Placar atual: 683 NH-90 x 71 EC-725

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O EC-725 e o NH-90 têm muitas semelhanças, mas o segundo acumula quase dez vezes mais encomendas que o primeiro – sem falar que a maior parte das encomendas do EC-725 são brasileiras. Então por que optamos pelo menos encomendado?

Existem dois projetos europeus na área de helicópteros médios que guardam muitas semelhanças entre si. São o NHi NH-90 e o Eurocopter EC-725 Super Cougar. Embora o primeiro seja um pouco menor e tenha um desenpenho mais modesto, é de projeto mais moderno e vende mais, muito mais.

A Eurocopter é uma empresa estabelecida desde 1992 através da fusão da Daimler-Benz Aerospace AG (DASA) alemã com a divisão francesa de helicópteros da Aérospatiale. Ela pertence totalmente ao grupo EADS. Já empresa NHi foi formada no mesmo ano da Eurocopter, sendo controlada por esta (62.5%), em associação com a italiana Agusta (32%) e com a holandesa Stork Fokker (5,5%).

Ambas as aeronaves estão classificadas na mesma categoria e possuem características muito semelhantes. Seus motores (dois por aeronave) geram uma potência entre 2200 e 2400shp. O peso máximo de decolagem está na casa dos 11.000kg e alcance próximo de 800km. Existem também outras similaridades na performance dos dois modelos.

Um outro ponto em comum é que as duas aeronaves também oferecem versões para as três forças (Marinha, Exército e Aeronáutica).

O desenvolvimento dos programas

Embora o EC-725 seja derivado da família Puma/Super Puma, o desenvolvimento do seu projeto é bastante recente e, mais uma vez, encontra similaridades com o desenvolvimento do NH-90. Ambos os projetos foram desenvolvidos na década de 1990, sendo que o primeiro NH-90 voou cinco anos antes do protótipo do EC-725.

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Foto do painel das duas aeronaves: no topo está o painel do EC-725 e abaixo o painel do NH-90 versão NFH (FOTOS: EADS/NHi)

Mesmo sendo um pouco mais antigo, o programa de desenvolvimento do NH-90 sofreu alguns atrasos e a primeira encomenda, feita pelo Exército Alemão, só foi entregue no final de 2006. Por outro lado a entrega do primeiro EC-725 (para a Força Aérea da França) foi feita no início de 2005.

As similaridades acabam aqui

Quando a questão envolve mercado, as semelhanças entre as duas aeronaves desaparecem. Até o momento existem 15 países (somando aproximadamente 24 Forças Armadas) interessados em adquirir ou que já começaram a receber seus NH-90. O total de encomendas aproxima-se de 700 exemplares.

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NH-90 do Exértico Italiano em ação (FOTO: NHi)

Já o EC-725 recebeu encomendas firmes de três países (França, Brasil e México), com possibilidades de vendas para outros dois (Indonésia e Malásia). O total de encomendas firmes é de 71 aeronaves, sendo o Brasil o responsável pela maior parte delas.

Dentre os usuários destes helicópteros, apenas a França possui os dois modelos. São 14 EC-725 e 61 NH-90. Destaca-se que a França possui participação na produção dos dois helicópteros através da Eurocopter. O outro parceiro da Eurocopter, a Alemanha, optou somente pelo NH-90.

A preferência pelo NH-90 chega a ser desproporcional em relação ao EC-725. Existem quase dez vezes mais encomendas de NH-90 do que EC-725. Isso é muito significativo para dois modelos  tão parecidos em performance, que exercem praticamente as mesmas funções e são controlados pela mesma empresa.

Muitos podem crer que o maior número de encomendas do NH-90 possa ter relação com o custo de aquisição da aeronave. O valor de um NH-90, assim como qualquer outra aeronave, varia em função do modelo, da quantidade adquirida e do que o  contrato abrage (produção local, transferência de tecnologia, offset, etc). Avaliando as informações disponíveis sobre os contratos já firmados é possível dizer que o preço unitário de um NH-90 varia entre 25 e 35 milhões de euros.

Como o EC-725 possui apenas três clientes, os valores divulgados para cada contrato são (alguns números podem mudar dependendo da fonte):

Considerando-se os valores unitários (lembrando que existem diversos fatores envolvidos), observa-se que no contrato mexicano, por aeronaves mais simples, sem transferência de tecnologia ou construção local, cada aeronave sai por 28 milhões de euros. Valor ainda dentro da faixa de preço do NH-90.

Já os valores unitários dos contratos do Brasil e da França são superiores à faixa do NH-90. Possivelmente a resposta esteja na quantidade de equipamentos transportados pela versão francesa e o custo da transferência tecnológica somado à produção local dos EC-725 para as Forças Armadas brasileiras.

A opção do Brasil

O Ministério da Defesa do Brasil assinou no final do ano passado um contrato para a aquisição de 50 helicópteros EC-725 para as três Forças Armadas. Neste contrato, estimado em 1,89 bilhão de euros, partes dos helicópteros serão fabricadas no país.

A questão que se levanta é que houve pouca discussão em torno das possíveis alternativas ao EC-725 para o Brasil. O próprio NH-90, com quase 700 encomendas em 15 países, quase não foi citado. O EC-725, uma aeronave similar e de desenvolvimento contemporâneo (embora seja baseada em projetos anteriores) possui um número de encomendas cerca de dez vezes menor que o número de encomendas de NH-90.

Não seria o caso de avaliar melhor as opções existentes no mercado? Será que vamos utilizar um helicóptero que apenas dois outros países escolheram? Será que seremos o maior usuário mundial de um produto desenvolvido no exterior? A transferência de tecnologia prometida no programa EC-725 supera todas outras desvantagens? Estas perguntas merecem, pelo menos, uma reflexão.

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NOTA: Os comentários poderão ser feitos no post em aberto com o título “Dez vezes menos”

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