, totalizando 187 encomendas.

Mas a Força Aérea dos EUA ainda não decidiu o que fazer com o programa F-22 depois disso. Uma das propostas que mais ganha corpo menciona a preservação de um pequeno núcleo dentro da Lockheed capaz dar suporte, reparar e atualizar os componentes dos caças de quinta geração.

Não é só a USAF que está nesse dilema. Alguns congressistas, contrários ao cancelamento do programa, tentaram ressuscitar a produção do caça em setembro do ano passado e foram contidos pela tropa do executivo.

Diante de tanto impasse, a USAF solicitou um estudo à  instituição RAND (Research ANd Development) sobre o futuro do programa F-22  (veja o relatório no link no final desta matéria).

Foram definidos quatro cenários diferentes considerando-se uma produção de 75 aeronaves (excluído o primeiro cenário):

  • Cenário 1: encerramento da linha de produção (shotdown);
  • Cenário 2: retomada da linha de produção apósum período de paralização (shotdown and restart);
  • Cenário 3: produção anual em pequena escala (warm production) e ;
  • Cenário 4: continuidade da linha de produção (continued production).

RAND-programaF22-tabela2

No primeiro cenário a produção do F-22 simplesmente encerra-se de forma permanente após o término da produção do nono lote. Todo o ferramental para a produção do caça seria descartado ou empregado em outras atividades como a manutenção e modernização dos atuais F-22. Os profissionais altamente qualificados seriam realojados ou dispensados. As instalações serviriam a outros propósitos ou ficariam abandonadas.

Para o segundo cenário, com paralização da produção durante dois anos, o ponto crítico seria o planejamento da manutenção do ferramental e sua estocagem correta. Segundo próprio estudo, o tempo de paralização (production gap) possui pouca correlação com os custos da retomada para produção. Mas um quadro mínimo de funcionários altamente capacitados  deveria ser mantido para que a retomada ocorra da melhor forma.

Na produção em pequena escala todos os recursos (humanos e materiais) seriam mantidos para a produção, embora subutilizados. Neste cenário seriam produzidos apenas cinco aeronaves por ano ao longo de três anos.

Por último, a produção contínua manteria a capacidade atual de 20 aeronaves/ano.

O estudo chegou a diversas conclusões interessantes, principalmente em relação a custos. Uma das conclusões mais interessantes diz respeito ao custo unitário do F-22 em cada cenário (terceira coluna da tabela abaixo). Com a manutenção da linha de produção, as aeronaves de um eventual próximo lote sairiam por US$ 173 milhões. Este valor aumenta para US$ 213 milhões em uma produção em pequena escala e chega a US$ 227 milhões  por aeronave caso a linha de produção seja retomada depois de dois anos.

RAND-programaF22-tabela1

Em outras palavras, o custo das aeronaves produzidas em pequena escala encarece  o preço final, no caso do F-22, em aproximadamente 23% e na produção retomada depois de dois anos aumenta 31%, sendo esta última a pior opção econômica. Ou seja, escala é tudo quando o assunto é custo.

FONTE/FOTOS: RAND /USAF

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Felipe Cps

“Warm production”? Tem tradução pro francês isso? 🙂

Humberto

Já li uns artigos, nos quais os americanos estão questionando sobre a proibição da venda do F-22 para os paises aliados, no caso Japão e Israel. Esta proibição além de não permitir um preço mais baixo, não deixa satisfeito o Japão (que se sente sem desprestigiado) e Israel (ai no caso o forte loby Israelense). Bom, os que defendem a liberação do caça dizem que a linha de produção do F-22 ficaria aberta por mais um tempo e que neste caso, uma pequena parcela poderia estar sendo colocado para a USAF para repor as perdas naturais, além do fato de… Read more »

Humberto

Caro Felipe, senti uma ponta de maldade no seu post..
Maldade por maldade..
“Warm production” em Frances = Rafale
É isto?
Abraços
Humberto

PS..Brincadeira gente..hahaha

Humberto

Caro Guilherme, Só fiz um resuminho do que andei lendo, sou um leigo que gosta do assunto. Na minha opinião (de leigo), não creio que o F-22 vá ser exportado, pois existe muita pressão lá nos EUA para preservar o conhecimento. Agora se o F-35 dá conta do PAK não sei (com certeza quase ninguem sabe), pela classe dos aviões, o Kill PAK deveria ser o F-22, mas ai existem muitas variaveis. Primeiro, será que o PAK é um avião efetivo? Segundo, será que o PAK vai entrar em produção e por fim, se entrar, quem vai comprar o mesmo?… Read more »

Ivan

Guilherme Poggio em 08 mar, 2010 às 17:04 Poggio, Infelizmente não! O F-35 Lightning II será uma excelente aeronave, mas foi projetada desde o início para ser multi-role, portanto uma solução de compromisso entre as diversas missões que deverá cumprir. Acredito que, ao entrar em operação, o F-35 será extremamente capaz, talvez mais capaz que o novo Sukhoi Su-50 (se for este o número), mas não será um especialista em superioridade aérea. Faltará, por exemplo uma velocidade supercruise consistente, da faixa de mach 1,4 a 1,5 como o Raptor. Lembremos que o Sukhoi já vem com uma alta carga de… Read more »

Felipe Cps

Hehehe caro Humberto, vc é um sujeito realmente arguto, rsrsrs…

Abs.

Wolfpack

A única saída para os Raptores é sua venda a Israel, Japão, Arábia Saudita, UK, Itália e por ai vai. Cancelar o programa e desmontar todo o complexo por trás do F22 será um golpe duro de assimilar pelo Indústria Americana. Mas o tempo são de vacas bem magras e talvez estes engenheiros têm mais serventia na produção de veículos com zero emissão de carbono… Outro fator a ser considerado é a entrada na ativa do Su50.

Ivan

Humberto, Tenho uma confiança no Sukhoi PAK-FA (e na Sukhoi propriamente) um pouco maior que a sua. Para entender os Russos é necessário tentar pensar um pouco como eles, particularmente com o terrível pragmatismo Russo. Vou tentar exemplificar: Quando os americanos tiveram que pensar em uma forma para suas naves espaciais tripuladas, a série Apolo, criaram um cone que ficaria aerodinâmicamente na ponta do foguete, mas com dificuldades de na base, por conta das diferenças de pressão que enfrentaria. Os pragmáticos russos simplesmente pegaram a forma da natureza mais resistente à pressão e que melhor aproveira o espaço, uma bola,… Read more »

Ivan

Wolfpack em 08 mar, 2010 às 19:42 Wolf, Faz algum tempo eu li que Israel não desejava comprar o F-22 Raptor, mas outros diziam que esta era uma jogada para evitar a venda deste para a Arábia Saudita. Não sei se foi verdade, mas faz sentido. Até porque o diminuto território de Israel não permite explorar inteiramente as características do Raptor, ficando mais adequado ao F-35 Lightning II combinado com UCAVs/VANTsC, como o X-47 Pegasus ou outro. Itália vai de F-35 Lightning II em terra para ataque e interdição e embarcado para tudo, assim como EuroFighter Typhoon para superioridade aérea.… Read more »

Felipe Cps

Com todo o respeito ao Ivan e demais colegas que postaram, mas o sucessor do F-22 já existe e está voando: se chama Lockheed-Martin F-35 Joint Strike Fighter! Senhores só duas palavras: MÍSSEIS e CONTRA-MEDIDAS (comuns e eletrônicas). Ataque e defesa. O míssil é que dará a superioridade no combate ar-ar do futuro, até que os vetores não-tripulados assumam o controle. Não adianta mais fazer “Cobra de Xoxotev” 🙂 ou ter caças gigantes que transportem 10 toneladas de armamentos e ainda puxem 12 G´s. Caças que se baseiem em tais paradigmas só servirão de alvos maiores para mísseis que suportam… Read more »

Rogério

Felipe eu até concordo com a sua linha de raciocínio de que o F-35 veio com uma nova proposta de guerra aérea, mais ele está pronto, alguns ajustes e “voilà”, então enquanto se produz o F-35 os cientistas fazem o que? Desenvolvem a nova família de caças.

E como ele está pronto ou praticamente pronto e ainda existem um montão de F-15E, que pela sua capacidade de carga e alcance necessitam de um substituto com características semelhantes descartando assim o F-35, eu acho que deve haver algum projeto na gaveta.

[]s

Felipe Cps

Rogério, eu acredito que a próxima família de caças americanos virá para substituir o JSF. Mas não será mais tripulada. Mas isso lá de 2030 pra diante.

Até lá o F-35 reinará soberano, acompanhado de perto pelo F-22 MLU e, um pouco mais longe, aeronaves como PAK-FA, J-XX e Mitsubishi Stealth.

E depois destes terá o “resto”: Super-Hornet, F-15 Silent, Rafale, Typhoon, Gripen, etc., estes restritos cada vez mais às Forças Aéreas periféricas.

Sds.

Ivan

Felipão, Respeito sua posição, e há muitos que pensam como vc. Entretanto continuo com a idéia fixa acerca do ‘especialista’ em superioridade aérea. Não desejo mudar sua opnião, apenas registrar a minha. Se me permite, vou usar os mesmos ítens que vc enumerou “O caça do futuro precisa ter:” 1- baixa ou nenhuma assinatura radar = diria que são equivalentes o F-22 3 F-35, sendo que a tubeira retangular do Raptor deve ter melhor desempenho stealth; 2- mísseis de longo alcance, alta manobrabilidade, alta velocidade, confiáveis e que busquem e acertem o alvo independente da aeronave – são iguais para… Read more »

Felipe Cps

Ivan: É claro que um Raptor MLU poderia vir a ser “melhor” que o F-35. E pode até vir a acontecer: dependerá da performance e das necessidades futuras da USAF. Mas o que vc tem que ver é que o Raptor não será vendido para ninguém e o JSF só o será (talvez downgraded) para aliados dos EUA. Logo, jamais ocorrerá um combate entre Raptor e F-35, de maneira que a comparação entre os dois não é válida. O F-35 deve ser comparado com o que os “outros” tem: T-50, Mitsubishi, J-XX e o “resto”… Perceba que as características que… Read more »

Fuzila

Ivan, “Mas o F-35 não terá a mesma persistência em combate ar-ar, pois não terá a mesma velocidade em supercruise e levará menos mísseis. Um detalhe, supondo que haverá caças stealth de ambos os lados existe uma tendência do combate terminar sendo visual ou próximo disso. Agilidade (empuxo vetorado) terá seu valor e o HMD do F-35 (o melhor) deverá ser adaptado ao F-22. O dogfighter continuará sendo indesejável, mas creio que será inevitável.” Eu concordo com o seu comentário e já leventei essa discussão aqui no blog algumas vezes. Os especialidades dizem que o combate “moderno” é BVR, mas… Read more »

Humberto

Ivan (o antigo), Se pareceu que eu tenho pouca fé no Sukhoi, me desculpe, tenho uma admiração enorme pelos caças deles e com certeza se tem alguma empresa que pode estar a frente na Russia são eles. Não nego que tenho vários preconceitos pelos produtos russos, mas também não nego de forma alguma as grandes contribuições deles e de muitos produtos, desde os AK, passando pelos blindados da familia T, misseis anti-aereos, ao MIG 21, a familia que derivou dos SU-27 e por ai vai. A questão é que não podemos nos fiar (totalmente) pelos papers e opiniões de alguns… Read more »